Duas semanas depois
Manuel estava alheio à reunião dos seus patrocinadores, pensando na ruiva que havia ficado em sua cama, adormecida. Haviam decidido manter o noivado em segredo por algum tempo, até que ambos se ajustassem à ideia.
Manuel sabia que havia sido precipitado e que ambos não estavam prontos para aquele passo tão importante, mas não conseguia evitar o sorriso que brincava em seus lábios ao lembrar daquele momento. Mats lhe deu um cutucão, indicando que ele deveria ao menos fingir que prestava atenção ao que se passava na reunião.
— Nós podemos confirmar a sua presença, senhor Neuer? - perguntou a assistente que anotava tudo o que era discutido em seu iPad.
— Sim. - confirmou ele, com um meio sorriso, imaginando que aquele evento atrasaria um pouco mais a viagem de Tayla. Ele precisava eliminar aquela ideia da cabeça da sua mulher.
— Vou confirmar a da sua acompanhante também! - disse a mulher, saindo da sala de reuniões com seu chefe, e Manuel alargou o sorriso, concordando com a cabeça.
— Você estava meio alheio à tudo isso, estou certo? - perguntou Mario, seu advogado.
— Não estou com cabeça para essas coisas... - justificou Manuel, enquanto os dois se dirigiam para a recepção do prédio.
— Quem te viu, quem te vê, Neuer. - disse o homem mais velho, com um sorriso brincalhão nos lábios.
— Cara, você perdeu a droga do seu celular? - perguntou Mats, chegando num rompante, assustando o loiro, que pegou o seu celular em mãos e verificou que Mats estava berrando com ele por mensagem há alguns minutos.
— O que foi? - quis saber Manuel, guardando o aparelho no bolso — Você quem deu o perdido no fim da reunião e saiu! - disse o loiro, em tom acusatório.
— A Manuela me ligou pra avisar que a Louise está em trabalho de parto e todo mundo está no hospital. - disse o moreno, jogando as chaves do carro para o loiro, que paralisou por alguns instantes.
— A Belinda vai nascer agora? - perguntou Manuel, com os olhos esbugalhados.
— Se você não parar de conversar merda, a gente só vai chegar quando ela já estiver andando. - respondeu Mats, entrando no banco do carona, enquanto Manuel assumia o volante do Audi.
(...)
Manuel encarou seu celular pela milésima vez esperando algum sinal de vida de Tayla e frustrava-se cada vez que verificava e percebia que nem uma mísera mensagem a ruiva havia lhe enviado.
— Você pode fazer o favor de prestar atenção na droga do trânsito? - berrou Mats, após uma buzinada dos carros que também aguardavam no semáforo.
— Ela não me mandou nem sequer uma mensagem. - vociferou Neuer, enquanto Mats revirou os olhos.
— A melhor amiga dela está tendo um bebê, seja menos dramático. - pediu o moreno, impaciente. Manuel estava irritadiço pela viagem de Tayla que se aproximava e, sinceramente, Mats não fazia ideia de como a amiga estava suportando o loiro.
Mats sentia que não sabia de nada.
(...)
— Já nasceu? - perguntou Mats assim que entraram no hospital, que tinha alguns paparazzis na porta, passando reto pela recepção assim que avistaram Tayla e Manuela, que trocavam algumas palavras.
— Não sabemos! - disse a ruiva, apreensiva, ficando tensa assim que avistou o loiro que caminhava calmamente até eles, com uma cara de poucos amigos.
— Alguém poderia me informar do que está acontecendo, por favor? - perguntou o loiro, ignorando a existência da ruiva. Em sua cabeça, quanto mais menosprezasse a noiva antes da viagem, ela desistiria de ir.
— Está tudo bem com vocês? - perguntou Manuela, dirigindo-se a Tayla, que tinha uma das sobrancelhas arqueadas.
Tayla trocou olhares com Manuel, que abriu um sorriso sarcástico para ela, que revirou os olhos.
Quanta infantilidade!
— Eu sei o que você está tentando fazer, Neuer. - acusou a ruiva — Não vai funcionar. - disse ela, levantando-se assim que o médico apareceu na porta.
