História I Need You - Cap. 10 - Mercy

Fiquei no quarto o resto da tarde inteira.

Para os outros alunos devia ser muito bom, ficar de boa e descansar, não se estressar com as lições e provas, aproveitar o tempo livre. Mas eu estava entediada, não tinha nada para fazer além de ficar deitada, não tinha celular e não tinha muitos amigos que eu poderia passar o dia.

Zöe tinha vindo umas cinco vezes em meu quarto pelo dia. Ela não conseguia ficar parada, era muito hiperativa, sempre queria que eu lhe contasse tudo sobre a Flórida e de como era estar em uma praia. Eu não estava brincando quando disse que ela parecia uma criança.

Ela era muito extrovertida, mas quando queria agia confidente. Todos contavam seus segredos para ela, todos confiavam seus segredos a ela e a mesma estava me contando cada segredo que sabia. De garotas que estavam com espinhas ou até sarampo eu não conseguia memorizar os nomes, mas os segredos eram nojentos. Perguntei para ela o porquê de estar me contando essas coisas intimas de outras pessoas, e a mesma disse apenas que era porque confiava em mim. Quase choro perto dela, mas me contive.

Então depois de ela ir embora do meu quarto passei a tarde toda em total tédio. Então enquanto estava encarando o teto tive uma idéia, me levantei e fui até a mochila procurar o livro.

Peguei o livro em letras claras e abri o fecho de ouro.

{...}

O reino através do portal

Portais Dimensionais são alinhamento planetários, ou seja, são diversos planetas alinhados por uma linha invisível num único espaço de tempo.

Estamos no período da transição planetária e muitos portais dimensionais estão sendo ativados. Durantes estes últimos meses estivemos conhecendo muitas dessas maravilhosas aberturas de Luz.

Essas centenas de aberturas dimensionais - um caso raríssimo num planeta - são o alvo das visitas desses excelsos seres.

Cada um desses portais tem uma história particular que liga um povo ou um grupo de seres que cumprem a sua jornada terrena, à sua origem. Pode ser um planeta, uma galáxia distante, tanto nesta como em outras dimensões. Esses portais são verdadeiras dobras no espaço e no tempo e que transpõem diversas dimensões simultaneamente, sendo uma espécie de atalho para o caminho de volta para casa.

Em minha primeira entrada para o outro mundo não tinha sido nada agradável. 
Devia ter fechado meus olhos e segurado ao meu corpo, nunca deixe seus olhos abertos.

Tinha caído em um lugar completamente estranho. Um lugar não evoluído não tinha prédios ou sequer sinal de carros ou motos. Era uma terra de reino médio, mulheres usavam vestidos longos e não sabiam o que eram sapatos. Os homens como sempre, do jeito que são, torturavam as mulheres e acham que elas serviam apenas para fazer comida e a criar seus filhos.

Fui acolhida por uma família muito querida e bondosa, mostrei meus conhecimentos do outro mundo e ajudei-os nas tarefas para seu reino. 
E como tudo que é bom dura pouco, os guardas me acharam e me levaram ao calabouço do castelo.

Eu estava a beira da morte, e aquilo era um pesadelo, a guilhotina brilhava a luz do sol em uma luz cortante.

Mas depois de tanto explicar que estava ali em missão de paz, o rei me convocou a um banquete.

Enquanto estava no castelo sentia uma vibração ruim pairar ali dentro, havia alguma maldição naquele lugar eu conseguia sentir.

O rei não era de falar muito, era jovem.
A Rainha também não era velha, tinha vinte e quatro anos, ewla estava grávida, e me perguntava curiosidades do outro mundo. 
Ela me disse, que ainda estavam no século XIX (19) e não tinham muito conhecimento das coisas modernas, como o que era uma televisão.

Fui bem útil a família real, ensinei as princesas o que era Maquiagem e ao príncipe mais novo ensinei o que eram carros e para o que eram feitos.

Não vou negar os vestidos eram lindos, a vida de luxuria era tentadora.

O reino era o mais rico de seu território. Mas não se engane, era repleto de casas de madeiras e pobreza, onde há beleza sempre haverá um toque de desgraça.

Dei palpites ao jovem rei, de como poderia melhorar seu reino, a como poderia melhorar sua norma como governante.

Mas tive que continuar minha jornada, precisava de respostas. 
Então parti do reino, do qual não posso lhe dizer o nome, tendo uma dívida eterna.

{...}

Já eram praticamente sete horas da noite.

Acho que já devem estar servindo o jantar.

