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História I Hate Loving You - Christmas


Escrita por: GEEZERTVD

Notas do Autor


Olá, como estão? Espero que bem!
Nem demorei né? Aqui estou eu com mais um capitulo pra vocês!
Espero muitíssimo que gostem!
Agora sim, capitulo 50, então está oficialmente iniciada a reta final de I Hate Loving You </3
Vamos nessa meu povo, vamos ler!

Capítulo 50 - Christmas


Fanfic / Fanfiction I Hate Loving You - Christmas

 

“O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforma no melhor que podemos ser.”

Mário Quintana.

 

Véspera de Natal. Nossa! Como um ano passou rápido, não acha?

Após uma semana em Paris, precisei voltar a minha vida normal em San Diego. Não tão normal assim, pois algumas coisas estavam diferentes.

Já tínhamos passado da primeira semana de Dezembro e não teria mais aulas naquele mês. Elas só retornariam na primeira semana de Janeiro.

Minha casa estava muito vazia, pois meus pais saiam e só chegavam a noite (quando chegavam). E Enzo tinha ido pro Rio de Janeiro uma semana depois que voltei pra San Diego, ou seja, eu não tinha nada o que fazer aqui.

Por que eu não tinha ido com ele pro Rio? Bom, digamos que ele anda me evitando. Evitando atender minhas chamadas, falar comigo, me mandar mensagens, enfim... Só foi me dizer que tinha ido pra lá depois de 2 dias que já estava lá e anda recusando responder minhas toneladas de perguntas sobre lá. Ele não me disse nada sobre Miguel, na verdade, disse apenas que não tinha o encontrado. Ele estava a trabalho, então talvez fosse essa a pressão.

Pelo motivo de eu andar muito sozinha na minha casa vazia e deprimente, decidi passar minhas ultimas semanas do ano na casa da minha melhor amiga. Nina tinha ampliado suas chances de crescer no seu trabalho, quando passou em um teste mandado pela MAC a vários salões de beleza do mundo. O dela foi um desses. Com isso, ela ganhou alguns reconhecimentos e méritos. Não só ela mas como todos que também passaram no teste. Então nesse tempo, nós duas não ficamos só em sua casa. Nina que outrora apenas trabalhava dia sim dia não em seu salão no centro da cidade, a qual ficou pra ela de herança quando o pai morreu, passou a viajar lugares e mais lugares dando tutoriais de maquiagem e moda. E claro, eu a acompanhei em tudo isso. Ela era muito boa. E claro que eu amava ver ela fazendo o que gosta, em vez de vê-la fazendo uma faculdade apenas por minha causa, ao achar que me devia algo. Em menos de 3 semanas fizemos 8 viagens, 7 foram pra apenas cidades próximas dos Estados Unidos, mas 1 foi para a Espanha, onde ela teve a oportunidade de receber dicas do grupo de maquiadores da Victoria Secrets e assisti-los em ação antes de um desfile que haveria por ali.

Enfim, toda essa correria das viagens e o trabalho de Nina foi ótimo pra mim. Ótimo pra me distrair naquelas semanas, me fazer esquecer das saudades, dos problemas. Foi ótimo pois eu estava na companhia de uma das melhores pessoas do mundo! Uma amiga que me faz rir a todos os momentos e me mostra que eu não posso deixar as coisas ruins sobressaírem na minha vida. Ela não me deixa parar para pensar no pai doente, no namorado distante, no irmão que anda agindo estranho e me evitando, no amigo que tinha escolhido se afastar.... em nada disso. Ela apenas me lembra que eu sou linda, jovem e tenho que ser feliz com o que tenho a minha volta. E isso é importante pra mim, pois foi assim que eu consegui sobreviver às ultimas semanas daquele ano tão turbulento.


 

 

Dia 24 do mês de Dezembro. Acordei ansiosa. Tinha chegado da minha ultima viagem com Nina ontem, ela correu pro Brasil onde passaria o Natal com sua família: mãe e 2 irmãos.

“Bom dia, pais” — entrei na cozinha para tomar café.

“Bom dia, amor” — minha mãe sorridente deu um beijo em minha bochecha antes de se sentar na mesa com meu pai.

Mães sempre ficam mais felizes nessa época do ano, sei lá o porquê.

Peguei meu café e me sentei.

“Enzo ainda não chegou?” — perguntei, sofrendo pra mastigar 3 biscoitos de uma vez.

Eu tinha feito um hamburguinho de biscoito, onde o recheio era mais um biscoito. E eu tinha certeza que ficariam entalados.

“Ele disse que já está chegando. Chegará antes da meia-noite, fique tranquila” — meu pai respondeu.

“Assim vai se engasgar, garota! Beba esse suco!” — minha mãe brigou, enfiando um copo de suco na minha boca para ajudar o biscoito a descer. - “Parece criança!” — resmungou.

“É...” — voltei a dizer, limpando a garganta. - “Sabe o Larry?”

“Sim, o que tem ele?” — minha mãe ficou interessada. - “Desculpe filha, mas sempre gostei mais do irmão dele, o tal do Laurent, parece mais introvertido.”

“E quem foi que te perguntou isso, pediu sua opinião ou se quer quis saber qual dos dois é melhor, Eleonor?” — meu pai frisou a testa perguntando de uma maneira engraçada. - “Prossiga, Claire.”

“Então....” — pensei em como dizer. - “Ele havia nos chamado pra passar esse Natal com a família dele.”

“E é agora que você vem nos dizer isso, Claire? Em cima da hora? Não dá tempo nem de comprar um vestido apropriado” — minha mãe bateu o punho de leve na mesa.

“Você tem centenas de vestidos Enô, pra que mais um?” — meu pai perguntou.

