História I Love You, Idiot Elf! - Eu Acreditei que Seria Diferente

Tudo girava a mil pensamentos na cabeça da jovem, seu coração palpitava com rapidez no peito enquanto tentava assimilar tudo que acontecera na noite passada. Seria apenas um sonho ou um choque de realidade?

***

 FLASHBACK

Lua podia ouvir com clareza e altivez o coração acelerado em fortes batidas do elfo, sua respiração era calma mas forçada como se tentasse pôr seus batimentos em normalidade. A garota o apertou mais forte que pôde querendo trazê-lo o mais perto de si, sentia necessidade de estar com ele como se longe de seus braços não houvesse mais segurança, suas lágrimas desciam com menos furor como antes e com lentidão seus soluços foram cessados. Durante todo esse tempo Ezarel não disse uma única palavra logo após o agradecimento de Lua, deixando a mesma se acalmar o quanto fosse necessário. 

- Ezarel... - sussurrou a mesma abafando um soluço em seu peito - Desculpe pelo que disse a você...

O elfo suspirou fundo afagando seus cabelos delicadamente. 

- Pensei que não fosse se desculpar nunca. - disse abrindo um sorriso irônico. A mesma se afastou olhando fixamente em seus olhos antes de soltar uma risadinha.

- Não precisa mais esperar. - respondeu secando as últimas lágrimas. O alquimista olhou para ela silenciosamente provocando um desconforto na albina que desviou os olhos azuis, timidamente.

- O que houve para ficar nesse estado? Já vi você chorando mas nunca nesse ponto. 

- E-eu não quero falar disso... - Lua abaixou a cabeça quase implorando aos céus para que ele não a forçasse a falar, não queria ter de lembrar as terríveis cenas que vislumbrou em seu sonho. Inesperadamente o mesmo não disse nada, desejando não fazer a jovem chorar novamente.

- Tudo bem. Não te forçarei a nada. - dando de ombros o elfo se levantou - Além disso, preciso trocar essa blusa já que você encharcou com suas lágrimas. 

- Espere! - pediu Lua se assustando com o desespero em sua voz - O que faz aqui a essa hora?

- Essa é uma pergunta que eu deveria fazer a você. Mas se quer tanto saber, curiosa, eu estava colhendo Lunárias - Ezarel retirou do bolso uma pequena flor de pétalas cor de prata que emitiam uma singela luz. - São flores que apenas dão para serem colhidas a noite. E você, humana?

- Bem, eu... Eu não conseguia respirar. - o elfo se calou em dúvida se deveria perguntar sobre o ocorrido ou não, por fim apenas assentiu com a cabeça. Um longo silêncio se fez presente e ainda sentada na grama Lua não se atreveu a olhar para cima, discretamente o alquimista aproveitou para ver a aparência da jovem que mesmo estando de olhos inchados e rosto corado pelas lágrimas continuava bela como sempre, ainda mais pelo curto pijama que marcava suas curvas medianas. Engolindo em seco, criticou-se a si mesmo pelo erro cometido, por fim, desviou o olhar.

- É melhor você entrar. Se alguém ver você aqui fora poderá contar a Miiko sobre seu atrevimento de quebra do Toque de Recolher. 

A albina se levantou limpando a sujeira das roupas e voltando-se a ele deu uma leve ruborizada nas bochechas.

- Eu entendo. Poderia me acompanhar até o quarto? S-se não for te atrapalhar... - Droga! Por que dissera isso? Estava pronta para negar o pedido quando o rapaz se adiantou.

- Eu aceito, quer dizer, eu já iria entrar mesmo não é como se me importasse em te acompanhar. - ambos se dirigiram calmamente em passos lentos em direção ao Q.G, nenhum dos dois ousou dizer uma única palavra em todo o caminho, porém, na entrada do quarto da jovem, Ezarel se prontificou num "Boa Noite" rápido antes de caminhar para longe dali. Num ato brusco a albina se lançou para frente agarrando o pulso do elfo que surpreso voltou-se para trás.

- Ezarel... Obrigada por tudo. - murmurou a garota que ficando na ponta dos pés alcançou o rosto do mesmo depositando um suave beijo em sua bochecha que instantaneamente tomou uma cor vermelha tão intensa a ponto de doer. Lua adentrou o quarto fechando a porta logo em seguida sem notar o alquimista ainda parado em sua porta com uma estranha sensação queimante no peito. 

