História I Need You - Cap. 8 - Louder

Bem, Ali estava eu. Dentro de um carro, indo para um colégio interno no meio do nada e tinha apenas uma mochila cheia de pertences e uma parte dos materiais.

Nunca senti tanta falta da mansão ou das cobertas de meu quarto.

- está nervosa querida?- Pergunta Martha que estava sentada ao meu lado ao meu lado. Ela estava dirigindo o carro e não tirava os olhos da estrada. Era como se seu rosto ficasse mais jovem a cada dia, parecia que sua aparência tivesse voltado dez anos atrás. 
Seus cabelos estavam mais escuros e não tinha nenhuma ruga em seu rosto. Estava impecável.

- você não imagina o quanto- Murmuro encostando minha cabeça na janela do carro.

Martha não disse mais nada durante o caminho, de uma hora para outra seus pensamentos ficaram vagos e ela preferiu ficar olhando para a estrada. Ignorei seu ato, até porque, eu também queria silêncio.

A única coisa que ela fez durante o percurso foi fechar as janelas automáticas do carro depois que uma rajada de vento passou. Depois murmurou alguma coisa como "como eu odeio o frio"

Pela aparência da floresta e do céu, estava claro que logo começaria a nevar, uma euforia tomou conta de mim, queria muito ver a neve.



 

{...}


 

Chegamos aos portões do Colégio.

Tinham várias pessoas entrando e saindo, todos com aparência de quem tem dinheiro para comprar um país e outros com cara de não se importa com nada.

Martha suspira sai do carro, eu a segui também saindo do automóvel pegando minha mochila.

Estava frio. Eu estava usando uma blusa xadrez azul escura, calça preta e meu fiel tênis cinza e um gorro cinza além da mochila marrom desbotada. E usava alguns dos colares e pulseiras que Max tinha comprado para mim.

Estava mais que apresentável.

Martha se se encostou ao carro e encarou a entrada da escola.

- você vai ficar bem, certo?- perguntou ela me olhando apreensiva.

Senti-me uma criança de cinco anos indo pela primeira vez para a creche, esse pensamento me fez rir sozinha olhando para a entrada do lugar onde passaria a morar por um ano.

- Vou sim- dou um sorriso confiante.

- Queria lhe contar- Fala chamando minha atenção- Não vou estar na mansão durante a semana- Fala ajeitando os cabelos.

Virei-me para ela.

- por quê? Vai viajar para outro lugar?- pergunto curiosa.

- nova proposta de emprego- Fala sorrindo e eu arregalo os olhos abrindo a boca, mas ela me interrompe- Não se preocupe ainda trabalharei para seu Tio, estarei na mansão nos fins de semana apenas para cuidar dos assuntos da empresa junto do senhor Madlens e cuidarei de você quando precisar.

Suspirei aliviada, juro que tive vontade de chorar. Sentia que Martha sempre estaria ali para quando eu a precisasse, ela era o mais próximo que eu tinha de uma mãe e eu era grata por isso.

Então Martha guardou anotou algo em sua agenda e olhou para o relógio de pulso.

- Já tenho que ir, há uma reunião na empresa em dez minutos- Fala guardando a mini agenda e me dando um abraço apertado logo dando um beijo em minha testa se afastando- tome cuidado minha filha, para não arrumar brigas ou de se machucar... Tome cuidado com suas amizades querida, nem tudo é o que parece nesse lugar- Fala sussurrando a ultima parte.

Quando ia perguntar o que ela estava querendo insinuar, ela já estava dentro do carro novamente ligando o mesmo entrando na trilha de terra da floresta me deixando sozinha.

Então me virei, contendo a pontada de nervosismo e caminhei até a porta de madeira da entrada do colégio. Hoje vai ser um longo dia. 

 

{...}

 

Passei pela entrada do colégio e acabei por esbarrar em uma mulher de meia idade, a mesma me pediu desculpas e perguntou se eu era nova no lugar, eu disse que sim e a mesma me guiou até um grupo de outros novatos, falando que eram para eu a seguir pelo tur.

Então lá estava eu, eu um grupo de pessoas desconhecidas recebendo alguns olhares alguns agradáveis e outros nem tantos.

