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História I Need U (Kim Taehyung) - XI - Hari


Escrita por: psycholojin

Capítulo 11 - XI - Hari


Fanfic / Fanfiction I Need U (Kim Taehyung) - XI - Hari

Eu não havia ido conhecer os meninos na manhã seguinte como Yoongi queria.

A realidade é que enrolei bastante até que depois de alguns dias de insistência, concordei finalmente com aquela loucura. Não sabia quando, mas ele disse que iria falar com os meninos para decidirem que dia seria legal para visitá-los. Já era à noite quando eu finalmente mandei uma mensagem com minha resposta final, após semanas tendo seu contato salvo e nunca ter ligado ou mandado uma mensagem. Mas ele também nunca havia pedido meu número de telefone para que entrasse em contato comigo.

Começamos a conversar por mensagens, embora não fossem constantes, todas as noites ele me mandava "boa noite" e "bom dia" logo pela manhã. Apesar de eu estar receosa com essa aproximação de Yoongi, gostava de conversar com ele. Diferente do que pensei, ele não era amigável e simpático todas às vezes, em alguns momentos ele conseguia ser bem rude, o que me deixava muito zangada. Fazia cerca de três dias seguidos que ele vinha ao restaurante somente para me ver ou conversar com os meninos, aquilo deixava Hoseok irritado, ele dizia que Yoongi estava me incomodando e que era melhor o mais velho procurar um emprego ao invés de ficar perambulando por aí. Eu concordava, Yoongi podia ser um incômodo algumas vezes.

Jimin tentou falar comigo algumas vezes sobre o que aconteceu há alguns dias, mas eu sempre o evitava ou mudava de assunto para não ter que falar sobre Woojin.

No fundo, eu sabia que estava sendo um erro não ter falado sobre isso com ninguém.

Estava lavando alguns pratos em silêncio, ainda era dia e o movimento não estava grande, uma parte dos funcionários estava de folga já que a demanda era menor. Jimin havia sido encarregado de enxugar e guardar a louça dessa vez. Foi quando eu o ouvi soltar o pano de prato com brutalidade em cima da pia e me puxar para a parte de trás do restaurante.

O Park apertava meu pulso com força, o que me fez reclamar de dor, pois com certeza ficaria a marca, mas minhas reclamações eram inúteis, pois ele me ignorava. Park Jimin estava sério, parecia furioso e eu sabia que não seria ouvida e nem que conseguiria evitar aquela conversa. Ele me colocou contra a parede e me prendeu ali, olhando no fundo dos meus olhos enquanto estava com a expressão séria.

Eu estava assustada. Era a primeira vez que vi Jimin com aquela expressão.

— Eu vou falar apenas uma vez e eu espero que você escute com atenção! — Seu tom era sério e seu rosto estava duro e assustador.

Jimin afastou-se um pouco ao me ver assustada e ofegante, mas não tirou aquela expressão do rosto. Engoli em seco e esperei que ele continuasse.

— Você não pode simplesmente ficar parada depois do que aconteceu, Hari. E se ele estiver fazendo isso com outras mulheres? Ou se vai fazer com outras?

— Eu não... — gaguejei — eu não quero causar problemas, não aqui.

— Mas já causou!

Eu não falei mais nada.

Jimin cruzou os braços e encostou-se na parede, ficando ao meu lado. Ele já não olhava mais para mim e seu rosto estava sereno, mas ainda demonstrava sinais de irritação e preocupação. Park Jimin olhava para cima, onde conseguimos ver o anoitecer e as estrelas começarem a aparecer timidamente. Era um crepúsculo vespertino bonito, o céu estava pintado num degradê entre rosa, roxo e azul. Aquele era um dos meus momentos favoritos do dia.

— Ou você conta para a senhora Chang o que ele tentou fazer ou eu mesmo conto. E se der, ainda vou socar a cara daquele filho da puta.

— Você não...

— Ousaria? Ah, eu ousaria sim! Quando uma pessoa nega um beijo a outra tem que entender que não é não. O que mais ele poderia ter feito com você se eu não tivesse chegado?

— Jimin, eu só quero esquecer essa história.

