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História I Hate Loving You - Only Love


Escrita por: GEEZERTVD

Notas do Autor


OLÁAAAAA! Eai? Como estão? Espero que bem!
A PRIMEIRA PARTE DO FINAL! Estão preparados? \o/

Gente, é sério, a cada capitulo que se aproxima do fim mais eu chego aqui de coração na mão. Estou com um frio na barriga que parece que vai me congelar literalmente (e olha que é verão e eu moro nesse inferno chamado fornalha conhecido como Rio de Janeiro hein).

Enfim, vejo vocês nas notas finais. Leiam com carinho. <3 Espero que gostem.

Capítulo 57 - Only Love


Fanfic / Fanfiction I Hate Loving You - Only Love

“Eu sempre soube que você era diferente, que era aquele que ficaria na minha memória, de uma forma única, que não tem como não levar para sempre. São pessoas como você que nos fazem dizer: obrigado por existir.”

Giulia S.


 

Flashback.

Claire, você sabe que precisa fazer isso, não sabe?” — Miguel me perguntava, enquanto andávamos pela minha rua deserta e fria, pois já era madrugada.

De madrugada foi a única maneira de nos encontrarmos desde quando meu pai me proibiu de vê-lo.

Não Miguel, eu não vou te deixar pra trás.” — Resmunguei. — “Não quero mais ouvir você tocar nesse assunto!”

Você não entende que é o melhor pra você?” — Ele me pergunta, se sentando na calçada.

O melhor pra mim é ficar ao seu lado.” — Falei me sentando com ele, ainda com um pouco de dificuldade pois eu tinha deixado as muletas a poucas semanas. —“Caramba cara, nós passamos por tanta coisa juntos. Eu ainda não posso acreditar que você acha mesmo que eu vou ficar bem longe de você.”

Não Claire, você não vai ter o melhor ao meu lado!” — Ele pega minhas mãos. — “Você não pode mais dançar e ainda não terminou os estudos, o que você acha que vai conseguir ao meu lado? Ser garçonete no mesmo restaurante que eu? Grande futuro hein!”

Você quer se ver livre de mim não é?” — Perguntei, tentando ser dramática. — “Miguel eu sei que o ultimo ano foi difícil, sei que nos afastamos, sei que eu estou um pouco mudada... Mas eu sou a mesma quando estou com você! Eu não posso ir embora, não posso te deixar pra trás. Não agora. Se fosse a alguns anos talvez seria fácil fazer isso, mas agora não dá. Já estou ligada demais a você pra simplesmente dizer adeus.”

Claire, mas é isso que eu quero que você entenda... A sua única alternativa é ir embora! É seguir sua vida! Se formar... Não há outra! Eu já disse que você pode ter um grande talento na musica! Mas eu não posso te proporcionar nada de bom aqui!”

Eu não vou Miguel. Esquece! Eu já passei 1 ano longe de você, por causa dos tratamentos... Não vou te deixar agora. E porque não fazer a faculdade aqui? Já que você insiste tanto?” — Fechei a cara e me levantei.

Eu prefiro que você vá pra longe daqui e viva uma vida linda, conheça pessoas novas, ao invés de fizer aqui e acabar se tornando uma pessoa igual a seus pais. Em uma atmosfera pequena onde a maioria das pessoas tem cabeça pequena.” — Ele veio pra atrás de mim e me puxou. — “E você sabe que a merda desse país não oferece coisas muito boa, ainda mais nessa área.”

Você não percebe que me mandando pra longe eu terei apenas eles? Já aqui, além de ter eles eu terei você, e só você pode fazer com que eu não me afogue nessa merda de vida! Se eu ficar aqui, eu nunca vou me tornar alguém como eles, Miguel... Eu serei como você!”

Porra mano, que garota! Por que você tem que ser tão complicada?” — Ele reclamou, batendo o pé de um jeito engraçado. — “Como eu o que Claire? Morador de favela, que se mata todo dia pra conseguir 800 reais no final do mês e é visto como um nada diante da sociedade? Eu não tenho valor nenhum. Eu não tenho voz nesse mundo, entenda. É isso Claire? É isso que você quer pra sua vida? Você realmente quer deixar de lado toda a grandeza de ser um Morgan pra viver como eu?”

Você é feliz Miguel, com todos os seus problemas você é feliz... Coisa que eu não sou dentro daquela casa. Coisa que minha família não é com milhões de reais, dólares e euros. Coisa que está longe de cogitação se eu continuar com eles.”

Então, mas você vai ser! Vai ser quando conseguir a sua vida independente e não precisar mais depender do seu pai. Aí você vai voltar pra mim e vamos viver juntos pelo tempo que você achar que devemos viver juntos. Você vai ser feliz, por que eu sei que você vai ser feliz. Simples assim. Você só tem que dar o primeiro passo, minha menina...”

E quanto a você?” — Pergunte, já sentindo as lágrimas molharem meus cílios.

Eu sempre vou estar aqui pra protege-la. Independente da distancia, eu vou estar aqui Clai.” — Ele colocou a palma da mão em um lado do meu rosto, e abriu um imenso sorriso. — “Eu prometo que pensarei com você todos os dias enquanto você estiver longe e em todas as minhas orações eu vou incluir você. Eu te fiz uma promessa a muitos anos atrás se lembra? Eu prometi que sempre estaria aqui Clai, e eu vou estar.”

*

Eu serei feliz... — Sussurrei baixinho de olhos fechados, em busca de autoconfiança. Vai dar tudo certo.

“Eu serei feliz”. Serei feliz porque ele sabe que eu serei feliz. É estranho colocar tanta confiança em uma mera pessoa, humana como você, que comete erros como você, que chora e ri como você. Isso é muito estranho. Mas eu confio, não sei porque. Simplesmente confio nele.

Ta tudo bem, cara? — Uma voz me desperta dos meus profundos pensamentos.

Levanto o olhar e vejo que Nina está bem próxima de mim, me olhando através dos seus longos cílios pretos intenso. Ela pisca duas vezes e coloca a mão nos meus ombros, como se estivesse preocupada.

Sim, porque não estaria? — Sorri, tentando disfarçar.

Ela me olhou por alguns segundos e com certeza estava conseguindo ver que eu não estava muito bem.

Você está linda. — Ela colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e sorriu. Não precisa ficar apreensiva. Okay?

Quem dera toda a preocupação do mundo resumisse em estar bonita ou não.

