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História I Need U (Kim Taehyung) - V - Hari


Escrita por: psycholojin

Notas do Autor


Demorei mas cheguei :3
Como foi a virada de vcs??? A minha foi muito legal, passei em casa ouvindo bem alto meus fav e cuidando dos meus bichinhos.

Capítulo 5 - V - Hari


Fanfic / Fanfiction I Need U (Kim Taehyung) - V - Hari

Eu segurava o celular do rapaz com as mãos tremendo, não conseguia parar de pensar no corpo dele se chocando contra o carro. Aquela cena não saia da minha cabeça e acreditava que ainda demoraria muito até que aquilo sumisse da minha mente.

Estava sentada num banco desconfortável da recepção do hospital enquanto esperava vovô me trazer um copo d'água e tentar tranquilizar a mãe do rapaz que chorava e gritava. Eu estava completamente assustada, não consegui falar nada para tranquilizar aquela mulher. Fazia cerca de vinte e cinco minutos que estávamos naquele hospital, e eu me encontrava ainda atordoada com o acidente, minhas mãos ainda estavam sujas com o sangue que escorria da cabeça do rapaz, ele havia batido a cabeça no vidro do para-brisa carro. E havia sido feio. Muito feio. O para-brisa estava quase que completamente destruído, e tudo aquilo era culpa minha.

Ahhhhhh! Isso não poderia ter acontecido! Sou um monstro!

A mulher havia dito algo sobre as pessoas que moravam com o rapaz. Disse para entrar em contato com algum dos amigos que moravam com ele, falou que eles poderiam ajudar. Eu não conseguia ter coragem o suficiente para abrir o seu celular e procurar o contato de algum amigo, afinal eu nem sabia quem eles eram. Minhas mãos tremiam só de considerar ligar para algum desconhecido e dar a terrível notícia de que o amigo deles foi atropelado e está no hospital. Olhei para meus dedos que estavam vermelhos com o sangue do rapaz e depois para a tela do seu celular.

Por que isso tinha que acontecer justo comigo?

Eu me tremia, tremia só de pensar no pior. Quando achei que não conseguiria fazer absolutamente nada, os meus dedos involuntariamente ligaram o celular.

Sua tela de bloqueio era uma foto dele mesmo e a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que ele era bonitinho. Se liga, Hari! Balancei a cabeça levemente para inibir aqueles pensamentos e desbloqueei seu celular, me espantando em apenas passar o dedo sobre a tela e o celular já estava desbloqueado.

Como ele não tinha nenhuma senha? Isso por acaso seriam os Deuses finalmente me ajudando quando preciso?

Abri os seus contatos e me forcei a parar de tremer.

Para quem eu ligaria? Eu não conhecia ninguém e a mãe do rapaz não me disse nem o nome de alguém para poder ajudá-lo. Esperava encontrar pelo menos um contato "Fulano colega de apartamento", mas quando achei que o universo já tinha me ferrado — ou me ajudado — o bastante, ele me mostrou o quanto eu estava errada.

Fiquei olhando para aquele contato com os olhos arregalados até ter coragem o suficiente para ligar e ver o que iria acontecer.

Eu liguei.

Começou a chamar.

Meu coração acelerou só na ideia de que eu ouviria a voz rouca de Yoongi outra vez.

Foram somente quatro toques para que ele atendesse, mas que para mim pareceu uma eternidade. Quando finalmente atendeu, meu coração pareceu ter parado de bater. Quem quer que seja a pessoa que atropelei conhecia o Yoongi, isso se for o mesmo Yoongi que conheci naquela praça, e conhecer justamente esse Yoongi era uma coincidência demais para ser completamente ignorada. Seul tinha quantos milhões de pessoas? Dentre milhares, qual era a possibilidade de ser justamente o Yoongi da praça? Afinal, quantas pessoas com o nome Yoongi existiam em Seul?

Não falei absolutamente nada quando ele atendeu, não saiu nenhuma palavra dos meus lábios e parecia que eu havia esquecido como se falava.

— Tae? Cadê você, cara?

Silêncio.

Minha mão tremia, eu tentava parar, mas simplesmente não conseguia. Olhava para um ponto fixo com os olhos arregalados. O que eu diria?

— Tae? Você está me ouvindo?

