História I Need You - Cap. 1 - Burn

- Você conseguiu?- perguntou Alex do outro lado da janela, segurando a escada de madeira no primeiro andar da casa. Não olhei para baio, onde eu estava é muito alto.

- só um minuto- sussurro pra ele subindo pelos últimos degraus da escada, então desliso lentamente o vidro da janela do quarto, finalmente passando minhas pernas pela grande janela quase toda aberta - Ela tá dormindo- Falo para Alex dando uma pequena olhada em direção a cama do quarto.

Ele tampa a boca tentando abafar o som da risada. Sem sucesso.

- Então vai rápido, a Sra. K já deve estar vindo, eu ouvi a voz dela no dormitório 13°, parece que ela está verificando os dormitórios- fala olhando desesperado para os lados, verificando se não tinha ninguém se aproximando ou alguém nos observando. 

- Tudo bem, joga o spray- falo dobrando os joelhos e me abaixando um pouco para pegar o frasco, ele joga o cilindro para cima com agilidade, que cai exatamente em minha mão. Estava concentrada e apavorada demais para ficar impressionada com sua mira extremamente exata.

Entrei pela janela do quarto da garota. 
A loira estava dormindo como um anjo na cama, sua respiração calma era bem audível dentro do local. 

Olhando para o seu quarto agora, era muito mais aterrorizante do que comentaram.

Era literalmente tudo rosa, dos tapetes a luminária que iluminava tudo naquele momento, não entendia como uma garota de 17 anos poderia ainda gostar de rosa. 
Ou pior, ter o quarto praticamente cheio de purpurina estilo Barbie Girl. 

Essa garota da qual eu estou me referindo é ninguém mais, ninguém menos que Mary Lemonds, uma das piores e mais desprezíveis pessoas que eu já conheci em minha vida. 
Pode-se dizer que ela é a "popular" do colégio, despreza a todos que não a agradam, e faz de suas vidas um perfeito inferno. E eu era uma destas pessoas. Desde que pisei meu primeiro paço no colégio quando entrei para o ensino médio.

Ela também mora no orfanato, por mais incrível que pareça. Ela era bem financiada, pelo que falam ela trabalha em uma pequena agencia, e ganha absolutamente bem. Ainda me pergunto como ela continua aqui, se fosse eu já teria saído desse lugar a muito tempo.

Há boatos de que ela sofre problemas, por isso ela é tão impertinente e vive em um mundo cor de rosa, as pessoas que a conhecem  a consideram louca...eu não descordava disso depois de entrar naquele quarto.

Ela parece que é uma máquina programado para infernizar minha vida.

Eu e Alex estivemos planejando esse plano a semanas, desde que ela espalhou boatos ridículos sobre mim e ele.

Estamos fazendo isso só por uma simples vingança. A anos ela me irrita e me humilha publicamente, nada mais justo que eu fazer uma brincadeirinha com ela, para compensar todas as que ela havia feito propositalmente em mim. 

Eu não fazia o estilo vingativa, mais não perderia a oportunidade de fazer isso com Mary. Ela merecia isso.

Me aproximei das paredes e pinchei toda a parede rosa de preto e vermelho e laranja, desenhando uma caveira no meio de chamas, que ficou bem destacada no tom vermelho e laranja junto com o rosa das paredes.

Eu olhava a cada minuto para ela, não sabia como a mesma estava aguentando o cheiro das tintas, nem eu estava tolerando. Tinha tampado meu nariz com a manga da blusa fina para não ter que sentir aquele cheiro, que ardia meus olhos.

- Perfeito- murmuro para mim mesma, quando termino o desenho. Tinha ficado exatamente como eu queria. Joguei os frascos no fundo de sua lixeira e coloquei mais algumas coisas por cima, para esconder a prova do crime, era um esconderijo mal planejado, mas pelo menos me daria bastante tempo antes de encontrarem.

Parte um do plano completa.