Não estou apreensiva — falei rápido.

Ela ergueu as duas sobrancelhas e deixou seu peso cair de um pé pro outro, como se dissesse sem som: “Pare de mentir, eu te conheço”.

Desculpe, só... — Pedi, sabendo que não tinha como eu mentir pra Nina. Senti minha garganta fechar e do nada me vi meio tonta. Só não consigo acreditar que...

Não consegue acreditar em que? — Uma terceira voz entra na conversa, me interrompendo.

Levanto o olhar e vejo Enzo se aproximando, todo sorridente.

Você veio — corro e pulo em seus braços, precisando muito do seu abraço.

Aperto ele muito apertado.

Como eu poderia perder isso? Calma minha princesa... — Ele me suspende no alto. Vai dar tudo certo, okay?

Ele me colocou no chão e segurou meu rosto entre as duas mãos. Ficou olhando por um tempo como se esperasse uma resposta.

Okay Claire? — Perguntou mais firme.

Não sei — dei de ombros, sentindo meu estômago embrulhar. Estou me sentindo estranha.

Não tem nada com o que se preocupar... É só subir lá, pegar o diploma, acenar pro povo, sorrir pra foto e...

Enzo! — Interrompo ele, mostrando que não era aquela a minha preocupação.

Ele para de falar e me olha com os olhos trêmulos, sabendo exatamente do que eu estava falando.

Incompleta. — Me defini em uma simples palavra, mas que era a que mais se cabia a mim naquele momento. Foi isso que quis dizer. Não estou preocupada com a droga daquele palco! Incompleta! Estou me sentindo incompleta.

Eu falava e meus olhos também se estremeciam. Dentro de mim começou uma eufórica torcida para que meu irmão me entendesse e pudesse me dar uma ótima resposta a qual fizesse esse buraco dentro de mim desaparecer. Mas ele permaneceu em silencio, com um certo olhar de tristeza que se aprofundava em minha alma.

Ele não veio, não é? — Perguntei o que ele não queria me dizer.

Esperei mais uma vez por uma resposta, mas ele não estava disposto a dizer o que o seu silencio torturador já respondia por si.

Meus olhos começaram a lacrimejar e eu enfraqueci.

— Nada disso faz sentindo se ele não estiver aqui. Comigo. Aquele diploma não significa nada sem ele. Eu não quero fazer isso sozinha!

Sem muito esperar, os braços de Enzo me puxam pelos ombros pra o seu peito e me circulam, me apertando em um mar de conforto.

— Me escuta. — Ele pede baixinho. — Hoje é seu dia! Esquece ele. Está tudo perfeito e você não vai deixar uma coisinha mínima destruir isso, não é? Sua família está aqui, seus amigos, as pessoas que você gosta... O que mais te falta? Nada. Então por favor, aproveite o seu momento. Seu momento, Claire. Faça dele o seu topo e não se preocupe com mais nada okay? Amanhã você chora, briga com ele, liga, faz escândalo, pula, roda a macaca, qualquer coisa. Te deixo correr a pé até o Brasil pra matar ele... Mas hoje não. — Ele puxa meu rosto para frente do seu e o segura firme olhando dentro dos meus olhos. — Hoje não... — Repete, e isso bastou pra mim tomar posição novamente e deixar aquele sentimento de lado.

 

Quando eu já estava melhor e recuperada do surto, Enzo voltou para o seu lugar e me deixou sozinha com Ian e Nina. A fila para subir no palanque só aumentava e mais agitados os alunos ficavam. Era um mar de becas vermelhas longas e chapeuzinhos engraçados com uma fitinha de lado. Todos pareciam bem nervosos, então isso serviu pra mim me acalmar um pouco, pois era bom saber que eu não era a única.

Após mais 30 minutos de espera, começaram a chamar os nomes. Um por um. E isso custou uma eternidade. Começaram pelo curso de Licenciatura, depois viria a Musicoterapia, que era a de Nina, depois o Bacharelado, que era a minha e de e Ian, e por ultimo Superior em Canto. Eram no mínimo 3 turmas de cada curso. Centenas de alunos que pulariam mais uma etapa da sua vida, pra viver naquilo que se sentiam bem. Uns teriam sucesso, outros não, uns levariam adiante a vida de musico, outros, como Nina, se focariam em outras coisas; talvez, uns se arrependeriam e achariam que foi um desperdício de dois anos de sua vida, outros, não se verão sem isso no futuro. Enfim... Vários tipos de pessoas, mas todos com o mesmo momento, um só momento único, um só medo e responsabilidade: subir lá naquele lugar, e não fazer feio.

Já estava acabando a categoria de Nina, logo viria a minha. Naquela momento, eu já estava mais calma, apenas torcendo pra que aquilo acabasse logo pois meus pés doíam.

— Amor? — A voz de Larry me chama em meio ao mar de becas vermelhas.

Ele vem até mim e me abraça antes de qualquer coisa.

— Seu irmão me disse assim que cheguei que você não está muito bem... E me pediu pra vim te ver.

— Já estou melhor. Está tudo bem. — Tentei não levar as minhas próprias palavras como uma mentira. — Só quero que isso acabe logo pra mim descer desse salto — falei e mostrei meus pés. — Eles estão me matando lentamente. Já leu o livro de um prisioneiro britânico da Segunda Guerra Mundial chamado Denis Avey? Uma das coisas que ele mais grifa no livro é que “a morte começa pelos sapatos” e acho que estou podendo testemunhar sua teoria.

Larry olhou pra mim como se estivesse olhando pra uma louca e abriu mais um sorriso prazeroso. Ele não lia livros e com certeza me achando estranha nesse momento.

— De onde você tira essas coisas, mulher?

— Esquece. — Eu ri e tentei deixar a risada me acalmar.

— Vai ficar tudo bem, Claire. — Ele tocou em meu rosto e sorriu. Talvez percebendo que o sorriso era um disfarce pra meu nervosismo.

— Eu sei que vai. — Dei de ombros sorrindo. — Acho que vou conseguir sobreviver a isso.

— É, também acho... E quando sobreviver, saiba que estarei te esperando lá fora para uma dança, e dessa vez será para sempre.

— Nossa, animadora a ideia de dançar com você “para sempre”. Meus pés agradecem, sr. Bourgeois.

Ele dá uma risada e então me segura pelos ombros e me puxa pra ele: “Não era disso que eu estava falando”— ele sussurra em meu ouvido.

