História I Feel You - Daseot

Jeon havia acordado sentindo uma quentura insuportável.

Com o empurrar dos seus pés, seu cobertor e lençóis foram afastados de seu corpo até caírem ao chão.

O alfa podia jurar que o tempo estava gélido e o vento que adentrava por sua janela só confirmavam isso, mas porque o garoto sentia tanta quentura? Um calor descomunal atingiu o corpo de Jeon, o que o fez levantar rapidamente e então as dores atacaram o seus corpo. Ultimamente quando ele sentia algo do tipo a intensidade: Seja ela quentura,  hematomas ou qualquer outra coisa, vinha duas vezes mais forte em seu corpo. O garoto tentava entender, mas não sabia o que fazer. Já havia tomado alguns remédios a qual Yoongi lhe indicou, porém não estavam adiantando e apesar da dor ser interna não parecia que algumas pílulas seriam capazes de fazê-la parar.

Dessa vez seu corpo dóia como se alguém tivesse lhe chutado no estômago e o acastanhado poderia jurar que sentiu gosto de sangue em sua boca, o que o assustou terrivelmente, essa era a primeira vez que algo assim lhe acontecia. Sentindo seu corpo extremamente pesado o garoto se apoiou sobre a maçaneta da porta, quando viu que que se não o fizesse iria ao chão por conta de uma tontura.

Deveria ser umas seis e meia quando o moreno se levantou. A uma hora dessa deveria estar se arrumando para ir ao campus, mas ele estava ali, andando calmamente sobre o corredor para que seu corpo não fosse de encontro ao piso beje. Suas mãos tocavam toda e qualquer coisa, que ele encontrava pelo caminho, como forma de o ajudar a se apoiar.

Quando finalmente parou em frente da porta, a qual o acastanhado tinha em mente, seu corpo fraquejou não aguentando mais e foi ao chão assim que empurrou a madeira que dava acesso ao quarto de seus pais. Assim que viram o corpo do seu filhote encolhido ao chão, enquanto gemia baixinho, os Kim se desesperaram. Jin gritava para que Namjoon o ajudasse a carregar seu bebê do chão.

Seus olhos finalmente se fecharam após sentir o cheiro de seus pais e Jeon se permitiu dormir novamente.

I Feel You

Nam tentava a todo custo tranquilizar seu esposo enquanto dava um banho no seu filhote, a fim de deixa-lo mais calmo, mas de nada adiantou quando Seokjin viu aos hematomas arroxeados que estavam no corpo frágil do seu menino. Podia sentir as lágrimas rolarem por suas bochechas e bilhões de pensamentos — todos terríveis — do que poderia ter acontecido para seu corpo se encontra nesse estado, mas Namjon lhe pediu para se acalmar, afinal, se desesperar não iria resolver a situação do garoto e teriam que esperar ele acordar para lhe conta tudo.

O que não demorou muito, pois após a pequena conversa que tiveram sobre o assunto, o alfa deitou o corpo do seu filho sobre seus lençóis e se deitaram ali. Até que o mesmo abriu seus olhos lentamente,  já sentindo a presença de seus pais por causa de seus cheiros.

— O que está conhecendo, Jungkook?  — Jin o questionou ainda com o braço envolvido ao redor do mais novo.

— Não adianta tentar esconder, Jeon. Nós já estamos desconfiados de que estavam acontecendo algumas coisas. — suspirou. — Só não sabíamos o que eram estas coisas.

— Nem eu mesmo sei appa. — Jeon se levantou e com um pouco de receio retirou sua camisa. — As vezes eu sinto uma dor insuportável à noite. Sinto como se eu estivesse sendo espancado e como se não bastasse à meu lobo fica agitado demais e fica quase impossível controlá-lo. — vestiu sua camisa após seu pai lhe entregar rapidamente, para que ele não sofresse ainda mais ao ver os machucados no corpo do acastanhado. — Tem dia que eu não sinto nada, mas no dia seguinte eu acordo com o corpo muito dolorido e depois vejo as marcas: nas costas ou no corpo quase por completo. Eu realmente não sei o que está acontecendo e as vezes parece piorar, não as dores, mas o descontrole do meu lobo também e eu não sei o que fazer.

Jungkook se deitou ao seu lugar novamente, sendo abraçado por seus pais e extremamente aliviado por finalmente ter lhes contado à verdade, já não aguentava mais ter que mentir para eles.

— Desde quando isso vem acontecendo? — questionou Seokjin.

Por alguns minutos o mais novo dali se permitiu pensar por alguns minutos. Fitou a parede branca do quarto tentando se lembrar de algo, como se à mesma pudesse lhe dar as respostas, essa que veio segundos depois.

