História I Need You - Cap. 5 - Miss Right

Sempre pensei que um colégio interno fosse um tipo de prédio gigantesco cinza sem graça, com portões de ferro anti-escape, sistema de segurança para que os alunos não saíssem... Ou coisa parecida, como nos filmes.

Mas esse era muito peculiar, parecia literalmente um castelo.

Um castelo com estilo... E que ficava no meio do nada.

Engulo a seco quando Martha estaciona o carro bem em frente ao colégio.

Desço do carro primeiro e tento ler o nome na placa de ferro bem em cima da grande portão na entrada.

Cloudnys Mefrens High School

De todas as coisas que poderia ter falado disse:

- Que nome mais estranho- Murmuro pensando alto quando Martha sai do carro e parou ao meu lado olhando para o nome na placa a cima da porta.

- Acho que era o nome do fundador... Ou alguma coisa assim- Fala Martha e depois olha para seu relógio de pulso, começando a caminhar até a porta de entrada- Vamos, as matrículas já devem estar acabado, pela quantidade de pessoas... - Fala ela olhando para as outras pessoas que entravam pelo portão de entrada

- Eu espero no carro- Murmuro a seguindo um pouco relutante.

- Vamos, não deve ser tão ruim assim- Fala me puxando pelo braço para andar ao seu lado. É agora ou nunca.

{...}

Entramos pelos portões, Martha me puxando pelo braço e eu parecendo uma criança olhando o lugar.

Por dentro tudo era branco, o piso era bem polido e dava até para ver meu próprio reflexo. Os móveis eram clássicos, brancos, pretos e muitas variações de cores neutras.
O que mais me deixou relutante foi que havia alguns alunos que entravam e saiam do lugar.

Martha tinha ido até a secretaria levando meus documentos para fazer a matricula, enquanto isso eu tive que ficar na sala de espera a aguardando.

Fiquei sentada inquieta em uma poltrona, sempre quando eu estava desconfortável ou ansiosa ficava hiperativa. Em um canto do local tinha uma senhora idosa de cabelos brancos lendo uma revista de receitas que falava como preparar um bolo em menos de trinta minutos.

Perto da senhora tinha uma garotinha que devia ter no máximo dez anos que brincava colocando os dedos no vidro do aquário que tinham peixes coloridos nadando de um lado para o outro, perto dos quadros com diplomas antigos.

Do outro lado da sala tinha um garoto, ele parecia ter minha idade pelas suas roupas.

Ele tinha os cabelos castanhos lisos e estava com uma touca vermelha deixando sua franja pro lado, usava óculo e estava concentrado em um livro que eu não conseguia identificar o nome pela distancia. Ele parecia ser um típico menino nerd, o que me fez ter vontade de rir, quando eu era mais nova também era nerd.

Já estava ficando muito entediada, minhas pernas já estavam em cima da mesa de centro da sala, pensei que me dariam uma bronca pelo ato, mas fui ignorada.

Nenhuma das revistas estava me interessando. Moda, roupas, unhas, sapatos, nada disso me interessava. Nunca fui muito vaidosa, mesmo antes tendo alguns elogios, nunca me importei com isso.

Então me levantei e caminhei até uma máquina de café do outro lado da sala.

Peguei um cappuccino expresso com chocolate, era o meu favorito. Talvez esse lugar não seja tão ruim.

Virei-me e no mesmo segundo esbarrei em alguém.

- Me desculpe- Fala a pessoa desesperada. Levanto meu olhar, era aquele garoto que estava no canto lendo um livro. 
Ele era bem maior de perto.

Seus olhos castanhos eram bem iluminados, seus óculos escondiam muita coisa.

- Desculpe pela blusa, você deve estar queimando.

Fala abaixando os olhos para seu livro que estava todo encharcado de café.

Nem tinha notado que minha blusa estava cheia de café. 
Queimando? Mas... eu não estava sentido nada.

- Não tem problema, desculpa pelo livro. - Falo bebendo o resto de café que ainda tinha no copo e o jogando fora. O que? Não iria desperdiçar o restinho que tinha.

- Espera- Fala o garoto tirando sua jaqueta de couro que usava e me entregando.

- N-não precisa- Gaguejo recusando. Desviei meu olhar de seu corpo, agora ele estava penas com uma camisa branca que mostrava bem seus músculos quase definidos.

- Eu insisto- Fala empurrando de volta, notei que ele estava meio sem graça- A culpa foi minha não custa nada te ajudar com isso- Fala apontando para minha blusa manchada que já estava praticamente seca.