Esquivo minha cabeça para olhar em seus olhos e o encontro pensativo.

— Falando assim até parece que já tem algo em mente sobre o que será da gente daqui a umas … “4 horas”?

Espero uns segundos.

— Por favor, você vai me fazer a mulher mais feliz do mundo se disser que sim.

— Bom, talvez eu tenha. Não sei. Só me basta saber se tenho coragem pra isso.

— Me conte.

— Precisará de sacrifícios, de ambas partes.

— Me conte.

— Só se você estiver comigo hoje a noite para a nossa “dança eterna”.

— Eu estarei lá — dou uma risada e o abraço bem apertado. — Mas Larry, vai doer muito? Esse tal sacrifício?

Ele me olha de um jeito preocupado e passa alguns segundos em silencio.

— Acredito que vá doer mais em mim do que em você — ele diz.

Segurei seu rosto em frente ao meu e olhei em seus olhos.

— Saiba que eu não quero ser um fardo em seus ombros, Larry. Por favor, não faça nada que acha que vá se arrepender depois. Não quero me sentir culpada por estragar sua vida.

— Acho que não tem arrependimento maior do que te ver partir pra Nova Iorque daqui a alguns dias, me ver voltando pra Europa, ver nossos caminhos tomando rotas separadas, e não fazer nada pra ser diferente.

Respiro fundo e o abraço, aliviada. Guardando suas palavras no meu coração.

— É, acho que aceito sacrifícios.

Dei um beijo nele que foi atrapalhado por nossos sorrisos. A única coisa que eu queria naquele momento era saber o que se passava pela cabeça daquele homem. Eu não fazia ideia, pois para todo lado que eu olhava, eu via nossas vidas se separando. Mas eu confiava nele. Confiava em sua ideia, eu só estava com medo de quão grande seria este sacrifício, e me pergunto agora se eu realmente estou pronta para isso. Se eu realmente faria qualquer coisa pra estar perto desse homem.

— Você está maravilhosa, senhorita Morgan.

— Nossa, o que você bebeu pra achar um roupão vermelho bonito? — Perguntei achando graça. — Torci para eles serem azul, mas perdi na contagem de votos.

Eu estava igual a todos os alunos, não tinha nada de bonito ou diferente em mim.

— Não é um simples roupão vermelho, querida... É o roupão vermelho que tem Claire Morgan dentro. Ainda me pergunta o que tem de bonito nele? — Colocou a mão na minha cintura de um jeito delicado e apertou.

Comecei a rir da sua bobeira, sentindo as risadas queimarem por dentro.

— Obrigado por me distrair, Larry. — Abracei ele novamente. — Obrigado também por vir.

— Sei o porquê de você não estar bem, e isso é a única coisa que eu posso fazer: colocar um sorriso em seu lindo rosto. — Me deu um beijinho. — Tenta entender ele... Ele mora longe e deve ter tido alguma dificuldade pra te responder. Não chega até ele com sete pedras na mão não... Tenta ouvi-lo antes, okay?

— Não há desculpas para o que ele fez, eu dei a ele todos os recursos necessários para estar aqui e ele nem se quer confirmou. Dei a ele quase dois anos da minha vida, concluindo um sonho que não era meu, mas dele para mim, e ele nem se quer está aqui pra me dar parabéns. Desculpe se eu não for apenas com 7 pedras quando encontra-lo.— Suspirei, frustrada. — Mas... Você defendendo o Miguel? Que bicho te mordeu? — Dei um passo atrás, estranhando.

— Digamos que desse assunto de distancia e de deixar em falta com a pessoa amada, eu entendo bem.

Ele deu um sorrisinho curto e então respirei fundo, tentando fazer o que ele me pediu: compreender.

Fomos surpreendido do nada com o nome de Nina sendo chamado no microfone, juntamente com um pequeno lembrete de que ela era a atual “Garota Holiston”. Então corri pra um lugar onde eu pudesse a ver melhor. Ela subiu no palco toda serelepe, toda sorridente e animada. Sem demonstrar nenhum nervosismo ou apreensão. Eu preciso pegar o segredo disso com ela! Ela foi fantástica! Soube receber bem os aplausos, soube sorrir para o povo e acenar. Até a sua pose pra foto com o diretor saiu legal e não se intimidou nenhum pouco com o momento... Eu simplesmente precisava disso.

Todos os alunos desciam pela escada principal, que ficava de frente para o publico e lá se sentavam nas primeiras fileiras depois de receber os abraços dos familiares.

Nina desceu e correu diretamente para os braços de sua mãe, que veio ver ela se formando. Foi lindo ver uma certa pessoinha correndo até ela... Ela e Laurent se abraçaram de uma maneira tão preciosa, como se aquele fosse o maior passo que ela já deu na vida. Por mais que fosse lindo vê-la ali, no fim todos sabemos que aquilo não era mesmo o que ela sempre sonhou... Ela fez tudo aquilo pra me apoiar. E eu era muito grata a ela por isso. Mas enfim, o bom é que no final ela gostou, gostou da sensação e em momento algum se arrependeu de ter vivido esses dois anos comigo aqui dentro.

Larry voltou para o seu lugar, ao lado dos meus pais e me deixou sozinha. Quer dizer, eu ainda tinha Ian e graças a Deus ele ia ser chamado depois de mim.

Ian me abraçou pelos ombros e juntos ficamos olhando para o palco. Meu olhar ficou sem foco, minha cabeça ficou oca e meus pensamentos voaram da minha cabeça, tive a sensação de estar flutuando e isso me distraiu, fazendo eu sorrir sozinha.

*

Bailarina, eu quero te dar algo antes de você partir.” — Miguel me dizia, enquanto caminhávamos na praia, na noite antes do meu voo pra San Diego.

Dê logo então... Pois meu pai já deve estar me procurando.” — Falei, meio apressada e angustiada.

Ele pegou minha mão, e me levou pra sentar em uma grande pedra que tinha por ali. Pegou a mochila que estava em suas costas e a abriu.

Mas antes...” — Ele parou e olhou pra mim, se sentando ao meu lado. — “Me prometa que você vai ficar bem.”

Não.” — Respondi rápido virando o rosto pro outro lado. “Não prometerei nada, pois eu não quero ir. E se eu for, não sei o que vai acontecer, não sou mago pra adivinha o futuro.”

