História I Love You, Idiot Elf! - Boa ou Não, Conversa é Solução

Olhando para cada face fria dos rapazes que continuavam a se encarar a garota se pôs entre eles os afastando temendo que alguma discussão acontecesse, era evidente o clima pesado, Ezarel se aproximou novamente pondo a mão no ombro da mesma sem desviar o olhar gélido de Leiftan que ainda se encontrava em estado de choque.

- Foi bem isso que escutou, meu caro. - prosseguiu Ezarel sem alterar o tom de voz - A humana e eu estamos namorando e em breve seremos casados.

Desviando o olhar do elfo por alguns instantes o Vice-Líder passou a encarar Lua, como se buscasse confirmação por parte da mesma.

- É verdade, faz alguns dias que começamos nossa relação. Você estava em missão por isso não soube. - sem saber o porque de estar tão incomodada a faeliana abaixou a cabeça sentindo os olhos esmeraldas de Leiftan queimarem sobre ela.

- Se é assim desejo felicidades ao casal. - disse por fim o rapaz onde sem esperar pelo agradecimento de ambas as partes caminhou para longe dalí. Lua suspirou alto completamente decepcionada, queria saber o que ele iria lhe dizer antes, gostava muito de Leiftan embora tivesse a certeza que ele estava irritado no momento. Mas por que? 

- Você não deveria ficar passeando por aí sozinha, qualquer um pode se aproveitar disso, ainda mais quando todos sabem que estamos juntos. - voltando-se para trás a garota percebeu a face irritada do alquimista embora seu tom de voz continuasse indiferente, dando de ombros se afastou um pouco do mesmo pegando Azul no colo que no momento voltará com o pedaço de madeira na boca. 

- Eu estou dentro da Fortaleza, não tem perigo. Agora se me da licença preciso conversar com uma pessoa. Até breve. - caminhando em passos rápidos sem esperar pela resposta de Ezarel a moça adentrou o QG procurando por alguém em particular, sabia que ele estaria em apenas um lugar aparente: As Forjas. Adentrando o local sem receio notou o guerreiro de cabelos platinados arrumando um baú de espadas onde assim que percebeu que alguém o observava virou-se para o lado surpreso ao vê-la parada na porta. - Eu incomodo?

- Imagina, entre. - Valkyon se levantou limpando as mãos num pano qualquer antes de indicar com um aceno para a mesma se aproximar - O que deseja?

- Eu... - as palavras fugiram de sua boca deixando-na ainda mais nervosa, era incrível a diferença de tamanho entre ambos. Sem escolha decidiu entrar logo no assunto: - Eu queria saber se está irritado comigo. Digo, faz muito tempo que você tem ficado meio distante de mim e queria saber o motivo, fiz algo de errado ou que te magoou?

O rapaz não deixou de ficar surpreso com a pergunta, por alguns segundos não respondeu nada antes de cruzar os braços sob o corpo suado provocado pelo calor do recinto.

- Eu que deveria fazer essa pergunta, fiz algo que te irritou? Desde aquele ocorrido na cozinha você ficou distante, pensei que era por causa disso e que você não havia me perdoado. - recordando-se do dia em que quase o beijará antes de Karuto os interromper fez suas bochechas queimarem em vergonha, nunca agradecerá tanto a alguém quanto ao Chefe naquele dia.

- Oh não, eu praticamentente nem me lembro daquilo, e outra, não fiquei brava apenas envergonhada demais. A culpa é minha, eu deveria ter conversado com você antes sobre isso, me desculpe mesmo. - abaixando o rosto corado a moça se repreendeu mentalmente pela enorme estupidez, deveria ter adivinhado que aquela história traria problemas cedo ou tarde. Sorrindo tímidamente o guerreiro levou uma das mãos ao topo de sua cabeça acariciando seus cabelos de maneira gentil.

- Me pêrdoe também, fico feliz que tenha vindo esclarecer comigo. Você é uma boa amiga, Lua. - a garota retríbuiu o sorriso satisfeita pelo assunto encerrado, pelo menos sua amizade com ele estava intacta.

- E antes que eu me esqueça, tome. - pegando do baú uma pequena adaga entregou-lhe em suas mãos recebendo um olhar confuso da parte dela. - Soube que você perdeu o punhal que eu te dei então fiz questão de providenciar outra arma. Em tempos de guerra é bom garantir a segurança.