Umas garotas olhavam para mim e faziam cara de nojo e eu apenas encarava o teto fingindo não notar. Assim como eu ignorava as olhadas nada discretas de alguns garotos atrás de mim, sentia o olhar deles em meu corpo.

A maioria das meninas que estavam ali carregavam malas maiores que a si próprias. Eu não ligava para seus olhares e risadas, não era eu quem iria levar aquelas malas enorme que as mesmas carregavam. 
Estava com pena dos namorados dessas garotas.

Caminhamos pelo lugar por uns 20 minutos, com a senhora falando sobre todo o lugar e finalmente Paramos no refeitório.

Enquanto a mulher explicava as normas da escola, dizendo tudo sobre os fundadores, as regras, as aulas que podíamos escolher e até onde ficavam os banheiros.

Ela nos deu um pequeno intervalo, dizendo que poderíamos descansar para depois continuarmos o tur.

Sentei-me em uma mesa no canto, um pouco afastada de todos. 
Não tinha celular então não tinha como ouvir música, então peguei a mochila e procurei por algum livro.

Então o encontrei. 
 

{...}

A lenda dos Escolhidos.

De J. L. Clamys

Puxei o fecho de ouro e coloquei na primeira página.

Há muitos anos, em minhas viagens pelo mundo em busca de respostas, descobri coisas inimagináveis.

Todos pensavam que eu era louca, eu apenas via o que os outros não conseguem ver.

Descobri coisas fantásticas não só na terra como em outras dimensões. Sim dimensões.

Não só existe apenas o nosso mundo, nossa dimensão é paralela. Existem outras infinidades de lugares nunca exploradas por um homem. 
Mas eu encontrei esses lugares, encontrei as respostas.

Escolhido, contarei-lhe tudo que passei tudo que vivi e tudo o que presenciei, minha vida estará nesse livro. Tudo o que lhe acontecerá, não há volta, seu caminho resumira em dor e sofrimento. Esse livro lhe ajudará em sua jornada, lhe desejo toda a sorte do mundo.

...

Arregalei os olhos confusa quando um arrepio passou por meu corpo ao ler o que estava escrito na primeira página, então engulo a seco indo para a próxima página.

...

Em todo lugar a um guardião.

Esse é um assunto sigiloso, o reino dos lobos foi o escolhido para o treinamento dos guardiões. Está nas lendas que o rei decretará quem serão os guardiões, ele escolherá os melhores de seu reino para a missão sem volta. No reino dos lobos, todos são lobisomens.

Assim que o rei decretar os selecionados, ele os dará o dom da transformação apenas imposta por um membro de sangue real, fazendo que os mesmos não se transformem apenas em lobos, mas em qualquer outra forma de vida. Para só então os mandar para nossa dimensão.

Você pode não perceber onde eles estão ou quem são essa é uma de suas missões. Esconder a identidade do mundo, e de seu escolhido.

Mais a função principal de um guardião é simples, porém a mais perigosa.

Ele ou eles foram criados para proteger os Escolhidos.

A uma lenda antiga, de três mil anos atrás, onde todos acreditavam em uma profecia.

Acreditavam que em eras a diante, quatro crianças nascidas no mesmo dia, de progenitores de Climeys, seriam os próximos escolhidos pelo destino com os presentes mais preciosos dados pela terra. 
Ou como os mortais chamam, fogo, ar, terra e água. Os elementos da natureza. 
 

Essas crianças descobriram a verdade, mas apenas quando estiverem prontas. As margens de seus poderes. 
Elas seriam os protetores das dimensões e donos da terra.

Mas para a desgraça dos mundos, não eram todos concordavam com isso. Rebeldes que acreditavam que essa profecia poderia ser uma maldição para seus reinos, juraram a morte das crianças. O selamento de sangue.

Até onde consegui informações, não existem sinais dessas crianças. Elas podem nascer daqui a um minuto ou a mil anos, isso tudo era uma jogada do destino para os reinos.

Essas crianças poderiam ser nossa salvação? Ou a causa de nossa destruição? Todos se perguntavam isso, e até hoje essas duvidas permanecem

{...}

Fechei o livro devagar ao notar que não estava mais sozinha,
Então em um movimento rápido guardei o livro dentro da mochila.

- Olá- Falou uma garota sentada a minha frente, ela estendeu a mão em comprimento com um imenso sorriso nos lábios- Sou Zöe, muito prazer.