Eita menininha chata hein” — Ele sorriu, me dando um tapa no braço. “Mas agora é sério” — ele pegou meu rosto com as mãos, o virou e olhou nos meus olhos. “Me prometa que você vai tentar fazer as coisas ficarem bem.”

O que quer dizer?” — Perguntei.

Quero dizer, pra você me prometer que irá ser uma boa menina, irá tentar segurar a bola dentro de casa, vai tentar ser menos ignorante, vai fazer amigos... E em momento algum, irá pensar em largar a faculdade, ta bom?”

Ta bom, Miguel.” — Respondi, abaixando o olhar.

Prometa!” — Pediu.

Ah! Eu prometo.” — Obedeci, revirando os olhos.

Eu sei que você vai conseguir...” — Ele soltou as mãos sobre as coxas e sorriu, de um jeito orgulhoso. “Você vai ser muito feliz. Você vai conhecer um cara muito legal... Vai fazer amigos, vai se apaixonar, vai sorrir mais. Vai viver!”

Não acredito que você está com esse sorriso no rosto sabendo que eu vou embora amanhã de manhã.” — Falei inconformada.

Não estou feliz por você ir embora. Estou feliz, por que algo me diz que você vai ser muito feliz.”

Como você pode dizer isso com tanta certeza?” — Perguntei.

Bom, acontecerá coisas que irão te entristecer, você irá se magoar as vezes, se irritar, mas tudo isso faz parte da vida! Não tem pra onde correr.” — Ele passou a mão no meu rosto. “Eu só não quero que o que há de bom em você mude. Quero que continue sendo a minha mulher: incrível e linda.” — Ele sorriu, fazendo-me abaixar a cabeça e sorrir. “Mas okay, segure isso” — ele tirou de dentro da bolsa um cordãozinho preto, com um pingente e estendeu pra mim.

O que é isso Miguel?” — Perguntei pegando o cordão na mão.

Está cega? É um cordão.”

Idiota!” — Eu ri, batendo em seu braço. “Eu estou vendo que é um cordão, mas...?”

Bom, é isso que eu quero te dar. Olhe aqui...” — ele segurou o pingente em forma de Lua nas pontas dos dedos. “Eu que fiz.”

*

Coloquei a mão por dentro do colarinho da minha beca e pude sentir o cordão que Miguel havia me dado ali, juntamente com o cristal que Larry me deu de aniversário. Deixei um sorriso escapar com a minha respiração, quase como uma risada cortada. Meu peito esquentou e pude me sentir mais confortável e segura. O cordão estava sobre o meu peito e era como se eu sentisse a presença real dele ali. Algo inexplicável, mas real.

“Você vai ser muito feliz”, ouvi a voz dele na minha cabeça, e repeti as palavras baixinho. No mesmo instante, meu nome foi chamado nos alto-falantes e um grande barulho tomou conta de meus ouvidos.

— Nossa! — Respirei fundo, tentando continuar de pé. — É sério mesmo que isso está acontecendo?” — Perguntei rapidamente pra Ian e ele sorriu, achando graça.

Bom, é bom saber que mesmo com a maioria, inclusive eu, desacreditando que um dia eu ia chegar até aqui, eu cheguei. É inacreditável, mas eu estou me formando! Eu cheguei aqui! Mas, se cheguei foi porque alguém nesse mundinho redondo acreditou em mim. E esse alguém com certeza foi o meu melhor amigo. Decepções à parte, eu era grata por isso e sempre seria. Foi por causa dele que eu cheguei aqui, por causa dele que eu entrei nessa universidade, por causa dele que eu tive uma vida, foi por causa dele... No fim, pra ele. Pra poder voltar e viver novamente ao seu lado. Foi pra que ele se orgulhasse de mim. Agradeci mentalmente a Miguel por aquele momento, pois a emoção que eu estava sentindo, tinha passado por cima de toda raiva que eu sentia a uns minutos atrás.

— Parabéns, gata. — Ian circulou os braços fortes e tatuados em torno dos meus ombros e me abraçou bem apertado, muito feliz. E em seguida me guiou pela mão até a escada.

Eu estava em uma espécie de transe, sem ação nem reação, mas no fim, fui obrigada a fazer algo, pois alguém me deu incentivo, mesmo que esse alguém estivesse a milhas e milhas de mim, eu queria subir ali por ele, pra ele, e também, pois sabia que outros que me amavam estavam ali pra me ver, e não era ali que eu iria decepciona-los.

Também, precisei fazer isso por mim e pra mim. Me provando que eu era capaz, que eu podia. Acredito que além de tudo, eu queria ter a certeza de que tudo isso que vivi esses anos, valeu apena. E era ali em cima que eu ia ter essa certeza, pois quando descesse dali, por mais que eu evitasse pensar no caso, eu teria uma vida pra direcionar, teria que dar o primeiro passo para o meu futuro, independente ele, qual fosse.


 

Então agora, aqui estou eu, ao som de Only Love do Ben Howard, subindo essas escadas com o coração na mão, olhando apenas para o chão, com medo de erguer o olhar, querendo correr em busca daquele diploma mas ao mesmo tempo voltar pra trás e sair correndo dali. Quero rir de alegria mas ao mesmo tempo eu quero chorar. Eu estou com medo. Mas é aquele medo que você gosta de ter. É uma sensação boa.

Naqueles curtos passos se passou uma vida na minha cabeça, lembrei de todos os sorrisos que dei naquele lugar, lembrei do primeiro dia que entrei ali, lembrei das aulas cansativas, lembrei da apresentação dos meninos naquela quadra no primeiro dia de aula, lembrei de todas as amizades que ali fiz, lembrei da festa de Boas vindas, lembrei da festa de aniversário da universidade onde ter encontrado Larry no fim das escadas foi a coisa mais importante da noite, lembrei de muitas coisas... E não sei como consegui das contas de tantas memórias em poucos segundos. E foram essas memórias boas que me fizeram levantar a cabeça e sorrir, sem mais temer, sem mais querer chorar ou correr. Apenas andar sorridente e pegar aquele pequeno papelzinho da mão do diretor.

— Meus parabéns, senhorita — ele me deu um aperto de mão e um sorriso que parecia muito sincero.

— Muito obrigada. — Abaixei a cabeça em um rápido cumprimento.