Não queria pegar sua jaqueta, mas pela cara que o garoto fez ele não iria desistiria tão fácil.

Suspirei vencida.

- Tudo bem então, se insiste - Falo e pego a peça de roupa de suas mãos e a coloco um pouco desajeitada- Sério me desculpe, mesmo, pelo livro eu não queria...

- Está tudo bem, eu já estava no meio da história... Já sabia o que ia acontecer mesmo- Fala ele dando de ombros e caminhando até seu banco se sentando e olhando para o livro encharcado.

Mordo minha bochecha interna, seria muito chato se eu não conversasse com ele?... Mas eu preciso fazer novas amizades... Isso não vai custar nada. E ele parece ser uma pessoa legal.

- Qual livro que você esta lendo?- Pergunto me aproximando de vagar, colocando as mãos dentro dos bolsos da jaqueta do meu mais novo/futuro amigo

- Ér... É meio idiota. - Fala ele dando um sorriso meigo coçando a nuca.

- Pode falar- Falo rindo me sentando no banco ao seu lado- Prometo que não vou rir- Falo dando um sorriso, acho que ele parecia ser uma pessoa que merecia um sorriso meu, eu não sorria para qualquer um.

- O herói Perdido- Fala ele mostrando a capa do livro e meu sorriso só aumenta

- já li esse livro- Falo olhando para ele e o mesmo me olha surpreso.

- sério?... Acho que um dos melhores livros que já li- Fala rindo então me olha arqueando uma sobrancelha- Você não tem cara de ser uma garota que se interessa por livros

- Sério? Eu jurava ter uma cara de intelectual- Falo fingindo indignação e ele ri.

- você estuda aqui?- pergunto tentando continuar a conversa.

- Sim, sempre estudei... Você é nova não é? Nunca te vi por aqui - fala se ajeitando na poltrona, me senti feliz. Ele também queria continuar conversando

- Me mudei ontem de Miami, moro com meu tio agora. E ele quer me matricular aqui- Fiz um resumo.

-... Mas e seus pais?- Pergunta ele agora mais curioso que antes, estranhei um pouco esse seu interesse em relação a mim, mas continuei.

- Bem, hã... Eles morreram em um incêndio a anos atrás, eu acho. E eu fui abandonada na porta de um orfanato em Miami- falo dobrando a manga da jaqueta sem o encarar. Não era um assunto muito bom para ser conversado naquele momento.

- ...Eu também fui abandonado- fala depois de um tempo em silêncio, seu tom agora era diferente, era minha impressão ou ele parecia estar mentindo? Olhei para sua expressão e fiquei em duvida, se ele estava mentindo devia ser bom em controlar as expressões faciais - Na porta de uma família Espanhola em Washington- Fala olhando para cima, como se tivesse se lembrando.

- Então você sabe falar Espanhol?- Pergunto o olhando curiosa, eu achava legal essas pessoas que falavam outro tipo de língua.

Quando ele abriu a boca para me responder Martha apareceu na porta de entrada me chamando.

- Hasel, vamos?- Me chama da porta, e pude ver ela tentar esconder um sorriso quando vê que estou perto de um garoto, sinto minhas bochechas arderem.

- J-já estou indo!- Falo desajeitada me levantando e arrumando minha blusa agora coberta pela jaqueta que me aquecia- Muito prazer... É... Qual é o seu nome?

Ele dá uma risada, agora mostrando seus dentes que pareciam pérolas brancas. Ele era um garoto encantador. Eu tinha certeza que meninas deviam dar em cima dele pelo menos uma vez por dia.

- Jake, pode me chamar Jake- Fala ele me olhando ainda com aquele sorriso lindo- Foi um prazer te conhecer Hasel.

- Também foi um prazer te conhecer Jake- Falo andando até Martha- Quem sabe nos vemos em uma das aulas

Não esperei resposta, pois agora Martha me guiava para fora do lugar sem nem ter me despedido direito do garoto, que agora tinha nome.

Passei pela porta de madeira do internato e fui até o carro pelo qual Martha já estava entrando.

Dei uma ultima olhada para o lugar onde passaria o resto de meus dias de estudo.

Tinha um grupo de estudantes ao lado da porta, era um grupo de cinco, duas garotas e três garotos, ambos olhavam com olhares estranhos em minha direção.

Mas o que me chamou atenção era o rapaz que estava no meio deles, seus olhos azuis me encaravam atentamente a cada paço de dava, diferente dos outros do grupo ele não me olhava torto.

