História I Hate You - Imagine G-Dragon - You are not alone

[...]

Dei um grito contido e alguns passos pra trás na hora do susto, iluminando à minha frente e não vi nada até que direcionei meu celular para o chão e ali vi dois olhos que me encaravam e brilhavam como feixes de luz.

- Aish... gatinho. O que faz aqui? E de quem você é?

Não sei como aquele gato entrou aqui por aquela janela se vivo em um prédio, a não ser que ele tenha pulado da varanda do vizinho. Sinto algo macio acariciando minhas pernas, me abaixo o pegando no colo quando ouço barulhos na fechadura da porta da frente. Seria Jiyong?

A porta não abriu de imediato como pensei. Os barulhos continuavam e tinha alguém ali do outro lado, girando a maçaneta varias vezes e a porta sendo forçada à abrir, e Jiyong havia levado as chaves da minha casa. Com o gato nas mãos   corri em direção ao quarto e me tranquei ali dentro. Escuto a porta ser aberta e os passos dentro da casa em completo escuro...

- Amor? Ele bateu na porta do quarto  várias vezes até eu abri-la.

- Jiyong? - Soltei o ar que prendia em meus pulmões. Ele entrou e veio em minha direção.

- Nossa, caiu uma árvore na rua ao lado, deve ter sido por isso que faltou energia. Tudo escuro nos corredores quase não consigo encontrar a chave correta.

- Aish... eu fiquei com medo, Honi! Jiyong iluminou meu rosto com seu celular e o gato em meu colo miou.

- O que é isso?

- Um gato! Ele entrou aqui pela janela da cozinha, bem quando estava passando um filme de terror na tv. Jiyong riu e acariciou meu rosto. Eu pus o gato no chão com cuidado e o abracei afundando meu rosto contra seu corpo, sentindo seu cheiro e seu calor que me confortavam.

- Mas só eu tenho a chave, amor!

- Mas você não parecia ter. Forçando a porta como um ladrão que queria arrombá-la. Ele riu da minha pose assustada.

- Desculpa. Soltou uma risada gostosa, impossível eu ficar irritada.

- Não ri seu besta. Beijou o topo da minha cabeça e riu ainda mais.

- Calma, isso já aconteceu uma vez, lembra? Você devia ter imaginado.

- Hm...

- Não fica assim, eu já cheguei. Jiyong tentou me soltar dele mas eu fiz que não.

Não podíamos enxergar bem o rosto um do outro, eu senti quando sua respiração quente estava próxima de meus lábios então ele os arrebatou com os seus.

Desci com minhas mãos pra dentro de seu casaco e abracei seu corpo aquecido quando outro trovão soou e o relâmpago iluminou o quarto. Saltei ainda apertando Jiyong e ri contra seus lábios e o deixei nos conduzir até a cama. Me sentei na mesma e Jiyong veio por cima de mim afastando um pouco nossos lábios.

- Sabe, esse escurinho é até bom, e essa chuva lá fora. Senti sua respiração quente em meu rosto.

- Ainda bem que você está aqui.

- Eu não te conheci assim ______.

- Aish... conheceu sim. Nunca assisti filmes de terror. Ta me achando chata agora? Ou manhosa, pode dizer!? Perguntei tirando minhas mãos dele.

- Que? Eu não disse isso. Tava brincando. Eu ia dizer exatamente que esse tempo assim é bom pra gente ficar junto... Deixa disso!

- Tá, vou acreditar.

- Você não sabe que eu te amo?

- Aigo, será que não vai voltar a energia hoje? Perguntei mordendo os lábios e sorrindo ainda que ele nem estivesse me vendo direito nem eu a ele pela falta da luz.

- Não, vamos ficar debaixo da coberta a noite toda! A gente pode brincar um pouco.

- Hm... e de que você quer brincar?

- Deixa eu ver de... aproveita que estamos no escuro, sabe aquela musica daquele girl group... Sistar? Acho que é “Touch my body.”

- Ta, sei. Comecei a gargalhar e senti as mãos dele descendo pela minha cintura. Mordi seus lábios em resposta à sua provocação.

Dois dias depois...

Jiyong

Minha cabeça já estava quase explodindo, muitas coisas para resolver ainda tendo que terminar as outras letras e só tenho um mês para resolver tudo. Estávamos ensaiando a primeira musica finalizada mais não tinha cabeça para isso agora.