“Não tenho um pra essa ocasião. Preciso estar apropriada pra conhecer o outro lado da família. Afinal de contas, franceses são muito chiques.” — argumentou. - “Devia ter avisado antes, Claire.”

“Faria alguma diferença? Vocês iriam?” — perguntei, já sabendo a resposta.

“Hum, talvez sim.” — meu pai deu de ombros. - “Dependendo de algumas coisas.”

“Do que?” — fiquei curiosa.

“Ele teria que tomar a coragem de ele mesmo me convidar.”

“Ah, então nunca aconteceria... Deixa pra lá. Esquece.” — falei, fazendo mais um hamburguinho de biscoito.

“E... Agora vocês já são mesmo namorados, filha? É que eu nunca entendi esse rolo de vocês. Ele nunca veio aqui em casa.” — minha mãe falou. - “Quer dizer, não na luz do dia e pela porta da frente.”

“É o que?” — meu pai se engasgou.

“Mãe!” — fiquei vermelha. - “Nada pai... nada, isso é passado.”

Ele me olhou estranho, mais relevou.

“Ele não me pediu em namoro. Só uma vez, a muito e muito tempo atrás. Mas hoje em dia nós já estamos muito além disso, mãe.” — respondi. - “Não acho que precisamos desse título para levarmos um ao outro a sério e...”

“OLHAAA QUEMMMM CHEGOOOOOOOOOU!” — um grito ecoou da sala, junto com o barulho de malas no chão.

Eba!

Sai da mesa a mil e corri destrambelhadamente até a sala. Encontrei Enzo parado a porta já de braços abertos, dei um salto e agarrei seu pescoço, subindo em sua cintura. Ele abraçou minhas costas e me apertou. Seu abraço era simplesmente o abraço mais perfeito vindo de um irmão. Ele me colocou no chão após um tempo, mas não largou-me.

“Filho, que saudades meu garoto...” — mamãe apareceu na sala.

Então ele me soltou e deu uma corridinha até ela.

Os abraços foram longos e apertados.

Após ele terminar de abraçar meu pai, é que pude prestar atenção mesmo nele. Ele estava diferente. Sua pele mais branca, ele mais magro, e seu cabelo maior e mais escuro. Mas, continuava lindo.

“Pensava que tinha morrido.” — tive a felicidade de quebrar o momento lindo de família com meu comentário desagradável.

“Argrh! Claire, sendo Claire!” — ele revirou os olhos passando por mim.

“Não acha que me deve explicações não, mocinho?” — fui atrás dele, chateando-o como toda irmã mais nova.

“Eu preciso descansar, Clai. Fica calada por uns 3 anos, por favor.” — pediu. - “A noite eu te dou as explicações que você quer.”

“Você está com aqueles problemas que os modelos tem?” — continuei a falar no seu ouvido, subindo as escadas. - “Você está com bulimia, Enzo? Você está doente? Anorexia? Depressão? Olha, você é lindo... Não precisa dessas coisa... Isso é errado... Você tem que se amar do jeito que....”

“Claire!” — me interrompeu, quase gritando. - “De onde você tira essas coisas?” — perguntou e entrou no quarto, me deixando sozinha do corredor.

Então respirei fundo e fui atrás dele, entrei em seu quarto e ele estava sentado na cama.

“Eu estou bem, fique tranquila.” — falou pra mim, assim que eu entrei. - “Só preciso mesmo dormir.” — se estirou na cama.

“Você passa mais de 2 meses longe de casa, não se comunica com a gente direito, perde quase todas as novidades, volta super diferente, e agora quer simplesmente... dormir?”

“Foram meses difíceis, Clai. Muito trabalho, muitas viagens, muito estresse pra uma pessoa só. Não tenho direito de descansar?”

“Desculpa, só fiquei preocupada.” — expliquei, me sentando ao seu lado. - “Gostaria de poder te ajudar se você está passando por momentos difíceis. Você já me ajudou tanto nos meus. E pra falar a verdade, que pessoa entende melhor de problemas do que eu?”

“Já disse, não precisa se preocupar.” — se ergueu e deu um beijo em meu rosto. - ”Mas quer me ajudar de alguma maneira?” — perguntou, se deitando novamente. - “Quer ser útil mesmo? Então tire meus sapatos por favor, pois eles estão me matando.” — falou, erguendo o pé.

Revirei os olhos e hesitei mas então fiz o que ele pediu. Eu estava ainda cheia de perguntas, mas ele tinha razão, talvez precisasse descansar. Quando terminei de tirar seus tênis, olhei pra ele e ele já se encontrava cochilando na cama. Deixei ele em paz.

[…]

 

As lembranças que nós mais amamos, vivem em nós pra sempre.”

— The Vampire Diaries.

 

Estávamos todos na sala, conversando. Eu estava belíssima. Minha mãe me ajudou a escolher minha roupa. Nunca vi muito sentindo em me maquiar e usar vestido pra ficar na sala de casa, mas fazer o que, devo cumprir com os costumes. Todos estavam bem arrumados, como uma normal e boa família rica. Mas além de uma boa imagem que passávamos ali naquele momento, sobressaía uma coisa que não tinha no natal passado. Uma coisa chamada “Família”. Os sorrisos, as conversas furadas, as brincadeiras, o amor... Tudo isso era real. Nada era montagem. Eu me sentia feliz de verdade. A quanto tempo eu não sentia essa sensação de união? Nem eu sei. Dentro de mim havia uma coisa queimando, um sentimento me fazendo aproveitar aquele momento como algo único mas também colocando borboletas no meu estômago para me lembrar que aquela sensação não duraria para sempre, e talvez daqui a dois dias isso seja apenas uma lembrança boa.