- Hasel, vamos!- Fala Martha me tirando de meus pensamentos abro a porta e também entrei no carro.

Martha deu partida e voltamos pelo mesmo caminho da floresta.

{...}

Chegamos a mansão e já escurecia, era estranho como o tempo passava rápido quando eu estava ali. O carro prateado de Max não estava mais ao lado da casa, então levei a hipótese de que ele não estava em casa.

Ótimo, vou ter que ficar sozinha nessa casa medonha. Praguejo mentalmente.

- Minha querida, antes que pergunte seu tio saiu em uma festa da empresa, voltará amanhã de manhã- Fala Martha olhando em uma pequena agenda, eu não tinha idéia de onde ela tinha tirado aquilo.

- Festa?- pergunto entrando na mansão. Meu tio vulgo Max não parecia o tipo de pessoa que gostava de festejar.

- Sim, para uma negociação- Fala Martha ainda olhando para o bloquinho.

- Ele não tem cara de quem vai muito a festas- Murmuro baixo, mas Martha ouve.

- é muito raro ele ir a festas. - Fala ela dando de ombros- Ele não sai do escritório, deve ser algo urgente em relação a empresa

- Então era para eu estar surpresa com a ida dele?- Pergunto confusa.

- Não... É sim, mas não- fala ela e olha para seu relógio de pulso- Acho melhor a senhorita ir para seu quarto, já esta escurecendo.

Suspirei, não queria ficar no quarto. Mas se Martha estava mandando, era melhor obedecer, afinal ainda sou menor de idade e a casa não é minha

- Tudo bem, estou cansada mesmo- Dou de ombros e finjo um bocejo.

Ela assente ainda olhando para seu bloquinho e eu passo pela porta de madeira indo em direção as escadas.

- Gostei daquele garoto, Jake certo?- Fala Martha alto do outro cômodo- Ele parece ser legal.

- também acho!- Grito já quase no fim das escadas

Passei pelo corredor da ala Oeste sem nem olhar para os quadros, estava começando a detestá-Los.

Então entrei em meu quarto fechando a porta atrás de mim.

{...}

Não fui para o jantar, quando Martha veio me chamar me recusei a descer. Preferi ficar com meus pensamentos em meu quarto, lendo algum livro... Não estava com fome mesmo

Conhecer Jake me fez lembrar outra pessoa. Alex.

Onde ele estava? O que será que ele estava fazendo nesse momento? Por que não falou comigo até agora?ah, me esqueci... Ele não tinha celular e nem eu.

Sinto lágrimas virem átona em meus olhos e tenho muita vontade de chorar, só de pensar na possibilidade de nunca mais ver Alex... Eu não queria perder ele, nem em um milhão de anos... Mas aquela era a realidade.

Quando me levantei notei que ainda estava com a jaqueta de couro de Jake.

Não sei por que havia a aceitado, não era minha. Não gostava de ficar com os pertences de outras pessoas, não queria responsabilidades.

Quando visse Jake novamente devolveria a jaqueta.

Não estava com frio, então tirei a jaqueta que não me pertencia e a guardei no Closet.

Olhei para minha blusa que estava com uma imensa mancha marrom de café.

Estranho, Jake disse que era para eu ter me queimado, mas... Eu não senti absolutamente nada.

- Que esquisito- murmuro comigo mesma tirando aquela roupa.

Então coloco outra blusa, a mesma era branca de mangas compridas, jogo a outra blusa suja em um cesto que tinha em um canto do quarto Mas fiquei em dúvida por ele ser de prata... Devia ser um cesto de roupa suja certo?

Amarrei meus cabelos ruivos para trás em um rabo de cavalo e fiquei olhando o fim do por do sol pela janela de meu quarto.

A floresta ficava cada vez mais sombria com o anoitecer. E a cada minuto que o sol se punha, mais eu tinha vontade de explorar aquele lugar.

Max não havia me proibido de entrar na floresta. Pensei

Então acho que não havia problema em explorar o território um dia qualquer certo?... Nada me aconteceria.

A construção mais próxima era o internato que ficava no meio de uma infinita floresta. Como eu não pude ter o visto na noite passada?!
 

Queria entrar naquela floresta, queria ver de perto o Leão negro da noite passada, saber como era estar dentro de uma floresta... Saber como era aquele lugar com um ar tão sombrio.

Também tinha aquela porta misteriosa de ouro que eu tinha visto o Leão abrir entre duas arvores...

Eu tinha que entrar na floresta.

{...}