Esses dias passei muito ocupado, muitas ideias vindo e agora mais do que nunca preciso passa-las para o papel. Me retirei da sala de prática e fui para a sala do Teddy pra me ajudar com a letra que estava em minha cabeça.

- GD não estava ensaiando? Perguntou assim que adentrei a sala.

- Tenho uma letra na cabeça, tenho que escrever e vim pra cá pra ninguém me encher.

- Então me diz o que esta pensando.

Consegui escrever e com a ajuda do Teddy já tenho metade da musica.

- Vou pegar um café, você quer?

- Não. Obrigado.

Quando ele saiu fiquei pensando um pouco na ______ e decidi ligar para ela.

Você pov

Estávamos na sala de prática, no intervalo. Já íamos voltar do intervalo quando meu celular tocou, era o Jiyong. Achei estranho a ligação dele agora.

- Alo? Honi?

- Oi baby. Você deve está no ensaio ne.?Ele parecia animado.

- Sim. E você ainda está aqui também?

- Sim. To na sala do Teddy agora.

- Ah, alguma coisa aconteceu?

- Não não. Eu só to compondo e lembrei de você.

- Ah, esta certo.

- Eu estava aqui pensando em alguma coisa pra fazermos juntos hoje à noite.

- Sabe é que as meninas acabaram de dizer que vão passar lá em vasa hoje e me levar pra jantar.

- Você vai sair hoje? Percebi desapontamento na sua voz. - Eu não posso ir? Pensei em jantarmos juntos hoje.

- Eu acredito você pode ir sim, se você quiser eu acho que elas não vão se importar.

- Ei, hoje é só das garotas em ______. Suhee disse aproximando do meu celular pra o Jiyong escutar e ele murmurou.

- Aish....

- E vamos parar de namorar pelo celular. Vamos ensaiar. Ela continuou.

- Ah filha, eu estou no meu intervalo, sabe?

- Você já vai voltar? Jiyong me pergunta na linha ainda.

- Sim vou.

- Vamos pra casa juntos então?

- Certo. Vou te esperar. Desliguei o celular .

- Então já esta tudo certo com os meninos também? Yumi perguntou a Mi Chae.

- Sim, sim. Está. Eles vão.

- Como ? A que meninos vocês se referem? Perguntamos eu e a Suhee.

- O nosso jantar hoje com o Shin, o Jae e o Jack.

- Ah, então... Olhei pra Yumi e a Mi Chae.

- Mi Chae, você nem me avisou direito sobre esse jantar. Reclamei.

- Eu não disse pra vocês? Desculpa, quando eu ia ligar pro resto de vocês meu celular ficou fora de área. Eu estava na casa de meus pais ontem.

Ela estava falando sobre o jantar que íamos hoje a noite com os amigos delas, e meus agora: Shin, Jaejoong e o Jackson.

- Ah sim, agora me lembro que Jackson me disse isso pelo Kakao. Esqueci completamente.

- Então vamos voltar ao ensaio? Disse Yumi.

- Meninas, e se eu chamar o Jiyong? Elas me olharam – Ele queria jantar comigo hoje e a Suhee disse que hoje era só entre mulheres e que ele não podia ir.

- Não me culpe, eu não sabia. Se defendeu.

Liguei pra Ji mais uma vez.

- Se ele quiser ir também ele pode. Disse a Mi Chae.

- Jiyong desculpa te ligar de novo, mas houve um engano. Você pode vir hoje jantar comigo e as meninas sim.

- Se você quiser que eu vá. Disse ele simples.

- Claro que eu quero!

- Então eu vou!

[...]

Depois de terminar o ensaio comecei a me sentir um pouco mal. Foi estranho, dessa vez o cansaço que deveria ser normal decorrente do esforço físico fez eu me sentir esquisita. Começou com a falta de ar e o coração acelerado no peito que não acalmava. Me afastei das meninas e procurei logo me sentar no chão pensando o pior dos sintomas que eu estava tendo.

“Estou tendo um ataque cardíaco?”

O ar que entrava e saia quente e com dificuldade, machucava meus pulmões pela  força que eu fazia, como se estivesse com algo muito pesado sobre meu peito que também doía, aparentemente sem nada ter acontecido no momento pra isso. Eu sempre pratiquei atividade física normalment, que eu saiba não tenho nenhuma restrição quanto à isso. Esses dias eu vinha sentindo coisas estranhas demais.

