Madu.
Acordei com os braços de Thiago me envolvendo e resolvi que queria passar o resto do dia todinho com ele e isso envolvia desmarcar meus compromissos.
- Bom dia. - ele disse ainda de olhos fechados..
- Bom dia. - sorri.
- Foi a melhor noite da minha vida. - ele disse.
- Pra mim também. - eu disse e ele abriu os olhos.
- Tirando a parte em que os seus cabelos estavam no meu rosto. - ele disse rindo e eu dei um tapinha de leve no seu ombro.
- Vou preparar o café da manhã pra nós. - eu disse lhe dando um selinho.
- Vou tomar um banho. - ele disse levantando.
Vesti minha calcinha e a camisa dele que tinha o seu cheiro inebriante e desci para preparar um café da manhã digno pro meu namorado, peguei tudo o que eu sei que ele gosta e quando estava subindo com a bandeja alguém bateu na porta.
- Ué, minha mãe chegou cedo. - eu disse colocando a bandeja no aparador.
- Mãe, esqueceu as chaves na...- eu estava dizendo mas ao abrir a porta vi que não era ela.
- Pai? - perguntei meio confusa.
- Oi filha, será que a gente pode conversar? - perguntou.
- Como descobriu onde eu moro? - perguntei e ele sorriu.
- Seu irmão quer ver a nossa família em paz. - ele disse.
- Eu...eu quero te apresentar uma pessoa. - ele disse e eu franzi a testa.
- Quem? - eu disse sem entender nada.
E ele puxou pela mão do lado da porta uma garota um pouco mais alta do que eu e de longos cabelos loiros, eu não sabia o que dizer e nem sabia quem ela era até olhar pra baixo e ver perfeitamente desenhado um barrigão de grávida coberto pela camisa branca rendada que ela usava. Minha aboca abriu várias vezes mas eu não sabia quais palavras usar.
- Essa é a Débora. - ele disse.
...
Eu ainda não sabia o que dizer vendo ela sentada no meu sofá me olhando andar de um lado para o outro completamente confusa, eu não sabia se sentia raiva por ele ter trazido ela aqui porque eu sentia uma coisa forte só de olhar pra ela.
- Você é a namorada dele. - eu disse.
- Sim. - ela sorriu de leve.
- De...de quantos meses você tá? - perguntei.
- Oito e meio. - ela disse alisando a barriga.
- Eu achei que você deveria conhecê-las. - meu pai disse.
- Conhecê-las? - perguntei olhando pra ele e em seguida pra ela.
- É uma menina. - ela disse e eu involuntariamente sorri.
- Sei que não era nessas circunstâncias que deveriamos nos conhecer mas o seu pai me contou tudo sobre você e...eu confesso que fiquei curiosa pra conhecer uma mulher tão determinada e forte assim. - ela disse.
- Você queria me conhecer? - perguntei e ela assentiu.
- Filha, a Débora me fez perceber algo que eu só pude ver quando te machuquei aquela noite. - ele disse levantando.
- O que percebeu? - perguntei confusa.
- Fiz o mesmo que você, me apaixonei por alguém inesperadamente. - ele sorriu.
- Meu amor, precisa de alguma ajuda? Eu...- Thiago estava descendo as escadas mas parou ao ver meu pai.
- Oi Thiago. - ele disse.
- Oi. - Thiago disse meio confuso.
- Madu, vem aqui por favor. - Débora pediu e eu me aproximei sem entender.
(Coloquem pra tocar: Let Her Go - Passenger)
Ela levantou a camisa deixando a enorme barriga de fora e estendeu a mão pra mim então eu me agachei e coloquei minha mão na dela, ela olhou pra mim mais uma vez e em seguida colocou minha mão na sua barriga e de primeira eu não senti nada.
- Diz alguma coisa pra ela, qualquer coisa. - ela pediu.
- Qual o nome que deu pra ela? - perguntei.
- Maria Luísa. - ela disse e eu sorri.
Aproximei meu rosto da sua barriga e coloquei a mão de novo, sorri com o que estava fazendo mas fui em frente porque uma parte de mim queria muito isso.
- Malu, você está me ouvindo? - perguntei calmamente.