Juntos, eu e ele demos alguns passos pra trás onde teríamos que tirar uma foto onde eu mostrava o meu diploma. Aproveitei o momento em que o fotógrafo preparava a sua câmera para olhar pra baixo, onde encontrei minha família em pé aplaudindo e no rosto de todos estavam um sorriso tão grande que não consegui deixar de rir também. Dei um rápido aceno pra todos, mostrando que eu também estava muito feliz. Minha mãe me mandou um beijinho e vi que ela chorava. Enzo meio que dava uns pulinhos ou sei lá o que era aquilo que ele estava fazendo... Só sei que estava muito feliz. No rosto do meu pai estava um discreto sorriso. Mas sabe quando você sente que aquele sorriso é verdadeiro, e ele passa a valer o mundo pra você? Então. Foi isso que o sorriso do meu pai significou pra mim e eu pude jurar que haviam lágrimas em seus olhos também, mas sei que ele não choraria em meio a uma multidão de pessoas. E ao seu lado por fim, Larry, Laurent, Nina, Ana com o pequeno Gabriel no colo e August, pra minha surpresa, também se encontrava me pé ao lado de Nina, batendo palmas todo alegre.

Mas alguém, uma outra pessoa, bem distante de todos, também se encontrava em pé, batendo palmas. Meus olhos se distraíram na pessoa de terno preto, com um buquê de rosas azuis na mão, no fim do imenso corredor de cadeiras.

Após um segundo não havia mais um sorriso em meu rosto. Não tinha mais um coração no meu peito. O céu tinha deixado de estar sobre minha cabeça. As pessoas tinham sumido. O barulho desaparecido. O mundo não girava mais. O Sol não iluminava mais nada. O universo parou. Não existia mais nada. A única coisa que havia pra mim naquele momento, era o sorriso nos lábios do meu melhor amigo de terno preto, com um buquê de rosas azuis na mão, parado no fim do corredor de cadeiras. Essa, era a única coisa que importou no mundo pra mim naquele momento. Eu já não segurava mais meu corpo sobre meus pés e as lágrimas guerreavam contra minhas forças para saltarem dos meus olhos. No meu peito surgiu um confusão de sentimentos que nem mesmo as palavras mais lindas seriam capaz de descreve-los.

O sorriso dele ficou maior e por um segundo eu achei que ele também iria fazer aquela cena de chorar enquanto ria. Mas não importava o tamanho do seu sorriso, pequeno ou grande, aquele sorriso cafajeste era único. Inconfundível. Era o meu sorriso de cafajeste... O sorriso que só um homem no mundo tinha e que só pertencia a mim, mais ninguém.

Os degraus não mais existiam pra mim e dane-se a foto. Só sei que corri tão rápido em direção a ele que só fui perceber que estava em seus braços quando senti um aperto em volta de mim. Foi a sensação mais maravilhosa do dia até ali. Não parecia que foram apenas 11 meses sem vê-lo, aquele momento fez eu sentir como se eu tivesse a eternidade sem toca-lo. Ouvi a sua baixa risada em meu ouvido, fazendo-me ter a certeza de que aquilo não era uma miragem e eu não estava louca. Era ele. Ele realmente estava ali... Me abraçando, sorrindo, de terno. Meu Deus, ele realmente estava ali!

Ri também, feito boba, agarrada ao seu pescoço. Senti suas mãos apertarem minha cintura e logo fui suspendida no ar. Comecei a rir enquanto era girada, não acreditando que aquilo estava acontecendo.

Ele então me colocou no chão e enfim pude olhar diretamente em seus olhos.

Ele tinha mudado. Mudado muito, de verdade, desde a ultima vez que o vi, mas o brilho dos seus olhos continuava o mesmo.

Ele segurou meu rosto com uma mão de cada lado e após olhar por uns segundos em meus olhos levou sua boca até minha testa e me deu um beijinho demorado.

— Você conseguiu! — Foi a primeira coisa que me disse em palavras, me puxando para mais um abraço.

— Nós conseguimos! — Falei entre uma risada, apertando ele bem forte. — Eu estava planejando sua morte uns segundos atrás, mas cara!, sei lá, nada mais importa! Meu Deus, você ta aqui!

— Eu não perderia isso por nada nesse mundo. Eu estou tão orgulhoso! Tão orgulhoso! — Ele me soltou novamente e segurou em minhas mãos.

Passei segundos paralisada com seu olhar em mim e o silencio tomou conta de nossas bocas. Como eu dizia, ele estava diferente sim, mais branco, sua barba rala estava maior um pouquinho, seu cabelo mais liso e sua boca mais rosada. Mas no fim eu sabia que aquele continuava sendo o mesmo Miguel.

Ele aproveitou o longo silencio pra dar uns passos pra trás pra apanhar o buquê que estava no chão.

Deu uma limpadinha nas rosas antes de me dá, fazendo eu rir e então se aproximou.

— Meus parabéns, bailarina. — Ele sorriu, esticando o buquê pra mim. — Talvez uma outra hora eu te dê alguma coisa de valor.

— Deixa de ser idiota. — Assim que peguei o buquê, puxei seu pescoço com um braço só para abraça-lo. — Você é uma das coisa mais valiosas que eu tenho na vida. Eu não preciso de mais nada, Miguel.

Larguei ele toda saltitante e abaixei o olhar pra reparar no buquê que eu tinha ganho. Era lindo. Fiquei impressionada e me perguntando onde ele tinha encontrado aquilo. Quanto tinha custado para ele mandar faze-las. Eu nunca tinha visto rosas azuis. Era claro que não existiam rosas azuis naturalmente. Mas ali estavam elas. Reais. Ele me deu rosas azuis! Rosas que não existem, mas ele de alguma forma conseguiu pra mim. Eu tinha um buquê de rosas azuis, e eram as rosas mais lindas que eu já tinha visto.

— Meu Deus, rosas azuis. — Eu não conseguia parar de abraça-las e sorrir.

— Eu tive tanto medo do seu amor por azul ter acabado e você acabar não gostando.

— Cara, obrigada. — Abracei ele mais uma vez, sentindo tanta vontade de chorar. Senti suas mãos subirem por minhas costas e ele me puxar pra mais perto dele. — Você não faz ideia do tamanho da minha alegria. Estou tão feliz Miguel! Tão feliz! — Eu não conseguia parar de sorrir. — Venha, eu também tenho algo pra te dar depois — peguei em sua mão e comecei a arrasta-lo.

— Então dê logo. — Ele parou de andar e me puxando pra trás.

— Não, só se ficar até o fim da noite... Nada antes disso.

— Tem medo de eu sumir do nada? — Perguntou como se estivesse achando graça.

