Thiago
E eu acordei completamente trêmulo e suando, olhei pro lado e ela dormia tranquilamente e eu estava inquieto e desesperado. Eu tive o pior pesadelo da minha vida e não conseguia nem respirar direito, porque tem que ser tão complicada essa situação? Aproveitei que tinha acordado cedo e fiz o café da manhã mas de cinco em cinco minutos eu olhava pela janela para ver se o pai dela não aparecia por aqui.
- Bom dia. - sua voz ecoou.
- Bom dia. - eu disse ainda olhando pela janela.
- Acordou cedo, tá tudo bem? - perguntou num tom preocupado.
- Está sim. - tentei tranquiliza-la e virei-me de frente pra ela.
- Tá com fome? - perguntei acariciando seu rosto.
- Sim, muita. - ela sorriu.
Nós tomamos café e depois fomos juntos para o trabalho e para o meu azar eu encontrei Juliana assim que saí do elevador e eu lembrei daquele pesadelo que tive noite passada e meu coração até acelerou, fui pra minha sala e Rafael entrou lá pouco tempo depois e acabou me assustando.
- Não faz isso comigo cara. - eu disse levando a mão ao coração.
- Calma Thiago. - ele gargalhou.
- O que houve? - perguntei.
- Tenho uma boa notícia, advinha? - ele disse animado.
- Não sei. - eu disse.
- Acabamos de conseguir um projeto muito bom pro escritório, assinei agora uma licença para começar uma obra. - ele disse e eu levantei.
- Sério? Que bom! - eu disse animado.
- Graças a você e a minha filha, vocês formam uma dupla incrível. - ele disse me abraçando.
- É, claro. - eu sorri nervoso.
- Eu vou ter que viajar com a Anna, mas assim que a gente voltar eu vou fazer um jantar de comemoração pra vocês. - ele disse e eu assenti.
- Vai viajar quando? - perguntei.
- Hoje, só devo voltar amanhã a tarde. - ele explicou.
- Tudo bem. - sorri.
Fiquei aliviado porque pelo menos ele estaria longe da Juliana e eu tinha tempo pra pensar no que fazer caso o plano de Madu não estivesse dando certo, passei o dia com o pé atrás em relação a aquela cobra que trabalha na sala ao lado e toda hora eu checava se estava tudo bem.
Madu.
Meus pais teriam que viajar e me pediram pra cuidar da casa enquanto isso e eu topei até porque estou com saudade do meu quarto lá, saudade da piscina, da grama do jardim, da tv enorme...Juliana passou o dia me encarando e cada vez que a gente se esbarrava eu queria voar no pescoço dela porque ela me dava quinhentos mil sorrisos falsos e aquela cara de 'eu sei o seu segredo'. Escapei na hora do almoço para não surtar lá dentro e acabei comendo com Caroline - secretária do escritório - e Oscar, eu ficava com pena dele porque na maioria das vezes ele me olhava com um olhar esperançoso que eu não podia retribuir.
- Porque a gente não sai pra passear hoje a noite? - ele sugeriu.
- Que tal amanhã? Meus pais vão viajar e eu tenho que ir hoje cuidar da casa. - eu disse e ele assentiu.
- Alguém viu o David hoje? - Caroline perguntou.
- Não, onde ele está? - perguntei pra Oscar.
- Eu também não sei, só vi ele na hora que chegamos e depoid sumiu. - ele respondeu.
- Deve estar com alguma periguete. - Caroline revirou os olhos.
- Isso se chama ciúmes. - brinquei bebericando meu suco.
- E você? Não tem namorado? - ela perguntou rindo.
- Eu não. - menti.
- Pessoal, só temos cinco minutos...vamos voltar. - Oscar avisou pedindo a conta.
Voltamos para o escritório e meu pai me ligou avisando que eles iriam pegar a estrada às oito e meia e então eu falei que iria passar lá pra me despedir e já passaria a noite lá, minha mãe perguntou se eu não me importaria de passar a noite lá sozinha e eu discordei.
Na verdade eu estava pensando em levar Thiago...
Acabei me enrolando no trabalho e fiquei até as sete da noite, saí tão cansada que fui pra casa tomar um banho e comer alguma coisa, fiz uma mochila com algumas coisas e de lá eu já ia pro trabalho amanhã de manhã.
- Oi amor. - ele sorriu quando abriu a porta.
- Vim te fazer um convite. - eu disse lhe dando um selinho.