- Malu? - chamei de novo e Thiago me olhou sorrindo.
- Oi irmãzinha, sou eu. - eu disse e finalmente senti ela se mexendo.
Não consigo explicar a felicidade em ver aquilo porque tudo o que eu soube fazer foi sorrir e chorar ao mesmo tempo, continuei conversando com a pequena enquanto meu pai e Thiago me observavam atentamente. Olhei para Débora e ela estava com os olhos marejados e o sorriso no rosto e eu pensei: Não consigo odia-la, ela está carregando a minha irmã.
- Você ainda não me conhece...mas...eu quero muito te conhecer. - eu disse e ela não parava de chutar.
Uma coisa que eu nunca senti na minha vida e que tornou-se a melhor experiência, meu pai pediu pra conversar a sós com Thiago enquanto eu e Débora também conversavamos e ela não era nada do que eu imaginava. Ela estava cursando Nutrição na faculdade e estudava inglês nos finais de semana porque seu sonho era conhecer a França...ela gostava de ler e cantava músicas de ninar nos dias em que Malu estava agitada. Seus pais moravam no interior de São Paulo e ela trabalhava pra pagar o lugar onde mora hoje em dia, ela estava ralando pra construir o futuro da filha e eu...eu estava impressionada.
- Não sou uma golpista, eu amo o seu pai. - ela disse.
- Eu sei. - eu disse.
- Como sabe? Você me deixou entrar na sua casa, acreditou em mim...você conversou com a minha filha...- ela disse sorrindo.
- Porque eu sou apaixonada por aquele cara que estava aqui na sala, e vejo nos seus olhos o seu sentimento pelo meu pai. Apesar de não conseguir entender o que ele fez com a minha mãe...a Malu não tem culpa de nada. - eu disse e ela sorriu novamente.
- Você vale ouro Madu. - ela disse e eu não deixei de sorrir.
Thiago.
- Então...- ele disse e eu sentei numa espreguiçadeira.
- Eu sei que você não gosta de mim e muito menos que eu esteja aqui...não vamos começar uma discussão né? - perguntei.
- Não, eu só... - ele pausou e olhou pra mim.
- Quero te pedir desculpas. - ele disse e eu me assustei.
- Você? Porque? - perguntei.
- Quero meu amigo de volta. - ele disse e eu ri.
- Tudo isso é pra poder ficar de bem com a Madu? - eu disse e ele negou.
- Eu errei muito com ela e com você também, mas desde que Débora abriu meus olhos eu não de pensar no quanto eu perdi nessa história. Perdi meu melhor amigo e a minha filha e eu não quero que meus erros impliquem no futuro. - ele disse.
- Você não acreditava no meu sentimento pela sua filha e achou até que eu iria fazer algum mal pra ela. - eu disse e ele assentiu.
- E acabei fazendo o mesmo, me apaixonei por uma mulher mais nova do que eu e não consegui evitar. - ele disse sorrindo.
- Aquela noite em que ela se machucou eu pensei muito enquanto voltava pra casa, vi nos seus olhos o desespero quando ela desmaiou e todo o cuidado que teve com ela. Foi a primeira vez que eu não duvidei de que ela estaria segura com você. - ele disse me pegando de surpresa.
Por algum motivo eu senti firmeza no que ele estava falando porque ele parecia realmente gostar daquela mulher, houve um silêncio naquele momento e eu pensei muito bem no que dizer pra ele mas as coisas ruins que ele fez ainda não tinham sido apagadas da minha mente.
- Eu perdi o controle só de pensar que você podia fazer algum mal contra minha filha e usei minhas armas pra isso. Eu...eu tenho vergonha de tudo o que eu fiz. - ele disse e eu levantei
- Você errou muito, mas acho que deve mais desculpas a Madu do que a mim. - eu disse e ele assentiu.
- Deve desculpas a Anna também. - lembrei.
- Foi quem mais eu magoei, preciso me desculpar com tanta gente. - ele sorriu.
- Me prove que está arrependido. - eu pedi.
- Já provei, a noite você vai saber do que estou falando. - ele disse me deixando confuso.
- Está tudo bem aqui? - Madu apareceu.
- Está, eu acho. - eu disse.