Me aproximei cautelosamente da cama, me agachei e peguei o creme de barbear de meus bolsos. 

Passei quase todo o creme em suas sobrancelhas, e ela nem se moveu, apenas murmurou coisas desconexas. Me segurava para não rir de suas caretas enquanto a mesma dormia, ela babava muito.
 

Peguei uma lamina e passei por suas sobrancelhas, raspando seus pelos acima dos olhos cuidadosamente, para que ela não sentisse, não queria que ela acordasse e me pegasse no flagra.

Esse pensamento pode ser um tanto infantil, mas...Como eu queria um celular nessas horas.

Quando terminei de raspar por completo me levanto e guardo o creme e a lamina em meus bolsos cautelosamente e me levantei do chão repleto de tapetes rosas.

Olhei para a parede onde eu tinha desenhado a caveira que era bem visível, pensei em como seria chocante se as chamas no desenho pegassem fogo de verdade.

Aquilo foi apenas um pensamento, saio de minha imaginação.

Okay, porque eu estou pensando isso? que pensamentos idiotas.

Foi então que uma coisa estranha aconteceu, de repente a caveira começou a nadar em chamas.
Não chamas da tinta, chamas de fogo verdadeiro.

Pareciam efeitos 3D, mas não eram.

Ocorreu da mesma forma como eu tinha imaginado, fiquei ali paralisada e estática olhando para a imagem em minha frente, completamente chocada.

As chamas queimavam bem em cima do desenho da caveira.

Eu estava com uma mistura de: medo, receio e maravilhada, gamada.

Para as outras pessoas normais isso podia ser estranho, pois os olhos podiam arder ao olhar para o fogo e tudo mais, mas eu estava completamente gamada com aquela cena, eu não tinha tido os efeitos do fogo, nunca tinha me queimado com nada...e isso era estranho, já que geralmente pessoas normais se queimam, pelo menos uma vez na vida.

"Eu sempre tive uma ligação com o fogo, mas era muito ingenua e despercebida para notar isso."

Foi quando me lembrei de onde estava e que o tempo era curto e pendente.

Dei uma ultima olhada para o fogo, ainda um pouco desorientada. 
Era como se as chamas estivessem dançando uma música animada... e isso era estranho. muito estranho. Não sabia o que fazer, não tinha extintor para apagar aquele fogo, então apenas sai dali ainda um tanto confusa pois o fogo não estava se expandindo, ele continuava em uma mesma área do quarto de Mary e não se movia dali.

Corri o mais rápido que pude para a janela, tentando fazer o minimo de barulho possível passando minhas pernas rapidamente pela janela meio aberta, a fechando logo em seguida e descendo pelos degraus da escada de madeira.

- Conseguiu?- Perguntou Alex quando eu já estava no meio das escadas, hesito em lhe responder de primeira.

Mas não precisei, o grito fino e feminino que veio do quarto do qual tinha acabado de sair  respondeu sua pergunta.

Ele deu uma risada mostrando seus dentes perfeitamente alinhados, fazendo seus olhos encolherem, ele, assim como eu estava um tanto feliz pelo plano ter ocorrido perfeitamente... bem ou quase.

Então ele foca em segurar a escada, para mim não cair daquela altura.

De repente os sons estridente das sirenes do instituto começaram a tocar.

Droga.

Desci o mais rápido possível da escada, Alex me ajudou a descer pelos últimos degraus, segurando minha cintura para que eu pulasse. 

Então ele olhou para a janela de vidro que brilhava em cores vermelhas e laranjas ao fundo do quarto rosa.

- Você colocou fogo no quarto?- Perguntou ele desesperado e ao mesmo tempo chocado ainda olhando para a janela do quarto, vendo se conseguiria ver mais alguma coisa. 

- Não...É...mais ou menos- foi a única coisa que consegui dizer, não queria comentar sobre o ocorrido sobrenatural que tinha acontecido com o desenho da parede do quarto. 