— Tudo é possível quando se trata de Miguel Duarte.

— Eu te amo, minha garota. — Ele me abraçou mais uma vez, enquanto ainda ria.

Eu conseguiria ficar abraçando ele pra sempre.

— Eu também te amo, Miguel.”

— Miguel? Miguel! — Uma conhecida voz escandalosa chama ele, fazendo eu me afastar e olhar pra trás.

Miguel olha pra trás de mim e logo dá uma corridinha sorridente até Nina que vinha correndo toda espalhafatosa até ele. A alegria no rosto dela era indescritível! O impacto com ele foi tão forte que os dois caíram no chão. Ela por cima dele. Os dois riram até não conseguirem mais, rolando na grama feito duas crianças. Alguns segundos depois Enzo passa por mim me entregando meus saltos que com certeza deixei pelo meio do caminho quando corri até Miguel - por mais que eu não me lembrasse - e logo também se junta a festa dos dois. Parecia que os sorrisos ali não teriam fim nunca.

— Todos vocês aqui! Eu não acredito! — Falei, assim que já estavam todos em pé.

Eu quis chorar, prendendo dentro de mim a emoção de ver as 3 pessoas mais importantes do mundo ali, juntos e alegres.

Nós quatro ficamos nos olhando em rodinha por uns segundos e com certeza eles estavam sentindo o mesmo que eu. Nunca vi tantas lembranças em um só momento, tantas memórias de infância e tantos sorrisos inexplicáveis.

— Como sua mãe dizia mesmo Nina? — Pergunto sorrindo para Nina.

— Os 3 mosqueteiros e a mosca! — Ela responde rindo, lembrando do nosso terrível apelido da adolescência.

— Enzo era a mosca, porque era mais velho e estranho! — Miguel diz rindo.

— Eu só sou dois anos mais velho que você, não viaja cara. E a dona Angela também falava que você era a mosca de vez em quando. — Enzo se defende, de um jeito ofendido.

— Isso não te faz menos estranho! — Miguel fez uma careta.

Antes dos dois começarem a discutir sobre quem era o excluído do quarteto, como faziam sempre antigamente, cortei o assunto chamando todos pra se sentarem novamente.

Miguel preferiu não ir se sentar com os outros se eu não fosse ficar lá também, então ficou lá atrás mesmo. Sim, ele era antissocial assim como eu.

[...]


 

Depois da cerimônia fomos para a Universidade, onde seria a festa. Os formados tinham que chegar juntos, depois de todo mundo, mas eu cheguei por ultimo pois fui com Miguel.

Fui recebida com abraços e sorrisos.

Peguei Miguel pela mão e o levei até a frente do meu pai, os dois se olharam de um jeito estranho, mas diferente de Larry, Miguel nunca temeu meu pai, nunca! Sempre o enfrentou bem firme, por isso permaneceu ali com seu orgulho por alguns segundos, mas logo tudo foi quebrado quando meu pai esticou a mão pra ele pedindo um cumprimento.

Respirei aliviada e um sorriso de canto se fez nos lábios de Miguel.

— Como vai? — Meu pai perguntou assim que Miguel apertou a mão dele.

— Bem. Graças a Deus. — Miguel deu de ombros, bem despreocupado. —E estou muito orgulhoso pela Clai.

— Obrigado por ter induzido ela a isso. — Falou, sem demonstrar muita emoção. — Você tem um grande papel nisso tudo, garoto.

— Ahh! Então agora que você...

— Miguel! — Dei um pisão em seu pé olhando de cara feia, impedindo ele de estragar tudo. — Colabora!

Ele saltou de um pé só algumas vezes sentindo dor e isso tirou logo um sorrisos do meu pai.

— Okay. Então... — Miguel respirou fundo, colocando um forçado sorriso nos lábios. — Não tem o porquê agradecer, senhor Robert. Ela é muito especial pra mim.

No fim, seu sorriso de forçado, passou a parecer sincero. Dava pra ver as verdades em suas palavras. Se tinha uma coisa que Miguel era incapaz, é de fingir simpatia.

— É Miguel. Eu sei! — Meu pai respirou fundo também e passou uns segundos olhando dentro dos olhos de Miguel, como se quisesse dizer mais algo, porém não disse. De certo modo, talvez uma pequena parte de orgulho o dominou naquele momento, impedindo ele de dizer qualquer palavra que demonstrasse fraqueza e arrependimento. Meu pai tinha muito o que se desculpar com Miguel, muito mesmo, porém não fez.

Mas Miguel sorriu, então sabia que naquele gesto ele estava compreendendo as palavras que meu pai estava guardando dentro dele.

Após receber mais uma vez os parabéns do meu pai, corri até August e o abracei.

— Eu ainda não acredito que você veio mesmo! — Disse, o largando.

— Eu prometi que viria, não foi? — Sorriu, me entregando uma caixinha quadrada com um laço. — Isso faz... Hum, talvez 1 ano e alguns meses?

— É, por aí. Não imaginava que você fosse lembrar. Tem estado tão ocupado na França, não é, senhor importante? — Fiz uma carinha engraçada tirando alguns sorrisos dele.— Muito obrigada Auggie. — Agradeci pelo presente.

— Espero que goste, menina linda. — Ele sorriu e novamente me abraçou bem apertado. — Trouxe alguém pra você conhecer, espero que não se importe.

Ele puxou da mesa, uma linda menina morena de olhos claros como o mel.

— Jessie, essa é a Claire, a amiga de quem tanto falo.

— Eu sei que essa é a Claire, August. Eu estou na formatura dela. Foi você que me trouxe. Será que não lembra? — Ela revirou os olhos de um jeito engraçado, deixando ele sem graça. — Muito prazer. — Veio até mim, enquanto eu ainda ria da situação.

— O prazer é meu, obrigado por vim. — Beijei suas bochechas. — E pelo sotaque, deixa eu adivinhar...

— Sim, francesa. — Ele riu, completando por mim.

— Quer dizer que você encontrou o seu defeito? O defeito que te deixa imperfeito? — Sorri, sentindo uma discreta alegria tomar conta de meu peito.

Ele olhou no fundo dos meus olhos e então abaixou a cabeça, sorrindo.

— E quer dizer que você voltou a viver pra você, sem querer agradar a todo mundo? — Soltou também uma pergunta que tirou meus sentidos de mim junto com uns sorrisos.

Fiquei sem graça e abaixei a cabeça, não conseguindo encara-lo sem sorrir.