- Eu nem me lembro de como perdi meu punhal, ainda sim, obrigada. - confessou ela percorrendo o lugar com os olhos curiosos - A propósito, por que tantas armas?

- Não sabemos se o feitiço de Encantia irá funcionar, por isso Miiko pediu que novas armas fossem forjadas o quanto antes para o caso de alguma coisa dar errada. 

- A pedra Europa está segura?

- Está sim, coloquei quatro guardas para garantir sua proteção. 

- Sobre isso eu... - antes que pudesse completar a frase um soldado adentrou o recinto atraíndo a atenção do Líder da Guarda Obsidiana, sem opção a jovem despediu-se dos dois se dirigindo para seu quarto. Sabia que Valkyon era um dos mais atarefados e quase não tinha tempo para ver outras coisas que não fossem de responsabilidade de seu cargo, ainda sim sentia-se feliz por ter esclarecido as coisas.

***

- As coisas tem ficado tão tensas por aqui, não é? Faltam quinze dias para a Lua Cheia e todo mundo está correndo por aí cheios de afazeres, até a Ykhar está correndo de um lado para o outro. - suspirou a albina enquanto colocava outro livro na estante, Kero havia saído e por conta disso pedirá a mesma para ficar cuidando da Biblioteca até que voltasse.

- Menos eu. - confessou Alajéa envergonhada - Ezarel me proibiu de entrar no Laboratório desde quando estraguei duas porções de Asas de Farien, isso sem contar que os outros membros da Guarda Absinto não me querem por perto... Obrigada por me deixar te ajudar, Lua.

A faeliana sorriu amigavelmente, embora não confiasse plenamente nela não deixava de sentir pena devido ao seu jeito desastrado onde muitos não gostavam dela por conta disso, era quase como quando chegará em Eldarya. Confiança foi uma das coisas que mais lutará para conseguir dos outros.

- Mas e você? - indagou a sereia tirando-na de seus devaneios - Pensei que estaria ajudando a Guarda, afinal você é namorada do "Chefe da Absinto".

- Acontece que o Ezarel está cheio de tarefas assim como os outros e não tem tempo para agir como um "namorado", ele não é exatamente alguém amoroso e sendo um Líder precisa estar a parte de todos os acontecimentos, por isso decidi não incomodá-lo, ser namorada dele não quer dizer que eu terei privilégios nem o direito de importuná-lo em momentos importantes. 

- Uau, você realmente se importa com ele. Gostei de sua atitude, quem derá se eu fosse assim, estaria feita na vida. - ambas riram continuando a conversa, sem que percebecem as horas foram passando depressa até o momento em que terminaram tudo o que tinham para fazer. - Finalmente acabamos, gostaria de ir tomar algo comigo? Podemos pedir ao Karuto alguma bebida diversa.

- Pode ir na frente, vou esperar o Keroshane chegar e logo irei. - sugeriu a albina tirando alguns vestígios de poeira na estante próxima de si, Alajéa assentiu saíndo da Biblioteca animadamente. Enquanto subia nas escadas para alcançar os livros maiores e repassar o pano pela décima vez neles a garota não ouviu a porta do recinto se abrir suavimente revelando a figura esbelta de Leiftan.

- Com licença, Kero. Vim pegar aquele livro que reservei antes. - recebendo um susto repentino a moça se desequilibrou do degrau onde estava se inclinando para trás violentamente, num reflexo anormal Leiftan correu para debaixo das escadas segurando bem a tempo a garota em seus braços, onde com certeza cairia feio no chão. Engasgando com o ar devido a aproximação do mesmo Lua se debateu saíndo rapidamente de seu colo, sorte que Alajéa não estava mais ali. - Você está bem? Se machucou?

Enrubescendo devido ao olhos esmeraldas que a observavam de cima a baixo procurando por ferimentos fez a mesma pigarrear, agradecendo e confirmando que estava bem.

- Me desculpe por assustá-la, não pensei que estivesse aqui. - garantiu o loiro colocando as mãos na cintura - A propósito, onde está Kero?

- Ele precisou sair e pediu que eu ficasse cuidando da Biblioteca, precisa de alguma coisa?

- Apenas isto. - pegando um livro marrom da prateleira debaixo o mesmo colocou-o escondido sob seu casaco, sem dar oportunidade para a jovem ler o título ou sequer ver seu tamanho e formato. - Eu preciso ir agora, até logo. 