Observo que uma das meninas se aproximava de mim, olho e vejo a Yumi me encarando.

- ______, está tudo bem? Ela se sentou ao meu lado.

- Não sei...

- O que foi?

Suspirei e no momento de desespero me abri com ela.

- Eu venho me sentindo estranha uns dias pra cá... Passeias mãos pelos cabelos respirando fundo.

- Estranha, como?

- Falta de ar... dor no peito. Eu senti vontade de chorar mas me segurei, senti um nó se formar em minha garganta.

- Quer que eu chame alguém? Ela me olhou nos olhos e tocou em meus ombros.

- Não, não. Acho que, vai passar. Daqui a pouco eu, me sinto melhor...

- Okay _____, mas eu deveria falar pra alguém, pro GD?

- Não, não Yumi!

- O que aconteceu? Chega a Suhee perguntando.

- A ____ ta passando mal e não quer que eu chame ninguém!

Expliquei pra elas novamente como me sentia, o problema é que eu ficava com mais falta de ar ainda explicando, mas no fim parece que aquilo estava ajudando.

- O que mais você sente?

- Não sei, já aconteceram algumas coisas do tipo, medo de ficar em lugares pequenos principalmente no elevador, fico muito ansiosa por isso e não sei o que é.

- Já foi ao medico?

- Não. Agora meu coração acelera e... falta de ar. – Respiro fundo tentando puxar o mesmo.

Aos poucos eu ia me sentindo um pouco melhor, já conseguia inspirar e expirar profundamente.

- Melhor você ir num psicólogo, unnie. Isso pode ser emocional, sabe.

- Eu já ne sinto um pouco melhor. Disse ao inspirar fundo mais uma vez. Era como se meus músculos das costelas doessem também. Agora er só o que me falta, o que danado eu tenho?

- Já que acabou os ensaios, seria melhor você ir a um médico hoje, não acha? Disse Suhee.

- Ai unnie, não quero ver você sofrendo assim! - Quer que eu vá com você? Me pergunta a Yumi.

- Não precisa, vou falar com o Jiyong. Disse e finalmente me levantei do chão. – Me sinto melhor. Respirei fundo mais uma vez.

- Ta, chame o Gd oppa pra ir com você, mas nos conte depois como foi então.

- Okay.

Depois de alguns minutos elas já haviam ido embora e eu permaneci na sala de pratica. Tirei meu celular do bolso e liguei pra ele.

- Jiyong?

- Baby, já acabou seu ensaio?

- Sim, na verdade estou te esperando.

Eu já estava me sentindo bem mas ia pedir pra que ele fosse comigo a um lugar.

- Infelizmente eu não vou poder ir com você hoje. Vou ter que ficar pra resolver algumas coisas, imprevistos.

- Ah, que pena... Disse desapontada.

- Você pode ficar me esperando se quiser. Porque não vem aqui pra sala?

- Não, eu vou indo mesmo, se você não se importar. Tenho algo que pensei em fazer.

- Está certo então. Eu vou para sua casa depois que sair daqui.

- Ok. Mas me liga antes certo?

~~x~~

- Você disse que perdeu os pais num acidente a mais ou menos seis meses...

- Sim, doutor. E vim pra cá sozinha, recomeçar uma nova vida.

Eu estava em um consultório de psicologia no bairro de Samseongdong, fazendo o que tanto me recomendaram. e não sem antes relutar um pouco comigo mesma. Eu contava ao psicólogo tudo o que ele me perguntava, desde as coisas que estavam me incomodando ultimamente até -  segundo ele - alguma decepção, trauma ou evento que pudesse ter desencadeado essas perturbações na minha rotina.

Eu sempre achei que estava sendo forte desde a minha saída do Brasil até a minha viajem pra cá, tentando superar a perca dos meus pais, dando continuidade à minha vida. Agora as coisas estavam se mostrando a mim, o quanto eu estava enganada sobre poder aguentar tudo aquilo tão facilmente.

- Seis meses e quatorze dias, aproximadamente, doutor.

