História I Hate You, but I Think Love You - Capítulo 22: Leigh-Anne

― Olha, eu tenho que admitir, você foi bem corajosa! ― Harry me oferece o pote com nachos.

― Como assim? ― ele se senta no sofá, enquanto eu enterrava meu nacho no molho de guacamole.

― Você sugeriu numa boa que sua mãe e o pai dela fossem viajar juntos, e, deixassem vocês duas por uma semana inteira. Sozinhas. Juntas. Na mesma casa. Durante a noite. ― ele sorri maliciosamente e eu apenas reviro os olhos.

― Eu não sugeri dessa forma, só queria que―

― Até pode ter sido, mas foi assim que ela encarou. ― eu congelo.

― Será que ela... ― Harry mantem seu sorrisinho de canto, enquanto mastiga lentamente seu nacho. Eu afundo no sofá, deslizando as mãos em desespero pelo rosto. ― É claro que ela me olhou com uma cara de que pensou isso, mas depois eu expliquei. Quer dizer... eu acho que expliquei. ― faço uma careta, arrancando uma gargalhada alta dele.

― Jeez, Leigh-Anne, você consegue ser bem lenta às vezes!

― Acredite, você não é a primeira pessoa a me dizer isso ― suspiro. ― Afinal de contas, que horas Louis chega?

Harry pisca, resmungando algo desconexo enquanto pega uma garrafinha de suco de laranja e com a outra mão desbloqueia seu celular.

― As cinco?

― Já são cinco e vinte, Harry! ― ele revira os olhos e joga o celular na mesa.

― Então talvez ele esteja atrasado. ― dá de ombros como se não fosse nada demais, mas ele claramente estava incomodado.

― Talvez? ― fito-o com atenção. Ele tomava goles consecutivos de suco como se estivesse distraído com a tarefa, apesar do seus olhos esverdeados pesarem no celular jogado na mesa. ― O.K, vamos lá, diga o que aconteceu. ― limpo os farelos do meu jeans e respiro fundo, olho-o com seriedade.

― Parece que aconteceu alguma? ― abre os braços, sorrindo falsamente.

― Ahm, sim!

Ele ri fraco e joga a garrafa vazia no espaço ao seu lado.

― Acho que você já tem seus dramas demais com sua meia-irmã pra se preocupar com os meus problemas com meu namorado. ― aquilo me faz rir.

― No momento, meus problemas com minha “meia-irmã” estão sob controle. E você sabe que pode contar comigo para qualquer coisa ― ele me olha, logo abrindo um sorrisinho. ― Não é?

― Tudo bem ― senta mais na ponta do sofá, se aproximando um pouco mais de mim. ― Nós tivemos uma briga séria ontem a noite... ― ele me encara, como se esperasse que eu dissesse algo só com aquela informação.

― Vocês já tiveram muitas brigas antes.

― Eu meio que fui um completo idiota dessa vez. Falei muita merda e me arrependi de tudo depois, mas... ― ele bufa, jogando os cabelos para trás e pegando mais um nacho. Enquanto o mastigava, parecia pensar no que dizer em seguida.

― Você é quase sempre um completo idiota.

― Tá legal, Leigh-Anne, você está sendo de muita ajuda! ― eu prendo a risada.

― O.K, o que foi que você fez dessa fez? Fora falar muita merda. ― suspiro, relaxando no sofá.

Focar nem que seja por alguns minutos, nos problemas de Harry afastaria minha mente dos meus problemas com Perrie. Eu precisava pensar um pouco. Pensar nas coisas que disse a ela, nas atitudes que ando tomando. Na situação que estavamos, vivendo na mesma casa, qualquer passo em falso poderia nos meter em sérios problemas.

― Tem esse cara, uh, colega de trabalho dele ― eu reviro os olhos, já sabendo o que viria a seguir. ― Eu sei o que você vai dizer mas, ele obviamente dá em cima do Lou!

― Ai, Harry, isso de novo não!

― Dessa vez eu vi, Leigh-Anne!

― Você disse a mesma coisa da última vez ― me ergo do sofá e recolho as garrafinhas de suco e o pote quase vazio de guacamole. ― E tudo que conseguiu com isso foi fazer Louis pagar um enorme mico no trabalho dele. ― olho-o por sobre o ombro.

― Eu estava irritado, O.K? Ele esqueceu do nosso jantar de namoro−

― Ele ficou preso no trabalho, Harry! ― minhas tentativas falhas de fazê-lo compreender parecem apenas irritá-lo mais.