Meu pai se incomodava a todo momento com a posição que se encontrava sentado na poltrona. Suas costas pareciam lhe incomodar. Isso me causava um certo desconforto também. Eu gostaria de saber mais sobre o que ele tinha. Saber detalhes, saber dos tratamentos, o local onde a doença se alocava, tudo. Ele me privou dessas coisas. Me privou do direito que eu tenho como filha de saber sobre o estado do meu pai. Todos ali agiam como se nada estivesse acontecendo, agiam naturalmente, cada um tentando ser forte da sua maneira. Isso me deu uma certa força para que eu não me preocupasse muito com aquilo, naquele momento, se eles não estavam tristes, eu também não deveria ficar.


 

“Ah Enzo, você errou!” — minha mãe ria descontroladamente. - “É “Se beber, não case”!” — ela contou qual filme ela tentou expressar através da mímica.

“Nunca que nós iríamos acertar, Enô!” — meu pai riu batendo na perna. - “Você parecia mais um papa-léguas descontrolado” — ele deu mais um gole no seu vinho.

“Não, eu estava tentando imitar um noivo bêbado” — ela explicou indo se sentar. - “Sua vez Enzo.”

Enzo se levantou e começou a fazer sua mímica. Ele era pior do que imaginávamos. Se ele não era muito ruim em fazer a mímica, nós que éramos muito ruins em adivinhar. Após ele explicar que o filme era “Um parto de viagem” e nós entendermos que o que ele estava imitando era uma mulher com dores de parto, (parecia mais uma galinha protegendo seu ovo no ninho), foi a vez do meu pai fazer a mímica.

Essa sim acertamos, pois ele soube incorporar muito bem o Poderoso Chefão, fumando seu charuto em sua poltrona. Mas só descobrimos pois sem querer ele acabou soltando uma das frases do filme, fazendo todos caírem na gargalhada.

“Tem que ser mudo, pai! Não podia ter som!” — eu o expliquei rindo, quando ele já tinha falado a frase.

E por essa falha ele precisou pagar um mico.


 

Foi uma longa noite. Uma noite muito feliz.

Estávamos todos relembrando histórias do passado quando minha mente parou no tempo. Permaneci sentada de pernas cruzadas no tapete da sala, enquanto observava os sorrisos de cada um. Cada um com sua marca na história. Por mais difícil que seja acreditar, sim, minha família também tinha historias legais para contar em uma noite de natal. Fiquei quieta por um tempo, me permitindo vagar com meus pensamentos pra bem longe dali, podendo levar comigo aquela energia maravilhosa que estava em meu peito naquele momento, podendo guarda-la dentro de mim. Acabei me pegando lembrando do Natal passado. Lembro que só desci do quarto meia-noite, na hora do jantar, onde foi um jantar silencioso e frio.

O meu peito se explodiu de alegria ao levantar os olhos e ver todos ali, alegres. Não acreditei na mudança tão drástica que tinha acontecido em apenas alguns meses da minha vida. Não acredito que amadureci tanto, não acredito que meu pai sorria pra mim, não acredito que encontrei o amor da minha vida, não acredito que eu mesma estava conseguindo sorrir pra vida. Eu simplesmente não acreditava. Naquele momento, eu agradeci silenciosamente a alguém lá em cima. Eu tinha a certeza que coisas assim não acontecem do nada, não foi simplesmente porque eu amadureci e resolvi me tornar uma pessoa melhor, mas havia algo mais. Aquilo era o destino que tinha sido escrito pra mim. Então, naquele momento, eu quis agradecer ao escritor.

“Claire!... Clai...” — do nada percebi alguém abanando as mãos na frente do meu rosto e acordei dos pensamentos. - “Você se lembra, não lembra?” — minha mãe me perguntava.

“Han? Do que?” — balancei a cabeça, tentando retomar o pensamento lógico.

“De quando você chegou em casa com uma camisinha cheia de ar enrolada no barbante, dizendo que era um balão.” — Enzo respondeu, rindo igual idiota.

“Ah, sério gente? Eu era criança, tentem relevar” — abaixei a cabeça sentindo a raiva queimar em minhas bochechas ao se lembrar daquilo. - “Eu fui enganada.”

“As pessoas da sua escola eram terríveis. Aprontavam todas com os menores.” — meu pai comentou. - “Você era tão boba.”

“Mas o pior de tudo foi tentar convence-la de que aquilo não era um bexiga de aniversário e fazer joga-la fora” — minha mãe comentou.

“Isso não é nada comparado ao jogo de futebol de Enzo no primário. Rasgaram as calças dele na frente de todos!” — lembrei.

Meus pais riram.

“Ah, para... Isso já é apelação.” — ele abaixou a cabeça, se mostrando ofendido.

“Sua cueca era de flores amarelas, Enzo!” — minha mãe apontou pra ele rindo muito.

“Olha aqui vocês não vão querer que eu diga quando...”

Antes de Enzo terminar a frase levantei a mão o interrompendo.

“O que foi?” — perguntou sem entender.

“Temos visita!” — surtei de repente e sai correndo até a porta.

Abri a porta e senti o impacto do ar gelado em minha pele. Corri pela neve, sentindo meus pés queimarem de tão gelada que ela estava. Meus passos até o carro que se estacionava na minha rua foram ficando mais pesados, devido ao forro branco no meu gramado que se tornava mais fundo a cada metro.

Dei uma rápida olhada pra trás, e imaginei que todos na sala estavam assustados com a minha atitude repentina e me olhavam estranho.

Levantei meu vestido que estava arrastando no chão para tentar correr mais rápido e acelerei o passo.

“Meu Deus, eu não acredito que você veio!” — gritei chegando pelo de Larry que já saia do carro. - “Meu Deus, eu simplesmente não acredito!”

Ele abriu um imenso sorriso ao me ver correr até ele. Então abriu os braços e foi quando me choquei com seu corpo, deixando ao redor de seu pescoço um apertado abraço, enquanto era rodopiada no ar por ele.