Ele anotava tudo em uma caderneta e eu esperava algum diagnóstico com alguma solução pronta que ele pudesse me dar, mas ele só perguntava e perguntava e eu já estava nervosa desde que pus meus pés naquele lugar e a resposta a meu questionamento era o que eu menos imaginava.

- Mas já fazem seis meses que tudo aconteceu!?

Eu não acreditava que poderia ser depressão, pelos sintomas que eu apresentava e mais pelo tempo que fazia desde a tragédia dos meus pais, mas ele balançava a cabeça negativamente e me explicou que a depressão em geral se manifesta após um evento traumático, e um período mínimo de seis meses, aproximadamente. 

Aquilo me pegou como um baque. A partir dali eu entrei num mundo de dentro da minha cabeça. Tentava ouvir algumas coisas que ele ainda dizia mas um filme passava em minha mente, contendo tudo que eu havia sofrido naqueles últimos meses, até agora.

Sai de lá aérea, como se pudesse ver o mundo de outra maneira, repassando as últimas palavras do médico em minha mente. Quase pego o ônibus errado na hora de retornar e andava pelas ruas devagar até chegar próxima à minha. Durante todo o trajeto da estação até a esquina do meu apartamento tive a estranha sensação de estar sendo observada ou seguida. Olhava pra trás algumas vezes vendo apenas as pessoas caminhando normalmente, imersas em suas próprias vidas. Nenhuma delas sequer me percebia e eu estava imaginado coisas.

Subi as escadas e entrei trancando a porta rapidamente, olhando ao meu redor, checando bem estar sozinha. Eu devia estar ficando louca. Tive vontade de chorar já no banheiro, de frente ao espelho. Evitando olhar minha imagem borrada pelas lágrimas quentes.

Jiyong nem havia me ligado. Quando ele chegou em meu apartamento já eram umas sete e meia da noite e eu ainda terminava de me arrumar. Sei la, gastei tempo demais "voando" por causa de hoje à tarde, eu só não sabia ainda como ia contar a ele.

Eu avisei as meninas pelo Kakao que estávamos a caminho . Trocávamos poucas palavras e eu tentava aproveitar mais o tempo que tinha Jiyong do meu lado. Eu me sinto tão bem com ele, uma paz que não sei explicar. Queria ficar o máximo possível ao seu lado para compensar o tempo que ficamos longe um do outro.

- Chegamos. Avisou o Jiyong ao parar o carro no estacionamento do restaurante me fazendo sair de meus pensamentos e focar nele. Lhe dei um selinho de surpresa e o mesmo me respondeu com um sorriso torto. Jiyong desceu do carro arrodeando o mesmo e abrindo a porta para mim, demos as mãos entrelaçando nossos dedos. Eu me apoiava nele essa noite, no pleno sentido da palavra, ainda que ele não tivesse o conhecimento total sobre isso.

Apenas Yumi, Suhee e o Jaejoong haviam chegado e estavam sentados a mesa.

- Boa noite. Cumprimentou o Jiyong quando nos aproximamos.

- Boa noite, sentem-se por favor. Pediu a Suhee tão formal que tive vontade de rir, talvez pelo Jiyong estar conosco. Nos acomodamos na mesa, eu próxima à Yumi e o Jiyong do meu outro lado.

- Faz tempo que não te vejo _______. Disse sorrindo o Jaejoong.

- Verdade, você esta um pouco diferente. Observei.

- Esse cabelo ficou estranho, eu avisei.

- Eu gostei, Suhee. Falou a Yumi e o Jaejoong sorriu para a mesma em resposta.

- Pra mim ele fica bem de loiro! Elogiei simplesmente, espero que o Jiyong não se importe com isso também. Logo vimos chegar a Mi Chae acompanhada pelo Shin.

- Olá GD. Ele cumprimentou meu namorado e o mesmo acenou em resposta.

- O Jackson não vem mesmo. Reuniões e reuniões de trabalho. Olha que nem é da SM. Disse a Mi Chae e eu olhei de relance para Kwon Jiyong que não fazia nenhuma expressão anormal.

- Vamos fazer o pedido. Escolham o que quiserem garotos, nos devemos isso a vocês. Dizia a Mi Chae e eu explicava ao Jiyong que era tudo devido a uma aposta que fizeram conosco no boliche, e hoje as mulheres pagavam a conta.