- Hmmm, adoro convites. - sorriu.
- Meus pais vão viajar e me pediram pra ficar de olho na casa esta noite mas eu não quero ficar aqui sozinha...- eu disse envolvendo os braços no pescoço dele.
- Eu dormir na casa deles? - perguntou.
- Sim, mais especificamente no meu quarto. - eu disse mordendo o lábio dele.
- Não sei não...- ele disse pensativo.
- Ah, qual é? Vai me deixar sozinha lá? - perguntei fazendo beicinho.
- Tudo bem. - ele cedeu e sorriu.
Mandei um sms pros meus pais avisando que eu não iria conseguir chegar antes deles saírem e até que eles aceitaram de boa, esperei Thiago tomar banho e se arrumar e depois que ele pegou uma mochila nós fomos no carro dele para a minha antiga casa.
- Não cheguei mesmo a tempo. - eu disse vendo a garagem vazia.
- Temos essa casa enorme só pra nós? - ele perguntou quando abri a porta.
Estava tudo silencioso e escuro e eu confesso que adorava isso porque era um clima excitante, sinto saudades de ficar sozinha aqui dentro de casa mas agora eu trouxe a melhor companhia.
- Sim, está com medo? Quer que eu acenda as luzes? - brinquei trancando a porta.
- Não, assim a meia luz tá ótimo. - ele disse beijando meu pescoço.
Largamos as mochilas no chão e começamos a nos beijar loucamente e ele me pôs sentada sob o aparador e ficou entre minhas pernas, tirei sua camisa urgentemente e ele soltou meus cabelos.
- Você me deixa louco. - ele disse contra minha boca.
- Acostume-se porque você tem uma namorada provocativa. - eu disse e ele sorriu.
- Eu te amo menina. - ele disse me olhando nos olhos.
E nós voltamos a nos beijar intensamente até que palmas me assustaram e a gente se soltou vendo as luzes acenderem, e lá estava meu pai, minha mãe, meu irmão, David e Oscar nos olhando completamente chocados. O pior de tudo foi ver a decepção nos olhos do meu pai que caminhou lentamente até nós dois e eu desci do aparador desnorteada.
- Eu não acredito nisso. - ele disse.
- Pai, eu posso te explicar...o que você faz aqui? - perguntei nervosa.
- Eu preparei um jantar pra vocês em comemoração ao que vocês conseguiram em São Paulo, eu inventei a história da viagem só pra fazer uma surpresa...eu ia...eu ia ligar pro Thiago vir. - ele dizia lentamente olhando pra nós.
- Eu não acredito que você fez isso comigo Maria Eduarda. - minha mãe se pronunciou.
- Vocês dois...vocês estão namorando? - Oscar perguntou com a voz um pouco embargada.
- Desculpa Oscar. - Thiago pediu chateado.
- Você é mais velho que ela seu idiota! - meu pai alterou o tom de voz.
- Pai, isso não tem nada a ver. - eu disse e ele me encarou.
- Vocês mentiram pra mim, há quanto tempo estão me fazendo de idiota? Debaixo do meu nariz vocês estavam se agarrando...- ele pausou.
- Eu confiei em você Thiago, você disse que eram bons amigos e que ela era como uma irmã pra você...vocês mentiram pra mim. - ele disse e eu podia ver o quão decepcionado ele estava só pelo jeito de falar.
- Eu sei Rafael e eu sinto muito por isso, eu tentei o máximo que eu pude pra isso não acontecer mas eu me apaixonei por ela, eu...eu tentei evitar eu juro. - Thiago começou a se explicar.
Meu pai não disse nada e um segundo depois ele desferiu um soco na cara de Thiago o levando ao chão e eu me desesperei, abaixei para ver se ele estava bem e ele sentou-se com a boca e o nariz sangrando. Nunca tinha visto meu pai desse jeito e eu confesso que me deu medo, alguém bateu na porta e quando eu abri dei de cara com Juliana que assim que viu Thiago no chão começou a rir.
- Eu vim aqui pra contar mas pelo visto você já sabe. - ela disse para o meu pai.
- Você já sabia? - ele perguntou.
- Fui visitar meu pai em São Paulo no sábado e vi os os pombinhos juntos entrando no hotel, foi bem fácil descobrir que ele pegou um quarto para os dois e eu só precisei da chave para flagrar os dois na cama...- ela começou a contar deixando meu pai com mais raiva.