“Nem eu acredito...” — ele respirou fundo e me colocou no chão. Fez carinho em meu rosto e deu uma rápida olhada pra minha casa. - “Não acredito que eu vou ter coragem de fazer isso.”

Ri do seu nervosismo e puxei seu rosto pra frente, tirando seu olhar da minha casa e trazendo pra mim. Me coloquei na ponta dos dedos e deixei um carinhoso beijo em seus lábios.

“Vai dar tudo certo.” — sussurrei antes de abrir os olhos.

Peguei sua mão e comecei a leva-lo comigo.

“Você disse que eu viria?” — ele me perguntou, apertando forte minha mão.

“Não, você não tinha me dado certeza, lembra? Mas fica calmo... Eu realmente estou muito feliz! Você não faz ideia! Estou tão feliz que você veio” — falei, e parecia que o tamanho dos meus lábios não era grande o suficiente para expressar o como eu estava feliz. - “A noite está perfeita. O clima esta ótimo, só relaxa.”

“Espera...” — ele parou de andar e consequentemente eu parei também. - “Deixa eu respirar por alguns segundos.”

Me virei pra ele e segurei suas mãos, olhando-o nos olhos enquanto aguardava ele dar longos suspiros.

“Sei cabelo já está branquinho.” — Falei enquanto reparava na neve caindo sobre ele.

Ele tentou olhar pra cima e ficou vesgo, tirando uma risada de mim. Me inclinei sobre ele e fui agarrada levemente pela cintura, me dando mais equilíbrio. Dei tapinhas em seu afro e logo os flocos de neve caíram, mas foi um trabalho em vão, pois antes mesmo daqueles chegarem ao chão outros já se estacionavam em seu cabelo de novo.

“Acho melhor entrarmos” — falei, mas ele não saiu do lugar.

Percebi que ele precisava de mais um tempo, então fiquei parada ali, segurando suas mãos.

“Meu Deus, como você está linda” — ele sorriu pra mim entre os suspiros, acho que pra se distrair.

Levantou minha mão e me rodopiou, fazendo eu dar umas risadas. Antes que eu pudesse parar de rodar já me encontrava novamente em seus braços, sendo surpreendida por um beijo apressado. Com o tempo deixei a sua boca se moldar a minha, e meu corpo se aconchegar ao seu. O beijo foi longo e bem molhado, lentamente sendo aproveitado por ambos. Por fim ele chupou minha língua de vagar e nossos sorrisos rapidamente se juntaram, atrapalhando o beijo. Logo me veio a imagem em mente do meu pai, minha mãe e Enzo, nos olhando pela janela e isso me causou vergonha, fazendo eu me afastada cuidadosamente.

Larry entendeu minha reação estranha e soltou um sorriso.

Após mais alguns segundos, ele já estava em minha varanda. Quando entrei, carregando Larry após mim, todos ficaram meio boquiabertos. Mas pude notar que em cada olhar também estava um toque de alegria, por mim.

A mão de Larry que eu segurava estava soando e vi percebi que ele esfregava a outra na calça jeans.

“Filha, por que não nos avisou que ele viria?” — minha mãe toda sorridente veio até ele e beijou suas bochechas. - “Tudo bem, meu filho?”

Larry ficou sem reação por alguns segundos mas logo relaxou.

“Tudo, e com a senhora?” — perguntou com um sorriso nervoso.

“É que eu não tinha certeza se ele viria, mãe. Ele queria passar com a família, com o irmão, você sabe...” — respondi, puxando Larry mais pro centro da sala.

Enzo veio e cumprimentou ele. Os dois trocaram algumas palavras e logo ficou um breve silencio na sala. O momento de tensão se desfez quando Larry tomou a coragem de olhar diretamente pro meu pai que estava sentado na sua poltrona.

Eu apertei a mão de Larry, querendo passar forças a ele.

Meu pai então suspirou e tentou se levantar do seu assento. Teve dificuldades pra se levantar e andar até Larry, mas todo mundo fingiu que não tinha percebido.

“Boa noite, se-senhor” — Larry, engolindo seco e esticou a mão para cumprimenta-lo.

“Como está, rapaz?” — meu pai apertou a mão dele.

Larry deu um sorrisinho sem dizer nada. “Queria estar morto” imaginei que seria a resposta perfeita pra ele nesse momento.

“Que bom que entrou pela porta da frente, dessa vez” — meu pai comentou, virando as costas pra Larry, indo de volta ao seu lugar.

A cara de Larry foi no chão, junto com a minha. Minha mãe se engasgou com o vinho e colocou a mão na boca em tentativa de esconder as risadas. O momento ficou realmente constrangedor pra mim e Larry, mas logo tudo ficou bem com as risadas nada discretas do meu irmão no sofá. Isso nos distraiu.

“Okay, venha Larry” — puxei sua mão, tentando parecer normal e superar o momento vergonha. - “Nós estávamos jogando mímica.”

“Não, a mímica já acabou, nós estávamos contando histórias” — meu pai me corrigiu, com um sorriso inocente nos lábios.

Larry se sentou ao meu lado no sofá, e minha mãe serviu vinho pra ele, que simpaticamente recusou.

“O Larry não bebe mãe” — disse, em um tom de humor.

“Ah! Lá vem ela... Já vai começar!” — ele revirou os olhos, fazendo-me rir. - “Vá em frente Clai, já atualizou a lista de piadas?”

Após um tempo meu pai insistiu pra que ele o acompanhasse em uma taça, e então Larry quis agrada-lo e aceitou.

Graças a Deus, o clima na sala não mudou como eu achei que mudaria se Larry viesse. Continuamos as conversas normais na sala, com muitos risos e dessa vez, muita dança. E também graças a Deus minha mãe nem meu pai nos encheram de perguntas sobre nosso relacionamento. Isso seria constrangedor e eu iria querer enfiar minha cara em algum buraco.