— Você jamais vai esquecer enquanto ele ainda estiver em sua convivência. Ele ainda olha para você daquele jeito nojento, e eu tenho medo de que ele tente mais algo com você. Juro que estou a um passo de cometer uma maluquice!

Era estranho para mim ter alguém que se preocupava tanto comigo. Alguém que não fosse somente a minha família. Me sentia indefesa enquanto Park Jimin estava apenas tentando me defender, mas eu sabia que ele estava certo.

— Acha mesmo que eu deva denunciar? E se não der em nada? Será a minha palavra contra a dele.

— Porra, você ao menos consegue se escutar, garota? — ele bagunçou seus cabelos enquanto reclamava.

Jimin entrou no restaurante e me deixou sozinha em meio aos meus pensamentos confusos e assustados.

Não sei quanto tempo fiquei ali fora perdida em pensamentos, sei bem o que devia ser feito, mas não me sentia emocionalmente pronta para isso. Algumas lágrimas começaram a cair dos meus olhos, molhando minha bochecha. Funguei e as limpei antes que começassem a cair mais e eu chorasse intensamente. Saí daquele lugar e decidi ir até a sala da senhora Chang, ela devia estar em seu escritório, sempre estava lá. A sua sala ficava em um corredor no segundo andar do estabelecimento, ali os funcionários só entravam se tivesse autorização.

A senhora Chang era responsável por toda a parte administrativa do restaurante, então era comum que estivesse a maior parte do tempo ocupada. Além de seu escritório, o segundo andar do restaurante era reservado para eventos e comemorações privadas.

Bati duas vezes na porta e pareceu que foi uma eternidade até que ela me desse permissão para que entrasse. Se eu pudesse, daria meia volta e diria que não era nada, mas não podia desistir agora. Jimin iria fazer mais confusão do que eu já estava prestes a fazer.

Entrei devagar em seu escritório e eu pude sentir seu olhar em mim. A mulher usava uma camisa de cetim vermelho, calças pantalona pretas e seus lábios estavam pintados em um tom de vermelho forte. Eles eram finos, mas combinavam com seu rosto. Chang usava óculos, aqueles que lembravam de uma avó com cordinha, ela me olhava por cima deles, enquanto eu andava devagar até sua mesa.

— Aconteceu alguma coisa, Hari?

Ela deve ter percebido que eu não estava bem, pois deixou os papéis que segurava de lado e me deu sua total atenção.

— É... eu precisava falar com a senhora. — a mulher esperou que eu continuasse, coisa que demorei a fazer.

— Sim?

— É uma reclamação, na verdade. Eu não queria contar sobre isso a ninguém, não quero causar problemas para a pessoa envolvida e até mesmo ao seu restaurante. Mas Senhora Chang, não consigo mais guardar isso só para mim.

— Hari, por favor vá direto ao ponto!

— Senhora Chang, o que estou querendo dizer é que... — hesitei — sabe o Woojin? Bem, ele fez uma coisa não muito legal comigo. Woojin se aproveitou de um momento em que eu estava sozinha e tentou me beijar à força. Se não fosse por Jimin, nem sei o que mais ele teria feito comigo.

Mesmo que eu estivesse tentando ser o mais forte possível, a vontade de chorar parecia estar vencendo. Senti meus olhos lacrimejarem e rapidamente os enxuguei e evitei olhar diretamente para a senhora Chang.

Durante vários segundos a mulher não disse nada, e fiquei ali apenas me sentindo um lixo. Mas agora tudo estava feito, não podia desistir se já tinha exposto o que havia acontecido.

— Woojin tentou me beijar. E é extremamente desconfortável estar no mesmo ambiente que ele.

— Hari, isso é uma acusação muito séria! Você tem certeza disso?

— Nunca tive tanta certeza em toda minha vida.

Eu não tinha mais para onde correr. Como Jimin havia dito, eu devia enfrentar isso se eu não quisesse mais viver com medo de acabar ficando sozinha com o Woojin.

(...)