- Você transou com a minha filha seu desgraçado! - ele gritou e foi pra cima de Thiago.
- Pai, solta ele! - eu pedi mas ele não me escutava.
Perdi as contas de quantos socos ele deu no rosto de Thiago que mal conseguia reagir, David e meu irmão tentaram separar enquanto Juliana se divertia com a situação e eu fiquei louca. Peguei um vaso de vidro que estava sob o aparador e fui em sua direção o quebrando em sua cabeça.
- VOCÊ PERDEU O JUÍZO? - minha mãe gritou comigo.
- PERDI, VOCÊS ME TRATAM COMO UMA CRIANÇA QUERENDO MANDAR NO QUE EU FAÇO, COM QUEM EU NAMORO...CHEGA! - gritei e nessa hora eu já estava chorando também.
- Eu não entendo porque vocês estão recriminando nós dois. - Thiago disse sentando-se no sofá.
Seu rosto estava tão machucado que eu podia sentir a mesma dor que ele estava sentindo, sua boca sangrava e meu pai o encarava com raiva mas David e Marcelo o seguravam firme.
- Você é mais velho que ela, você era meu amigo e agia como se nada estivesse acontecendo quando na verdade você estava dormindo com a minha filha pelas minhas costas. - ele disse entre os dentes.
- Eu quis, ele nunca me forçou a nada e eu tenho 18 anos pai. Eu faço as minhas escolhas! - eu gritei.
- Me solta, eu tô bem! - ele disse e Marcelo e David soltaram seus braços.
- Você acaba de perder seu emprego e minha amizade. - ele disse pra Thiago.
- Para, para de estragar a vida dele porque tá com raiva de mim! - eu gritei e ele me encarou.
Ele deu um tapa na minha cara e aquilo doeu bem mais na minha alma, minha mãe - que estava vendo se Juliana estava bem - veio correndo na minha direção e gritou com ele que não teve mais nenhuma ação. Meu irmão me puxou para trás dele e encarou meu pai.
- Eu também não acho certo o que ela fez mas nunca mais você encoste a mão nela! - ele disse enfrentando meu pai.
- Cala a boca Marcelo, como você acha que eu vou ficar quando pisar no escritório amanhã? Com essa vergonha que sua irmã está me fazendo passar. - ele disse e foi a vez da minha mãe bater no rosto dele.
- Mesmo com toda essa confusão você só consegue pensar naquele maldito lugar? - ela perguntou com raiva dele.
- É o meu trabalho Anna! - ele disse chocado.
- E ela é sua filha! - ela rebateu.
- Eu vou embora. - eu disse pegando minha mochila no chão.
- Pra onde você vai? - meu pai perguntou.
- Pra minha casa. - eu disse tentando ajudar Thiago a ficar de pé.
- Aquele apartamento é meu! - ele disse com egoísmo.
- Ótimo, engula! Eu vou pra casa do meu namorado. - eu disse irritada e abri a porta.
- Se você sair agora, você não pisa mais aqui. - ele ameaçou.
- Eu não quero mais voltar aqui mesmo. - debochei antes de sair.
Coloquei Thiago no carro e sentei ao lado dele, ele me disse que conseguia dirigir até em casa e assim nós fomos porém ele não disse uma palavra sobre o que aconteceu hoje.
- Eu sinto muito pelo que ele fez com você. - eu disse olhando os machucados.
- Tá tudo bem. - ele sorriu.
- Se você não quiser que eu fique aqui, eu vou pra minha vó sem problemas. - eu disse e ele negou.
- Jamais iria deixar você sozinha, ainda mais desse jeito. - ele disse e depois analisou meu rosto.
- Como ele teve coragem de machucar você? - ele perguntou vendo meu rosto vermelho.
- Esse é o meu pai com raiva. - brinquei com a situação.
- Desculpa por tudo, você perdeu seu emprego por minha causa...- eu disse voltando a chorar.
- Não, eu não gostava mais desse emprego mesmo. - ele riu.
- Desculpa. - repeti.
- Vou lutar pela gente tá? - ele disse e eu assenti.
- Mas primeiro cuida desse rosto, tá sinistro. - eu disse e ele começou a rir.
- Achei que você fosse apaixonada por mim do jeito que eu sou! - ele brincou e levantou.
- Beleza e machucados não combinam. - eu disse e ele desatou a rir.
- Como eu te amo! - ele disse e eu não pude deixar de sorrir.
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