— Yoon-Yoongi? — finalmente disse — Preciso de ajuda! — e então, várias lágrimas começaram a cair. Eu não sabia o que fazer.

— Quem está falando? — Yoongi não havia reconhecido a minha voz e isso só fez com que eu ficasse ainda mais nervosa.

— Hari. — respondi.

O homem do outro lado da linha ficou em completo silêncio por alguns segundos, como se tentasse lembrar quem era que estava com o celular do amigo. Depois de um tempo, ele pareceu voltar para a realidade.

— Hari? O que você está fazendo com o celular do Taehyung? Aconteceu alguma coisa?

— Aconteceu. Eu o atropelei.

Aquelas palavras saíram tão naturalmente dos meus lábios que jurei que Min Yoongi acharia que eu era uma psicopata.

(...)

Eu esperava Yoongi na recepção do hospital, vovô estava com a mãe de Taehyung enquanto este repousava à espera de alguma notícia do médico. Andava de um lado para o outro, com mais um dos vários copos d'água que tomei desde que havia chegado ali. O copo estava gelado, mas pelo menos a sensação gélida fez com que eu me acalmasse um pouco.

Já estava anoitecendo e fazia meia hora que eu havia falado com Yoongi. Estava tão desesperada que nem mesmo limpei as minhas mãos que ainda estavam sujas com o sangue de Taehyung. Como consequência, o copo estava sujo, mesmo que o sangue já estivesse praticamente seco. Ouvi as portas do hospital serem abertas com brutalidade e meu coração acelerou ainda mais quando vi Yoongi parado, olhando para mim. Seus cabelos escuros balançaram com o vento que fazia do lado de fora, o que deixou sua entrada um pouco dramática. Yoongi correu em minha direção, achei que fosse gritar comigo, me chamar de irresponsável por quase matar seu amigo, mas ele simplesmente me abraçou e eu deixei com que todo o desespero que eu estava segurando finalmente se libertasse.

Retribuí o abraço de Yoongi e tenho quase certeza de que manchei sua blusa impecavelmente branca de sangue. O rapaz passou a mão pelos meus cabelos lentamente, afagando aquela região com delicadeza.

— Como aconteceu?

— Meu avô estava me dando aulas de direção, e estava indo tudo muito bem. Eu não ia rápido, acho que não passava dos quarenta quilômetros quando o seu amigo simplesmente apareceu e eu não consegui frear a tempo. — Yoongi afastou um pouco meu corpo do dele e me fez encarar seus olhos.

— Está tudo bem! — garantiu — Foi apenas um acidente!

Ele parecia tão calmo com tudo que estava acontecendo. Se fosse eu, certamente estaria surtando numa hora como essa, chamando de irresponsável e filho da puta a pessoa que atropelou meu amigo.

— Hari! — olhei na direção em que meu avô vinha, ele estava ofegante como se tivesse corrido. Olhou para Yoongi e depois para mim — Ele acordou!

A primeira coisa que fiz após processar essa informação foi correr em direção ao elevador. Yoongi e vovô me acompanharam, mas eu não focava em mais nada a não ser em ver com meus próprios olhos de que o rapaz estava vivo. Escutei algo sobre ele estar no oitavo andar e o médico estaria lá. Quando as portas do elevador se abriram, saí correndo atrás do quarto onde o rapaz estava.

— Hari!

Vovô tentou me segurar, mas me soltei de seus braços e saí procurando o garoto ou a sua mãe. Eu queria mais informações, muito mais informações do que um simples "ele acordou".

— Moça, espere!

Um médico que estava ali me impediu de continuar procurando Taehyung. Vi o homem olhar para vovô e presumi que ele deveria ser o médico que estava responsável por ele.

— Como ele está, doutor? — Yoongi perguntou.

— Para a sorte do rapaz, ele teve uma pequena lesão na cabeça, nada preocupante. Pode ser que fique um pouco atordoado pelos próximos dias, mas vai se recuperar bem. Também teve alguns arranhões, mas nada que precise de urgência. A sorte é que o carro não ia rápido, e por mais que não tenham conseguido frear a tempo de não o atropelar, foi o suficiente para os danos não serem maiores. Você é familiar dele?

— Somos irmãos por parte de pai. — eu o olhei e o vi dar uma piscadela. Parecia que ele tinha a resposta na ponta da língua.

