― Você podia parar de encará-las...
Me sobressalto, olhando para Jesy, assustada.
― O quê?
Ela ri fracamente e olha por sobre o ombro, em direção ao interior da casa. De onde estávamos dava para ver perfeitamente Perrie e Jade aos risos na mesa da cozinha. Diabos, eu não conseguia parar de olhar para as duas!
― Tudo bem que tem algo de encantador, mas não precisa babar, Leigh-Anne. ― Rolo os olhos e mexo-me em meu lugar, desconfortável. ― Talvez devêssemos sair ― sugere Jesy, mexendo em seus cabelos de forma despreocupada. ― Melhor do que ficarmos presas aqui com... você sabe.
― Não darei esse gostinho a ela ― digo com firmeza.
― Quantos anos você tem mesmo? Dez? ― Por mais que tentasse me irritar, Jesy sorria abertamente.
Pego impulso na mesa e passo por ela, lhe dando um tapinha e recebendo sua risada deliciosa em resposta. Entro na cozinha, cortando a conversa animada de Perrie e Jade. Sorrio amarelo a elas e me dirijo a geladeira, saindo a caça do meu sorvete de menta.
― Na parte de cima. ― Olho por sobre o ombro em direção a loira de costas para mim. Jade me olhava de esguelha, prendendo a risada. Como ela sabe? Rolo os olhos e encaro o pote verde no topo da geladeira. Pego-o e logo após as colheres.
― Obrigada ― soo seca. Volto a mesa onde Jesy me esperava, mexendo em seu celular.
― Escuta só ― ela diz ao me ver desabar a sua frente. Enquanto destampo o pote e enterro e colher no sorvete, Jesy lê em voz alta o que via em seu celular. ― Sabe me dizer se terminamos? Porque eu venho tentando a uns dois dias falar com ela, mas não a encontro em parte alguma! ― ela me olha rapidamente, sorrindo de canto. ― Sinceramente, estou cansado de esperar por ela, Jes, irei seguir em frente.
― Meu Deus, ele é insuportável até por SMS! Como consegue? ― Jesy solta uma sonora gargalhada o que atrai a atenção das garotas dentro de casa. Eu rio fraco e arqueio uma sobrancelha a Perrie que visivelmente revira os olhos e retorna sua atenção a amiga.
Eu tinha que admitir, fiquei curiosa mais cedo ao ver Perrie se escondendo do Pasqualino. Me deu uma alegria um tanto inesperada. De qualquer meio jeito, acabei complicando as coisas para ela apenas por birra, apenas porque ela não quis me contar o motivo. O que será que aquele babaca havia feito?
― O que você acha da Jade? ― Jesy me encara, obviamente pega de surpresa. Ela franze o cenho e solta o celular sobre a mesa.
― O que eu acho? ― repete, ainda confusa.
― Isso. A acha bonita?
― É. Claro ― encolhe os ombros. ― Algum motivo especifico pra essa pergunta? ― ri levemente.
― Você ficaria com ela? ― Os olhos de Jesy se arregalam e ela parece engolir a seco. ― O quê? Ah, não é uma pergunta tão assustadora assim! Você já ficou com outras garotas antes! ― Ela arregala ainda mais os olhos.
― Fique quieta, Leigh-Anne! ― olha por sobre o ombro, checando para ver se não estávamos sendo ouvidas pela dupla dentro de casa.
― Medrosa ― rio, afundando na cadeira.
― E quanto a você?! Passa metade do dia provocando sua meia-irmã apenas porque não quer admitir a si mesma que sente algo por ela! ― Eu congelo, assassinando Jesy com um frio olhar. Sua risada soa alta e escandalosa, comemorando por ter finalmente me deixado sem fala.
Eu coro violentamente e pigarreio, mexendo-me com desconforto em meu lugar. Idiota.
Ficamos mais alguns minutos ali entre alfinetadas e provocações. Logo as garotas somem pro interior da casa e Jesy sugere que façamos o mesmo já que aos poucos o céu vai se tornando de um cinza escuro e o ar fica com um aroma de tempestade. Concordo, pois já começava a sentir meus braços se arrepiando com o frio.