No outro dia, quando chegou o final do expediente, liguei para vovô avisando que não iria para casa e que sairia com alguns colegas. Para vovô não teve muita importância, mas Dona Rose não ia gostar muito da ideia de que eu não estava na segurança da minha casa. Hoseok e Jimin iriam me levar até a casa em que moravam com os outros rapazes.

Eles conversavam comigo sobre como eu iria gostar dos outros, diziam as qualidades e os defeitos de cada um. Eu tentava prestar atenção em tudo e ouvir o que eles falavam sobre cada um dos amigos, até ria de algumas histórias, mas eu sempre lembrava que Taehyung estaria lá. Depois do dia em que o encontrei por acaso, nunca mais o vi. Não sabia se ele estava bem ou se ainda não prestava atenção ao atravessar a rua.

Queria muito vê-lo e me certificar de que estava bem, mas acho que não seria muito adequado ficar atrás dele, mesmo que a intenção fosse boa. Naquele dia, ele não parecia muito à vontade em minha presença, e a última coisa que eu queria era forçar uma amizade que Taehyung definitivamente não queria.

— A propósito... — Hoseok interrompeu meus pensamentos — Sabemos sobre o Taehyung.

— O quê?

Arregalei meus olhos e coloquei as mãos na boca, em surpresa.

— Sabemos que era você que estava dirigindo o carro no dia do acidente.

— Ai meu deus! Como?

Jimin balançou a cabeça em negação e deu um tapa na cabeça de Hoseok.

— Não era para ter contado agora, cabeção! — revirou os olhos — Taehyung nos contou quando Yoongi disse que você iria nos visitar.

Tinha minhas dúvidas de que ele havia dito isso apenas para que não me deixassem aparecer por lá, mas isso iria guardar apenas para mim.

— Contou só para vocês?

— Para todos nós. — Hoseok levou outro tapa — Ai! Para com isso, cara!

— Eu não vou mais!

— Tarde demais, já estamos na frente de casa. — Jimin apontou.

Estávamos de frente a uma casa feita de tijolos, tinha dois andares e parecia grande. Hoseok entrou primeiro ao abrir um portão cinza. Devagar, entrei sendo seguida por Jimin. Me surpreendi quando vi um pequeno jardim na frente da porta de entrada. Havia algumas flores, deixando a entrada colorida e bonita. Alguns jarros eram improvisados com garrafa pet, o que me lembrou dos projetos que eu fazia na escola quando era criança.

— Eu que cuido das flores. — Hoseok disse ao me ver maravilhada com aquele pequeno jardim.

Eles entraram na casa e eu os acompanhei. Jimin ainda estava sério quando falava comigo e eu devo admitir que aquela situação estava me incomodando.

Havia um hall de entrada onde alguns sapatos estavam jogados, havia um Porta guarda-chuvas num canto que ficava atrás da porta quando era aberta e um cabide de pé onde também estavam jogados alguns casacos. A sala de estar tinha um tamanho médio, as paredes eram em um tom bege, o carpete era cinza e eu podia ver algumas manchas, mas não saberia dizer o que seria aquelas manchas. No meu lado esquerdo havia uma grande janela que dava visão para o pequeno jardim de Hoseok, em minha frente havia a escada para o segundo andar. Já no meu lado direito, um sofá enorme cinza-escuro estava vazio, havia duas poltronas ao lado dele e uma mesinha com uma plantinha decorando entre o sofá e as poltronas. Na mesa de centro estavam jogadas algumas latas de cerveja, a televisão em cima de um pequeno armário rústico e marrom estava ligada e na tela dizia "Sem sinal". Um videogame também estava em cima da mesinha de centro e isso me animou um pouco.

Ouvi um barulho vindo de onde devia ser a cozinha e a sala de jantar, ao lado da parede da escada havia um enorme arco que separava a sala da cozinha, consegui ver um pouco dos armários e da mesa de jantar, mas meus olhos se concentraram na pessoa que vinha em minha direção.

— Achei que você não viesse.

Yoongi me deu um abraço e cumprimentou os meninos.

— Eu não tinha escolha mesmo.

Ouvi vozes vindo do andar de cima onde Hoseok foi para chamar os outros, meu coração acelerou conforme as vozes se aproximavam e meus olhos se arregalaram quando todos os rapazes estavam ali na sala.