Não que meu pai tenha se tornado o melhor amigo do Larry ali, mas acredito que não mais um inimigo. E também, não que agora seja confortante pra Larry está na presença do meu pai, mas acredito que não mais é um medo.


 

Após minutos e mais minutos ali, entre risos e histórias, Enzo se inquietou. O seu estado mudou de repente e isso me levou a prestar muita atenção nele. De alegre amostrado e falando passou rapidamente pra pensativo, inquieto e calado.

Ele olhou no seu relógio de pulso e começou a bater o pezinho, freneticamente. Olhei no meu celular e já marcava 23 horas em ponto.

“Bom...” — Enfim ele chamou a atenção de todos, assim que meu pai voltou com mais uma garrafa de vinho branco.

Ele se serviu e depois voltou a atenção a suas palavras, parecendo estar inseguro em dize-las, ou sem jeito.

“Diga, filho” — minha mãe pediu, após um minuto dele só olhando pro fundo de sua taça.

“É que eu não sei por onde começar” — ele respirou fundo.

Isso me angustiou. Esperei meses por isso e agora ali estava ele, todo estranho e nervoso.

“Apenas comece” — meu pai pediu, dando um carinho no ombro de Enzo já que ele estava perto, como um sinal de força.

Esperou mais um minuto.

“Sei que vocês já sabem que ando escondendo algo, né?” — disse, e nós assentimos com a cabeça. - “Primeiro, gostaria de saber que posso contar com vocês. Qualquer julgamento sobre mim nesse momento, seria o fim do mundo.”

“Estaremos com você, filho. Só não me deixe mais angustiada” — minha mãe pediu.

“Eu amo muito, todos vocês!” — ele se agitou um pouco mais e me deixou com um nó na garganta.

“Eu também te amo, Enzo. Mas diga logo, pelo amor de Deus!” — pedi, me agitando também.

“Nós te amamos, filho” — a voz do meu pai soou ao nossos ouvidos.

Me virei incrédula pra ele. Ele disse isso mesmo? Acho que até Enzo ficou surpreso ao ouvir aquilo saindo da boba do nosso pai, pois levantou a cabeça e encarou ele por longos segundos.

Realmente, esse é um belo Natal!

Sorri pra mim mesma, com o olhar vidrado no meu pai.

Mas logo voltei minha atenção a Enzo.

“Vocês podem estar achando que é a coisa mais preocupante do mundo, mas não é. Só acho que ninguém esperava, é algo muito novo.”

“Então diga logo!”

“Acho melhor eu mostrar a vocês.” — falou, se levantando de um jeito bem decidido e foi até a porta.

“Mostrar?” — um coral se fez ali, junto com o ponto de interrogação em nossas cabeças.

Muitas coisas de passaram na minha cabeça por aquele momento, mas nenhuma delas estava certa.

Enzo sai de casa e após dois minutos no máximo, a porta se abre novamente. Todos já estávamos ansiosos. Então ele entra, parecendo um pouco nervoso, e após ele, segurada em sua mão, entra uma linda menina.

O sorriso nos lábios dos meus pais chegaram às orelhas, juntamente com o queixo chegando ao chão.

Eu estremeci, ainda sem entender, mas não deixava de sorrir.

O que isso significa? Meu irmão tem uma namorada? NA-MO-RA-DA? Com “a” no final? Não pode ser.

“Bom...” — ele se aproximou, puxando a menina que parecia muito tímida, pela mão. - “Essa é a Ana, Ana Meminger.”

Houve um enorme, enorme momento de silencio na sala. As bocas continuaram abertas. Percebi que isso deixou a menina mais nervosa... Menina baixa e de cabelos compridos, pele parda e lisa, com profundos olhos castanhos. Ela era linda. Seu vestido era longo como o meu, mas sua silhueta era mais avantajada. Só quando prestei atenção em cada detalhe dela, percebi que ela não me era estranha.

“Geeente, acorda!” — estalei o dedo na cara da minha mãe. - “Eu hein!”

Me levantei sorridente e tomei a atitude de ir até a menina, comprimente-la com um beijo no rosto.

Ela me olhou por uns segundos, logo após eu me apresentar.

“Espera aí...” — ela continuou segurada em minha mão e olhou pra Enzo. - “Essa mulher é aquela menininha pequena que ficava torcendo por você da arquibancada da quadra, toda eufórica? Não acredito.”

Espera aí, ela me conhece?

“Exatamente.” — Enzo disse. - “Os anos fizeram bem a ela, não acha?”

“Ela deixou de usar boné e bermudinha.” — Ana comentou, tirando de Enzo uma risada.

Minha cara de idiota tava cada vez mais confusa, e só após o meu ponto de interrogação ficar bem visível na cabeça, minha mãe se levantou e veio cumprimenta-la. Por ultimo meu pai.

Todos nos sentamos e foi aí que Larry a cumprimentou também. Os rostos ainda estavam bobos. Não por Enzo chegar com uma menina, mas por que, sei lá... Não era de se esperar. Era menina, com “a” no final.


 

“Esse drama todo pra nos apresentar uma moça, filho?” — meu pai perguntou, oferecendo uma taça de vinho a moça, mas ela rejeitou, também. - “Não tinha necessidade disso. Você nos deixou angustiados.”

“Quando se conheceram?” — minha mãe se encontrava alegre.

E eu ainda estava com o “namorada” com “a” no final, pairando dentro da minha cabeça.

“Bom, acho que vocês não vão acreditar. Mas lembram daquela menininha a qual eu era apaixonado por ela, no primário?” — Enzo perguntou, fazendo mais uma vez nossos queixos chegarem ao chão. - “Depois continuei apaixonado, pelos meus próximos 5 anos no fundamental, depois por 2 anos no Ensino médio, então apenas consegui chama-la pra conversar no baile do 3º ano?”

