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História I Must Be Dreaming - Capítulo I Hospício Uzumaki


Escrita por: P_Imperatrix

Capítulo 2 - Capítulo I Hospício Uzumaki


 

Naruto não me pertence.

Capítulo I – Hospício Uzumaki.

“Você já confundiu um sonho com a realidade? 
Ou roubou algo quando tinha dinheiro pra comprar?
Já se sentiu triste...ou achou que o trem andava quando ele estava parado?
Talvez eu fosse louca mesmo. 
Talvez fossem só os anos 60. 
Ou talvez eu fosse só uma garota....interrompida”

Girl, Interrupted (fragmento) – Susanna Kaysen

O carro corria na máxima velocidade permitida pela rodovia interestadual, depois de duas horas sentada no avião e mais uma hora e meia sentada naquele carro parecia ser um verdadeiro suplicio para alguém de temperamento dinâmico como Kushina, mas a garota ao seu lado não parecia estar condescendendo de sua exasperação.

Meio deitada, meio sentada com a cabeça apoiada no vidro de janela, era tão bonita quanto calada. Só respondia o que lhe era perguntado e com seus monossílabos e gemidos de concordância quase inaudíveis, desencorajou qualquer tentativa da ruiva de iniciar uma conversa.

Na maior parte do tempo se mantinha tão quieta que por muitas vezes Kushina julgou –lhe adormecida, numa dessas quando a pálida mão descansava sobre a mochila preta e bastante surrada, Kushina notou que havia alguns cortes ocultos pelas tiras de couro negro que envolvia o pulso da moça.

Levou a mão até o fecho de metal do adereço, sua pele com um bronzeado saudável, e bem cuidadas unhas pintadas de vermelho fazendo um enorme contraste com a derme mortiçamente pálida e unhas curtas com esmalte preto descascado da outra que assim que sentiu o leve toque de Kushina virou a cabeça com tal rapidez que seu pescoço estalou perigosamente.

A ruiva nunca havia visto olhos tão assustados como aqueles que agora a encaravam, murmurou algumas desculpas, envergonhada com sigo mesma enquanto a outra ao seu lado se encolhia contra a parede do carro como um gatinho assustado, os olhos brancos pareciam não saber como piscar e se antes ela parecia adormecida, agora parecia ser feita de mármore, não se movia nem mesmo par afastar os longos cabelos negros que açoitavam seu pálido rosto a cada lufada de vento que entrava pela janela do motorista.

Kushina teve vontade de desferir um golpe contra si mesma, no que estivera pensado? Agora tinha certeza que destruira por completo o bom começo que poderia ter tido com a criança danificada ao seu lado.

oOo

– Não tire os sapatos’ttebane! Deus sabe que eu não conseguiria deixar essa casa limpa com o bando de porquinhos bagunceiros que temos por aqui. – riu-se a mais velha deixando as chaves caírem na mesinha de vidro.

– Mãe? – uma voz masculina perguntou e Hinata viu uma cabeça loira surgir e desaparecer rapidamente por trás do umbral que ligava a sala ao corredor adjacente – Paiê! Elas chegaram’ttebayo!

– Mesmo?! Já vou!

Depois de alguns segundos, barulhos estranhos vindos de dentro de casa e um “Cadê minha blusa dattebayo?!”, um par de loiros quase idênticos adentraram na sala fazendo fila para abraçar a matriarca dos Uzumaki.

Eles eram realmente muito parecidos, só era possível diferi-los pela larga diferença de idade entre ambos e os seis pequenos riscos – três em cada uma – que o mais novo ostentava nas bochechas.

– Hmmm – fez o garoto loiro enquanto terminada de vestir a camisa chocantemente laranja – Então essa é tão falada Hinata-chan!