Manuel atendeu o seu celular e se afastou, sendo seguido pelo olhar abrasador de Tayla. Ele a estava provocando, mas dois poderiam jogar esse jogo.
(...)
Tayla e Mats se entreolharam confusos quando o casal Alonso pediram que os chamassem na recepção, os pais de Lou já haviam voltado do quarto onde estava Louise, Xabi e Belinda, e todos estavam maravilhados com as fotos da pequena. Infelizmente os pais de Xabi ainda não haviam chegado a Munique, o que irritou o ruivo.
— Por que só eu e você? - cochichou Mats, enquanto caminhava pelo corredor com a ruiva em seu encalço — Tay, você está bem? - perguntou ele, parando assim que percebeu a ruiva pálida, respirando com dificuldade.
— Estou um pouco cansada, só isso. - respondeu ela, com um sorriso forçado. Mats deu de ombros e segurou na mão de Tayla, caminhando num ritmo mais lento, para acompanhar a mulher.
— Tay, por que você vai para o México? - quis saber ele, sendo direto, como sempre.
— Meu pai biológico. - respondeu ela, rapidamente — Não quero falar sobre isso. - completou, avistando a porta indicada pela enfermeira.
Mats abriu a porta e entrou no quarto todo afobado, enquanto Tayla entrou nervosa, já que não compreendia mais o que estava acontecendo com seu psicológico.
— Onde está a minha sobrinha? - disse ele, em tom elevado e Xabi o repreendeu com um olhar, enquanto Tayla se dirigia ao pequeno berço hospitalar, onde havia um pequeno anjo, dormindo tranquilamente, e a ruiva sentiu seus olhos marejarem.
— Linda, né? - perguntou Lou, ao perceber a emoção que tomou o rosto de Tayla, que concordou com um aceno de cabeça.
— Parabéns! - disse Tayla, com um sorriso largo, enquanto Mats estava observando a pequena dormir no berço, mal podendo conter suas mãos.
— Vem aqui! - chamou Lou, e Tayla correu para abraçar a amiga, aproveitando para parabenizá-la mais uma vez, enquanto choravam felizes, juntas.
— Meu Deus, Mats! - repreendeu Xabi, interrompendo o momento sentimental, quando viu o moreno cutucando a pequena para que ela acordasse.
— Eu quero vê-la direito! - disse Mats, se justificando.
— Ela nem abriu os olhos ainda... - respondeu Louise com um sorriso, quando foi cumprimentada por Hummels, que logo em seguida abraçou Xabi.
— Vocês merecem tanto! - disse ele, abobalhado com a neném que dormia calmamente.
— Belinda é tão linda! - comentou Tayla, enquanto Xabi sorria orgulhoso.
— Filha de quem é, você esperava o que? - perguntou Xabi, enquanto Tayla revirou os olhos. Nem mesmo um momento como aquele diminuía o ego do Alonso.
— Parabéns pra você também. - rebateu Tayla, enquanto o abraçava, e ele riu.
— A gente tem um convite para vocês dois! - disse Lou, animada, e Xabi segurou na mão da esposa.
— De babá? Eu super aceito! - disse Tayla, batendo palminhas.
— Cala a boca, Herrera. - disse Mats, mandão e Tayla deu o dedo do meio ao moreno, enquanto Lou revirava os olhos para a atitude infantil dos dois.
— Gente, nós queremos que vocês dois sejam os padrinhos da nossa princesa! - pediu Lou, com um sorriso nervoso, enquanto Xabi gargalhou da cara de susto dos dois, que se entreolharam e começaram a chorar, se abraçando.
Chegava a ser cômico.
— Eu não acredito! - berrou Tayla, indo em direção à Louise, que estava meio sentada sobre a cama, e abraçou a amiga com cuidado.
— Meu Deus, Tay! - repreendeu Lou — Você tinha dúvidas de que seria você? - quis saber ela, com um sorriso enorme, não conseguindo se controlar com a emoção da ruiva.
— Eu não tinha pensado sobre isso, pra ser sincera... - respondeu Tayla, envergonhada.