— Se não me engano, começou depois que eu tombei com um ômega no caminho para casa. — fechou os olhos para poder se recordar bem do fatídico dia à qual foi ao chão por ser bruscamente empurrado. — Lembro de ter passado mal. Meu lobo ficou descontrolado, meu peito doía como se eu fosse morrer e meus caninos saíram. Eu pensei que poderia ser por causa da tempestade, mas depois que a chuva passou as dores continuaram e vieram os hematomas.

Após ouvir tais palavras vinda do acastanhado, os pais do garoto mantinham uma espécie de diálogo interno entre si. Eles nunca haviam falo nada para o mais novo por achar que isso não iria acontecer, afinal ele ainda era muito novo, mas parece que o destino resolveu brincar um pouco com seu filhote e seu pai tinha medo do que poderia estar por vir.

Aquilo era muito raro de acontecer.

Mais umas vez Jin arqueou as obrancelhas, inclinando um pouco sua cabeça para que pudesse apontar para o mais novo, sem usar as mãos.

 — Amor? — chamou pelo filho, que suspendeu um pouco a cabeça para lhe fitar. — Você sabe sobre almas gêmeas? Sobre um alfa já ter um omega destinado. Você lembra o que minha mãe lhe contou, não lembra? — o mais novo assentiu. — Eu achei que fosse apenas uma lenda.

Ao ouvir isso e pela expressão que seu pai fez, Jeon entendeu do que se tratava e agradeceu aos céus por não ser uma doença grave, nem nada do tipo. Chegou até mesmo à suspirar aliviado com isso.

Ter um omega já destinado para você não é ruim, certo?

— Aquele ômega que tombou comigo é destinado a mim? — sussurrou para si mesmo, mas sabia que seus pais poderiam ouvir. — E as dores e a... — o garoto suspirou ao entender completamente o que estava acontecendo consigo. — Eu posso sentir o que ele sente.

— Isso mesmo. — concordou Jin. Abraçando seu filho em seguida. — Você conhece ele, Jeon?

— Não, pai. Eu nunca o vi — suspirou frustrado consigo mesmo. — Eu sou muito azarado.

— Ele deve está sofrendo, Jeon. Muito. — alertou seu appa.

— E pelo que você falou, seu lobo sabe disso e que encontrá-lo. Não vai parar até o fazer.

— E se isso nunca acontecer, appa? — questionou.

— Você vai acha-lo. — Nam afirmou ao se levantar da cama. — O bom é que não tem como fugir.

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— Almas gêmeas? — questionou — Já ouvi bastante sobre elas. A ligação de vocês deve ser muito forte, para você ficar marcado desse jeito.

— Meu appa disse a mesma coisa. — suspirou. 

Por causa das dores, seus pais não permitiram que o garoto fosse ao campus, passaram o dia quase todo agarrados ao filho, depois foram fazer suas maratonas de filmes e séries após almoçar e só assim o garoto esqueceu um pouco dos machucados em seu corpo. Restando apenas dores finas e algumas leves postadas em suas costas, porque havia escorregado ontem.

Os garotos comeram no terraço, uns sanduíches que seu pai havia preparado para eles, junto ao suco de laranja.

Eles não gostavam de ficar no pátio, primeiro: porque aquelas onças — apelido dado pelo loiro — adoravam ir até eles, tentar algo a mais do que só apenas a amizade. Segundo: porque eles não gostavam de ficar em locais com muitas pessoas, isso era horrível.

— Vamos? — questionou após arrumar sua bagunça, sendo seguido pelo Jeon.

— Preciso ir ao banheiro. — se levantou. — Nos vemos na saída.

Yoongi assentiu, logo depois desceram os degraus para o segundo pavilhão e o loiro seguiu para sua sala. Teria aula com um professor muito chato que detestava atrasos e como não tinha ido bem num dos testes mais recentes dele, não poderia em momento algum ficar fora da sala.

Jungkook seguiu para o banheiro dali mesmo. O do primeiro pavilhão era mais usado que esse e não poderia correr o risco de que alguém visse seus machucados.

Abriu a porta e adentrou ao local, fechando o objeto metalizado em seguida. Pegou a pomada que seu pai lhe entregou ontem, para que passa-se nos machucados quando sentisse muita dor. Tirou o cachecol do seu pescoço, logo em seguida sua jaqueta e camisa.

Os hematomas estavam diminuindo por causa dos cuidados de Jin — que apesar de recentes e poucos — estavam lhe ajudando muito.