A morena que nada havia esboçado ou dito desde entrara – sua única reação havia sido segurar com força a mochila na frente do corpo como se essa fosse um escudo a lhe proteger – corou fortemente e recuou. Nunca ninguém desconhecido havia lhe tratado de modo tão intimo e ninguém em absoluto jamais havia sorrido de maneira tão verdadeira e alegre ao vê-la.

– Seja bem vinda! – desejou o homem mais velho com seu jeito afável – Fez uma boa viajem? – ela engoliu em seco e assentiu um pouco tardiamente, ele piscou pra ela antes de se virar para o filho – Naruto, leve as malas para cima.

– Hai, hai. – disse Naruto, feliz em fugir de um tapa que a mãe havia lhe dado no traseiro e prontamente alçou a pequena mala aos pés de Hinata e a mochila que ela carregava, a entregar dessa ultima foi meio a contra-gosto, mas o loiro não pareceu notar. - Sou Uzumaki Naruto’ttebayo.

– H-hyuuga Hinata. – gaguejou, mesmo que ele já soubesse, batendo os dedos contra os outros com as mãos na frente do corpo num gesto de auto proteção, agora que lhe haviam tirado a mochila.

– Meu nome é Minato. – disse o pai de Naruto erguendo a mão para apertar a dela, mas desistindo no ultimo segundo por se lembrar da mão suja de graxa que antes estava escondida atrás do próprio corpo, Hinata agradeceu internamente por isso, não gostava de ser tocada.

– Ué? Tem um ovo faltando no meu ninho, cadê a Ino? Eu não disse que era pra avisar que eu estava vindo hoje?

– A gente avisou’ttebayo! – a voz de Naruto respondeu enquanto ele subia as escadas – A Sakura-chan ligou e ela teve que ir lá nos Haruno, daqui a pouco ela chega, aquela porquinha lerda...

Um sapato voou acertando a cabeça de Naruto que gritou.

– Uzumaki Naruto! Não se refira assim a sua irmã!

Ele fez um muxoxo esfregando o cocuruto antes de desaparecer completamente escada a cima.

oOo

Hinata sentiu seu corpo afundar ao se sentar na cama coberta por uma bonita cocha púrpura.

O quarto da filha mais nova, assim como o resto da casa dos Uzumaki era decorado com cores alegres e por certas vezes até berrantes, totalmente diferente dos brancos, negros e pastéis da mansão Hyuuga.

As paredes estavam cobertas por fotos de uma garota de longos cabelos loiros e olhos muito azuis, sempre sorrindo radiante, sempre alegre. Hinata sentiu a inveja pinicar seu coração pesado e um pouco de fúria contida também, jamais fora capaz de sentir tal felicidade.

Ela pulou de susto quando a porta se abriu e por ela entrou a loira das fotos.

Se houvesse um oposto perfeito de Hinata com sua aparência sem vida feita de negros cabelos escorridos, roupas largas e escuras contrastantes com a pele absurdamente pálida seria Ino. Com suas roupas coloridas e femininas, rosto afogueado e pele corada de sol, ela exalava vida por todos os seus poros.

A loira sorriu, era um sorriso diferente dos extremamente francos de Naruto, ou dos afáveis de Minato, o de Ino não era desagradável, mas havia um quê de deboche, tempos depois Hinata descobriu que isso estava em qualquer ato protagonizado pela loira.

– Vejam só! Não é que a nova integrante do Hospício Uzumaki é uma menina bonita? – a morena não pode nada fazer além de corar, Ino riu – Sou Ino, mas que cara mais assustada é essa sua! O que houve? Naruto-baka já te assustou com a chatice dele?

Naquele exato momento o loiro estava passando pelo corredor.

– Pois eu aposto que ela está mais assustada é com a sua feiúra dattebayo!- e dizendo isso saiu correndo as gargalhas da irmã que como um furacão, passou a persegui-lo pelos corredores com o intuito de socá-lo pelo xingamento.