- Espera! - gritou Lua fazendo-no parar na porta - O que queria me dizer logo cedo? 

O rapaz sorriu.

- Nada não, apenas que sua companhia me agrada. - sem o convencimento a faeliana abriu a boca para retrucar quando o loiro tomou a frente, desta vez com uma expressão gélida e inexpressiva no rosto. - Tome cuidado com o Ezarel, ele pode não ser o que diz nem o que mostra.

Sem chance de perguntar o que significava aquilo o Vice-Líder saiu do recinto rapidamente deixando uma garota confusa para trás. Balançando a cabeça para tirar as dúvidas a albina correu até a mesa de anotações verificando nas enormes cadernetas os nomes e lugares de todos os livros da Biblioteca, depois de alguns minutos finalmente achou o que faltava na prateleira debaixo.

"Como Arruinar Feitiços de Proteção".

***

A noite estava limpa e livre de qualquer nuvem que pudesse ofuscar o brilho das estrelas, a Lua no alto do céu distribuía seus raios prateados sobre toda a Fortaleza de Eel dando-lhe um aspecto mágico e fúnebre ao mesmo tempo, todos já estavam recolhidos em suas camas devido ao longo dia de trabalho, contudo, ocultos numa sacada próxima dos quartos um elfo e uma humana permaneciam deitados observando as estrelas juntos. 

- São lindas, não são? - murmurou a moça de cabelos brancos antes de escostar a cabeça no peito de Ezarel que apenas deu de ombros, acostumado com os toques da amada. - Acho incrível o fato delas serem as mesmas tanto em Eldarya quanto no meu mundo. É como se eu estivesse em casa novamente.

- Embora eu seja mais incrível tenho que concordar. - brincou ele arrancando um sorriso da jovem. - Ainda deseja voltar para casa?

A pergunta pegou-a de surpresa. Não sabia o que responder.

- Eu não sei... - suspirou entristecida - Sinto saudades dos meus pais, dos meus amigos.

- Você tem amigos aqui também, e logo construirá uma nova família. - na escuridão a garota não pode ver sua vergonha embora tivesse a certeza que ele estava corado assim como ela. 

- Ezarel, como imagina nossos filhos? 

- Já está pensando nisso? Você é apressada! - zombou o elfo em sarcasmo. - Apenas desejo que eles herdem a beleza e inteligência do pai. Se tiverem isso serão perfeitos.

Lua riu novamente, desta vez revirando os olhos.

- Eu sempre quis ter dois filhos, um menino e uma menina. Seus nomes seriam Miguel e Sofia. 

- Eu discordo, prefiro Raimundo e Clementina. 

- Ai Ezarel, só você mesmo... 

- Lua? - chamou ele acariciando suas costas com a ponta dos dedos - Você sabe que pode demorar anos até que tenhamos filhos, não sabe?

- O que quer dizer? - levantou o rosto vendo as pedras turquesa do alquimista brilharem entristecidas.

- Eldarya está passando por uma crise terrível desde que o Cristal foi quebrado, muitas crianças que vieram ao mundo depois disso nasceram doentes e até... - a albina tapou a boca com as mãos, horrorizada. - Eu não quero te dar essa tristeza, prefiro ter um filho daqui a trinta anos do que te ver sofrendo por uma criança doente ou até mesmo morta.

- Eu serei paciente. - garantiu Lua o beijando - Estar com você é o bastante para mim, desde que seja você. 

Abrindo um sorriso sincero o elfo a abraçou fortemente querendo mais que tudo jamais largá-la. O dia havia sido repleto de tarefas e simplesmente não via a hora de estar com ela, embora não falasse em voz alta nem sob ameaça de morte.

- Vamos voltar agora que amanhã vai ser um longo dia, eu preciso dormir. - disse se afastando mesmo contrariado - Foi muito romance para uma noite só e você está me estragando, tenho que continuar sendo o mesmo.

- Tudo bem, Sr. Tenho Que Continuar Sendo Irritante e Provocador, vamos dormir. 

Sorrindo de maneira divertida o alquimista a acompanhou até seu quarto desejando uma boa noite antes de ir para o seu próprio dormitório, feliz demais para se conter a jovem entrou aos pulinhos no quarto trancando a porta logo em seguida quando de repente sentiu alguém tapar-lhe a boca bruscamente. Seu coração falhou em uma batida provocando um arrepio gélido por todo seu corpo.

- Precisamos conversar seriamente.