― O.K então você não acredita em mim. Ótimo. Minha melhor amiga acha que sou algum tipo de paranóico, mas―

― Não é isso, Harry ― respiro fundo. ― Louis ama você, porque é tão difícil acreditar que ele jamais te trairia?!

― O problema não é ele e sim esses caras que ficam o rondando! ― explode. ― Ele apenas não quer ver que parecem uns urubus voando ao seu redor!

― Harry, confie em Louis. Confie que ele não irá―

― Quer saber, não vale a pena brigarmos por isso, O.K. É estupidez. Já estou brigando com meu namorado e não quero ficar de mal com você também, então... ― ele se ergue e vai em direção ao corredor, me deixando sozinha ali.

― Harry! Ei, não me deixe falando com as paredes! Harry! ― eu vou atrás dele, mas antes que eu conseguisse entrar no quarto, a porta é fechada na minha cara.

Fico alguns segundos processando o que acaba de acontecer.

Quer dizer, eu não deveria estar surpresa. A relação daqueles dois nunca foi a mais simples do mundo, não que ganhasse da minha com Perrie, mas conseguia ser bem complicada.

Veja bem, por mais que Harry fosse bonito, ele não via isso. Sempre foi muito inseguro consigo mesmo e, ao conhecer Louis, aquilo só piorou. Louis o amava e deixava isso sempre bem claro, nunca deu motivos para Harry acreditar que ele o traia, mas quando você acha fielmente que existe algo, sua mente acaba te enganando. Harry não acha que merece Louis, pois acredita que não é o suficiente para ele.

Isso soa extremamente familiar, uhu?

Me jogo no sofá e puxo meu celular de dentro da bolsa. Havia algumas mensagens, mas minha mente estava ocupada demais com Harry trancado naquele quarto para eu me dar ao trabalho de prender minha atenção em alguma delas.

― Onde ele está?! ― o garoto entra em casa quase levando a porta consigo. Eu me assusto e guardo meu celular na bolsa.

― No quarto ― me ergo automaticamente. ― Talvez você devesse―

― Eu lido com ele, Leigh, não se preocupe. Nós temos muito o que conversar ― ele me olha uma última vez antes de sumir no corredor. ― Vá para casa descansar!

Solto um suspiro exausto, recolhendo minha bolsa de sobre o sofá. Eu me sentia lidando com uma criança birrenta de cinco anos. Eu entendia um pouco do que se passava na cabeça de Harry, mas eu me perguntava se seu problema não seria um pouco mais... profundo?

-x-

O barulho da porta rangendo assim que entro em casa, é o suficiente para chamar atenção do casal abraçado no sofá. A loira mal ergue a cabeça para me lançar um olhar.

― Filha, por onde andou? ― Debbie se ergue do sofá, caminhando até mim.

― Estava na casa do Harry ― falo, porém meus olhos estavam cravados em Perrie, escrevendo em seu caderno preto. Seu descaso comigo naquele momento me confunde. ― Ahm, vou subir e tomar um banho, tudo bem?

― Claro, depois desça para jogar comigo! ― Alex diz, sorrindo.

― Acho que teremos que deixar pra próxima ― passo por ele, indo em direção as escadas. ― Estou morrendo de dor cabeça. ― sorrio levemente a ele, tentando não soar rude. Ele pisca, surpreso.

É claro que eles vinham percebendo minha estranha mudança de humor, mas naquela altura do campeonato, eu não me importava muito. Antes de desaparecer no topo da escada, lanço um olhar para Perrie ainda na poltrona, realmente concentrada no que fazia.

― Será que fiz alguma coisa...? ― murmuro comigo mesma, entrando em meu quarto.

O desespero começava a me atingir aos poucos. Será que tinha alguma coisa a ver com minha proposta para passarmos aquela semana sozinhas? Mas ela até mesmo havia concordado!

Espero realmente não ter feito nada de errado, pois tudo que eu mais queria agora era poder me agarrar a ela, escondidas em algum lugar.

Jogo meu celular em cima da cama e começo a me despir. Enquanto vou ao banheiro, desbloqueio o aparelho e congelo a centímetros da porta. Havia pelo menos umas dez mensagens de Perrie enviadas durante a tarde. E eu as havia visualizado quando estava na casa do Harry. O significava que ela provavelmente achava que eu havia a ignorado.

Merda.