Alheia a tudo aquilo, Hinata puxou as pernas para cima do macio colchão, se encostou a cabeceira de madeira da cama e abraçou os joelhos com força, os olhos brancos ausentes, perpetuamente assustados. Presos ao passado.

oOo

As pás do ventilador de teto giravam mais rápido do que Hinata poderia acompanhar se nelas tivesse prestando atenção. Ino ressonava na cama ao lado, depois de socar o irmão o máximo que pôde, havia voltado e tido uma longa conversa que julgava ter sido com Hinata, embora houvesse falado mais com sigo mesma.

A família jantou às sete horas com o chamado de Kushina e depois de várias farpas trocadas entre irmãos e muitas perguntas que Hinata respondeu com o mínimo de palavras o possível, a morena se declarou cansada e subiu para o quarto que dividiria com Ino.

Toda a atmosfera daquela casa estava fazendo uma pressão insuportável sob seus ombros, eles eram tão saudáveis! Sabia que não era intenção dos Uzumaki, mas durante todo o momento em que esteve com eles Hinata sentiu como se esfregassem a felicidade que sentiam em sua cara, riam dela e sua incapacidade de ser feliz. Sua derrota perante a vida.

Era sufocante e desesperador, e não poderia dizer quando, já estava debruçada sobre sua mala revirando suas coisas em busca de um objeto em especial.

O lenço foi jogado displicentemente no todo do bolo de roupas que havia saído da mala e algo de metal reluziu contra a luz fria a lâmpada que iluminava os corredores quando ela entrou no banheiro.

O clic da tranca porta a fez tremer, ou ela já estava tremendo antes?

Quem poderia dizer?

Respirou fundo, tentando sem sucesso se acalmar, um riso lunático e irônico escapou de sua garganta a assustando e ela tapou a boca horrorizada, ah se respirar fundo funcionasse alguma vez...

Sentou-se em baixo do espelho, não queria nem sequer correr o risco de ver o que aconteceria agora, o retrato de sua fraqueza, de sua loucura.

Esticou o braço esquerdo arregaçando a manga da blusa que usava e retirando os braceletes de couro, exibindo os cortes de vários formatos em vários estágios de cura, alguns mais inflamados do que outros e algumas cicatrizes dos mesmos.

Mordeu o lábio com força o bastante para sentir o gosto do próprio sangue, e por fim retirou apertou entre os dedos o objeto que havia tirado de dentro da mala.

Era um punhal de prata, relíquia do Clã Hyuuga. Havia afanado na pressa e no desespero de uma das vezes que tudo ficava insuportável demais, depois daquele dia Hinata sempre o guardava junto a si, pois sempre precisava dele. Sempre.

Encostou a lâmina fria a pele arroxeada do pulso, a lâmina deslizou facilmente embora sua mão tremesse fazendo o corte ficar irregular. Não doía, aliás, naquele momento não havia dor nenhuma, só um leve formigar – até agradável – provocado pelo sangue ao transbordar.

Assim que a lâmina deixou de tocar a pele Hinata gemeu, o alívio era instantâneo, e seu mundo que girava com uma velocidade vertiginante, de repente parou.

Ela sentiu aquela paz se espalhar por seu corpo como uma droga, sua cabeça descansou na parede azulejada e ela rezou par aquela sensação durar para sempre ou para ter coragem e enfiar o maldito punhal no peito, mas isso não ia acontecer. O que restava era prolongar por conta própria aquela paz.

Daí por diante sucessivos cortes vieram com a fugaz promessa de paz.

 


Notas Finais


N/A: Hey... esse foi o primeiro capítulo e estou louca para saber o que vocês acharam...

Então, que tal uns reviews? XD

A despeito do clima mais leve desse capítulo o próximo deve ser um pouco mais pesado, então preparem seus vidrinhos de Prozac e aquela caixa de bombons carérrima da Kopenhagen porque você vai precisar dela.

E, é isso ^^

Kisu no Kokoro


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