Eu conhecia todos eles.

Todos os olhares estavam em mim e senti minhas bochechas ficarem dormentes. Eu devia ter ficado em casa. Qual a probabilidade de que tudo aquilo estivesse acontecendo?

— Você? — os dois rapazes do posto de gasolina falaram em uníssono

Se antes todos olhavam para mim, agora os olhares revezavam entre mim e aqueles dois. Taehyung cruzou os braços e olhou para os amigos.

— Vocês se conhecem?

— Mais ou menos. Olá, eu sou Seokjin. Se sinta à vontade para me chamar de Jin.

— Prazer em conhecê-lo, Jin! — o cumprimentei com as duas mãos e fiz algumas reverências, o maior deu uma risada.

— Sou Namjoon. — O outro foi mais seco — Então... foi você quem atropelou Taehyung?

Meus olhos arregalaram-se.

— A própria! — Taehyung respondeu — Ah, e obrigado por aquele dia do caminhão!

O moreno deu uma piscadela e um sorriso ladino.

Kim Taehyung conseguia ser bem estranho quando queria. No dia do acidente ele estava todo engraçadinho e simpático, no outro dia em que o encontrei na rua ele já estava mais rude e sério, foi difícil conversar com ele. Agora, ele estava ali, e eu não sabia dizer se ele estava de bom humor ou não.

— Eu sinto muito por isso...

— Devia sentir por não contar. — Hoseok recebeu outro tapa de Jimin — Ai! Para com isso! Estou começando a ficar zangado de verdade. — ele deu uma revirada de olhos e voltou sua atenção para mim — Mas sério, eu fiquei muito chocado quando soube!

— Bem, agora parece que você conhece todo mundo, não é?

Yoongi tentou mudar de assunto. Passei meu olhar para todos os garotos e parei em Jungkook, que estava sentado numa poltrona com a cabeça baixa e as bochechas coradas.

— Oi! — dei um sorriso — Lembra de mim, não é?

— Acho que lhe devo um hambúrguer. — riu.

Depois de um tempo conversando, comecei a me sentir confortável na presença dos meninos. Eu ria de algumas histórias que eles me contavam, até que em um determinado momento decidimos pedir algo para comer. Foi questão de vinte minutos até a campainha tocar e Jungkook voltar com três caixas de pizza. Era muita pizza, mas eles pareciam comer bastante já que em pouco tempo elas foram devoradas. Eu só consegui comer duas fatias e me satisfiz, pois tomei muito refrigerante, se não fosse isso, com certeza teria comido mais.

Eu os observei enquanto comia e não consegui evitar o sorriso ao pensar na coincidência em que conheci cada um.

Ali estava o famoso grupo que tanto ouvi falar.

(...)

— NÃO! NÃO! NÃO, PORRA! GAROTA, VOCÊ TEM UM DEMÔNIO NESSES DEDOS, É?

Jungkook gritava desesperadamente enquanto apertava os botões de seu controle. Decidimos jogar uma partida de Mario Kart Tour valendo cinco mil wons*. Ele estava eufórico, pois eu estava perto de ganhar a corrida.

Segundo as poucas informações que consegui durante uma conversa com os meninos, Jungkook era bom em praticamente tudo que fazia, principalmente em jogos. Pelo que ouvi, era difícil vencê-lo no Mario Kart, mas felizmente eu estava conseguindo esse feito. O garoto fazia várias caras e bocas quando eu lançava minhas habilidades especiais em seu carro, os meninos gritavam e torciam mais para mim do que para Jungkook.

— AH! EU GANHEI, PORRA! — Jeon comemorou depois de uma partida difícil.

Jungkook não parecia mais o menino tímido e assustado que conheci no supermercado, ele mostrou ser bem mais extrovertido do que parecia.

Ri de sua comemoração enquanto os meninos me elogiavam por ter quase ter o derrotado. Fui surpreendida quando Jungkook me abraçou e bagunçou meu cabelo, ele estava mostrando um lado que eu não esperava. O empurrei enquanto ria, mas ele era forte e quase não me soltou.

