História I Hate You, but I Think Love You - Capítulo 31: Perrie

Papai andava de um lado para o outro sem parar um segundo. Ele não queria olhar em meus olhos e, eu estava envergonhada demais para fazer isso. Não envergonhada pelo que fiz, mas sim por ele e Debora terem visto.

Eu não estava arrependida de ter me envolvido com Leigh-Anne. Por alguns dias eu havia sido a garota mais feliz do mundo e eles não iriam tirar aquele sentimento de mim, não importa que decisão eles resolvam tomar.

― Aqui querido, beba isso. ― Debbie surge na sala de estar entregando a papai uma xícara de chá. Ele havia vomitado por duas horas seguidas e logo depois havia jogado as malas de Leigh-Anne ao pé da escada, desde então ele andava em círculos pela sala de estar, pegando o telefone do gancho de dois em dois minutos.

― Eu não entendo! ― ele explode, olhando para Debbie com pavor. Eu já estava fraca demais devido às lágrimas para se quer me assustar com isso.

― Como…? Como chegamos a isso, Debbie? ― ele então me olha e vejo o nojo estampado em sua expressão sempre tão amável. ― Onde foi que errei com você?

É claro que aquilo machucou, ,machucou muito, mas ele não precisava saber disso. Eu tomo fôlego para falar, porém Debbie ergue a mão.

― Nem ouse se defender. O que vocês fizeram… ― sua careta de repulsa faz com que eu me encolha em meu lugar no sofá. ― Aquilo não tem explicação.

― Há quanto tempo isso vem acontecendo embaixo do nosso teto? Há quanto tempo vocês duas tem… ― as palavras ficam travadas em sua garganta.

― Papai…

― Não! ― ele grita olhando intensamente em meus olhos. Preferia quando ele não conseguia fazer isso.

Ele nunca havia me tratado assim antes.

― Vocês não entendem. Nós nos―

― Não entendemos? ― repete Debbie em um misto de incredulidade, confusão e nojo. ― E não ouse dizer isso. Vocês duas são irmãs!

― Não! ― explodo sem conseguir me controlar, fazendo os dois se sobressaltarem. ― Nunca fomos irmãs ― falo em tom mais baixo, sentindo as lágrimas alcançarem meus olhos. ― Vocês dois não viam isso? ― minha voz sai falha e embargada. ― Nunca viram que vivíamos em guerra apenas porque éramos estúpidas demais para admitir os a nós mesmas o que sentimos uma pela outras. Porque tínhamos medo do que sentíamos, medo como vocês reagiriam...

Eles pareciam quase… ofendidos.

― Vocês são crianças! ― Debbie diz afastando papai e se pondo a minha frente. ― Não passam de crianças, Perrie. O que vocês acham que irá acontecer? Vocês duas cresceram juntas. Dividiram uma casa, dividiram pais. Vocês são irmãs.

Ela não conseguia entender. Porque ela não conseguia entender…?

Eu nego firmemente e me afasto dela, fungando e secando os olhos com as mangas do casaco. Eu me sentia perdida ali, enfrentando uma guerra sozinha, uma guerra que não era só minha. Penso em Leigh-Anne e se ela estava em segurança em algum lugar. Eu precisava vê-la, precisava dela comigo.

Viro-me para encará-los.

― Sabem o que eu sentia a primeira vez que a vi? ― papai esfrega o rosto, exausto. Debbie parece envelhecer uns dez anos de repente. ― Não a vi como a irmã que iria ter. Eu pensei apenas que... que ela era a garota mais linda que já vi. E durante anos ela foi só a garota do quarto enfrente ao meu que me provocava sensações e eu não era capaz de explicar, afinal eu era apenas uma criança, não é? Eu não entendia das coisas.

― Nós não entraremos nesse assunto com você, Perrie. Não mais.

― É tão difícil assim enxergar que isso não diz respeito a vocês? ― Debbie recua, chocada. ― Nós duas. Leigh-Anne e eu. Nós não dizemos respeito a vocês. Aquilo que vocês viram não diz respeito a vocês.

― Eu não acredito que você está tendo a petulância… ― papai dá um passo a frente.

― Eu não sou mais uma criança! ― grito. ― Eu não posso simplesmente deixar que vocês me tratem como tal. Vocês não vivem entre nós duas. Não sabem como nos sentimos. Não podem simplesmente viver nesse bolha achando que somos “irmãs", quando nós duas nunca se quer agimos como!

― Perrie, suba pro seu quarto. ― rosna Debbie.

― Não.

― Suba. Pro. Seu. Quarto.

― Já disse que não! ― me aproximo dela em passadas longas e tenho quase certeza que a assustei. Tiro meu celular do bolso da sua jaqueta. ― Isso é meu.

Saio dali o mais rápido que consigo sem dar atenção aos “Perrie devolva isso!”, “Você está de castigo. Volte aqui!”, "Eu não sei mais o que fazer com essa garota". Eu só corro escada acima, tentando inutilmente desbloquear meu celular.

Tento ligar para Leigh-Anne enquanto entrava em meu quarto e trancava a porta, escorando-me na madeira e rezando para que ela atendesse o celular.

― Vamos… ― mordo o lábio inferior.

― Perrie?!

― Sim, sou eu ― respiro em alívio, deslizando na porta até sentar no chão. ― É tão bom ouvir a sua voz. ― as lágrimas simplesmente abrem caminho, me fazendo soltar pequenos soluços.

― Pezz? Porque está chorando? PERRIE, O QUE ACONTECEU?

Tento parar de chorar. Eu precisava falar com ela, não era momento para ser a adolescente frágil que todos acreditavam que eu era.

― Leigh, onde você está?

― Na casa do Harry ― ela diz e posso sentir sua confusão na voz. ― Me diz, por favor, o que está havendo? Eles fizeram algo com você?

Nego em um aceno de cabeça, mesmo que ela não pudesse ver.

― Como você está? Está doendo muito?

― Estou bem amor, não se preocupe comigo. Eu quero saber como você está.

Escoro minha cabeça na porta e fecho os olhos.

― Eu estou bem. Eles só… falaram coisas ruins. Não posso dizer que estou surpresa.

― Perrie, eu darei um jeito de ir ver você, prometo. Só não faça nada estúpido até lá.

― Tarde demais. ― rio friamente.

― Como assim? O que você fez?!

Logo os dois parariam de discutir e subiriam atrás de mim para tirar meu celular. Precisava ser rápida.

― Eu não pude deixar que eles falassem tanta besteira. Eu acabei explodindo.

― Você não―

― É eu sei, só piorei tudo. Mas não sou mais uma criança, Leigh. Eles precisam compreender isso!

― Eu sei, amor, mas querendo ou não eles são os adultos responsáveis por você, por enquanto. Me prometa que você irá se controlar até a poeira baixar, O.K? Eles irão fazer algo para manter você longe de mim, mas farei de tudo para impedir que isso aconteça. ― em meio a tudo aquilo, eu consigo abrir um leve sorriso.

― Você irá cuidar de mim?

― Sempre.