História I Hate You, but I Think Love You - Capítulo 24: Leigh-Anne

― Você está tremendo?

― Você não? ― ela me encara, arregalando os olhos.

Encosto a porta do quarto e ajeito minha bolsa em meu ombro.

― Não deve ser nada demais. Minha mãe e seu pai adoram um drama. Eles são o casal perfeito. ― ela entrelaça sua mão a minha e não posso evitar abrir um sorrisinho bobo.

― Sabe, você nunca disse isso antes. ― descemos as escadas lentamente, tentando aproveitar ao máximo aquele momento que tínhamos juntas.

― Isso o que?

― Que nossos pais são o casal perfeito. ― explica sorrindo de uma forma adorável.

Paramos no meio da escada, ouvindo Debbie zanzar pela sala de estar murmurando coisas desconexas.

― Ela está procurando esses brincos desde ontem. ― resmunga Perrie, apertando minha mão para logo depois soltá-la.

― Pronta? ― sussurro.

― Depois sou eu a exagerada… ― ela fica na ponta dos pés e beija meus lábios lentamente. Esqueço-me completamente do mundo ao nosso redor. Seguro em sua nuca, trazendo-a para mais perto de mim.

― Onde infernos deixei esse brinco?! Alex! ― Perrie se separa de mim soltando uma risadinha.

Sabíamos que era melhor descermos logo antes que eles resolvessem vir nos chamar. Então eu limpo o canto dos seus lábios sujos pelo meu batom e lhe jogo uma piscadela, murmurando um “perfeito” em seguida. Perrie nega, sorrindo.

Quando enfim entramos na cozinha, mamãe estava procurando seu brinco no pote de frutas, enquanto Alexander fingia estar concentrado em seu jornal.

― Já pensou em procurar no seu carro? ― falo, jogando minha bolsa ao lado da cadeira.

― Ham? ― ela se vira. ― Oh, bom dia meni―

Ela arregala os olhos.

― Meu carro? Não tinha pensado nisso! ― mamãe sai da cozinha correndo, quase tropeçando em minha bolsa.

― Então papai, sobre o que queriam conversar? ― Perrie estava distraída procurando uma torrada menos tostada sobre a mesa. Alexander a olha.

― Quando Debbie voltar nós falaremos. ― ele sorri e seu olhar cai em mim.

Aqueles dois estavam aprontando algo, eu sentia isso.

Mamãe retorna alguns minutos depois sorrindo abertamente e prendendo seu brinco direito na orelha.

― Eles estavam sobre o painel. Obrigada, meu amor ― ela toca em meu ombro e eu lhe retribuo com um sorriso de bolo de cenoura. ― Dormiram bem? ― olha de Perrie para mim.

Vejo a loira congelar e eu prendo a risada.

Veja bem, havíamos passado a noite juntas. Ficamos apenas conversando, seus pervertidos! Não pensem besteira. Então é, havíamos dormido muito bem após algumas horas de conversação aleatória. Perrie acordou um pouco antes de nossos pais levantarem e cambaleou até seu quarto.

― Como um bebê. ― sorrio maliciosamente, mas o casal nem percebe. Sinto o olhar de Perrie me queimando, mas finjo estar distraída com meu café.

― Acho que podemos contar logo, não é querida? Não aguento mais a ansiedade! ― Alex sorri a mamãe que retribui ao gesto igualmente empolgada.

― Lá vem bomba. ― resmunga Perrie.

― Como vocês duas sabem, quinta-feira que vem, Debbie e eu completamos 10 anos de casados. ― mantenho-me neutra, pois ainda não sabia onde aquilo iria dar.

― É mesmo ― Perrie sorri. ― Nossa já faz tento tempo assim? ― o casal sorri e entrelaça a mão sobre a mesa.

― Decidimos que merecíamos uma comemoração especial. ― mamãe fala e me olha, sorrindo ainda mais.

― Como, por sorte, na quarta-feira seria minha convenção empresarial, resolvemos juntar o útil ao agradável.

― Espera. Vocês dois irão viajar juntos? ― me inclino, sem esconder minha surpresa.

O quão perfeito aquilo seria?