— Não tem graça, você sempre ganha! — Yoongi reclamou.

— Até onde sei, a intenção do jogo é ganhar. Quem é o próximo?

— Vamos fazer outra coisa? — Jimin perguntou.

Namjoon, que estava sentado em uma das poltronas, ainda comendo uma fatia de pizza, perguntou:

— O quê?

— Não sei. Talvez uma brincadeira.

Seokjin levantou-se e limpou as mãos sujas em suas calças.

— Vamos fazer assim, Tae, vá buscar uma garrafa! Essa brincadeira todos conhecem, brincávamos muito nas festas quando éramos mais novos. Uma pessoa irá girar a garrafa e...

— Ah, não! — Jimin reclamou — Não dá para brincar de verdade ou consequência com o Namjoon, ele sempre solta algo pesado.

— Prefere o jogo da garrafa?

— A Hari é a única garota aqui.

— E?

— Você beijaria o Namjoon? — perguntou Hoseok.

— Beijaria você também.

Jin mandou um beijo para ele, que soltou uma gargalhada alta e escandalosa. Quando Taehyung voltou com a garrafa, ele se juntou na rodinha que fizemos em volta da mesa. Tiramos as caixas de pizza e colocamos no canto para dar espaço para a garrafa poder girar.

— A boca responde e a bunda pergunta.

— Como assim, cara? Que brincadeira imprópria você está planejando? — Hoseok interrompeu.

Seokjin soltou um suspiro.

— Quando a boca da garrafa apontar para você é para responder, e o fundo da garrafa vai estar apontado para a pessoa que irá fazer a pergunta, entendeu? Proponho evitarmos os desafios em respeito a nossa nova amiga Hari. Temos que nos mostrar sermos homens decentes.

— Ah, agora entendi.

— Ótimo. Eu começo.

Seokjin girou a garrafa e eu fiquei olhando com atenção, ansiosa para saber para quem ela iria apontar. Quando a garrafa finalmente estava parando, a tensão aumentou. Os meninos faziam barulho e se empurravam enquanto eu ria de nervosa sempre que ela apontava para mim. Ao parar, agradeci por não ser eu a primeira.

Namjoon iria perguntar a Jungkook.

— Eu vou pegar leve em respeito à Hari. Diga alguma coisa que mudaria em si.

— Acho que eu gostaria de ser menos tímido e mais extrovertido quando estou em público como sou com vocês. — ele olhou para mim — Aquele dia no supermercado foi constrangedor.

— De qualquer forma, te achei uma fofura! Não precisa mudar nada em você só para que atenda ao que os outros esperam, Kook. Você já é incrível só por ser quem é!

Jungkook deu um sorriso, mostrando aqueles dentes fofos de coelhinho. Eu havia adorado conhecê-lo e ter jogado com ele, esperava que nos aproximássemos mais.

— Próxima dupla!

Jungkook girou a garrafa que dessa vez apontou para Jin responder e Taehyung perguntar.

— Jimin, Jungkook e eu estamos nos afogando, quem você salvaria primeiro?

— O que estivesse mais próximo a mim, parece ser o mais lógico.

— Os outros você deixaria morrer?

Hoseok atiçou.

— A pergunta é sobre quem eu salvaria primeiro, não quem deveria morrer. Então, após salvar o mais próximo, iria ajudar os outros. E pelo amor de Deus, vocês não iriam ajudar?

— Mas e se nessa situação só tiver você para ajudar?

— Como eu disse, ajudaria o que estivesse mais próximo ou o que mais precisasse de ajuda.

— Não é nada divertido brincar com você. — o Jung fez uma careta engraçada.

Seokjin girou a garrafa novamente. Quando aquele objeto parou, meus olhos arregalaram-se imediatamente. Eu responderia a Yoongi. O olhei e pude notar um sorriso no canto de seus lábios, engoli em seco e tentei olhá-lo com determinação enquanto aguardava a sua pergunta.

Só por aquele sorriso eu sabia que coisa boa não viria.

— Hari, é verdade que você gostou tanto do meu selinho que se eu não tivesse me afastado você teria enfiado sua língua na minha boca?