Levantei-me da cama e coloquei uma blusa preta de lã e uma calça jeans clara.

Abri a porta e sai pelos corredores sozinha, passei perto das portas dos meus vizinhos de corredor e uma das portas estava aberta. Queria saber quem eram meus colegas de corredor, mas não era por isso que eu iria espionar as pessoas.

Então balancei a cabeça espantando minha curiosidade e continuei caminhando pelo corredor. Agora conhecia um pouco mais o lugar, podia ir sozinha, caso me perdesse era só pedir informação e pronto, tudo okay.

Porque estou tão nervosa? É só um novo colégio, respira, inspira, respira... O que vem depois mesmo?

Então cheguei ao refeitório, ainda caminhando devagar. Tinha poucas pessoas ali, algumas meninas com saias que era capaz de ver o útero de tão curtas e rapazes quase comendo elas com os olhos, era a coisa mais nojenta de se ver.

Fiz uma careta passando longe daquelas pessoas então caminhei até o balcão cheio de comidas. Não estava com muita fome então peguei apenas um x-burguer, batatas fritas e peguei refrigerante em uma das máquinas.

Estava caminhando até a mesa da qual Zöe e eu tínhamos ficado mais sedo na escolha das matérias, mas tinha muitas pessoas sentadas ali.

Então dei meia volta e olhei em volta procurando outro lugar.

Olhei em Direção às mesas mais afastadas quando vi alguém acenando freneticamente para mim, era Jake.

Ele estava com a mesma camisa pólo de mais sedo, mas agora usava óculos e consegui ver seus livros em cima da mesa.

Caminhei até ele sorrindo aliviada, não ia ficar sozinha.

- Hasel, finalmente nos reencontramos- Fala Jake rindo se sentando de volta na cadeira.

- É já tava na hora- falo- ah, eu vi você hoje mais cedo - Falo me sentando na cadeira a sua frente e colocando minha bandeja em cima da mesma.

- Eu ia te chamar, mas você estava acompanhada- Fala ele bebendo um gole do que acho que era refrigerante.

- Esta tudo bem- Falo comendo uma das batatas agora olhando em volta- Nunca pensei que um colégio interno podia ser tão tedioso.

- tedioso?- pergunta ele me olhando incrédulo- É porque você nunca foi em nenhuma das festas.

- estou sabendo dessas festas. - Falo comendo um pedaço do meu lanche, sentindo o olhar dele em mim.

- Não estou dizendo as festas da escola, estou dizendo as festas dos alunos, dos veteranos. Elas são demais- Fala pegando uma das minhas batatas e eu dou um tapa de leve em sua mão resmungando, o fazendo ir- Vai ter uma essa noite, na floresta. Esta a fim de ir?

- Não gosto de festas- Falo simplista dando um gole no refrigerante e continuando- Nem dos veteranos- falo dando uma olhada de soslaio para um grupo de alunos que tinha ali perto de nós.

- Hey, eu sou um dos veteranos- Fala ele dando uma risada sem graça, mostrando os dentes brancos, fazendo um suspiro baixo escapar de meus lábios- pode até não parecer, mas sempre vou a essas festas. Faço parte dos populares- fala ele e eu o olho não escondendo minha descrença.

- é não parece mesmo- falo segurando a risada- Mas okay.

- Okay o que?- pergunta ele confuso.

- Okay, eu vou nessa festa... Mas onde ela vai ser?- pergunto dando um gole em meu refrigerante vou me arrepender de ir nessa festa, estou sentindo isso.

- Então quanto a isso, eu te espero para irmos juntos... - Ele arregalou os olhos depois dessa ultima frase- V-vamos como amigos claro- Fala ele sem graça, eu dou risada de seu desespero e concordo com a cabeça comendo o resto das minhas batatas-... Hã na entrada dos corredores as onze?- pergunta.

Não queria ir, nunca fui chegada a festas. 
Alex sempre me chamava para ir com ele as festas e baladas que tinham do colégio, e eu quase sempre recusava. 
Ia uma vez ao mês, e em todas que eu já fui elas sempre eram muito loucas.

Alex.

Veio-me um amargo na boca, sentia falta dele, mais do que podia imaginar. Fazia quase uma semana que não o via, e isso já era muito tempo, para alguém que via a pessoa todos os dias, e eu viva com ele. Sempre nos falávamos todo o tempo, ou ele ia ao meu quarto ou eu ia ao dele. Então estava muito estranho, sentia um vazio, a saudade doía...

A festa.