— Se quiser, pode ir vê-lo! Ele estava com a mãe, mas ela acabou de ir embora.

Olhei para o crachá, que estava pendurado no bolso do homem e vi que seu sobrenome era Kang.

— Eu... posso ir também?

Dr. Kang olhou para mim de cima a baixo e negou com a cabeça.

— Desculpe, mas apenas parentes próximos.

— E se ela tiver a minha permissão? — O homem não o respondeu, apenas assentiu com a cabeça — O senhor se importaria de esperar? — vovô negou, mas antes que eu fosse, ele acariciou minha mão como se me dissesse que tudo ficaria bem — Venha, Hari!

O médico nos acompanhou até o quarto em que Taehyung estava. Ao abrir a porta, pude ver o rapaz sentado na cama olhando para um ponto fixo do quarto. Havia uma janela que dava para ver o pátio do hospital e outros prédios que também faziam parte da área hospitalar. De onde eu estava conseguia ver algumas árvores e até mesmo pássaros que tinham ninhos ali, era uma bela vista. Ao notar que nos aproximávamos, Taehyung olhou em nossa direção e sorriu ao ver Yoongi.

O sorriso do rapaz era uma coisa impossível de explicar. Era quadrado e eu conseguia ver perfeitamente os seus dentes. De alguma forma, ao vê-lo ali sorrindo, me deu vontade de sorrir também. Senti os cantos da minha boca começarem a formar um sorriso, mas rapidamente voltaram ao normal quando Taehyung parou de sorrir ao me ver ali.

Engoli em seco quando vi seu olhar pousar em mim, não sabia como reagir aquilo ou o que fazer. Yoongi estava segurando minha mão, e quanto mais íamos entrando naquele quarto, mais apreensiva eu ficava. Taehyung não tirava seus olhos de mim, e eu já estava extremamente desconfortável com toda aquela situação. Ouvi a porta ser fechada, o que não melhorou muito a minha situação.

— Você está bem? — Yoongi perguntou ao rapaz que finalmente parou de me encarar e voltou sua atenção para o amigo.

— Só com um pouco de dor de cabeça.

Deu um leve sorriso antes de voltar a olhar para mim. Por alguns segundos esqueci a situação em que estávamos e fiquei pensando em como a sua voz era uma das melhores coisas que eu havia escutado em toda a minha vida. Era grossa e rouca, mas não do tipo que intimidava. Ao mesmo tempo que era forte e poderosa, era doce e calma. Engoli em seco e Yoongi pareceu notar o desconforto que Taehyung e eu nos encontrávamos.

— Tae, esta é a Hari! — me apresentou — Foi ela quem... foi ela quem te atropelou.

— Ela? — Yoongi assentiu — Peço desculpas!

Meu coração se apertou e arregalei os olhos. Eu não esperava que ele fosse pedir desculpas, isso era a última coisa que se passou pela minha cabeça e eu havia imaginado tudo. Imaginei que ele fosse gritar comigo, me xingar e dizer que ele não estaria ali se não fosse por minha causa.

— Eu deveria ter prestado mais atenção.

— N-não... está tudo bem! — gaguejei — Acidentes acontecem, não é mesmo? — dei uma leve risada, sem graça — E sou eu que devo pedir desculpas.

Que péssimas coisas para se dizer a uma pessoa que você atropelou.

Taehyung continuou a me olhar sem dizer uma única palavra, parecia me analisar antes de dizer qualquer coisa. Me sentia uma presa e ele o predador, pois seu olhar era ameaçador, do tipo que decidia se me via como algo inofensivo ou uma ameaça.

— Qual seu nome mesmo?

— Hari. Cho Hari.

— Os meninos ainda não sabem. Quando Hari me ligou e disse o que havia acontecido, saí de casa o mais rápido que pude e vim até aqui.

— A sua mão...

Taehyung ignorou Yoongi. Olhei para as minhas mãos e vi que elas ainda estavam sujas. Tentei escondê-las, mas isso não iria adiantar.

— Pode lavá-las, se quiser. — Apontou com os olhos para o banheiro.

Nem esperei que ele dissesse mais alguma coisa, fui até a porta que levava ao banheiro e me tranquei ali dentro. Dei um grande suspiro antes de enfim abrir a torneira da pia e começar a limpar aquele sangue. Esfreguei minhas mãos com a maior força que tinha, por já estar um pouco seco era difícil limpar e elas ficavam cada vez mais manchadas. Como eu era irresponsável, eu podia ter matado o garoto.