Naquele momento senti como se o chão embaixo dos meus pés tivesse sumido, minha boca se abriu e eu não soube o que responder. Não havia palavras que pudessem responder aquilo, era como se eu houvesse ficado sem voz. Pisquei várias vezes na tentativa de buscar alguma resposta, mas nada saiu. Os meninos ficaram em silêncio, aguardando o que eu responderia.

Olhei ao meu redor e todos tinham expressões diferentes, mas a pior era a de Hoseok e Jimin. Eles riam baixinho, principalmente Hoseok, que já havia feito comentários desnecessários sobre Yoongi e eu.

— EU SABIA QUE ALGUMA COISA ESTAVA ACONTECENDO ENTRE VOCÊS DOIS! — gritou — EU CONFIEI EM VOCÊ, HARI! VOCÊ DISSE QUE NÃO ESTAVA ACONTECENDO NADA ENTRE VOCÊ E O YOONGI.

— E não está! — esbravejei e semicerrei os olhos quando encarei Yoongi — E enfiar a minha língua na sua boca seria a última coisa que eu faria em toda minha vida.

— Veremos... — ele riu.

Bufei.

— Que horas são?

Namjoon olhou para seu relógio de pulso.

— São 23h40.

Arregalei meus olhos. Como assim já era quase meia-noite? Me levantei imediatamente e procurei minha bolsa que estava com meu uniforme dentro, ela estava jogada em uma das poltronas.

— Para onde vai? — Taehyung perguntou.

— Para casa. Já é tarde.

Yoongi se levantou e veio até mim com uma expressão séria, completamente diferente de minutos atrás.

— Você não vai sozinha!

— Levo você em casa. — Taehyung disse já pegando um casaco, atraindo o olhar de todos.

— E você sabe onde ela mora? — perguntou Yoongi, desconfiado.

— A acompanhei uma vez quando nos encontramos.

Eu não disse mais nada. Quando me dei conta, Taehyung já estava me conduzindo para o lado de fora. Por estar tarde, não havia muita movimentação nas ruas. Fazia um pouco de frio e eu acabei por tentar me abraçar na esperança de que isso diminuísse o tremor que sentia. Taehyung retirou seu casaco quando notou que eu estava me tremendo um pouco e o colocou em meus ombros, ele não me olhou, mas pude ver que revirava os olhos e dava uma bufada.

— Você não gosta muito de mim, não é?

— Você não é uma das minhas pessoas favoritas no momento.

— Então por qual motivo foi tão receptivo comigo naquele dia da sua alta? Eu simplesmente não consigo entender você.

— Você estava tão assustada, não queria que ficasse sentindo peso por um acidente que em parte também foi minha culpa. Ter sido legal com você naquele dia não era um passe livre para você entrar na minha vida.

— Sei quando alguém não vai com a minha cara, e você é uma dessas pessoas. Consigo notar você me olhando com desdém.

— É que... é difícil olhar para você e não lembrar de você passando o carro por cima de mim.

— E evitando que um caminhão passasse por cima de você também. — Taehyung deu um sorriso ladino — Não precisava ter vindo me acompanhar, acho que não é muito longe até minha casa e eu poderia muito bem ir sozinha.

— Está tarde. Se fosse por mim, você dormiria lá, mas sabia que você não aceitaria.

— Então se preocupa comigo? — sorri.

— Os meninos parecem ter gostado de você, mesmo sabendo que você quase me matou.

— E quem não gosta? Eu sou um amor de pessoa!

Taehyung deu uma leve risada e eu o acompanhei. Era bom vê-lo rir e mostrar aquele sorriso quadrado.

— Prometo não pegar mais em um volante novamente.

O moreno me olhou com as sobrancelhas arqueadas e apenas assentiu. O que eu disse não era mentira, nunca mais iria pegar em nenhum volante de novo depois do que aconteceu. A imagem de Taehyung na minha frente sempre invadia meus pensamentos, até mesmo quando estava fazendo coisas do cotidiano o via ali sendo atingido pelo carro.

— Você vai fazer um favor para a humanidade.

Ri.

— Olha, o Yoongi foi um idiota com você.

— É, foi sim.