- Hum... Pode ser- Falo voltando dos meus devaneios dando mais uma mordida em meu lanche-... Mas espera, vai ser exatamente aonde essa festa?

- Na floresta... Por quê?- Eu sabia.

- E esses... Mitos de que falam. De ladrões na floresta e tudo mais... – Falo e a insegurança toma conta de meu corpo.

- Sempre fizemos festas na floresta e nunca aconteceu nada- Fala ele olhando para cima como se lembrasse se algo.

O olhei desconfiada, eu não estava muito segura de suas palavras.

- Tudo bem... - dou de ombros, tentando fingir indiferença, mas ele pareceu notar minha má atuação, mas não disse nada. Eu sabia que ele estava me escondendo algo... Mas o que ele estaria escondendo de mim? Para de ser tão estranha Hasel.

...

Então fiquei conversando com Jake por um tempo. Era como se o tempo passasse devagar quando conversávamos e eu gostava disso, gostava de me sentir a vontade com outra pessoa que não fosse Alex ou meus pôsteres de famosos.

-... Mas quem era aquele garoto que estava aqui? Hoje quando eu estava com Zöe, tinha um garoto sentado com você, ele tinha olhos azuis... - Falo me apoiando na mesa.

- Está falando de Charlie?- fala ele rindo- Ele é meu melhor amigo, deve estar na piscina ou com os garotos do grupo dele- Fala fazendo ênfase na palavra grupo. Pera... Aqui tem piscina?

Olhei para orelógio gigante bem em cima do refeitório, arquitetura rústica às vezes parecemuito exagerada... O relógio marcava que já eram 22:00 P.M

Caramba ficamos conversando por todo esse tempo?!

- Jake é melhor eu ir, tenho que me arrumar- Falo me levantando ajeitando minha roupa.

- Tudo bem, estarei te esperando- Fala ele sorrindo, automaticamente sorrio para ele também, francamente, amava aquele sorriso que Jake tinha. Os óculos que ele usava deixavam seu rosto mais perfeito à luz, nunca tinha visto um óculos combinar tanto com uma pessoa.

- Até depois- Falo caminhando até a porta que levava aos corredores.

Foi quando notei, não tinha ninguém no refeitório além de mim e Jake. Quando as pessoas tinham saído?

Entrei no corredor, não tinha uma alma viva naquele lugar.

Acho que todos deviam estar na festa a essa hora.

Quando estava no meio do corredor começou a tocar uma música, não parecia estar muito longe daqui.

De repente eu já estava dançando no corredor, era óbvio qual era a música. All night- Icona pop.

Estava pulando, rebolando enquanto corria pelo corredor e cantava junto com a música.

Quando ia abrir a porta para passar aos corredores do dormitório, ainda cantando a música, acabei por esbarrar em alguém.

Quase ia cair no chão, mas a pessoa segurou meu braço me puxando de volta. Arregalei meus olhos, quase tinha caído de cara no chão.

Isso Hasel, cai e morre mesmo, ótimo começo para um primeiro dia.

Não dou importância para minha consciência, estava hipnotizada com outra coisa. Eram os mesmos olhos azuis intensos de mais cedo, mas dessa vez eles me fitavam atentamente.

Era aquele amigo de Jake. Chan... Cha... Acho que era Charlie o nome dele.

- Me desculpe- Fala soltando meu braço lentamente era impressão minha ou ele passou a mão por meu braço de propósito quando me soltou?

Seus cabelos negros estavam desgrenhados como mais cedo, mas estavam molhados agora, com gotas d'água descendo por seu rosto e maxilar.

Ele era maior que eu, estava sem camisa, o que deixava seu abdômen definido bem exposto e segurava uma toalha.

Meu Deus que corpo era aquele?

Esperei que minha cara não estivesse da cor de meu cabelo. Então empurrei a porta e caminhei de costas ainda sem conseguir proferir nenhuma palavra, minha voz não saia.Meus deuses do céu que corpo era aquele?

- S-sem problema- Falo mas quando já ia me virar, ouso ele falar.

- Você fica fofa corada- Olho para trás, mas não tinha mais ninguém ali, assustada corri pelos corredores mais apressada.

Que vergonha.

Coloquei a mão na testa para ver minha temperatura, de repente todo meu corpo estava quente. Não de uma forma normal, isso eu tenho certeza.

Mas posso negar...
Não ia tirar aquele corpo de minha cabeça tão sedo.

Balanço minha cabeça subindo pela escada que levava ao terceiro andar, ainda em passos rápidos.

Tinha apenas uma hora para me arrumar para a festa na floresta.

{...}