- Isso não fazia parte do plano- fala ele tirando a escada da parede e a escondendo por por trás das enormes lixeiras, onde sempre a escondemos... isso não é estranho, sempre ou quase sempre é necessário ter uma escada.

- Eu sei- Falo olhando ao redor,conseguia ouvir passos se aproximando cada vez mais e mais. 

Alguém estava se aproximando rápido.

- Corre!- Fala Alex me puxando pelo braço, para o outro lado dos prédios com dormitórios de órfãos 

Nem questionei apenas corri a máximo que minhas pernas podiam me proporcionar.

- Ei! vocês aí, parados!- Gritou uma voz masculina vindo atrás de nós. 

Nem ousei olhar para trás para ver quem pertencia a voz. Mas podia apostar que era a do vigia noturno que tomava conta da segurança do lugar.

Alex me puxava e corríamos até nossos dormitórios, que era do prédio mais afastado da entrada do lugar.

Eramos colegas de corredor então não tinha tanto problema. Quer dizer, tinha sim, a distância que tínhamos que correr era um belo de um problema.

Puxei a porta de entrada de nosso prédio, que estava com as luzes apagadas, por sorte a porta estava aberta e Corremos pelos vários corredores e escadas, até finalmente chegar em nosso corredor, que, para variar era o penúltimo do prédio e oito andares.

Passamos no corredor escuro e silencioso e paramos perto das portas de nossos quartos.

Nos esguelhamos pela ponta do corredor e olhamos pelo corredor.

Nenhum sinal de guarda ou sinal de vida acordada no momento.

Então ele olhou para mim, eu olhei para ele, e nós dois começamos a rir feito dois idiotas.

Escorreguei pela porta até o chão tentando abafar a risada ou parar de rir. Não conseguia fazer nenhum dos dois, minha respiração já estava falha devido a corrida, e as gargalhadas constantes não colaboravam para que eu pudesse respirar.

- Acho que ela vai ficar muito, muito tempo sem fazer as sobrancelhas- Alex fala rindo tentando abafar o som dos risos, se sentando ao meu lado no chão cinza ladrilhado.

- E vai ter que pintar o quarto de outra cor- Falo parando de rir aos poucos- Rosa tá por fora, ainda não entendo como ela ainda pode gostar de rosa- falo fazendo uma careta e dando um sorriso pra ele.

- O que vamos fazer amanhã?- Pergunta ele olhando para as outras portas pelo corredor, quando um silencio se instalou no ar.

Ninguém parece que havia acordado com nossas gargalhadas altas.

- fingir que nada aconteceu...e fazer cara de surpresa quando contarem a notícia, para não ficar muito na cara- falo desviando o olhar e  me levantando, inspirando tranquilamente. Querendo ou não eu me sentia um tanto melhor, por ter feito uma coisa tão idiota como a que tinha feito.

- Você é louca- Fala rindo me encarando ainda com um sorriso, mas depois o tirou do rosto tomando um simbolante preocupado- Você acha que ela não espalhara mais boatos falsos? 

Eu achei que ele estava se preocupando com o estado de Mary, mas ele estava mais preocupado com os boatos entre nós... tipico de Alex.

- Não tenho certeza, talvez sim, talvez não...mas com certeza ela não falara sobre as outras pessoas por um bom tempo- Falo abrindo a porta do quarto e dando um sorrindo sem emoção. 

Eu estava feliz por termos terminado nossa missão quase impossível. 

Ele respira fundo e passa a mão na nuca ainda sentado no chão ladrilhado, parecia cansado.

- Até amanhã!- Fala Alex se levantando do chão e abrindo a porta de seu dormitório que ficava bem ao lado do meu.