— Mas não liga para as coisas desnecessárias que ele diz. Ele faz isso justamente porque você fica irritada, é o jeito dele de tirar você do sério.

— Eu não queria que ninguém ficasse sabendo sobre o que aconteceu, principalmente o Hoseok e o Jimin. Agora que eles sabem, terei que conviver com perguntas e assuntos inconvenientes.

— É só questão de tempo até que outro assunto seja mais interessante do que o seu lance com o Yoongi hyung.

Taehyung não falou mais nada, apenas continuou andando ao meu lado. Não esperava que ele houvesse decorado onde eu morava, achei que ele tivesse ido embora depois que me despedi dele. Fico agradecida por Tae ter se voluntariado a me deixar em casa, eu teria ficado com medo de andar por essas ruas vazias sozinha.

Comecei a pensar no que havia acontecido no jogo com os meninos. Yoongi era realmente um idiota. Minha intenção ao vir para a Coreia nunca foi arrumar um namorado, mas sim conseguir criar minha independência e decidir o meu futuro. Já faz mais de um mês que estou aqui e tudo o que fiz foi criar confusão, minha vida estava caótica demais desde quando pisei naquele aeroporto.

Devo ter pensado por muito tempo, pois nem notei quando já estava em frente ao meu prédio. Taehyung me olhou e deu um leve sorriso.

— Está entregue.

O vi se virar para ir embora, mas imediatamente segurei em seu braço por puro impulso. Taehyung olhou para minhas mãos que o seguravam e em seguida subiu seu olhar até mim, esperando que eu falasse alguma coisa. Fiquei em silêncio por um tempo, apenas observando o curativo em sua testa e tentando pensar no que diria. Por que motivo eu o impedi de ir embora?

— É... está tarde. Não quer entrar e dormir aqui? É melhor do que você voltar sozinho a essa hora da noite.

— Você é maluca? — arregalei os olhos — Quer mesmo colocar um homem que você nem conhece direito para dormir na sua casa?

Imediatamente soltei seu braço e ele bufou, bagunçando seus cabelos.

— Não sei se é uma boa ideia.

— Tenho um quarto de hóspedes, você pode ficar lá essa noite. Me sentiria mal se deixasse você ir para casa sozinho a essa hora.

— Tem certeza de que não vai se incomodar?

— Se eu estou implorando para você ficar, significa que não vou me incomodar.

Já estava puxando Taehyung para dentro do prédio quando ele assentiu com a cabeça. Não podia negar, eu gostava de estar acompanhada de sua presença, ele fazia eu me sentir confortável e parecia ser uma boa pessoa mesmo na maioria das vezes ele estar sem expressão nenhuma.

Tae me seguia em silêncio, apenas olhando ao redor do prédio enquanto eu segurava uma de suas mãos e a outra estava no bolso de seu casaco que eu havia devolvido. Havia alguns vizinhos no saguão, algumas senhoras que me entregavam uma sobremesa depois do almoço e outros rabugentos que nem fazia questão de conversar.

Não conhecia bem as pessoas daquele lugar. Até porque, se eu fosse me classificar em uma categoria de vizinhos, seria os que só saem de casa para trabalhar. Pegamos o elevador e rapidamente chegamos ao andar em que eu morava, peguei as chaves do meu apartamento de dentro da minha bolsa e abri a porta. Dei passagem para que Taehyung entrasse e assim ele fez, ainda olhando tudo ao seu redor. Ele não falava nada, apenas parecia curioso e um pouco tímido. Sentou-se no sofá e ficou me olhando enquanto eu colocava a bolsa em cima de uma mesa no canto.

— Você quer alguma coisa?

Perguntei enquanto ia até a cozinha.

— Apenas uma água.

Tae ficou na sala, provavelmente estava olhando as poucas decorações que eu havia colocado.

— Você tem uma bela casa.

Ele disse quando voltei com uma garrafa d'água e o entreguei.

— Obrigada. Sabe, antes de dormir gosto de tomar um copo de leite quente com chocolate, você quer?

— Não...

— Com açúcar ou sem açúcar? — o interrompi.