Tayla estava imensamente feliz por saber que Lou e Xabi estavam confiando a ela e Mats a missão de cuidar de sua pequena princesa em sua ausência.
Xabi retirou Belinda do berço, que tinha começado a chorar desesperadamente, enquanto Tayla olhava da criança para Louise, num misto de encantamento e preocupação. Lou ajustou a pequena ao seu colo, enquanto Xabi a ajudava com sua camisola, folgando-a para que ela pudesse amamentar o pequeno embrulho que se esgoelava de fome.
Tayla teve um vislumbre melhor da pequena neném, que era um tanto cumprida, mas não muito gordinha. A criança tinha a pele clara, porém estava avermelhada do parto e cabelos escuros. Belinda tinha muito cabelo para um bebê recém-nascido, e Tayla mal pôde conter a vontade de apertar as bochechas avermelhadas dela.
— Eu posso? - pediu Tayla, depois que Xabi havia colocado Belinda para arrotar, e ele concordou com um aceno, para a alegria da ruiva.
Tayla sentou-se na poltrona, e sentiu seu coração acelerado pelo nervosismo e ansiedade de ter sua pequena afilhada em seus braços pela primeira vez.
(...)
Manuel estava impaciente na recepção. Estava sozinho com os pais de Louise, que conversavam entre si e Manuela, que estava em silêncio, observando o nada.
— Você deveria parar de ser imbecil, sabe... - disse Manuela, alfinetando o loiro, que a encarou.
— Por que está me chamando de imbecil? - perguntou ele, sentando-se ao lado dela.
— Você deveria parar de jogar com a Tayla. - comentou ela — Isso é bem infantil da parte de vocês. - disse, encarando a porta que abria e Mats voltava, correndo para os braços da amada.
— Ela é linda, Manu! - disse ele, envolvendo a namorada numa abraço apertado e beijando seus lábios rapidamente, sendo interrompido por Manuel, que pigarreou alto.
— A gente já pode ver? - perguntou o loiro, sentindo-se deslocado e envergonhado por estar atrapalhando.
— Você pode ir, a Manuela vai me acompanhar até o refeitório. - respondeu Mats, envolvendo a cintura da mulher ao seu lado, sumindo das vistas de Manuel.
(...)
— Olha, eu agradeço muito por esse momento! - disse Tayla, em meio a sorrisos e soluços — Deus sabe como eu estou feliz! - continuou, parando para puxar o fôlego — Eu vou fazer o impossível para vê-la feliz, eu prometo! - completou, envolvendo Belinda em seus braços, enquanto sentia seu coração vibrar de felicidade.
— Você não poderia ter feito uma escolha melhor, amor. - sussurrou Xabi, rendendo-se ao momento.
— Eu te falei! - respondeu Louise, sendo abraçada pelo marido, que depositou um beijo leve nos lábios cheios da morena.
(...)
Manuel bateu a porta tão leve e relutante que não foi ouvido, mas resolveu entrar mesmo assim.
Deparou-se com Tayla sentada numa poltrona cinza, com um pequeno embrulho no colo, que ele deduziu ser Belinda.
Sua noiva tinha o rosto lavado por lágrimas, mas tinha um sorriso imenso nos lábios, e aquilo lhe fez sorrir. Vê-la feliz o fazia mais feliz que qualquer coisa no mundo. Ele sabia que aquele era o maior desejo dela, ele daria tudo para que pudesse realizar aquele sonho, mas não se culpava por não ser possível. A pessoa a quem ele atribuía a culpa estava sendo o motivo de discussões intermináveis entre o casal, e aquilo só o fazia odiar cada vez mais.
— Hey, Manuel! - cumprimentou Louise, com um sorriso, ao perceber a presença dele.
— Parabéns gente! - disse ele, abraçando Xabi, dando tapinhas em suas costas, e beijou a testa de Louise, indo em direção à Tayla que ainda tinha o bebê no colo, para ver Belinda pela primeira vez.
(...)
— Você vai ficar bem? - perguntou Tayla, preocupada com Louise, que passaria a noite acompanhada do marido, das enfermeiras e seus pais. Tinha muita gente ali.
