História I Hate You, but I Think Love You - Capítulo 02: Leigh-Anne

Acordo pela manhã de péssimo mau humor. Na verdade, não havia motivo pra surpresa já que o mesmo me perseguia. Noite passada a brilhante ideia que Debora, minha querida mãe, havia tido foi um completo desastre. Primeiro que Alexander havia se atrasado e mamãe passou duas horas reclamando enquanto Perrie estava emburrada em um canto; segundo que eu sutilmente sugeri que o atraso de Alex se dava ao fato de ele ter uma amante.

Péssima ideia.

Eu não só irritei o casal como fiz Perrie se zangar comigo. No início eu até achei graça, mas após vê-la me olhar com aquela cara de decepção, algo se revirou dentro de mim e meu sorriso morreu. Eu odiava admitir, mas sempre odiei seu olhar de decepção.

“Foi só uma brincadeira!”, foi o que eu disse, mas mamãe já me corria pro quarto. Não me desculpei nem nada, apenas subi. Jesy me ligou naquela noite, porém apenas a ignorei e pus meu celular no silencioso.

Quando desci pro café da manhã no dia seguinte, fui recebida pelo silêncio frio de Alexander, o resmungo de Debora e a ignorância de Perrie. Não me importei com mamãe nem com Alexander, mas ser ignorada pela loira já era outros quinhentos. Já estava acostumada com as perguntas toscas e os doces sorrisos que ela me jogava pela manhã, mesmo que eu me irritasse com eles (ou dizia me irritar).

Encho uma xícara com chá e me sento em uma das cadeiras, em frente a Alexander. O homem usava um dos seus típicos ternos caros e seus cabelos grisalhos estavam penteados para trás com gel e seu visível tédio matinal parecia um pouco forçado naquela manhã.

― Animada com o primeiro dia, filha? ― Perrie ergue o olhar do caderno e foca em seu pai.

É claro que ela estava! Animadíssima para andar agarrada pelo corredores com aquele projeto tosco de homem que insistia em esfregar na minha cara.

― Um pouco ― a loira encolhe os ombros. ― Preferia mais uns dias em casa.

Me inclino na mesa e pego uma das torradinhas em uma cesta. Estava adorando não ser inclusa naquela conversa. Eles realmente acreditavam que aquilo me incomodaria?

― Não está animada para terminar logo a escola? Pensei que estivesse ansiosa com a universidade e-

A campainha o corta.

― Eu atendo! ― Mamãe se põe em pé, sorrindo sem mostrar os dentes. Seus passos se distanciam no corredor.

― Acho que essa é minha deixa ― Alexander dobra o jornal que lia e o solta na mesa. Empurra sua cadeira e se põe em pé. ― Conversamos a noite, querida ― ele beija a testa de Perrie e ajeita sua gravata.

Sai sem se despedir de mim e isso me faz rir fracamente.

― Qual a graça agora Leigh-Anne? ― Perrie me olha com cara de tédio.

― LEIGH-ANNE! ― Debora grita. ― JORDAN ESTÁ AQUI!

Perrie olha por sobre o ombro, em direção a voz de mamãe. Ela volta sua atenção a mim, esperando que eu responda, mas estou mais concentrada em observá-la. Às vezes eu simplesmente não conseguia controlar aquilo. Perrie era sem dúvida alguma a coisa mais linda que um dia já existira para mim.

― LEIGH-ANNE! ― Reviro os olhos e me ergo.

― Já vou, droga! ― Saio da cozinha pisando fundo e ando até a porta. ― Estava tomando café ― resmungo e cruzo os braços.

― Jordan veio buscá-la. Aproveite e dê uma carona a Perrie. ― Não respondo a ela, apenas espero que se dirija a cozinha para só então encarar meu namorado.

― O que você faz-

― Olha Leigh, estou realmente cansado de brigar com você, ok? Não podemos simplesmente esquecer essas bobagens e nos entendermos?

― Não, não podemos. ― Continuo encarando-o de braços cruzados. Jordan tinha sua mochila do time de futebol pendurada em seu ombro e ele usava uma de suas clássicas roupas de ir para a academia. Óbvio que ele estava malhando. ― Assim como você está cansado de brigar, eu estou cansada de ouvir suas desculpas. Não se preocupe, eu ligo para Jesy vir me buscar. ― Faço menção de fechar a porta, mas ele a segura.

― Leigh-Anne, por favor! ― seus olhos castanhos imploram.

Nos olhamos firmemente por longos segundos. Eu não estava com saco para Jordan tão cedo da manhã, mas sabia que seria precipitado discutir com ele naquele momento, quando estava com tanto mau humor. Mordo o lábio inferior com força, pensando. Suspiro por fim em desistência.

― Eu já volto ― reviro os olhos e lhe dou as costas. Tenho certeza que ele suspirou em alívio as minhas costas.

Ando até a cozinha e paro na entrada.

― Perrie, você quer caro-

Me corto ao não vê-la em lugar algum. Olho ao redor procurando pela loira. A porta que levava ao jardim estava entreaberta e sua conhecida agenda estava pousada na mesa. Me inclino sobre a pia e olho pela janela, procurando pela garota. E lá estava ela, regando as rosas de Debora. Contenho um pequeno sorriso bobo com a visão dela sorrindo daquele jeito.

Fecho os olhos, repreendendo-me por aquele sentimento.

Ando até onde seu caderno estava e me seguro na mesa, rolando os olhos pelas suas escritas, mas sem focar em nenhuma em especial. Aquela não era a primeira vez que lia suas coisas sem ela saber. Perrie odiava que invadissem sua privacidade e isso, obviamente, atiçava ainda mais minha curiosidade. Um sorriso travesso dança em meus lábios enquanto checo se ela se aproximava ou não. Ao constatar que não, volto minha atenção a última coisa que a loira havia escrito.

― Não consigo explicar esse sentimento de perda por alguém que nunca tive... ― as palavras saem em um sussurro dos meus lábios. Mal tenho tempo de processar o que aquilo significa quando ouço passos se aproximando. Me afasto do caderno em um pulo e viro-me em direção a porta.

― Leigh-Anne o que ainda faz aqui?

― Eu... eu vim chamar Perrie ― gaguejo, mas mamãe nem se importa.

― Me chamar? ― Perrie entra na cozinha, passando as mãos no jeans que usava, deixando marcas molhadas. ― Porque? ― franze o cenho, encarando-me com estranheza.

― Mamãe pediu pra Jordan e eu te darmos uma carona ― explico, relaxando os ombros. O susto de quase ter sido pega, aumenta minha adrenalina e tenho certeza que quero fazer aquilo mais vezes.

― Oh ― a loira olha para mamãe. A mulher lhe dá uma pequeno sorriso, como se a encorajasse a aceitar. ― Tudo bem ― Perrie anda até sua agenda e a bate, fechando-a. ― Só deixe eu pegar minhas coisas lá em cima. ― Sai da cozinha, levando consigo suas palavras.