Senti uma dor estranha no peito, tive a sensação de que aquele Até amanhã nunca chegaria... tentei afastar aquele pressentimento ruim de mim, eu sempre tinha ele quando algo ruim a mim iria acontecer... e isso era a coisa mais assustadora que eu tinha em mim, ninguém sabia disso além de mim mesma.

- Até!- Falo empurrando a porta de meu quarto e entrando no mesmo. Algo iria acontecer, e não era algo pequeno, pois a dor repentina continuava em meu peito.

Me joguei em minha cama de solteiro que ficava no centro de meu quarto, era roxa assim como todas as outras dos quartos desse prédio. 

Minha sorte era que eu não dividia o quarto com ninguém, se não acho que ficaria pirada, não gosto de dividir minhas coisas...muito menos espaços pessoais como um quarto.

Fiquei pensando no que havia acontecido no quarto de Mary. 

Como que o fogo tinha feito aquilo? como que em um piscar de olhos, fogo tinha aparecido?

Que ligação eu tinha com aquilo?

Devia ser apenas coisa da minha cabeça.

Como se eu pudesse controlar o fogo... Acho que é melhor eu me internar em um hospício.

Então me deitei de barriga para cima na cama. 
Fitei o teto de meu quarto, que era completamente branco e tinha alguns pôsteres de atores, Boygrups, k-idols famosos que eu gostava muito.

Eu estava usando uma blusa de moletom preta e uma causa jeans.

Cheirei repentinamente minha blusa e me surpreendi, não estava cheirando a fumaça.

Que estranho, muito estranho.

Então peguei uma mexa de meu cabelo ruivo e o cheirei, também estavam com o mesmo cheiro de frutas de sempre. 
Nenhum vestígio de cheiro de fumaça.

O que era interessante, eu tinha ficado muito perto do fogo, era para eu estar cheirando a queimado ou algo do tipo.

Por outro lado era bom, não tinha como me incriminarem. 
Afinal, não tinha muitas provas que me acusassem...menos e claro que eles resolvam olhar no lixo do quarto de Mary, ai eu provavelmente estaria encrencada.

Então tentei fechar meus olhos e dormir, mas o barulho das sirenes do outro lado do instituto não paravam de soar me deixando impossibilitada de conseguir dormir, e a dor no peito não facilitava nada.

Então fechei meus olhos e tentei dormir uma segunda vez, mas algo a mais me atormentava.

Era como se eu estivesse sendo vigiada por alguém. 

Eu não tinha tanto medo do escuro...só um pouco, mas meus sentidos raramente falham.

Tinha mais alguém no quarto além de mim naquele lugar, eu sentia isso. 

E isso estava me deixando cada vez mais assustada.

Tentei dormir pela terceira vez, ainda com a sensação de estar sendo olhada a cada segundo, mas dessa vez meus olhos estavam muito cansados então acabei caindo em um sono sem sonhos.

Você está pronta.

A hora está chegando Hasel.

Você terá que fazer alguma coisa.

Encontrar os escolhidos.

O tempo está acabado

O tempo está acabando...

Acordei em um salto da cama.

Olhei para todos os lados de meu quarto, o sol entrava pelas frestas da unica janela e batia bem em meus olhos. 
Minha respiração estava acelerada, aquelas vocês que sussurravam em meu sonho estavam ecoando em minha mente.

Balancei minha cabeça, tirando esses pensamentos.

Me levantei sentindo minhas costas estalarem  e olhei no relógio da parede, eram exatamente 05:00 A.M.

Então peguei uma muda de roupa qualquer e corri pelo corredor vazio para tomar um banho quente em um dos banheiros.

Ainda é muito cedo, então o chuveiro podia ser todo meu...afinal ninguém aqui gosta muito de acordar cedo... e muito menos de ter que tomar banho de manhã.

Tinha que tirar aquelas vozes de minha cabeça, esperava que um banho me livrasse disso.

Faltavam exatamente duas horas para a entrada do colégio.

Tinha que botar minha cabeça no lugar, se não me ferraria.

{...}