— Sim, Claire. Achei meu defeito, achei a pessoa que me deixou imperfeito e feliz, assim como o Larry é pra você. — Ele circulou o braço nos ombros dela e a puxou pra ele.

Olhei sorridente, feliz por ele estar feliz também.

— Sim, August. Voltei a viver pra mesma, sem querer ficar agradando a todo mundo. — Respondi, orgulhosa do que dizia. — Afinal, foi o que te prometi, não foi? — Lembro-me muito bem do que ele me pediu naquela noite. — Faça tudo o que quiser...

— Tudo o que puder.... — completou um pedaço.

— Tudo o que te traga felicidade! — Completamos juntos, fazendo nós dois rirmos igual idiotas. Ninguém ao redor entendeu, apenas nós, o que nos fez ficar sem graça.

No mesmo instante, Larry aparece de surpresa e abraça a minha cintura por trás, todo alegre.

— É... — Respiro fundo olhando pra August. — Parece que agora nós dois temos franceses aturar.

— E olha que não é fácil não hein! — Ele diz recebendo um tapa da sua namorada.

— E eu que o diga... — Falei apontando pra Larry e levei um beliscão no braço.

Após todos pararmos as risadas e as agressões de casais, acabei me pegando novamente nos olhos de August, orgulhosa pelo que via ali, orgulhosa pelo sorriso que tinha em seus lábios, orgulhosa por ele.

— Obrigada, August.

— Obrigada, Claire. — Sorriu, e parecia enxergar a mesma coisa em mim.


 

Fomos todos nos sentar em uma só mesa. Enzo, Ana e seu filho, Miguel, Nina, Laurent, meu pai, minha mãe, Larry, August, Jessie, Ian, Katherine que chegou depois e por fim, eu. Foi uma mesa que demorou pra se ajustar, mas no fim deu certo. Dali surgiram muitos sorrisos, conversas, brincadeiras, lembranças, que com certeza eu levaria pra vida. Larry se encontrava ao meu lado, me enchendo de carinhos e amor. Miguel do outro, como um fiel braço direito. Ian sempre se deu muito bem com Katherine, então estava ao lado dela, e o restante todos estavam com seus devidos casais.

— Acho que estamos sobrando aqui, Robert. — Minha mãe se levantou, segurando na mão do meu pai. — Vamos deixar a molecada em paz, estamos meio velhinhos pra essa mesa, não acha?

Um coral de “Ahhhhhhhhhhhhhh” se fez na mesa.

— Nunca vi tanta falsidade junta! — Meu pai disse revirando os olhos antes de se levantar e todos caíram na gargalhada.

— Ana, quer que eu leve o Gabriel pra você ficar mais a vontade? — Minha mãe perguntou, indo pegar ele no colo da mãe. — Nós vamos se sentar com a mãe da Nina e o pai do Ian.

— Ah coroa! Vocês nem estavam atrapalhando! — Enzo diz para o meu pai.

— No fundo vocês querem que a gente vá embora logo pra vocês começarem a falar desses assuntos sem pé nem cabeça de vocês jovens, falar sobre séries, músicas estranhas da ultima geração e para poderem falar em gírias com a conjugação de verbo toda errada. Posso ser velho mas não sou idiota, Enzo. To ligado em tudo. — Ele falou ficando em pé.

— “To ligado em tudo” . Que gírias são essas pai? Acho que já ta na hora de parar de beber, não é? — Falei vendo que ele estava engraçadinho demais para o normal.

— Claro que não. Aguento até dançar um Macho Man ainda!

— Ah essa eu quero ver! — Miguel bateu com a mão na mesa animado.

— Dou de 10 em você moleque!

— Olhe só hein! Não te dou 15 minutos na pista pra você sair daqui direto para um hospital de tanta dor nas costas. — Ele olhou no pulso e fez uma cara de pensativo, como se estivesse olhando a hora.

— Aposto que duro 20! — Meu pai esticou a mão pra ele.

— Fechado garotão! — Eles apertaram as mãos, todo animados.

— De jeito nenhum Robert! — Minha mãe diz séria, batendo o pé, mas ele não dá ouvidos e sai todo dançante até a pista.

— É isso ai! Mostra quem é que manda! — Enzo gritou.

— Olha só! Se meu pai ter um infarto eu te mato! — Ameacei Miguel, apontando o dedo na sua cara, falando o mais séria que eu pude. — Mato vocês dois! — Apontei pra Enzo.

— Relaxa... — Laurent piscou pra mim. — Deixa ele se divertir. Dizem que quem ri muito, vive mais.

— Então a Claire com essa cara aí vai morrer amanhã. — Miguel fez uma careta olhando pra mim.

— Não tem graça. — Revirei os olhos, vendo que todos riam de mim.

No fim, quando as risadas foram diminuindo, um silencio tomou conta da mesa. Cada um se entreolhava com algo pra dizer, mas no fim, nada era dito. Cada um ficava com aquele olhar de “Caramba! Como eu estou feliz aqui” mas ninguém se pronunciava.

É claro que os formados na mesa só eram 3, eu, Nina e Ian, mas parece que o sentimento de vitória estava em todos. Todos os amigos. Menos na namorada de August, que ainda não tinha motivos pra sentir isso, mas enfim... Todo o restante estava podendo aproveitar um pouco dessa atmosfera que é a amizade.

— Nós conseguimos! — Me permiti quebrar o longo silêncio.

Todos sorriram orgulhosos e os olhos de alguns já estavam repletos de lágrimas.

— Vocês estão sentindo a mesma coisa que eu estou? — Nina pergunta, emocionada.

— Seria... “orgulho”? — Ian pergunta, parado um pouco no tempo.

— Ou “alegria”? — Enzo se pronuncia, também emocionado, e pega na mão de Nina.

— Eu diria: “vitória”. — Miguel segura na minha mão e sorri, depois leva a outra até a de Nina e coloca por cima da de Enzo. — Nina, Enzo e Clai, eu amo vocês.

— Também te amo, seu vagabundo! — Nina ri pra esconder as lágrimas.

— Poderíamos dizer... “amizade”? — August chega mais pra frente e olha pra Katherine, depois pra Enzo e por fim para o olhar em mim.

— Acho que é... “união” — Laurent sorri e circula o braço nos ombros de Nina, dando uma rápida olhada para o irmão e depois pra mim.