— Tayla, eu vou ficar bem, vai logo. - mandou Louise, fazendo cara feia, porque já fazia meia-hora que Tayla estava para ir embora, mas não queria.
— A Belinda vai ficar bem também, né? - perguntou a ruiva, indo até o berço, verificando a pequena, que ressonava baixinho.
— Por Deus, você volta amanhã! - disse Louise, revirando os olhos, com um meio sorriso nos lábios.
— Eu vou, mas qualquer coisa, me liga! - pediu ela, se despedindo do casal, e soltando beijos no ar para a mãe de Louise, que ria da cena.
— Eu quero ser pai, sabe... - comentava Manuel com Mats, sem perceber a aproximação da noiva.
— Eu não acho que seja o momento para falar disso, Manuel. - disse Mats, encarando a amiga, que tinha uma expressão indecifrável no rosto, e Manuel arrependeu-se amargamente do comentário inoportuno quando acompanhou o olhar de Mats e viu Tayla.
— Você pode me deixar em casa, Mats? - pediu Tayla, enquanto Manuela gesticulava que não para o namorado, lembrando-o da conversa dos dois no café.
— Vocês deveriam conversar. - disse o moreno — Saiam para conversar, se ainda quiser que eu vá te deixar em casa depois, farei isso. - justificou ele, e Tayla bufou.
— Se não quer me dar a porcaria da carona, tudo bem. - rebateu a ruiva, ácida.
Alguém havia despertado a fúria de Tayla, e Mats sabia que não havia sido ele. A mulher estralou os dedos em sinal de nervosismo, enquanto Manuel coçou os cabelos.
— Por que você não conta a eles, hein? - perguntou Manuel, perdendo a paciência com a ruiva.
— Contar o que? - perguntou Manuela, preocupada, olhando de Tayla para Manuel.
— Não é da conta de vocês, nenhum de vocês. - disse Tayla, saindo pela porta principal, arrependendo-se logo que flashes a cegaram.
Ela que era sempre tão simpática com os paparazzi e com os fãs, não conseguiu atendê-los nas condições que estava. Sentiu uma náusea forte tomar conta de si e tremeu.
Avistou um ponto de táxi e rumou para lá, dando apenas um aceno para aqueles que estavam ali, aguardando qualquer que fosse a informação que os Alonso dariam para a mídia depois.
(...)
O celular da ruiva vibrava violentamente no seu bolso traseiro e ela praguejou baixinho ao ver o número de ligações perdidas de June. Atendeu no toque seguinte, respirando fundo.
— Oi June. - disse a ruiva, prendendo o celular na curva do seu pescoço, enquanto Tayla revirava sua bolsa, a procura de sua carteira, e o taxista insistia por um endereço, já que ela havia entrado e tinha dito que a tirasse dali o mais rápido possível.
Geralmente quando não sabia o que fazer, corria para os braços de Manuel, e ultimamente ele estava sendo tudo o que ela tinha.
Mas Tayla não havia pensado na possibilidade de um dia perdê-lo, principalmente, por algo tão estúpido.
— Você está bem? - perguntou June, depois de alguns minutos de silêncio.
— Você não me ligou para me perguntar isso. - acusou Tayla — Vá direto ao ponto. - pediu.
— Sei que não é o melhor momento, mas nós precisamos antecipar a nossa ida ao México. - disse June, deixando Tayla desconcertada.
— Por que? - perguntou a ruiva, sentindo seu coração bombear o sangue mais rápido.
— O senhor Hernandez está morrendo. - disse June, pesarosa.
— Me encontre no aeroporto em uma hora. - disse Tayla, absorvendo a informação é principalmente, o significado dela. Passou o endereço da casa de Manuel para o taxista, enquanto fazia a compra das passagens on-line.
Tayla não queria ir embora sem se resolver com Manuel. Ela odiava não ter o apoio do homem que amava nas suas escolhas. Ela sabia que precisava colocar um ponto final naquela história e não seria Manuel que a impediria de fazê-lo.
Tayla não era submissa as vontades do noivo, e estava na hora de ele saber disso.
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