História I love you - Capítulo Único

- Não, Hinata! – ele me interrompeu pela décima vez – Preste atenção. – ordenou, irritado.

Ele baixou os olhos para o braço do violão e dedilhou as cordas; dois toques ritmados na corda mi, apertou a primeira casa da corda, segunda casa, corda lá, segunda casa corda mi, corda lá... Ele era muito bom naquilo, bom demais para ensinar, rápido demais.

Ele sorriu enquanto se empolgava, continuando a musica, balançando a cabeça. Ele sempre entreabria os lábios quando se concentrava demais e seu cabelo preto sempre caia sobre os olhos, contrastando com a pele clara, mas combinando perfeitamente com as olheiras claras e os olhos de ônix. Ele tinha tantas expressões bonitas...

- Entendeu? – perguntou depois de terminar toda a introdução.

Eu pisquei para acordar dos meus devaneios.

- Ah! – sorri – Entendi. – menti.

Ele arqueou uma sobrancelha, desconfiado.

- Vá em frente, então. – gesticulou para o violão no meu colo.

Eu apertei os lábios e ajeitei o violão, preparando meus dedos. Estava pronta para errar de novo quando o celular dele começou a tocar. Eu ergui os olhos para ele enquanto ele se esticava para pegar o telefone no outro canto do sofá.

- Salva pelo gongo. – ele brincou antes de atender.

Ele olhou o visor por um segundo e clicou, levando o fone ao ouvido enquanto os dedos longos da mão esquerda passeavam pelo braço do violão, fazendo dedilhados mudos e acordes rápidos por todo ele.

- Hei? – ele atendeu, distraído, brincando com o violão.

Sua expressão estava tranquila, desinteressada, como sempre, então ele congelou.

- Sério? – abriu um de seus melhores sorrisos – Está falando sério? – ele riu, pondo o violão de lado e se levantou – É uma ótima noticia. – ele se afastou para a cozinha.

Suspirei, ajeitando o violão e toquei o primeiro acorde da minha composição mais recente.

- La-la lala-lala... – cantarolei baixinho enquanto tocava – La-la lala-lala...

Ele voltou e se sentou no sofá à minha frente de novo, com aquele seu sorriso lindo no rosto, aquela expressão vitoriosa... Ele era tão bonito... Com seus cabelos bagunçados, suas calças pretas, as camisetas eram sempre de alguma banda.

- I like your smile... I like your vibe... I like your style... – cantei baixo enquanto tocava, com os olhos fixos nas cordas – But that’s not why I love you... – ergui os olhos para ele, mas ele estava ocupado demais, sorrindo para qualquer coisa no celular – And I... I like the way you’re such a star... – sorri para mim mesma e baixei os olhos para o violão – and that’s not why I love you... Hey...

 

Eu gosto do seu sorriso... Gosto da sua energia... gosto do seu estilo...

Mas não é por isso que eu amo você.

E eu... Eu gosto da maneira como você é uma estrela...

Mas não é por isso que eu amo você...

 

- Hinata! – ele me interrompeu de repente.

Eu parei, batendo a mão nas cordas para pará-las e olhei para ele.

- O que foi? – coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha.

Ele sorriu.

- Vamos tocar hoje à noite! No Noon’s! – contou, animado – Sakura me ligou avisando... – ele recostou no sofá – Nem acredito que ela conseguiu isso...

Apertei os lábios.

- Sakura...?

- Sakura! – riu – Inacreditável, né?

Dedilhei as cordas, nervosa.

- Você tem ficado bem próximo dela... – observei sem coragem para encará-lo.

- Ela é uma amiga. – ele disse simplesmente.

Suspirei e olhei para ele.

- Sabe que ela tem uma paixonite por você desde o colégio, não sabe? – estreitei os olhos.

Ele deu de ombros.

- E daí?

Corei.

- Você está enchendo a garota com esperanças! – protestei.

Ele estendeu o braço pelo encosto do sofá, cruzou as pernas e sorriu, aquele sorriso arrogante que sempre me irritava.

- Eu não estou fazendo nada. – se defendeu – Se ela está criando esperanças, está criando-as por conta própria. – descruzou as pernas e remexeu nos bolsos, tirando o maço de cigarros – E não é problema meu. – escolheu um.

- Já disse que não devia fumar.

Ele bufou, revirando os olhos com o cigarro entre os lábios e se levantou.