Passou a pomada onde seu braço alcançava e se esticou um pouco para alcançar um ponto que ardia muito, um pouco mais abaixo, onde sua mão não estava alcançando.

— Você poderia me ajudar? — questionou. Assim que começou a passar a pomada em seu corpo, o garoto sentiu o cheiro adocicado de laranja com um toque de abacaxi, espalhado no local e junto com ele o receio e medo vindo do garoto. Iria deixá-lo quieto, mas realmente queria ser próximo dele e não queria sentir o medo vindo de si. — Não consigo alcançar essa parte.

Jimin empurrou a porta lentamente, a pequenos e lentos passo, saiu de dentro de uma das cabines e se pôs atrás do acastanhado, qual o observava através do espelho. Jeon entregou-lhe a pomada, indicando em seguida onde o menor deveria passar.

Seu corpo tremia em prol do nervosismo, até então o rosado nunca havia ao menos tocado em um alfa, ainda mais em um lúpus. Jimin nem mesmo sabia da onde estava vindo tanta coragem para se aproximar tanto assim do acastanhado. Se bem que não era coragem. Seu lobo ficava agitado de um jeito bom, todas as vezes que estava próximo do garoto, mas ainda sim tinha o receio e o medo do que poderia lhe acontecer.

Park Jimin sabia muito bem qual o nível de força que um alfa lúpus tinha.

Algo que o fez refletir, o porquê do Jeon está com o corpo tão marcado assim, parecia até que ele havia apanhado. Alfas lúpus são destemidos, certo? Então porque ele parecia tão destruído fisicamente?

— É estranho. — pronunciou-se ao ver as expressões no rosto do outro. O ômega nem mesmo havia lhe tocado, apenas segurava o tubo com a pomada e fitava as costas do acastanhado, mantendo uma sobrancelha arqueada. — Nem mesmo eu sei o que está acontecendo.

— Você apanhou? — agradeceu aos céus, mentalmente, por não ter gaguejado ao se pronunciar. Jungkook balançou a cabeça de um lado para o outro, negando. — Entao por que as mar... Me perdoe. 

Rapidamente o rosado espremeu o tubo, tendo o contato gélido do gel em três dos seus dedos, espalho-os ali e levou as costas do mais novo. Que sentiu os pequenos e macios dedos tocarem suas costas, o fazendo se arrepiar por completo e então seu lobo se agitou ainda mais dentro de si.

— E-Elas... — engoliu a seco quando Jimin começou a massagear suas costas levemente, com medo de não machuca-lo ainda mais. Suspirou. — Elas aparecem do nada. A dor também.

O mais velho nada disse, apenas assentiu enquanto espalhava a pomada pelo restante das costas do outro. Não entendia o motivo para aquilo e também não se sentia no dever de saber.

Após finalizar, Jimin lhe entregou o tubo e se encaminhou para fora do banheiro. O acastanhado apenas lhe agradeceu e colocou sua camisa de uma forma que não machucasse — ainda mais — suas costas.

Assim que se arrumou, pois-se a sair dali para voltar a sua sala, mas se lembrou enquanto caminhava pelo corredor, que pela sua demora não iria mais poder adentrar a sala, então decidiu ir até a biblioteca estudar.

— Sinto muito, por te fazer perder uma aula. — ele poderia até pedir desculpas, mas na verdade ele gostou de ter um pouco mais de contato com o rosado. E a sensação de ter os dedos do outro tocando sua pele foi maravilhosa de mais, para que ele pudesse se arrepender.

Jimin mais uma vez nada disse, apenas assentiu e voltou a ler seu livro. Em partes o garoto estava constrangido por ter tocado de uma forma tão íntima no corpo de alguém, ainda mais por sempre fugir dele e era isso que o garoto tentava entender... O porque ele havia tocado em alguém, sendo que ele abomina qualquer tipo de contato com pessoas. O que estava acontecendo com seu corpo?

Essa eram um das milhares de perguntas que o garoto tinha em sua mente no momento.

— Yoongi hyung, falou que era uma aula muito importante. — disse tentando puxar algum assunto com o mais velho.

— Eu quase não falo com ninguém desse campus e nem mesmo lhe dou atenção,  então por que você insiste tanto em falar comigo? — Mais uma vez,Jimin agradecia aos céus por não ter gaguejado e passado um pouco de confiança em sua voz.

Dessa vez, Jeon que pareceu pensar no que iria dizer, mas ele já sabia o que era. Só não sabia se seria o certo dizer-lhe agora, mas quem disse que o corpo do garoto reagiu ao seu consciente?

— Eu gosto de você, hyung. — ditou.