História I feel in love. - It's a girl...

​T​hiago

Uma semana que todo mundo está de luto na empresa, eu mal podia acreditar que a mulher por quem fui apaixonado agora está no céu. Aproveitei os últimos minutos pra dizer que ela me fez feliz apesar de tudo o que passamos e que eu jamais esqueceria dela e isso era a mais pura verdade, o tumor que ela tinha no cérebro cresceu demais e não tinha mais nada para fazer a não ser esperar ela partir. André está tão desolado quanto eu e cada vez que a gente se vê o choro aparece, Madu escreveu um poema em homenagem a ela e colou em todas as salas do prédio  para que a gente se lembre sempre da pessoa que ela foi pra nós. 

O que aconteceu com ela acabou abrindo meus olhos porque a gente nunca sabe quando vai morrer e temos que aproveitar a vida enquanto ainda estamos nela, o enterro da Belle foi a coisa mais linda porque nós cantamos uma música e colocamos inúmeras flores que ela gostava e nos despedimos de uma amiga que jamais esqueceremos.

Hoje a Madu tem consulta e talvez nós poderemos saber o sexo mas enquanto eu estou organizando umas coisas em casa ela vai com a mãe, eu olho para o quarto vazio que tem aqui e já o imagino com um berço e coisas de neném e imagino também uma criança correndo pela casa a nos chamar. David e Oscar tem me ajudado muito na empresa e a cada dia eu me surpreendo mais com os amigos que eu tenho, a barriguinha da Madu já está bem mais aparente e ela faz questão de mostrar e o que me dá mais orgulho é saber que os comentários maldosos para ela são indiferentes. Nós estamos felizes com o nosso bebê e é isso o que importa, o resto é apenas o resto. 

...

- Amor, eu estou indo. - ela apareceu na sala.

- Ok amor, até mais tarde. - eu disse dando um beijo nela.

- Quando eu voltar a gente vai decidir de que cor pintaremos esse quarto. - ela disse sorrindo.

Eu não tenho preferência e o que importa é que venha com saúde, a clínica não era tão longe daqui então ela não demoraria a voltar. Peguei algumas fotos nossas e coloquei num mural na sala e a campainha tocou.

- Oi. - eu disse vendo um cara.

- Você é o Thiago, namorado da Madu? - perguntou. 

- Sim, sou eu. Aconteceu alguma coisa com ela? - perguntei.

- Não, mas vai acontecer com você. - ele disse. 

Mal tive tempo de reagir e ele já disferiu o primeiro soco no meu rosto e eu fui cambaleando para trás e ele me jogou no chão fazendo eu bater as costa bem forte contra o piso, ele continuou me dando socos e mais socos e eu já me sentia fraco quando ele parou e se levantou. 

- Porque você fez isso? - perguntei tossindo.

- Ricardo mandou lembranças. - ele disse rindo antes de sair batendo a porta.

Eu nem conseguia levantar do chão e sentia tudo em mim doer e minha boca estava cheia de sangue, tentei forçar o braço para levantar e consegui ficar sentado com as costas encostadas no sofá. Olhei pelo espelho enorme da sala e pude ver o olho ficando roxo e a boca cortada e cheia de sangue...achei que tinha me livrado dos problemas mas parece que eles insistem em reaparecer.

Madu

Saí de casa e peguei o carro pra ir buscar a minha mãe e eu estava super animada com a consulta de hoje porque eu iria descobrir quem estava dentro de mim, quando cheguei na casa dela me surpreendi ao ver meu pai na porta.

- Parece que um certo casal voltou de vez...- eu disse sorrindo.

- Voltamos a morar juntos. - meu pai disse rindo.

- Felicidades! - eu disse abraçando eles.

- Agora nós temos que ir ver o nosso bebê. - minha mãe disse acariciando a minha barriga.

Nós fomos para a clínica e para a minha sorte o médico já havia chegado e rapidamente eu pude entrar na sala, percebi que o meu médico era lindo e a minha mãe ficava fazendo umas caras engraçadas enquanto observava ele.

- Vamos lá? - perguntou e eu assenti.

Deitei na cama e ele levantou a minha camisa pegando um gel par passar na minha barriga, eu observava ele para ver se estava tudo bem e ele começou a passar a máquina na minha barriga e em um momento ele parou e nós pudemos ouvir o coraçãozinho batendo forte.

- O coração tá forte hein! - ele disse sorrindo.

- Graças a Deus. - eu sorri.

- Aqui está a mãozinha. - ele ligou o outro monitor para que eu pudesse ver.

- Mãe...- eu disse emocionada e ela beijou minha testa.

- Olha, parece que ela está muito à vontade conosco. - ele disse sorrindo e eu olhei novamente pra ele. 

- Ela? - perguntei com a voz um pouco falha.

- Parabéns mamãe, é uma menina. - ele disse e eu não conseguia parar de sorrir.