- Eu já estava de saída mesmo. – pegou seu casaco no braço do sofá e foi até a porta – Nos vemos mais tarde? – quis saber – No Noon’s?

Apertei os lábios numa linha rígida, sentindo o coração apertar e as lágrimas arderem nos meus olhos e balancei a cabeça negativamente.

Ele suspirou em resposta e a porta bateu atrás de mim.

Suspirei.

- Hey... – retomei a canção sentindo uma lagrima escapar do canto do olho – Do you feel... do ou feel me? Do you feel what I feel too? Do... do you need... do you need me? Do you need me-ê-ê...

Parei. Interrompida pela bola na minha garganta e deixei as lágrimas virem.

 

Hey...

Você sente? Você me sente?

Você sente o que eu sinto também?

Você... Você precisa... Você precisa de mim? Você precisa de mim?

 

Alguém estava batendo insistentemente na porta, como se quisesse derrubá-la.

Uni as sobrancelhas e resmunguei, abrindo os olhos duros para a escuridão, me esticando na cama, enroscando as pernas nos lençóis finos. Respirei fundo e alcancei o celular de baixo do travesseiro; quatro da manhã.

Fiz uma careta enquanto alguém continuava batendo na porta, tocando a campainha sem parar.

Me sentei com um suspiro e arrastei os pés descalços pelo apartamento até a sala escura, parando na porta e ficando na ponta dos pés para espiar o olho mágico. E lá estava ele; cambaleante, apertando a campainha sem parar, com uma garrafa na mão.

Meu coração pulou uma batida quando girei a chave e abri a porta.

- Sasuke.

Ele apontou o dedo tremulo pra mim.

- Você. – disse – Você me estraga. – reclamou e passou por mim, entrando no apartamento – Vamos beber! – disse, indo para a cozinha – Como nos velhos tempos, Hina, quando você era uma garota legal! – gritou do outro cômodo.

Eu tranquei a porta e revirei os olhos.

- O que aconteceu, Sasuke? – fui atrás dele.

Ele me encontrou na cozinha e estendeu uma taça de vinho rose, me obrigando a segurá-la antes de me puxar de volta para a sala e se jogar no sofá, tomando um longo gole de sua garrafa.

- Sente aí. – ordenou apontando o sofá com a garrafa quando viu que eu ainda estava de pé.

Eu suspirei e me sentei na mesinha de centro, de frente para ele, pondo a taça de lado.

- O que aconteceu, Sasuke? – perguntei, séria.

Ele respirou fundo e se sentou, soltando o ar lentamente, pondo a garrafa no chão, olhando diretamente nos meus olhos.

- O que aconteceu, Hinata? – perguntou cansado – Por que não apareceu lá?

Baixei os olhos.

- Eu disse que não ia. – resmunguei.

Ele suspirou e encostou sua cabeça na minha.

- Houve uma época em que nós nos divertíamos juntos... – ele disse – Foi no seu primeiro ano de faculdade... Eu não sei o que mudou de lá pra cá...

Eu ergui os olhos no mesmo momento em que ele ergueu os dele, nossos narizes quase se tocavam naquela distancia.

Corei e, num reflexo imediato, me afastei e me levantei.

- N-n-não aconteceu nada! – quase gritei de nervosismo e peguei a taça de rose – Nada! – me virei para ele – Vamos beber então, como nos velhos tempos! – tomei um gole longo.

Ele me fitou por um momento, ponderando, então se levantou, desviando os olhos, procurando nos bolsos.

- Preciso de um cigarro. – disse indo em direção à porta.

Eu agarrei sua camiseta e ele olhou para mim, desafiador.

- Você... pode fumar na varanda... – sugeri, libertando-o.

Ele sorriu torto, seu sorriso irritante que o deixava ainda mais bonito. Se aproximou de mim, cambaleante, até que nossos narizes quase se tocassem de novo, olhando dentro dos meus olhos, para o meu rosto e, então, para os meus lábios. Seus olhos se estreitaram e ele engoliu em seco e cambaleou para cima de mim, me fazendo recuar, pondo a mão do lado na minha cabeça.

- Você é extremamente bonita. – sussurrou e se afastou, sorrindo pra mim enquanto eu sentia meu rosto arder – Você é minha melhor amiga. – bagunçou meus cabelos e passou por mim, em direção à varanda – AH! – gritou de lá – Eu adoro o ar da noite! – gritou, fazendo os vizinhos protestarem.