Voltei à cozinha, mas antes consegui vê-lo revirar os olhos.

— Pouco açúcar.

Havia apenas um balcão separando a cozinha da sala, estilo cozinha americana e eu vi Taehyung olhando para alguns quadros com fotos de família que eu havia conseguido colocar como decoração. Ele analisava um por um. Me virei de costas e coloquei o leite para esquentar, mas consegui ouvir seus passos vindo para perto do balcão.

— Essa é sua família?

O retrato que Taehyung estava segurando era uma foto em que estava minha mãe, Robert, Jonas e eu.

— É sim.

— Você não se parece com seu pai, nem com seu irmão.

— Ele não é meu pai, mas o considero como se fosse. O nome dele é Robert, namora a minha mãe já faz alguns anos. E esse é o filho dele, Jonas. Minha mãe é sua madrasta.

— A sua mãe não está na Coreia?

Desliguei o fogo e coloquei o leite em copos que estavam em cima do balcão com chocolate. Despejei o leite e o chocolate começou a derreter.

— A Coreia não é um lugar muito legal para minha mãe. Depois que foi abandonada pelo meu progenitor, ela quis ir embora para o mais longe e recomeçar a vida.

— Você está tentando entrar na faculdade, não é?

Ri comigo mesma por pensar que Taehyung sabia muito sobre mim para alguém que queria esquecer a minha existência.

— Bem, eu ainda nem faço ideia do que quero fazer na faculdade.

— Tenho certeza de que logo você descobrirá. Mas aconselho descobrir quanto antes para conseguir algo melhor do que limpar a bagunça do Jimin.

Eu ri.

— Ele não bagunça tanto assim, só quando está distraído.

Taehyung bebeu seu leite, fiz o mesmo. Por algum tempo ficamos assim, apenas bebendo nosso leite com chocolate e aproveitando a companhia um do outro, até que ele resolveu quebrar o silêncio.

— Depois do trabalho eu vou para a casa da minha mãe e fico com ela e minha irmã assistindo televisão. É a melhor parte do meu dia.

— Você se importa muito com elas, não é?

— Por elas eu mataria e daria minha vida. Não sei o que seria de mim sem elas.

— Então vocês são bem próximos.

— Quando fui morar com os meninos eu me distanciei um pouco, mas aconteceram algumas coisas que fizeram com que fosse um dever meu ir antes e após o trabalho para me certificar de que estão bem.

— E elas estão?

— Não.

Taehyung bebeu o último gole do seu leite. Ele não me olhava, parecia distante e pensativo e sua expressão era séria. O que quer que tenha acontecido, parecia deixá-lo aborrecido. Não mentirei, estava curiosa para saber mais sobre Taehyung, seu relacionamento com sua família e seus problemas pessoais, mas não era o melhor momento para perguntar mais do que ele queria me contar.

— Estou com sono. Onde vou dormir?

— A última porta do lado esquerdo do corredor fica o quarto de hóspedes.

Taehyung levantou-se e foi na direção em que indiquei, mas parou assim que notou que eu não o acompanhava.

— Você não vem?

— Eu vou depois, ainda não estou com muito sono. — sorri.

— Okay. Pois boa noite.

— Boa noite.

Ouvi seus passos sumirem no corredor até que a casa ficasse em completo silêncio. Eu estava curiosa, algo dentro de mim dizia que Taehyung precisava de um apoio, de alguém para conversar. Ele tinha os meninos, mas acho que não era de alguém próximo que ele precisava conversar.

Me sentei no sofá e liguei a televisão, mas nem sequer prestei atenção no que passava. Estava somente eu e meus pensamentos, foi então que cheguei em uma conclusão.

Eu queria ser a pessoa com quem Taehyung poderia conversar.


Notas Finais


Oii!!!

Trouxe mais um cap.

To meio preocupada, pois deixei 24 capítulos prontos e já estamos no 11 enquanto eu to parada no 24 pq ele é novo (não é reescrito) e to com um bloqueio, quero deixar ainda muitos capítulos prontos pra não atrasar as postagens.

O que estão achando??? Eu espero que estejam gostando tanto quanto eu.

Nos vemos na quinta!


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