“Não... brinca...” — foi a única coisa que consegui dizer.

“Sim. Ela sumiu, então a reencontrei aqui, depois de anos.” — os dois se olharam e sorriram.

“Nossa! A menina que tirou seu bv, Enzo!” — falei alto mais um comentário desagradável de Claire Morgan.

Todos caíram na risada, ela mais ainda.

“Não tinha necessidade disso, Clai.” — Enzo me deu um tapa e ficou vermelho.

“Será que ela se lembra da sua cueca de flores amarelas?” — perguntei, segurando o riso.

“Para de ser desagradável Claire!” — meu irmão tentou me dá outro tapa, levando todos a gargalhadas.

“Claro que lembro, amor. Eu era a líder de torcida do time adversário naquele jogo.” — Ana respondeu.

“Ah! Então você também vai lembrar das espinhas nojentas dele e da...”

“Vocês duas, parem com isso! Agora!” — Enzo quase gritou, tampando o rosto com as mãos. - “Foi uma péssima ideia trazer você logo no dia em que Claire está em casa.” — ele disse pra ela, balançando a cabeça. - “Quer que eu mostre a ela as fotos do ensino fundamental, Claire? Eu ia adorar mostrar o seu primeiro jogo de vôlei com saias...”

Ele ameaçou com sangue nos olhos, mostrar uma das coisas que eu mais abominava no mundo. As fotos do ensino fundamental. Aquilo era o inferno, contando que eu usava calça cintura baixa, blusa de banda jovem da época e tinha uma mecha loira queimada na frente do cabelo.

“Você não teria essa coragem, né, irmão?” — perguntei, engolindo seco.

“Então acho melhor você calar a boquinha, amoriznho.” — ele piscou pra mim.

“Ah! Eu quero ver!” — Larry se pronunciou, animado.

“Nem vem! Olha que eu procuro suas horríveis no Google e imprimo hein!” — apontei pra ele, ameaçando-o.

Continuamos mais um tempo conversando na sala, e logo após fomos pra mesa do jantar.

Ana era adorável. Conhecemos mais sobre ela com as conversas, e era lindo ver eles falando do reencontro deles após anos sem se ver. O mais engraçado foi eles contando que esse reencontro aconteceu em uma boate gay, onde os dois se esbarraram. Ter um irmão bi, tudo bem. Ter um irmão bi, apaixonado desde a infância por uma menina, é outra história. Mas sempre achamos que a desilusão amorosa dele por ela, o fato dele ter sido apaixonado por ela por mais de 10 anos, e depois de ficarem ela sumir do mapa, foi o que fez Enzo olhar pra outros lados da vida. (Enzo, por mais que continuasse antissocial, já era muito bonito com 18 anos, por isso nós nunca entendemos o sumiço dela após o baile).

Ela parecia gostar do jeito delicado de Enzo. Ela parecia entende-lo. Isso era lindo de ver, e realmente me deixava feliz. Mas algo me dizia que ainda não era só aquilo que ele escondia, mas havia algo mais, se não porque tanto drama durante esses 2 meses?

“Ainda não acredito que tudo isso, só pra contar que você tinha uma namorada, Enzo. — meu pai dizia, ainda durante o jantar.

Enzo parou quieto por um instante. Ana olhou pra ele.

“Namorada não” — Enzo corrigiu, deixando-nos sem entender nada por uns segundos. - “Noiva.”

Nesse momento, duas pessoas na mesa se engasgaram com o champanhe, eu e minha mãe. Meu pai deixou a rolha que ele estava abrindo o vinho cair dentro de seu copo no momento que paralisou. Larry deu um inicio de risada mais conseguiu se segurar.

A menina engoliu seco.

Se passou um minuto.

“Como?” — perguntei, me recuperando do baque.

“Foi tudo muito depressa, desculpa por não conta-los” — a menina se pronunciou, bem agitada.

“É, desculpa...” — Enzo suspirou.

“Enzo, como assim? Como...” — minha mãe tentou dizer algo, mas nada saiu.

“Desculpa mesmo, mãe.” — Ele deu de ombros, e abriu um sorriso forçado.- “Mas lembram que eu pedia a força de vocês, antes de chama-la?” — ele umedeceu os lábios e nos olhou com um olhar apreensivo. - “Vocês ainda estão prontos pra me apoiar em qualquer coisa?”

Uma grande tensão se fez no lugar. A sua noiva segurou em sua mão e ela parecia bem nervosa também. O silencio era torturador. Não aguentei.

“Eu sim, Enzo.” — quebrei aquele maldito silêncio. - “Eu te apoio.... no que quer que seja. Agora diz logo por favor!”

Ele sorriu pra mim. Aquele sorriso quebrou um pouco do medo que estava se acumulando dentro de mim, aquilo me confortou, me fez bem.

“Sim, eu também, meu pequeno.” — minha mãe se pronunciou logo após mim.

“Enzo..” — meu pai chamou. - “O que é que está acontecendo?”

Ele colocou os talheres no prato e apoiou os pulsos na mesa.

“Talvez não seja algo ruim, pai. Pra mim não é. Mas...” — Ele parou, e percebi que tentava fazer rodeios, fugindo do foco.

“Vá direto ao ponto, filho.” — meu pai pediu sério.

Ele suspirou. Seu nervosismo estava estampado em sua cara. Então após alguns segundos veio o que todos nós queríamos saber.

“Bom...” — ele suspirou. - “Eu vou ser pai.”


 

Okay, se o mundo parou naquele momento? É claro.

Novamente foi inevitável: a tensão tomou conta de nós. Todos os olhares tinham paralisados no casal, se existia um mundo ao nosso redor, ele tinha acabado de desmoronar naquele momento.