Esfreguei com mais força, na esperança de que aquele sangue saísse logo. Mas me atrapalhava pensando na possibilidade de que eu realmente poderia tê-lo matado. O que eu faria se isso tivesse realmente acontecido? Não iria me perdoar nunca! Não consigo me imaginar vivendo sabendo que fui responsável pela morte de uma pessoa. Para a minha sorte, Taehyung estava vivo e bem, nada grave havia acontecido.

Saí do banheiro com as mãos limpas e me deparei com Yoongi e Taehyung conversando. Me sentia uma estranha. Na verdade, eu era uma estranha. Era apenas uma garota irresponsável que atropelou Taehyung e o deixou nessa cama de hospital.

Me aproximei dos dois e me sentei numa poltrona, olhando para Taehyung, que conversava com Yoongi sobre algo que nem sequer ousei a prestar atenção.

— ...e é por isso que estou nessa situação. — Apontou para o curativo que estava em sua cabeça. Quando notou minha presença, deu um leve sorriso e voltou a olhar para Yoongi, esse que demonstrava estar ainda mais preocupado.

— Cara, já pensou se algo pior acontecesse? Ainda bem que você nunca sai de casa sem seu celular.

— Vocês viram minha mãe? Assim que acordei ela disse precisar voltar para casa, pois meu padrasto já ia chegar e ela não havia avisado o que aconteceu.

— Não, não vimos! Não tive chance de falar com ela e nem com ninguém.

— Hari, eu agradeço por você ter o trabalho de me trazer para o hospital e ter se preocupado comigo, sério mesmo. Espero que um dia eu possa retribuir tudo o que você fez por mim.

— Retribuir? — o olhei incrédula — Era o mínimo que eu podia fazer após ter passado o carro por cima de você.

Taehyung riu.

Eu não havia batido nele com tanta força, tinha? Pois não conseguia ver nada que fosse minimamente engraçado para que ele pudesse ter rido. Yoongi se aproximou mais da cama e ajeitou o cobertor de Taehyung.

— Você já sabe quando vai poder receber alta?

— Amanhã à tarde. Preciso ficar vinte e quatro horas em observação para terem certeza de que não foi nada grave. A gente podia fazer alguma coisa, o que acha? Eu, você e a Hari.

— Eu?

— Você. Sabe, nós três podíamos sair para apaziguar a situação, sem ressentimento nenhum e comemorar que estou bem. Não posso ficar com raiva de você por algo que eu também tive culpa. Você prestou socorro, foi mais prestativa do que muita gente.

— Eu... eu não sei.

— Vamos! — Yoongi deu um sorriso e eu juro por tudo que é mais sagrado que eu quase babei — Vai ser divertido. E como você é recém-chegada, podemos te apresentar alguns lugares e pessoas legais.

— Ela é estrangeira?

Era um pouco engraçado a forma que eles conversavam como se eu não estivesse ali.

— Coreana, mas passou quase a vida toda na América.

— Isso explica o sotaque, achei que ela fosse de Busan.

Taehyung juntou as mãos e deu um largo sorriso, me olhando com expectativa.

— E então?

— Talvez seja mesmo divertido. — concordei.

— Ótimo! Acho que depois do meio-dia já estarei livre desse lugar, vocês podem vir me buscar?

— Claro! Tem algum problema para você? — Yoongi me perguntou.

— Não. Mas não ficarei muito tempo, às três da tarde terei de ir trabalhar.

Curioso, Taehyung arqueou a sobrancelha e perguntou:

— Onde você trabalha?

— Em um restaurante chinês, vai ser meu primeiro dia de trabalho. É o restaurante da senhora Chang, conhecem?

— Ah, o restaurante que o Jimin e o Hoseok trabalham. — os dois falaram ao mesmo tempo, me pegando desprevenida. Não contive o riso.

— Então vocês os conhecem?

— Eles moram conosco. — Taehyung respondeu — Ao todo, somos sete homens morando juntos no mesmo lugar. Já imagina o estrago.

Ele fez uma careta.

— Ah, interessante!

