História I Hate You, but I Think Love You - Capítulo 13: Leigh-Anne

Talvez você devesse simplesmente aceitar.

Mas que infernos aquilo queria dizer?, rosno ainda encarando a garota a alguns metros de mim. Perrie estava sentada no cais com um livro no colo enquanto suas pernas se balançavam. Ela ficava linda quando se distraia ao ler. Ela ficava linda de qualquer jeito.

Estava extremamente frio do lado de fora do chalé, mas isso não impediu Perrie e a mim de sairmos. Ela havia se sentado na ponte de madeiras gastas sobre o lago. Eu apenas a observava de longe, fingindo prestar atenção em minha revista Vogue. Ambas estávamos agasalhadas o suficiente para sobreviver alguns minutos do lado de fora.

Eu sabia que o sinal no lago era horrível, então optei por trazer algumas revistas para me distrair, enquanto Perrie havia trazido metade da sua mala em livros. Eu não era de ler livros, me dava uma puta dor de cabeça e, apesar de ter tentado, nenhuma história nunca me chamou atenção o suficiente para dedicar-me a tarefa.

Com um pouquinho de esforço, retorno minha atenção a minha revista.

Era uma matéria patética sobre uma nova moda que estava surgindo entre os jovens. Eu amava qualquer coisa relacionada a esse assunto ― Moda. Ainda tinha o sonho de cursar Moda na faculdade e nada me faria mudar de ideia, mas, é claro que para Debbie isso era discutível.

― PERRIE, ACHO MELHOR ENTRARMOS! ― grito com as mãos ao redor dos lábios, olhando em direção a garota.

Ela pisca, voltando-se em direção ao céu nublado.

― SÃO APENAS FLOCOS, LEIGH, JÁ JÁ PASSA! ― rebate, retomando a sua leitura.

Eu rosno baixinho e me ergo da cadeira.

Eu ainda estava protegida pela enorme árvore de carvalho, porém ela não. Droga, deveria estar congelando lá. Solto a revista sobre a cadeira que havia levado e marcho a passos pesados em direção a garota, minhas botas se enterrando na pequena camada de neve que começava a se formar.

― Ande, Perrie. Nós vamos entrar. ― não era um pedido e ela percebe isso.

― Estou lendo, Leigh-Anne ― diz com firmeza, devolvendo ao meu olhar sem se abalar. ― Eu já vou.

― Não vou deixar você aqui ― cruzo os braços, e a encaro sem desviar. Seus olhos azuis adquirem um brilho incomum e isso quase me faz recuar. Quase. Eu não a deixaria ali, naquele frio, para ficar doente. ― Vamos.

― Não.

― Você acha que tem escolha? ― sorrio friamente.

― E desde quando você acha que manda em mim? ― ela ri apenas para me provocar.

Um vento frio varre nossos corpos. Os pequenos flocos de gelo mudam de direção, jogando-se contra o rosto de Perrie. A loira se encolhe e um sorrisinho vitorioso assume lugar em meus lábios.

Ela me encara, mordaz e se põe em pé, logo se afastando.

A sigo em direção ao chalé, sabendo que venci aquela guerrinha estúpida.

― Oi meninas. ― Alexander nos cumprimenta assim que entramos. Encosto a porta e evito rir ao ver Perrie ir diretamente ao nosso quarto.

― O que você fez dessa vez, Leigh-Anne? ― mamãe que estava abraçada a Alex no pequeno sofá felpudo, se inclina pra frente, encarando-me com seriedade.

― Eu? Nada! Juro que não fiz nada! ― defendo-me enquanto ria, sem conseguir acreditar.

― Deve ter sido a neve, querida... ― Alex puxa mamãe novamente para se aconchegar junto a ele. Reviro os olhos a cena super melosa deles e encaro a TV. Sério? Grinch? O quando clichê é isso?

Mal percebo quando me atiro no outro sofá e começo a assistir o filme com eles. Quê é? Estou entediada!

― O que houve com o chocolate? ― nós três olhamos ao mesmo tempo em direção a cozinha onde uma Perrie descabelada chacoalhava a lata de chocolate.

― Acabou? ― Debbie se ergue.

― Aparentemente. ― Perrie entrega a caixa a ela e cruza os braços, fazendo um biquinho extremamente fofo.

― Querido, e agora? ― mamãe se dirige a Alexander que ri e relaxa no sofá.

― Amanhã compramos mais, gente. Que escândalo. É apenas chocolate. ― tinha que concordar com ele. Perrie bufa.

― Queria chocolate quente! ― diz enquanto mamãe atirava a lata na lixeira e retornava ao sofá.

― Perrie, está nevando ― lembro a ela. ― Eles não irão sair abaixo de neve pra comprar seu chocolatinho quente! ― ela me fuzila, entre abrindo levemente os lábios.

― Cala a boca, Leigh-Anne.

― Perrie! ― Alexander se mete, encarando a filha com surpresa. ― Respeite a sua irmã.

― Não somos irmãs! ― digo apressadamente.

Não. Deuses! Não piore as coisas, Alex!

― Leigh-Anne! ― agora é mamãe quem me repreende.

― Quer saber, cansei. ‘To indo dormir. ― resmunga Perrie, passando por mim e indo pro nosso quarto. Quero segui-la, mas me mantenho em meu lugar no sofá, tremendo.

Para nossos pais, éramos irmãs, mas e pra gente?

(...)

― Você entende, não é? ― o quarto estava um breu, mas eu conseguia ouvir perfeitamente sua respiração.

― Entendo o que? ― diz em um sussurro.

― Não somos irmãs. ― falo com a voz tremula.

― Não, não somos ― concorda ela. O silêncio recai em nosso pequeno quarto. ― Não quero magoá-los, sabe? ― deito-me de lado, tentando imaginá-la na cama. ― Sua mãe me criou e me ensinou quase tudo que sei hoje. Ela é extremamente importante para mim, Leigh-Anne.

Assinto, mesmo sabendo que ela não poderia ver.

Era incrível que não precisamos por em palavra para descrevermos uma a outra a confusão de sentimentos instalada entre nós. Não éramos tão cegas assim. Eu a queria e ela queria a mim, mas, ainda assim, não estávamos prontas para isso, para baixarmos a guarda, mesmo que ambas se façam de durona. Éramos covardes.