— Realização. — Ana se inclina pra frente com um sorriso nos lábios e cruza seu braço com o de Enzo, que ainda estava com a mão na de Nina.

— Acho que... — Larry começa a dizer e dá uma pausa, parando o olhar no meu. — Acho que se formos juntar tudo isso... Podemos apenas resumir em...

— Amor. — Digo junto com ele e nossas vozes se tornam uma só, fazendo eu olhar pra ele e sorrir. O que logo faz eu abaixar a cabeça sem graça e morder o lábio.

— Amor — ele repete baixinho e levanta meu queixo com a ponta dos dedos. — Eu te amo, Claire Morgan. — Ele encosta seus lábios nos meus, de um jeito carinhoso. — Eu te amo mais que tudo.

— EU TAMBÉM, Claire! — Enzo diz quase gritando, atrapalhando nosso momento, o que faz a gente afastar a cabeça e rir.

— Eu também! — Nina aproveita e se intromete.

— E eu... — Ouço Miguel dizer ao meu lado e apertar mais minha mão.

— Eu nem preciso dizer, ela já sabe... — Laurent diz de um jeito convencido, tirando risos de mim.

— Eu e o Gabriel também te amamos. — Ana fala.

— Resumindo... — Ian começa a dizer.

— Todos nós te amamos. — August e Katherine falam juntos.

Minha única reação foi começar a rir toda desengonçada e ficar vermelha.

— Vocês são terríveis! — Falei ainda rindo. — O que eu fiz pra merecer a amizade de vocês?

— Sei lá... — Laurent dá de ombros, sorrindo. — De algum jeitinho, por mais mínimo que seja... Você influenciou minha vida. — Ele respirou fundo. — Acredito que há um pouquinho de você na vida de cada um aqui.

— Você é especial, garota. — Meu irmão me diz.

— E há muito de vocês em mim. Eu não teria conseguido chegar aqui sozinha. Obrigado de verdade... Mas, caramba, isso tudo não é sobre mim, não é sobre apenas nós, sabe... Esse momento tem algo bem maior, tem um significado que vai além daqui. Tem algo que transcende nossos corações. Todos nós aprendemos e amadurecemos um com os outros. Todo mundo aqui viveu esse tempo, e fizemos coisas incríveis juntos, mas isso aqui só é mais um momento. Um ponto de partida. Daqui a pouco acaba, cada um tem um caminho a seguir e não sei se alguma outra vez na vida eu vou voltar a ver uma mesa tão bonita como essa... — Suspirei lentamente e me inclinei com os cotovelos sobre a mesa. — Então, já que agora eu estou vivendo um momento como esse, um momento único, quero apenas agradecer e dizer que não importa o que aconteça daqui pra frente, cada um de vocês é muito especial pra mim. Valeu por terem entrado na minha vida. Tudo que vivemos até aqui foi inesquecível.

Me encostei na cadeira novamente e suspirei mais uma vez, deixando meu peito subir e descer, expelindo todo o sentimento que havia em mim. Olhei pra Larry e ele beijou minha testa. Miguel apertou mais minha mão, e todos sorriram, como se compreendessem o que aquilo ali significava de verdade.

— E obrigado você, por também ter entrado na nossa. — Laurent diz.

— Ei, ei... Para a informação de vocês a Claire não teria vindo pra San Diego se eu não tivesse a obrigado, okay? Então agradeçam a mim a amizade dela! — Miguel interrompe o moment for life quebrando todo o clima de um jeito engraçado. Ele nos faz rir e eu dou um tapa em seu braço.

— Valeu Miguel. — Larry disse se virando pra ele, enquanto todos na mesa ainda riam.

— Que isso cara, eu estava brincando. — Miguel falou, parando os risos.

— Não, mas eu estou falando sério. — Larry sorri pra ele. — Eu sei melhor do que ninguém que por sua culpa a Clai chegou na minha vida da maneira que chegou...Então... Nada mais justo do que eu te agradecer.

— Não precisa agradecer, de verdade. — Ele esticou a mão pra Larry. — É bom que você a ame tanto quanto eu. E se for pra fazer agradecimentos, eu também te agradeço por ter conseguido fazer o que eu tentava fazer a anos...

Olhei pra ele e sorri, já sabendo do que se tratava.

— Obrigado por ter sido o único cara a tirar o coração de pedra que ela tinha, e ter feito ela sentir algo novo por alguém.

Os dois apertaram as mãos bem forte e sorriram.

— Enfim, realmente conseguimos — Nina ergueu a sua taça.

— Ao que vamos brindar afinal? — Enzo pergunta também erguendo seu copo.

— Ao amor! — Ana responde. — Não foi essa a conclusão de tudo?

— Então beleza, ao amor! — Laurent foi o primeiro a bater com sua taça, logo todos estavam rindo enquanto erguiam seus copos e bradavam a simples vitória, que para muitos podia parecer apenas universitários brindando a formatura, mas para nós, tinha muito mais do que apenas uma mera formatura, tinha uma vida realizada.

[…]

Meus passos ficavam cada vez mais arrastados por aquele chão à altura em que o cansaço vinha batendo. À altura em que o fim da noite se aproximava. O frio na barriga aumentava. Eu precisava ficar um pouco sozinha pra respirar. Para pensar. Meu futuro com Larry estaria em jogo dali a algumas horas e isso contribuía diretamente com meu nervosismo, com meu medo.

Eu estava andando por ali, lembrando-me de momentos importantes que vivi naquele lugar. Vendo o quão bom era aquele...

[...]


 

 


Notas Finais


CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA \O/
Como eu disse, é 1 capitulo que dividi em 3.

ENTÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO? O que sentiram? O que acharam? CONTEM-ME PELO AMOR DE DEUS! Estou meio tremendo querendo saber da reação de vocês.

Enfim, agora vai ser assim. Conclusões, conclusões... Sem muita mudança no cenário, sem muito o que temer. (Sem muito o que temer? Okay, não confiem nessa frase.)


Eu amo vocês! ESPERO MUITO QUE ESTEJAM GOSTANDO! E conto com vocês no próximo. Favoritem! Comentem! Façam o que quiser! Sou de vocês! Virou bagunça. BEIJOOOO! Espero vocês daqui a uns dias (semanas, talvez.) <3 E sério, muito obrigado POR TUDO! Por todo o amor! Por toda a força que encontro em vocês! Obrigado por amarem I Hate Loving You tanto quanto eu.

CONTAGEM REGRESSIVA: 2...


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