Sua pele era bronzeada e seus cabelos cheios de cachos, ela devia ter no máximo 14 anos de idade. Usava roupas simples, calças jeans e camiseta branca cheia de desenhos claros que eu não sabia identificar e botas de frio pretas.

- Sou Hasel - Falo apertando sua mão, dando um sorriso simpático.

Então ela recuou a mão e analisou meu rosto aumentando seu sorriso.

- O que foi?- pergunto desviando o olhar passando a mão por meu rosto, para verificar se não estava com alguma coisa do café da manhã em minha cara.

- Nada, apenas te achei bonita- Fala se apoiando na mesa- É novata?

- sim, primeiro dia- Falo dando um sorriso, não era muito de conversar com os outros. Mas... Acho que não tinha problema em ser gentil com aquela garota.

- Acho que você vai gostar daqui, aqui é bem legal- Fala olhando para os lados como se estivesse confirmando o que dizia- Só tem algumas pessoas desprezíveis aqui e ali, mas tem muitos legais...

Então vejo a mulher que estava explicando as normas escolares começou a levar os alunos pelo corredor, quase sumindo.

- Eu estava com meus amigos e vi você aqui sozinha, então resolvi te dar as boas vindas- Fala Zöe dando um sorriso lindo mostrando seus dentes brancos.

- Acho melhor você seguir eles, é horrível ficar perdida por aqui- Fala se levantando e correndo pelo refeitório em direção a uma porta- Depois conversamos, Tchau Hasel!

- Tchau Zöe!- Grito e ela acena da porta junto de outras garotas de sua idade que começaram a conversar com ela

Então me levantei e caminhei atrás dos outros novos estudantes bem a minha frente, quando os alcancei alguns garotos olharam para mim novamente me secando com os olhos. Senti minhas bochechas ruborizarem e fiz um pedido mentalmente que não caíssem na mesma matéria que aqueles garotos. 


 

{...}


 

Durante o final do tur eu já não estava prestando atenção nas explicações, meus pensamentos estava sobre o livro, eu pensava o quanto aquela escritora devia ter uma imaginação fértil, lobisomens? Dimensões? Escolhidos?

-... A senhorita deu sorte senhora Madlens- Falou a mulher de meia idade se virando para mim.

- O que?- pergunto confusa voltado a prestar atenção na mesma.

- O primeiro e o segundo andar estão cheios, a senhorita terá de ficar no terceiro.

Olhei para trás para saber se era realmente comigo que ela falava, foi então que notei que só eu estava ali com a mulher.

- T-tudo bem- falo dando de ombros, tentando mostrar indiferença.

- Siga-me- Fala caminhando até a escada e eu a acompanho sem falar nada.

Passamos pelas escadas cujos corrimões eram de bronze e as paredes cheias de janelas como o os outros corredores.

Entramos por uma porta de madeira escura no final das escadas.

Então ela abriu a porta e entramos em um pequeno corredor todo reluzente. 
O barulho dos saltos da senhora ecoavam pelos pisos que pareciam de porcelana. 
 

No corredor havia apenas quatro portas, 780, 781, 782 e 783.
Os números estavam em letras claras nas portas.

- A senhorita pode deixar suas coisas em seus aposentos e se organizar, o almoço será daqui à uma hora, e depois você poderá escolher suas aulas.

-Okay... Mas qual é o meu quarto?- pergunto olhando para as quatro portas.

- A porta 783, não se preocupe os cavalheiros não estão em seus quartos agora, estão conhecendo o lugar.

- cavalheiros?- pergunto alarmada voltando minha atenção a senhora- são garotos os meus colegas de corredor?

- Sim, algum problema? – pergunta arqueando uma sobrancelha.

Sim muito problema

- não, nenhum problema- Falo mostrando indiferença, acho que meu nariz cresceria se continuasse a mentir

- Ah, aqui estão suas chaves- Fala me entregando um chaveiro com duas chaves iguais- Chamarei alguém para guiá-la pelo colégio. Bem vinda a Cloudnys Mefrens.

Então ela se vira e sai caminhando pelo corredor, fechando a porta preta atrás de si sem me deixar falar nenhuma palavra.

- Okay... - murmuro comigo mesma girando os calcanhares e caminhando até a porta de número 783, pego a chave e a abro entrando em meu novo quarto.