O silêncio reina no interior da cozinha e acredito que as garotas tenham subido pro quarto. Fecho a porta que leva ao jardim e observo Jesy soltar seu celular na mesa e me encarar.
― Pretender terminar? ― refere-se ao pote de sorvete em minha mão.
― Não ― me dirijo a geladeira e após guardá-lo, fito o céu pela janela, pensando no que poderíamos fazer para matar o tédio. Se eu ao menos conseguisse suportar Perrie e sua amiguinha, podíamos chamá-las para ficar conosco, mas isso não estava nem em questão.
― Está pensando em que? ― Jesy corta meus pensamentos. Ela estava escorada no balcão de mármore com os braços cruzados e os olhos postos em mim. Eu sorrio e dou de ombros.
― O que acha de vermos um filme? ― pergunto indo em direção a sala de estar. Jesy e seus tênis de corrida me seguem. ― Comédia porque não estou no clima pra terror. Vi um filme ontem com Perrie e foi um porre.
― Com Perrie? ― percebo tarde demais o que deixei escapar e ao olhar para Jesy, coro com seu sorrisinho malicioso.
― Eu não aprendo mesmo ― resmungo me atirando no tapete em frente a estante de filmes. ― Quer ver o filme ou-
Uma batida estrondosa soa por toda a casa, cortando-me e fazendo Jesy erguer o olhar, em direção ao teto. As paredes parecem tremer com a música. Que inferno é isso...? Sia? Me ergo do chão e corro até as escadas.
― PERRIE! ABAIXA ISSO! ― grito em direção ao topo, mas a música continua.
Olho para Jesy, sentada no sofá, franzindo o cenho em direção a música vindo do quarto acima de nós. Desde quando Perrie ouvia música nessa altura? Desde quando ela ouvia música? Eu rosno e subo as escadas a passos rápidos e pesados. Paro diante do quarto da loira e bato na porta com força ao ver que estava trancada.
Era impossível ouvir qualquer som dali de dentro. Só se ouvia aquela batida ensurdecedora. Bato novamente na porta e dessa vez ouço algumas vozes antes da porta ser escancarada, revelando uma Perrie sorridente. Passo por ela, esbarrando em seu braço que barrava meu caminho. Desconecto seu iPod da caixa de som e o jogo em Jade deitada na cama.
― Ei!
― Leigh-Anne, não se entra assim no quartos dos outros. ― Eu a encaro e o sorrisinho provocativo que ela me jogava só serve para me irritar ainda mais.
― Você enloqueceu?! ― explodo de raiva.
― O que? Você não gosta de Move Your Body? ― se faz de inocente.
― Qual é o seu...
― Leigh-Anne ― Jesy aparece na porta do quarto. ―, tem um homem lá embaixo ― faz uma careta engraçada.
― Viu só o que você fez! ― repreendo Perrie. ― Os vizinhos vieram reclamar da sua balada diurna! ― Perrie troca um olhar divertido com Jade.
Eu bufo, desistindo daquela garota e passo por Jesy.
― Talvez você devesse acalmá-la um pouco ― ouço Perrie falar, arrancando uma risada de Jade.
― Ou talvez você devesse crescer um pouco ― Jesy rebate o que me traz um sorrisinho vencedor aos lábios. Pelo menos alguém consegue me ajudar com relação àquela garota. Ninguém mais ri e ouço apenas Jesy descendo as escadas atrás de mim.
Congelo ao ver Samuel parado no meio da sala. Olho para Jesy, perguntando de uma forma muda se ela deixaria um estranho qualquer entrar em sua casa enquanto ela estivesse no segundo andar? Ela encolhe os ombros.
― Leigh, que bom vê-la! ― Eu sorrio gentilmente ao homem.
― Alexander não está, Sam ― trato de falar logo. ― Pensei que você soubesse que ele trabalha até mais tarde.
― Oh, sim ― ele sorri e começa a vasculhar os bolsos. ― Na verdade, ela pediu apenas para eu vir trazer as chaves do velho chalé ― sacode as chaves com um daqueles pinheiros com perfume como chaveiro.
Jesy e eu trocamos um olhar.
― Tio Sam! ― Olhamos em direção ao grito empolgado.
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