Jiyong

Não vou negar que me senti mais confortável quando soube que o Jackson não viria. Não podia deixar de olhar a ______ sorrindo ao conversar, ela estava linda e feliz. Tê-la de novo do meu lado é o que me motiva a fazer de tudo para não perdê-la outra vez, porque eu sei o que é ficar sem ela e não quero passar por isso novamente.

- Unnie, como foi a consulta? Inclinou-se a Yumi e perguntou à  _______ num tom baixo mas eu ouvi.

- Am.... depois eu falo.

Consulta? Que consulta?

- Que consulta? Perguntou a Mi Chae na hora que eu ia fazer isso. – Percebi o olhar meio constrangido e desconfortável da ______.

- Desculpa unnie. Sussurrou a Yumi olhando para a outra com cara de que aquilo não deveria ter sido falado.

- Você sabe, o que falamos hoje de tarde. Depois nos falamos em outro momento. Isso não é o momento mais apropriado. Ela riu nervosa. Já são alguns meses de convivência, e posso me orgulhar em dizer que conheço cada sorriso e olhar diferente da _______. Intrigado, me virei pra ela discretamente e sussurrei.

- Que consulta?

- Hoje de tarde. Olhou pra mim e respondeu no mesmo tom.

- Porque não me disse? Eu ia com você. Algum problema?

- Não, você estava ocupado, não queria atrapalhar.

- Você sabe que se tratando de você eu iria ______.

- Eu sei, me desculpe por não ter avisado.

- Se você for ao medico ou não se sente bem, me fale.

- Vamos deixar isso pra lá, eu falo com você mais tarde... 

Falávamos baixo para só ela e eu escutarmos mas ao final percebi alguns poucos discretos olhares sobre nós, principalmente das meninas amigas dela, óbvio. Depositei um beijo em sua bochecha e peguei sua mão por debaixo da mesa e me pus a acaricia-la.

Sou o namorado dela e me preocupo com tudo o que lhe diz respeito. Fiquei um pouco pensativo o resto do jantar imaginando do que se tratava essa consulta que ela iria me contar.

Você pov

Estávamos no carro do Jiyong, já após o jantar. Pensei que iríamos para casa mas ele disse que ainda era cedo e queria me levar a um lugar. Eu não fazia ideia onde nos iríamos, apenas olhava as luzes da cidade pela janela até pararmos em frente a uma torre muito conhecida por aqui principalmente pelos casais. É claro que eu nunca havia visitado, mas sempre tive muita vontade. A N Seul Tower.

- Não fazia ideia que vinhamos aqui.

- Você deve conhecer. Me fitou caminhando do meu lado entrando no lugar onde haviam pouquíssimas pessoas àquele horário. Muitos preferem vir à tarde ainda à luz do dia para aproveitar e ainda tirarem muitas fotos, principalmente turistas já que a torre era cartão postal de Seul.

Na entrada ele pagou nossos ingressos e subimos até um andar que dava pra ter uma vista panorâmica da cidade e de noite aquela paisagem era ainda mais bonita.

- É lindo, não? Perguntou Jiyong passando as mãos pelo meus ombros.

Me aproximei dele sem dizer uma palavra deixando que ele lê-se em meu rosto o que não estava tão bem assim por dentro, como eu gostaria. Me abraço a ele, encostando minha cabeça devagar em seu peito, começo a sentir que viriam algumas lágrimas e eu molharia sua camisa branca se eu continuasse com essa tristeza que me consumia. Eu precisava lhe contar o que estava acontecendo comigo.

- O que houve, bebê? Ouço ele me perguntar no momento que eu começo a chorar sem parar, o que só o deixa mais preocupado. Sinto suas mãos irem até minhas costas e ele apertar o abraço. – Me conta o que você foi fazer no médico hoje. Não brinca comigo desse jeito.

Nos separei para olhar em seu rosto.

- Eu fui diagnosticada com depressão.

- Oh, meu amor... Jiyong me aperta contra seu corpo sussurrando um "vai ficar tudo bem" que me faz recobrar a calma silenciosamente até que só restam uns tímidos soluços e minha maquiagem borrada, da qual não me importei.

- Honi, não me deixa agora. Foi só o que eu consegui pensar e dizer e fazendo Jiyong segurar meu queixo me pondo a olhar bem em seus olhos.

