História I Hate You, but I Think Love You - Capítulo 16: Leigh-Anne

— Prontinho. — me viro, entregando o copo a ela. Seu sorrisinho ao aceitar faz meu coração aquecer.

— Obrigada! — toma um longo gole e ao afastar o copo há um adorável bigode de leite acima do seu lábio. Prendo a risada, pressionando os lábios. Perrie pisca, me encarando com confusão.

— É que… — não me controlo, acabando por rir. — Você ‘ta com bigode. — ela franze o cenho, passando a língua pelo lábio superior. Eu acompanho o ato, momentaneamente séria. Sinto algo se agitar em meu ventre e um suspiro ofegante me escapa o que acaba chamando sua atenção.

— Valeu pelo chocolate, Leigh. — me joga uma piscadela e passa por mim, indo para a sala de estar. A sigo com o olhar, quase irritada por ter deixado-a perceber o estado que tinha me deixado.

Você realmente não aprende, Pinnock!

— Oh, meninas — mamãe surge no corredor, olhando de Perrie no sofá para mim, ainda de pé em frente ao fogão. —Tem alguma coisa errada com o quarto de vocês? — cerra os olhos.

— Não. Porque? — olho para Perrie, como se perguntasse se ela tinha compreendido.

— Bem, as duas estão na sala, ao mesmo tempo. — mamãe ri da própria piada e entra na cozinha, indo diretamente a geladeira. Eu reviro os olhos e me viro para acompanhá-la.

— Pensei que depois da tempestade de ontem, você estaria de mau humor. — cruzo os braços.

— Por causa de um ventinho? Por favor, né, Leigh-Anne! — ri e se agacha, abrindo o armário. — Então, qual de vocês irá me ajudar com a ceia? — ergue-se encarando a nós duas.

— Ahm… eu tenho… tenho… — congelo, assustada com a possibilidade de ter que encarar mamãe na cozinha durante mais de cinco minutos. — Tenho um… algo… tenho algo pra fazer! — saio dali o mais rápido que consigo, ouvindo apenas a risada de Perrie ainda no sofá.

Idiota!

Bato a porta do quarto ao entrar e me atiro em minha cama, enrolando-me no cobertor fofinho. Ainda nevava do lado de fora do chalé, então mal havíamos passado da porta desde ontem. Mamãe e Alexander haviam chegado quase às 10h e depois disso todos fomos dormir, ou melhor, tentar dormir, pois eu mal consegui piscar meus olhos depois do que Perrie e eu fizemos.

Para falar a verdade, eu mal conseguia sentar naquele sofá sem imaginá-la embaixo do meu corpo, enquanto nos beijavamos daquele jeito. Eu conseguia sentir o calor do seu corpo como se ela estivesse realmente ali. Seu cheiro embaralhando meus pensamentos… O barulho da porta abrindo desperta-me dos meus pensamentos.

— Acho melhor você começar a treinar melhor esse negócio de fugir, Leigh — Perrie entra no quarto carregando um sorriso provocativo. Joga seu casaco na cama ao lado e se senta ali. — Sua mãe está animada com a ceia, talvez você deve vir nos ajudar, uhu? — eu a observo com atenção, desde o cabelos loiros acastanhados e os olhos azuis, o suéter e o jeans, até as botas peludinhas que usava. Deuses, como ela conseguia ter tão linda?

— Será que é seguro? — sento-me e sorrio.

Era tão bom estar em um clima agradável com ela, sem as brigas estúpidas e forçadas.

— Não se preocupe, eu protejo você. — pisca, oferecendo-me a mão.

— Vou confiar. — entrelaço meus dedos aos seus e me ergo, seguindo-a para fora do quarto. Antes de surgimos na sala, desfazemos nosso aperto e nos separamos. Perrie olha por sobre o ombro, jogando-me um sorrisinho.

Ficarmos expostas uma a outra como ficamos noite passada, foi como se uma cortina de teatro invisível que existia entre nós duas, simplesmente caísse. Nós não precisávamos mais fingir que não sentíamos o que sentíamos uma pela outra.

O único problema era saber o que aquilo significava? Onde aqueles sentimentos iriam nos levar?

(...)

— O que você está fazendo?

— Hum? —  viro-me dando de cara com Perrie enrolada em sua toalha. Arregalo os olhos e pigarreio, sentindo meu corpo praticamente pegar fogo com aquela visão. — Ahm… — rio nervosa. — Na… nada. Porque? — volto-me novamente pro celular em minhas mãos, evitando olhar em seus olhos.

Eu estava há uns dez minutos, desde que ela entrou no banho, tentando escrever uma mensagem a Jesy, contando sobre o que havia acontecido entre Perrie e eu e agora ela tem a coragem de aparecer ali apenas de toalha? Eu sabia que não era seguro olhar para ela naquele momento. O pouco que vi deixou meu corpo todo em alerta.

Eu estava arrepiada?

— Você sabe que não tem sinal aqui, então o que está fazendo com esse celular? — lhe lanço um rápido olhar, vendo seu sorrisinho divertido. Deuses, Perrie, seja menos gostosa!

— Estava checando para ver se ninguém me enviou mensagens ou algo do tipo — minto, pondo-me em pé com rapidez. — Já que você finalmente saiu do banheiro, agora é a minha vez! — recolho minha toalha e necessaire e ainda correndo, parto pro banho.

Vislumbro Alexander pondo lenha na lareira e mamãe em pé logo atrás dele, dizendo-lhe algo. Os dois pareciam radiantes por estarem tendo aquele tempo juntos. A mesa para a ceia já pronta, a neve caindo calmamente fora do chalé, o clima agradável e incomum entre Perrie e eu. Para eles, poderia ser o paraíso.

Tomo meu banho escaldante e demorado tentando não me preocupar com onde aquilo iria dar. Eu estava ansiosa, quase tendo uma crise. Perrie parecia tão calma! Isso ajudava um pouco, porém me fazia questionar a opinião dela com relação a aquilo tudo. Se ela não estava preocupada, será que ela não dava importância?

Caramba, Leigh-Anne, desde quando você ficou tão insegura?!

Balanço a cabeça, tentando afastar aqueles pensamentos tolos e desligo o chuveiro. Enrolo-me na toalha e paro diante do espelho embaçado. Pego o secador sobre a pia e o ligo, limpando o espelho e só aí podendo me enxergar ali. Pele negra, olhos castanhos e os velhos cabelos cacheados agora molhados, assim como meu corpo.

Eu não deveria me preocupar, de qualquer forma, não é? Para nossos pais, éramos como irmãs, então não deveria ser melhor continuarmos assim? Havíamos tomado uma decisão importante ao nos beijarmos, porém dar continuidade aquilo significava algo muito maior.

 Estávamos prontas?