Ele me disse que estava tudo bem com o bebê e me passou algumas vitaminas, eu estava tão feliz que mal podia acreditar que eu teria uma menininha. Minha mãe estava toda babona e falava comigo sobre diversas coisas do universo feminino infantil, saímos de lá direto para a farmácia e compramos as vitaminas que eu precisava tomar e no caminho de volta nós paramos numa doceria que tem perto da casa da minha mãe e eu encomendei um torta escrita. Pedi para que escrevessem "It's a girl" e eu levaria para o Thiago, deixei minha mãe em casa e voltei para a minha.

Minha cabeça agora só conseguia imaginar uma menininha nos meu braços e dentro do elevador eu ficava olhando no espelho a minha barriga que já estava bem aparente e só conseguia pensar na felicidade do Thiago quando souber que nós vamos ter uma filha. Quando abri a porta de casa levei um susto com o Thiago encostado atrás do sofá com o rosto todo machucado e sangrando, larguei o bolo no balcão e corri na sua direção. 

- Amor, o que aconteceu? - eu perguntei desesperada.

- Um cara entrou aqui e me bateu. - ele disse com a voz falhando.

- Foi um assalto? - perguntei pegando um pano pra limpar o rosto dele.

- Não, foi o Ricardo quem mandou...o cara me disse. - ele disse em meio a tosse.

O ajudei a ir para o banho e depois disso fiz curativos em seu rosto, não entendi como o porteiro deixou um cara estranho subir até aqui sem permissão. Ele estava com as costas doloridas e eu lhe dei um remédio e ele dormiu, desci para reclamar com o porteiro e ele apareceu na portaria.

- Como você deixou um cara estranho subir? Ele bateu no Thiago! - eu disse indignada.

- Bateu no senhor Thiago? Ai meu Deus! Ele me disse que veio avisar que a senhorita tinha sofrido um acidente de carro e como eu a vi sair com o carro acreditei nele. - ele explicou nervoso.

- Não deixa mais ninguém estranho subir Caio, só a nossa família e os amigos que conhece...Oscar e David. O resto você avisa por favor. - pedi. 

- Tudo bem senhorita Madu, me desculpa! - ele pediu desesperado e eu assenti.

- Você tem que cuidar melhor da segurança desse prédio, como é que a minha filha vai viver aqui? - perguntei sorrindo.

- É uma menina? - perguntou sorrindo também. 

- Sim. - eu disse. 

- Parabéns! - ele desejou.

- Muito obrigada. - sorri.

Subi e tomei um banho antes de preparar o jantar e ele ainda dormia, era tão ruim vê-lo vulnerável assim e tão machucado...quando ele acordou por volta das seis da noite nós jantamos e conversamos sobre o que tinha acontecido e ele me disse que amanhã iria dar queixa do Ricardo porque é a segunda vez que ele o machuca e da primeira quase ele morre.

- Sobremesa? - ele perguntou quando eu peguei a caixa na geladeira.

- Sim, um bolo que você gosta. - eu disse pegando os pratos. 

- Amor, me conta como foi o exame. - ele pediu curioso. 

- Comprei depois da consulta, come primeiro e depois a gente conversa. - eu disse colocando a caixa na mesa.

- O cheiro tá ótimo. - ele disse abrindo a caixa. 

O bolo era todo branco e com letras num tom de rosa havia escrito o que eu já sabia, ele leu e assim que assimilou aquilo ele olhou pra mim e eu estava sorrindo. 

- É uma menina? - perguntou com lágrimas nos olhos.

- É. - sorri assentindo.

- A gente vai ter uma filha? - perguntou sem acreditar. 

- Sim, a gente vai ter uma menininha. - eu sorri e ele levantou. 

Me puxou pra levantar e me abraçou forte, ele estava tão feliz e emocionado que nada mais parecia importar e ele ficou ali me abraçando por alguns minutos e quando nos soltamos eu sequei as lágrimas dele mas não conseguia conter as minhas.

- Obrigada amor, obrigada mesmo. - ele disse colando nossas testas. 

- Eu quem te agradeço, você mudou minha forma de ver o mundo. - eu disse acariciando o rosto dele e ele agachou.

- Minhas meninas. - ele disse beijando minha barriga.

- Mais uma bravinha pra você cuidar. - eu disse mexendo no cabelo dele.

- Amor, dá pra acreditar? Parece que eu tô sonhando. - ele disse distribuindo beijos na minha barriga.

- Pra mim também. - eu sorri.

- Prometo pra você que eu vou ser o melhor pai do mundo. - ele disse levantando. 

- Eu sei que você vai. - eu disse beijando ele.

- Nós temos que escolher nome, e ver as coisas e...- ele disparou empolgado.

- Eu acho que escolhi um nome. - eu disse e ele me olhou surpreso.

- Qual? - perguntou. 

- Isabelle. - sorri e ele também.