- De onde tirou essa ideia maluca? Eu não vou fazer isso, não vou te deixar. Ele alterna beijos seguidos em meu nariz e minha testa, como se me repreendesse por minhas idéias e ao mesmo tempo quisesse me consolar.

Desde que cheguei na Coreia para começar uma nova vida, tendo literalmente perdido tudo o que eu tinha, foi ao lado de Jiyong que senti pela primeira vez a sensação de estar em casa em uma terra estrangeira.

- Eu nunca... respirei fundo - Não sei, nunca imaginei que... realmente fosse isso. Quer dizer, eu cheguei a desconfiar, mas é diferente quando se ouve todas aquelas palavras. Me referia ao psicológico.

- Oh, meu anjo. Você não está sozinha!

- Eu me senti tão mal Honi, todo mundo diz que quem vai a psicólogo está doido. Jiyong sorriu de canto sem muita emoção e me corrigiu com convicção.

- Quem vai à psicólogo são seres humanos, ______. Seres humanos tem problemas complexos muitas vezes.

- Mas não vou mentir que não fiquei com medo.

- Você não é doida por causa disso meu amor, pode ter certeza. Você é a garota de mais juízo que já conheci. Se bobear você tem mais juízo até do que eu. A Coreia inteira se brincar. Me fitou arrancando um sorriso alegre de meus lábios.

- Aigo... assim já é demais!

Passamos um tempo assim, abraçados já que onde estávamos não havia ninguém mesmo além de nós. Admiravamos as luzes da cidade até o Jiyong querer ir a outro lugar me guiando pela mão. Entramos no maior aquário que eu já havia visto e a sensação era quase como estar dentro do oceano. Meu humor já havia mudado.

Chegávamos a outra parte onde havia uma loja estilo souvenir, onde vendia coisas para os visitantes do local. Jiyong comprou um cadeado colorido e canetinha guardando no bolso de seu casaco. Não acredito que faríamos isso. No pé da torre os casais prendiam cadeados com seus nomes escritos neles, eu sempre achei aquilo muito romântico e fofo. Coisa de novela coreana.

Saímos do local e lá estávamos nos. Jiyong escrevia meu nome e me pediu para que eu escrevesse o dele. Eu escrevi Jiyong com um coraçãozinho de lado. Eu sorria como uma adolescente e ele prendeu o mesmo na grade, e o cadeado quase perdeu-se de vista em meio aos demais. Eram milhares, sem brincadeira!

- Reza a lenda que o casal que prender um cadeado aqui com seus nomes, ficarão juntos para sempre.

- Ninguém mais nos tira daqui. O fiz sorrir com meu comentário. Me dá a chave!

- Eu pensei em joga-la no rio Han.

- É uma brilhante idéia!

Após uns minutos decidimos ir embora, nem vi a hora passar direito. Àquele horário as ruas estavam livres e o carro dele comia estrada, logo estávamos em sua casa. Jiyong não me deixou pensar em mais nada que não fosse ele. Meu campo de visão e meu corpo foram tomados quando ele subiu comigo nos braços as escadas que seguiam para o seu quarto.

- "Fica comigo...” Eu pedia que ele nunca me deixasse.- "Pra sempre, Honi”

- "Vamos ficar juntos pra sempre. Eu prometo." A sua frase me deu o céu e a galáxia de planetas inteira no meu estômago e colisões seguidas de meteoros em chamas em meu ventre. 

- "Por favor, nunca deixe de me amar, nunca" 

Só Jiyong podia acalmar minhas ânsias e medo do futuro quando estávamos juntos, eu me agarrava a ele com minhas dores, os medos e as questões sem resposta. Eu jogava tudo em suas costas, no dorso do homem que estava demonstrando esse amor tão terno por mim e com tanto afinco. Nunca pensei que Jiyong poderia ser esse tipo de apaixonado, esse tipo tão dedicado e ciumento. O contraste com o Jiyong que eu primeiramente havia conhecido, e o Jiyong que me amava e me deixava louca ao mesmo tempo.

Eu agradecia aos céus por ter recebido esse presente tão lindo, no momento em que eu mais precisava.

"O amor é a asa rápida que Deus deu à nossa alma para que ela voe até o céu."
- Michelangelo

"Jiyong, eu vou até o céu e volto, se for contigo."