- Pai, ela...ela vai morar com você? - perguntou.
- Sim, nós vamos morar juntos na casa dela e eu vou vender a nossa e o dinheiro vai para você, sua mãe e seu irmão. - ele disse e ela arregalou os olhos.
- Porque está fazendo isso? - ela perguntou.
- Porque eu quero uma vida nova minha filha, quero seguir e sair fora das burradas que eu fiz. - ele disse aproximando-se dela.
- Eu fui um monstro com você e por isso que eu trouxe a Débora aqui, queria que você conhecesse o motivo pelo qual eu percebi que não posso mudar quem você é e quem você ama. - ele acariciou o rosto dela.
- Me perdoa filha, me perdoa. - ele puxou ela pra um abraço.
...
Depois que eles foram embora nós ficamos conversando sobre o que aconteceu e depois passamos o dia na piscina curtindo o nosso momento juntos, eu achei tão lindo o momento em que ela ficou conversando com a barriga de Débora e os olhos brilhavam quando a menina chutou.
- Amor? - ela estalou os dedos na minha frente.
- Oi. - eu disse saindo dos meus desvaneios.
- Tá pensando em que? - perguntou.
- Você sonha em ter filhos? - eu perguntei e ela sentou na beirada da piscina.
- No futuro, quando eu tiver uns trinta anos. - ela disse.
- Porque? - perguntou.
- Porque eu vi o jeito que ficou mexida com a Malu. - eu disse e ela sorriu.
- Nunca tinha sentido isso antes. - ela disse e meu celular tocou.
- Alô? - perguntei atendendo.
- Thiago? É o André do escritório. - ele disse e eu estranhei.
- Oi André, o que houve? - perguntei.
- Ficou um documento seu aqui no escritório e tem um envelope pra você. - ele disse.
- Pra mim? No escritório Scalon? - perguntei totalmente confuso.
- Sim, pode vir buscar hoje ainda? - ele perguntou.
- Tá, tudo bem...eu passo aí. - eu disse antes de desligar.
- O que tem no escritório do meu pai? - ela perguntou.
- Também não entendi...achei que tivesse pego todos os meus documentos. - eu disse.
- Deve ser algo que você não se lembra. - ela sugeriu e eu assenti.
- Vamos comigo lá hoje? Depois a gente sai pra jantar. - eu disse e ela concordou.
...
Nós chegamos ao escritório e algumas pessoas estavam indo embora, inclusive David e Oscar. Subi pra procurar André que estava na sala de reuniões me esperando e assim que entrei com Madu e ele sorriu.
- Oi Thiago! - ele disse e eu lhe dei um abraço.
- Qual foi o problema aí? - sorri e sentei na cadeira.
- Oi Madu. - ele sorriu pra ela.
- Oi. - ela sorriu de volta e sentou do meu lado.
- O Rafael me pediu pra entregar isso a você. - ele disse me dando um envelope branco.
Eu estava confuso com o que era aquilo e até demorei pra abrir com medo do que seria, Madu me olhou curiosa e me incentivou a abrir pra ver logo o que era.
"Thiago, você sabe mais do que qualquer um que eu sempre quis que você fosse meu sucessor já que meu filho não seguiu os meus passos. Você é bom no que faz, é competente, profissional, cuidadoso com cada autorização, assinatura, conversa e eu quero que você dê orgulho a Maria Eduarda assim como você me deu em seus anos de trabalho comigo e é por isso que eu quero garantir a felicidade da minha menina e se for do seu lado tendo o melhor que você pode dar a ela. 80% dessa empresa está em seu nome agora, quero que você bote esse escritório pra subir como você sempre fez e eu confio que irá fazer um trabalho melhor do que o meu. Somos parceiros agora, vamos trabalhar nisso e eu vou aprender o amor da minha filha é tambem aquele meu velho amigo.
A empresa agora é sua também, divirta-se e trabalhe duro!"
- Iai? O que tem aí? - ela perguntou curiosa.
- Madu, seu pai me deu quase a empresa toda. - eu disse chocado.
- Como assim? - perguntou confusa.
- Essa empresa agora é minha também. - eu disse e os olhos dela arregalaram
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