FIM FLASHBACK

- Lua, está me ouvindo? - perguntou uma voz timidamente elevada. A garota pulou da cadeira olhando para Keroshane que fixava seus olhos na mesma, a albina corou levemente ao perceber no transe que se encontrara.

- Me desculpe, Kero. Poderia repetir tudo desde o ínicio? 

- Melhor pararmos por aqui, você está bem distraída hoje. - o espécime de unicórnio fez brilhar seu chifre levando a levitação o livro que estava aberto diante deles até a prateleira - Não se preocupe que continuamos outro dia, relatórios de encomendas de ingredientes para alquimia são desinteressantes e sem preocupação. 

- Obrigada, Kero. - agradeçeu a moça sorrindo - Você é um bom amigo.

Lua se levantou caminhando para fora da Biblioteca, sua cabeça doía levemente mas mesmo assim não deixou de abrir um sorriso sincero. Queria ver Ezarel. Agradecer e conversar, tinha certeza que ambos se dariam bem depois de tudo que ocorrera na noite passada. Sabia que o elfo tinha bondade e capacidade suficiente para ser gentil fato que os levariam a serem amigos. Pelo menos assim esperava. 

Ao chegar no Laborário a garota entrou sem fazer barulho com medo de atrapalhar o Chefe da Guarda Absinto, o mesmo se encontrava concentrado numa produção de poção e não se virou para cumprimentá-la. Lua respirou fundo reunindo coragem.

- Bom dia, Ezarel. Vejo que está bem ocupado essa manhã. - a jovem abriu um sorriso meigo esperando que ele respondesse com gentileza, em vez disso, o elfo sequer se virou. 

- O que faz aqui? - perguntou depois de algum tempo enquanto pegava num frasco algumas folhas de cor alaranjada.

- Quis ver se não precisa de algo, e também... Conversar um pouco. - respondeu Lua esfregando uma mão na outra, nervosa.

Ezarel continuou sem se virar.

- Estou ocupado e não gosto de conversar enquanto trabalho. Pensei que já tivesse dito isso a você. 

- Claro, mas pensei que...

- Que? Deixa eu ver, pensou que depois de ontem iriamos virar os super amigos e conversar normalmente como qualquer outra pessoa, é isso? - a garota emudeceu, o elfo finalmente se virou abrindo um largo sorriso cheio de deboche e sarcasmo. - Desculpe acabar com suas expectativas, mas creio que isso é impossível. 

- Você disse que pouparia minhas lágrimas, me abraçou, me consolou quando eu mais precisava... - murmurou, cabisbaixa. Seus joelhos tremiam e por um momento pensou que fosse cair no chão tamanha fraqueza que sentia.

- Aquilo? - Ezarel perguntou com desprezo arqueando uma sobrancelha - Eu só te abracei por que você me puxou e me apertou tão forte que nem pude me levantar, e essa frase eu disse por que odeio ver pessoas chorando, as lágrimas me dão nojo principalmente as suas.

Um falhar de batida invadiu em cheio a moça que agredida por aquelas palavras encostou-se na porta para não cair para trás. Seu peito doía e lágrimas turvaram em seus olhos que imediatamente tratou de secá-las. Não valia a pena derramar uma sequer por ele. O elfo mantinha seu sorriso sádico no rosto sem se importar com a reação da mesma.

- Por um momento eu... Por um momento eu realmente acreditei que... Eu tinha certeza que... - as palavras fugiam da boca de Lua que tropeçava em sua própria língua. Cerrando os punhos trêmulos, a garota fechou os olhos com força, tomada por uma onda de raiva mas principalmente arrependimento. - É por esse e outros motivos que eu te odeio! Odeio mais que tudo no mundo!

- Como se me fizesse falta seu amor. - retrucou bruscamente o alquimista - Para mim tanto importa se você me ama ou não. Eu sempre te odiei mesmo. Agora saía daqui antes que faça você limpar este lugar inteiro de cima a baixo.

Lua teimou em sair correndo, em vez disso obedeceu ao chefe da Guarda Absinto fechando suavemente a porta sem antes derramar uma pequena lágrima que não deixou de ser vista por Ezarel.