Eu suspirei, sentando no sofá, machucada e exausta. Olhei para a taça de vinho, ponderando, então estralei a língua e a esvaziei num gole.

Sasuke começou a cantarolar alguma coisa na varanda e eu olhei na direção dele enquanto ele tocava uma guitarra imaginaria, sorri para mim mesma e baixei os olhos para a taça vazia e para o violão no outro sofá.

Me estiquei para pegar o instrumento, o ajeitei no meu colo depois de encher a taça com o que quer que fosse que Sasuke estava tomando na garrafa que deixou no chão. Tomei um gole, sentindo a garganta queimar e bati os acordes de onde tinha parado antes.

- You’re so beautiful... – cantei baixo, me encostando no sofá - but that’s not why I love you... I’m not sure you know... – ele se sentou no sofá da frente e eu hesitei um segundo - that the reason I love you is you... – meus olhos encontraram os dele - being you... just you... – baixei os olhos para o violão - the reason I love you is all that we’ve been through... And that’s why I love you... – sorri para mim mesma enquanto as expressões dele passavam pela minha cabeça – La-la... lala-lala... La-la... lala-lala...

 

Você é tão bonito...

Mas não é por isso que eu amo você...

Eu não tenho certeza se você sabe... que a razão para eu te amar é você...

Sendo você... Apenas você...

A razão porquê eu te amo é por tudo que nós já passamos...

E é por isso que eu amo você.

 

- Gosto dessa. – ele me interrompeu – É nova? – perguntou, calmo e sóbrio.

Eu bebi mais um gole da taça, apesar da queimação horrível que produzia.

- É nova. – assenti, pondo o violão de lado – Eu escrevi recentemente... Ainda estou compondo a melodia...

- É muito boa. – ele baixou os olhos por um momento, como se pensasse sobre o que diria a seguir, então, ergueu os olhos e me encarou – Naruto vai gostar quando mostrar pra ele.

- Naruto? – uni as sobrancelhas.

- Você gosta dele não é? – ele sorriu torto, malicioso.

Senti meu maxilar enrijecer e meus olhos se estreitarem perigosamente contra a minha vontade, mesmo assim, bebi mais um gole e sorri.

- Não. – disse o mais casualmente que consegui – Eu não gosto dele.

Sasuke se levantou e veio se jogar ao meu lado no sofá.

- Qual é, Hina! Você não precisa esconder de mim... – bagunçou meus cabelos – Somos melhores amigos... e Sakura... – ele parou de falar quando agarrei a gola de sua camiseta.

- É você. – eu disse olhando nos seus olhos, sentindo meu rosto arder de vergonha.

Os olhos arregalados dele se fecharam e ele sorriu antes de voltar a abri-los e me encarar.

- Saura me disse que era Naruto. – ele completou.

Eu apertei os lábios e soltei sua camiseta, baixando os olhos.

- É você. – repeti.

Ele segurou minha mão antes que eu a recolhesse.

- Diga de novo. – exigiu.

Eu olhei para ele, para o seu sorriso e sorri de volta.

- A pessoa que eu amo... – comecei – É você.

O sorriso dele se alargou e ele segurou meu rosto com uma mão.

- Mais uma vez. – pediu.

Eu ri.

- Você é surdo, ou o quê?

- Diga, Hinata. – Ele uniu as sobrancelhas, irritado.

Revirei os olhos e passei os dedos por seus cabelos pretos, tocando seus lábios com o polegar, aproximando nossos rostos.

- Eu amo você, Sasuke. – sussurrei contra seus lábios.

E ele me beijou, pressionando nossos lábios com urgência.

Eu contive um riso e joguei meus braços ao redor de seu pescoço, correspondendo seu beijo enquanto ele se levantava sobre mim, me obrigando a me deitar sob ele no sofá.

- Diga de novo. – ele pediu rouco quando separou nossos lábios, descendo por meu pescoço.

Suspirei de prazer.

- Eu amo você. – sussurrei.

- De novo. – ele roçou os lábios pelo meu peito.

Gemi quando ele me beijou.

- Eu amo você, Sasuke.

Ele suspirou de prazer.

- É a melhor coisa que já ouvi em toda minha vida. – confessou.

Eu agarrei seus cabelos.

- Então me responda. – exigi.

Ele sorriu torto.

- É óbvio.

- Diga mesmo assim. – retruquei.

Ele riu baixinho e beijou minha orelha.

- Eu amo você, Hinata.