Tudo parecia caminhar pro pior, até que eu acabei quebrando o gelo ao rir.

Eu comecei a rir, rir, sorrir, suspirar rindo... Eu não sabia onde colocar a alegria que tinha dentro de mim, então só soube sorrir, enquanto meus olhos se enchiam de agua.

Vou dormir tendo um irmão gay, acordo e ele traz uma menina pra casa, abro os olhos e ele ta namorando, levanto da cama ele já ta noivo, respiro e ele vai ser pai. Era muita coisa pra mim raciocinar de uma vez só, mas eu não podia deixar de mostrar o quanto fiquei feliz.

Meu sorriso abriu portas para que ele também sorrisse.

“Não sei o que ta se passando na cabeça de vocês nesse momento...” — ele começou a dizer. - “É muita coisa, eu sei. Pra mim também foi. Eu não sabia como respirar com a ideia de que vou ser o pai de uma criança. Isso me torturou bastante, confesso. Por isso precisei de um tempo longe de tudo. Enfim eu consegui aceitar essa ideia. Aceitar a realidade. Eu só não sei por onde começar, eu não sei o que fazer... Por isso preciso da força de vocês.”

Eu quis explodir de alegria! Eu quis pular no pescoço dele e enforca-lo com abraços. Esse tempo todo.. Mais de 2 meses fora... E tudo isso, apenas pra se preparar pra ser pai? Apenas pra aceitar o fato de que vai ter um filho? Meu Deus! Eu não conseguia acreditar. Lembrei de como chegou hoje de manhã, lembrei de como estava cansado e parecia querer dormir pra sempre... Isso tudo, só porque será pai?

“Mas é Claro!” — Eu quase gritei tirando todos do mundo tenso e pensativo. - “É claro que você vai ter minha força. Cara! Cara! CARAA!” — comecei a sacudir minhas mãos de alegria, fiquei agitada e toda boba. - “Meu Deus, eu vou ser tia. Meu Deus, meu irmão tem uma namorada com “a” no final. Meu deus!”

Meus pais permaneciam calados.

“Vocês não precisam se preocupar, não vai afetar em nada na vida de vocês. Eu juro que irei cuidar bem dessa...”

“Quantos meses, Enzo?” — meu pai o interrompeu.

Ele cortou o barato da minha alegria e da explicação de Enzo com sua pergunta séria e sem glitter.

“3 meses. Estou grávida a 3 meses. O objetivo do vestido longo era pra disfarçar bem.” — Ana respondeu rápida. - “Mais uma vez, eu tenho que dizer que sinto muito não termos contado antes, é que foi tudo muito complicado. Nós nem namorávamos quando eu descobri. Só nos encontrávamos as vezes. Nem pensávamos nisso, por mais que a gente gostasse um do outro. Fiquei com muito medo. Pensei em esconder, mas não seria justo já que sempre achei que Enzo seria um ótimo pai. Juro que não escondemos isso por maldade, é que precisávamos saber o que faríamos da vida, de agora em diante. Estávamos muito confusos.”

“Eu entendo.” — meu pai limpou a garganta e desviou o olhar do local.

“Como eu dizia, pai: Não precisam se preocupar, eu juro que não vou dar trabalho pra vocês. Vou criar meu menino da melhor maneira que eu puder, sozinho. Tenho condições pra isso, vocês sabem.”

“Menino?” — minha mãe se pronunciou.

O olhar dela estava tremulo e muito espantado.

“Sim mamãe, vou ser pai de um menininho.” — Enzo sorriu, de um jeito bobo.

No mesmo instante ela levou a mão até a boca e uma lágrima escorreu de seus olhos, junto com um sorriso.

Ela esticou as mãos pelo centro da mesa e segurou bem forte nas dele. Ele sorriu, mas então abaixou a cabeça balançando-a.

“Eu estou com tanto medo” — ele falou com a voz cheia de choro. - ”O que essa criança vai pensar do pai?” — ele parecia perguntar pra ele mesmo. - “Eu não sei se vou conseguir.”

“Já disse pra não pensar nisso, amor.” — Ana apertou a mão dele. - “Nós vamos conseguir sim, juntos.”

“Oh, meu rapaz, eu estou tão orgulhosa” — minha mãe se levantou e foi em sua direção.

“É sério, mãe?” — ele sorriu, se levantando e indo abraça-la.

“Você não faz ideia.” — ela o apertou.

Meu pai também se levantou e foi abraça-lo. O abraço foi longo e cheio de sentimento.

“Só me faça um favor...” — meu pai pediu, assim que soltava Enzo dos braços. Segurou em seus ombros e o olhou firme em olhos. - “Mude a história dos Morgan, filho” — ele sorriu, dando um tapinha do no seu rosto.

Enzo suspirou, e vi que fazia todas as forças possíveis pra prender o choro.

“Seja um pai melhor do que todos que já passaram por essa família. Por favor, comece do zero. E em momento algum, se espelhe no que eu fui pra você e sua irmã. Conserte os erros que eu e seu avô cometemos com nossos filhos.” — uma lágrima escorreu dos seus olhos, enquanto ele olhava duramente pra dentro dos olhos de Enzo. - “Refaça a nossa história, criando a sua própria história. Eu acredito muito em você. Por favor, meu filho. Eu te amo.”

Então, pela terceira vez na vida, eu vi meu pai chorar.

Nesse exato momento, o relógio marcou meia-noite.

Hora dos cumprimentos.

Me levantei e logo fui abraçar minha mãe.

“Feliz Natal, mamãe” — sussurrei em seu ouvido.

O segundo foi Enzo, que se largava do abraço de sua noiva nesse momento.

“Feliz Natal, margarida do meu jardim.” — o apertei bem forte, recebendo logo em seguida um cascudo na cabeça.

