História I Hate You, but I Think Love You - Capítulo 07: Perrie

― No que você acha que ela está pensando...?

Ergo meu olhar em direção ao campo de futebol lá embaixo. Sabendo exatamente a que minha melhor amiga se referia, volto-me às animadoras que estavam em uma rodinha conversando despreocupadamente enquanto sua líder estava no banco ao longe, mexendo nos cadarços do seu tênis, aparentemente perdida em pensamentos.

De cenho franzido, encaro Jade que ainda encarava Jesy. Tudo bem, eu entendia o fascínio da minha melhor amiga pela líder de torcida. Jesy era um arraso, mas não via porque esse exagero todo!

― No que vai ter de almoço hoje? ― suponho ouvindo o som gritante que meu estômago fazia. Ela me olha, incrédula.

― Não estrague meus sonhos, Edwards! ― rola os olhos e puxa mais uma bala do saquinho pousado no banco, entre nós duas.

― Desculpe, estou um pouco cansada ― dou de ombros e encaro novamente meu livro com cálculos enormes da minha aula de economia. ― Leigh-Anne não gostou da notícia que papai e Debbie deram hoje, no café da manhã.

Isso parece atiçar a curiosidade de Jade que, pela primeira vez, afasta completamente sua atenção de Jesy.

― Hum, está falando da viagem que mencionou por mensagem? ― pega mais uma bala em formato de ursinho e joga entre seus lábios, sorrindo para mim com travessura.

― Qual é o problema de passarmos o feriado juntos?! ― Não consigo esconder minha frustração. ― Sou tão insuportável assim, poxa? ― fecho meu livro com um baque surdo e o jogo dentro da minha mochila com minha apostila e canetas.

― Você não é chata, Pezz, Leigh-Anne que é. Nunca se esqueça disso ― toca meu ombro e me olha com seriedade, mesmo que no fundo quisesse rir.

Sorrio a ela e solto um suspiro exausto.

Sinceramente, eu já estava farta dos meus dramas com Leigh-Anne. Quando eu finalmente acho que as coisas estão boas entre nós já que passamos algumas horas sem brigar ― até dormimos no mesmo sofá ―, ela faz aquele escândalo a mesa do café. É claro que eu queria ir para o chalé por causa dos meus poemas, mas também queria passar um tempo com ela.

― Acha que devo falar com ela? ― A voz de Jade me desperta dos meus devaneios.

― Oi?

― Estou falando de Jesy ― fala lentamente. ― Acha que devo falar com ela? Quer dizer...

Eu sorrio como uma idiota. Às vezes Jade consegue ser tão fofa! Suas bochechas coravam ao falar de Jesy com esse tom sério. É claro que ela nunca teria coragem de dizer uma única silaba a outra, mas não custava nada sonhar.

Olho em direção a melhor amiga de Leigh que havia largado seu celular sobre a mochila e retornava as suas amigas animadoras com uma expressão de tédio. Jamais iria me cansar das expressões de Jesy. Ela parecia quase sempre de mau humor, séria e com uma aura intocável. As poucas vezes em que a vi sorrindo foram por causa de Leigh-Anne, mas sempre quando estavam na nossa casa, jamais nos corredores da escola.

― Tive uma ideia! ― me ergo rapidamente, puxando minha mochila do chão.

― Que ideia? ― Jade me encara com óbvia curiosidade.

― Vamos lá para casa hoje, após nossas atividades extracurriculares ― sorrio levemente a ela e recebo um olhar ainda mais confuso em resposta. ― Você não quer falar com Jesy? Então, hoje provavelmente ela vá com Leigh embora, quem sabe você...

― Er... mas eu nem-

― Não venha com essa, Jade! ― corto-a.

Seu biquinho de frustração é adorável e acabo rindo da sua cara. Ela se ergue com um suspiro de desistência e assente.

― Tudo bem, mas me prometa que não me abandonará sozinha com aqueles dois monstros! ― Eu disse. Adorável.

― Claro. ― passo por ela, descendo as escadas e seguindo para fora do campo, ouvindo os gritos animados das lideres de torcida, sendo seguidas por Jesy e sua voz rouca e poderosa.

(...)

Que inferno!

― Quando se tornou tão boa em se esconder? ― a voz me faz pular com o susto e encaro a bela negra encostada à parede. Leigh-Anne tinha um sorriso estonteante nos lábios e o mesmo estava dirigido a mim. Solto um rosnadinho e torno e encarar o garoto no final do corredor. Quando acho que ele irá voltar-se a mim, torno a me esconder.

― Porque não acha alguém mais suscetível para você provocar?  ― resmungo a ela que apenas ri.

― Mais que você? ― cruza os braços. ― Impossível.

― Argh!

― Seu namoradinho lhe fez algo? ― se inclina o suficiente para também enxergar Luke.

― Não, eu apenas... Ai, desde quando lhe devo explicações?! ― eu mesma trato de me lembrar desse fato. Tento ignorá-la, mas aquele seu cheiro característico estava bem ali, tão próximo...

― Posso me livrar dele pra você. ― Eu rio em deboche e a encaro. Por um segundo esqueço-me de Luke conversando com seus amigos a alguns metros de nós.  ― Na verdade, será um prazer ― ela resmunga. Seus braços ainda estão cruzados sobre os seios e ela me olha intensamente.

Abro e fecho os lábios várias vezes antes de conseguir formular uma frase lógica e mandá-la se ferrar.

― Sério mesmo, Leigh-Anne, você não tem nada melhor pra fazer, não? ― questiono em um tom controlado.

― Como você é boba, Perrie... ― ela rola os olhos e suspira, desencostando-se da parede e andando até o meio do corredor. Mesmo após ver seu sorriso travesso, percebo tarde demais qual seria seu próximo passo. ― SIM PERRIE, EU JURO QUE NÃO MEXI NAS SUAS COISAS! ― E logo após revirar os olhos e me jogar um sorriso vencedor, me dá as costas, seguindo pelo corredor com aquele seu andar empodeirado.

Saio do meu esconderijo, sabendo que Luke já havia me notado.

― Ei! ― grita e acena, se aproximando em uma rápida corrida. Para a minha frente, depositando um beijo em minha bochecha. Agradeço por não ter sido meus lábios.

― Luke, ei...

― Recebeu minha mensagem? ― franze o cenho.

Porque motivos mesmo eu estaria te ignorando? Ah sim, seu convite descarado por mensagem para irmos em um motel!

― Fiquei sem bateria ― minto e abro um sorrisinho, tentando despistar.

― Oh ― ele coça a nuca. ― Pensei que poderíamos sair depois da escola e... ― Ai, Deus, que ele não peça pessoalmente para irmos pro tal motel! ― podíamos pegar um cinema e depois alugarmos um...

― Você ouviu isso? ― o corto.

― Ahm?

― Isso ― insisto, como se realmente tivesse escutado alguma coisa que não apenas meu pedido interno de socorro. ― Bem, não deve ser nada ― dou de ombros e sorrio a ele. ― De qualquer forma, combinei com a Jade de ficarmos de bobeira lá em casa, então teremos que deixar pra próxima ― fico na ponta dos pés lhe dando um rápido beijo na bochecha e acenando, logo seguindo a passos largos em direção ao auditório do outro lado da escola.

Essa foi por pouco...

Leigh-Anne me paga depois dessa. Farei dessa noite um inferno para ela!