― Sim… ― mamãe suspira. ― Eu sei que pra vocês duas vai ser difícil passarem cinco dias sozinhas, mas… ― eu não sabia se por dentro eu soltava fogos de artifício ou eu pulava da minha cadeira e saltitava por toda a casa como uma maluca. ― ...queremos que vocês duas tentem se dar bem, por nós.

― É uma data importante para nós, meninas. Queremos passar juntos e aproveitar. Mas também não queremos ficar preocupados com vocês duas, brigando e destruindo a casa enquanto estamos longe.

Perrie e eu trocamos um longo olhar que não passa despercebido por nossos pais.

― Não se preocupem com a gente ― ela diz, encolhendo os ombros e abrindo um leve sorriso. ― Leigh e eu somos maduras o suficiente para não arranjarmos problemas. ― mamãe afunda na cadeira, surpresa.

― Oh, mesmo?  Não estão zangadas por nós deixarmos vocês duas sozinhas?

― Claro que não, mamãe ― eu rio, pegando mais um pedaço de bolo de cenoura e dando uma enorme mordida, sem evitar o sorriso que jogo a Perrie. Ela evidentemente cora, o que só torna o momento mais cômico.

― Isso é um alívio ― Alexander diz, abrindo um radiante sorriso. ― Acho que vocês duas amadureceram muito nesses últimos dias.

Você não faz ideia.

― Vocês já organizaram tudo? ― pergunto tentando aliviar um pouco a tensão.

― Sim. Já resolvi tudo na empresa e Alex já recebeu as passagens. ― ela sorri abertamente enquanto servia suco em um copo.

― Dessa vez que lugar irá sediar a convenção? ― Perrie pousa o queixo nas mãos e olha para seu pai com curiosidade.

― Paris.

― Vocês vão para Paris?! ― exclamo, sem conseguir esconder minha surpresa.

Mamãe e Alex riem da minha reação, logo Perrie os acompanha. Porque eles não falaram aquilo antes? Eu gostaria de ir para Paris.

― Esqueça, Leigh, eles jamais iriam nos levar junto. ― Perrie sorri me olhando.

Por instantes me esqueço que estávamos a mesa do café com nossos pais e me perco a encarando. Perrie estava radiante naquela manhã e talvez fosse por sabermos que teríamos cinco dias sozinhas, ou talvez fosse apenas porque ela era radiante. Acredito que eu não precisaria de um sol para me aquecer se eu a tivesse por perto.

Ela sorri imperceptivelmente e sei que eu deveria parar de olhá-la, mas não consigo. O azul dos seus olhos prendia os meus. Deuses, tudo nela era perfeito, o tom da sua pele e a forma com que seu cabelo parecia escapar do seu rabo de cavalo, o brilho dos seus olhos refletindo a luz que entrava pela janela.

Acordo do meu transe com meu celular vibrando em meu bolso.

― Filha, já conversamos sobre celular durante as refeições. ― mamãe me repreende, porém não lhe dou muita atenção.

Deslizo a tela de bloqueio, abrindo a mensagem.

desconhecido: hey Leigh-Anne

aqui é Luke

será que podemos conversar?

Ergo o olhar do celular, focando em Perrie que parecia distraída com a conversa entre mamãe e Alex. Como diabos aquele garoto conseguiu meu número? Mais essa agora. Volto-me ao celular e digito uma rápida resposta.

você: e o que você teria para conversar comigo Lucas?

Reviro os olhos e bloqueio o celular, guardando-o em meu bolso.

― Acho melhor irmos indo. ― digo a Perrie que olha de mim para seu relógio de pulso.

― Mas ainda temos meia hora...

― Preciso resolver algumas coisas antes da aula. ― explico. Ela concorda, dando de ombros e se ergue.

― Conversamos melhor à noite. Tenham um bom dia! ― fala Debbie. Nós acenamos ao casal e saímos da cozinha.

― Lucas me mandou uma mensagem agora. Ele quer conversar comigo. ― falo enquanto saímos de casa. Perrie congela na varanda enquanto eu salto os poucos degraus.

― O que você acha que ele quer? ― viro-me para olhá-la.

― O que você acha? ― devolvo a pergunta. Ela olha para o céu, ficando momentaneamente distraída. ― Não se preocupe, daremos um jeito nisso. ― ela então me olha e nós trocamos um sorriso.

― É. Daremos sim.