“Me chama assim de novo que eu te arrebento na porrada.” — tentou ser sério, bagunçando meus cabelos.

A terceira, foi a mãe do futuro herdeiro Morgan. A abracei, ainda um pouco sem graça.

“Ainda não acredito que você é aquela garotinha miúda da arquibancada.” — ela riu em meu ouvido. - “Feliz Natal, mocinha.”

“Feliz Natal e bem vinda a família.” — disse. E logo fui alisar sua pequena barriga, me sentindo muito feliz com aquilo.

O quarto foi Larry. Um eu te amo e um demorado abraço bastou para mostrar o quanto eu estava feliz por tê-lo ali ao meu lado, e por ele ter participado desse momento mágico da minha vida. Por ele ter feito parte da noite que vai ficar marcada pra sempre.

“É sério que você não quer ouvir nem um pedido essa noite? Ta tudo tão novela...” — ele sussurrou baixinho me largando.

“Larry Nicolas eu juro que eu...” — comecei a me alterar.

“Ta bom, ta bom...” — ele me calou com um rápido beijo. - “Temos outros natais. Muitos natais juntos.”

“Muita vida ainda, pela frente.” — Sorri, me inclinando para beija-lo mais uma vez. Seus olhos expressavam alegria, e seu beijo estava cheio de amor e desejo.

E por ultimo, ele. “Homem mui temido”. Em outras traduções, chamam de “papai”, ou “Senhor Morgan”. Ele me olhou de longe assim que larguei Larry, suspirou, como se visse apenas uma menininha miúda, parada em sua frente. Então sorriu pra mim. Aquele sorriso bastou para que as lágrimas surgissem em meus olhos.

Meu pai.

Meu papai.

Ele abriu os braços pra mim, e então com mais alguns curtos passos, me atirei em seus braços. Não o abracei. Apenas me encolhi em seu peito, enquanto ele circulava seus braços em volta de mim, me prendendo nele. Me senti como se eu fosse minúscula, e ele do tamanho do mundo. Eu chorei. Chorei bastante em sua camisa. Ele apenas me abraçava, quieto. Ele sabia porque eu estava chorando, e não me impediria. Ele começou fazer carinho em meus cabelos, e me balançar levemente enquanto cantarolava baixinho em meu ouvido pra me acalmar, como se balança uma criança chorosa, após acordar de um pesadelo durante a noite.

Infelizmente ele não estava me acalmando de um pesadelo. Era real. O medo que havia em mim era mais que real. Eu só não queria soltar de seus braços, pois ali entre eles eu estava protegida de todos os meus medos.

Eu estava quebrada. Quebrada em pedacinhos minúsculos, a qual eu mesmo me machucava nos cacos, e seu abraço parecia ser a única coisa que não me fazia sentir a dor daqueles machucados.

“Pequenina Sofia...” — sussurrou em meu ouvido. - “Não chore. Te disse pra não chorar.”

Eu não obedeci. Como sempre fui teimosa! Chorei sim. Subi meus braços e só então o abracei, com todas as minhas forças.

“Você estava certa, filha.” — ele me apertou mais. - “Realmente, todo mundo tem sua segunda chance. Todo mundo tem seu recomeço.” — ele veio olhar em meus olhos e sorriu, passando a mão em minhas bochechas. - “Sorria. Seu irmão vai me dar um recomeço. Um recomeço pra nossa história. Tudo será diferente daqui pra frente, meu amor.” — seus olhos estavam lacrimejando. - “Obrigado por me mudar, Claire. Obrigado por tudo. Obrigado por você existir e por tudo que fez, Apenas... obrigado. Eu não sei o que seria sem você. Eu não sei quem eu seria.”

Novamente o abracei, deixando que minhas lágrimas molhassem mais sua camisa.

“Feliz Natal, papai.” — sussurrei, feliz.

“Feliz Natal, Claire.” — ele beijou minha testa e enxugou a ultima lágrima que escorria.
 

Soltei dos seus braços e corri rapidamente até a sala, sorrindo.

“Pra aonde vai, sua maluca?” — Enzo apareceu correndo atrás de mim, logo após todos também apareceram.

“Vou encontrar o pedacinho de mim que ta faltando.” — respondi, pegando as chaves do meu carro. - “Esse natal tem que ser completo e perfeito.”

Enzo parou por um segundo.

“É o que eu to pensando?” — ele sorriu.

“Filha?” — meus pais me chamaram, juntos.

“Clai?” — Larry vem até mim.

Corri até ele e lhe dei um rápido beijo.

“Me desejem sorte.” — pedi alto, pegando meu casado e abrindo a porta.

Passei pela porta, cheguei na metade da varando e voltei pra traz.

“E... Te vejo no Brasil, Enzo” — pisquei pra ele, sorrindo.

Eu sabia que ele estaria comigo nessa. Sabia que ele não ficaria fora. Ele assentiu com a cabeça, e só então retomei meu caminho até meu carro. Eu tinha uma longa viagem pela frente.

 

Olhei pro céu, e sorri. Eu sabia que acima daquele céu escuro, acima da neve que caia, acima das nuvens, havia uma Lua, e sabia que do outro lado, através dela, alguém mais sorria pra mim. Eu simplesmente... sabia.

 

É, esse foi realmente, um Feliz Natal.

 


Notas Finais


ENTÃOOOOOOOOOOOOOO? O que acharam? O que acham que irá acontecer agora? Me digam! \o/

Enfim, muito obrigada a todos pelo carinho, pelo amor, e aguardo vocês no próximo.
Resta agora 9 capítulos. Já começaram a sentir uma atmosfera diferente? Um arzinho de... Ah enfim! Espero vocês juntin aqui comigo <3

Me digam o que acharam. Beijos. Amo vocês. Até o próximo!


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