Ouvi a porta ser aberta e vi vovô apenas olhando para dentro do quarto à minha procura. Ao me encontrar e ver que eu estava tendo uma conversa civilizada com Taehyung, vovô deu um suspiro e deu um pigarro.

— Acho melhor irmos embora. Sua avó já está preocupada.

— Hm... acho que procurarei alguma coisa para comer, está com fome, Tae? — Yoongi perguntou ao amigo.

— Estou um pouco. Pode me trazer algo?

— Claro!

Senti uma dor no coração por deixar Taehyung ali sozinho, mas ele não pareceu se importar com a própria solidão. Saí do quarto acompanhada de vovô e Yoongi, que ficou conversando comigo até a recepção do hospital. Era ali que íamos nos despedir, pelo menos por hoje. Vovô foi na frente e me deixou sozinha com o garoto.

— Eu te vejo amanhã, então? — o moreno deu um sorriso um pouco tímido.

— Claro! Ao meio-dia?

— Sim, nos encontramos aqui!

Yoongi me surpreendeu ao dar um beijo em minha bochecha antes de seguir seu rumo em direção ao refeitório. Eu ainda fiquei ali, parada e processando tudo que aconteceu naquele longo dia. Dei um leve sorriso e fui atrás de vovô que olhava o para-brisa destruído. Eu iria ajudá-lo a pagar o estrago, afinal, fui a culpada disso.

Com minha cara de cachorro abandonado, me aproximei devagar e perguntei:

— Estou encrencada?

— Não.

(...)

Eu mal havia conseguido dormir na noite passada. Esqueci de ligar para minha mãe e ainda por cima deixei meu celular na casa dos meus avós, teria que dar uma passada lá para pegar. Peguei a minha xícara de café e sentei-me de frente para a janela do meu quarto. Havia acabado de acordar e nem sequer havia ido tomar um banho. Meus olhos pesavam de sono, mas de qualquer forma, não iria conseguir dormir depois dos acontecimentos de ontem. Jamais esperava que minha volta à Coreia fosse tão cheia de emoções, e nem havia se passado um mês desde que cheguei.

Bebi outra xícara de café e liguei meu notebook. Mamãe não estava atendendo minha chamada, mas enviei uma mensagem por e-mail explicando todo o ocorrido de ontem. Ela iria me matar, isso se não quisesse pegar o primeiro voo para a Coreia ou me colocar em um voo de volta para Los Angeles. Balancei a cabeça tentando fazer o sono passar, e pareceu funcionar durante alguns minutos até que meus olhos começassem a pesar novamente. Isso significava que eu precisava de um banho bom e bem gelado.

Não sei por quanto tempo fiquei embaixo de chuveiro, mas sei que passei um bom tempo pensando até começar a me ensaboar. Já de banho tomado, vesti uma blusa amarela com o nome Calvin Klein estampado na frente, uma calça jeans com alguns detalhes rasgados nos joelhos e um all star preto e simples. Eu nunca fui de me arrumar, mas esperava que no futuro pudesse encontrar minha identidade visual e inovar em minhas roupas. E não seria aquele dia que eu iria ousar apenas para ir buscar o cara que atropelei. Passei um hidratante com cor nos lábios e um pouco de corretivo nas olheiras, que estavam bem visíveis.

Não queria ter que passar na casa dos meus avós, mas eu precisava pegar meu celular. Quando cheguei lá, não disse para onde ia, apenas dei um beijo em suas bochechas e peguei o havia ido buscar. Coloquei meus fones de ouvido e fui andando em direção à estação, onde pegaria um metrô para ir até o bairro em que ficava o hospital. Não me incomodava em ter que andar um pouco, pois em meus dias de coragem achava a caminhada uma verdadeira terapia. Hoje não era meu dia de coragem, mas o clima estava gostoso e a música que tocava em meus fones deixaram a caminhada mais prazerosa.

Eu não era o tipo de garota que era fã de alguma coisa, na verdade, era bem raro eu encontrar algo e dissesse "Nossa, eu sou fã disso!". O máximo que eu fazia era escutar algumas músicas que gostava muito ou então acompanhar álbuns de alguns artistas. Podia me considerar uma verdadeira amante de música, mas sem interesse e nem mesmo paciência para acompanhar a rotina de algum cantor ou seguir no ramo musical. Eu não me via cantando ou participando de um grupo.

Após pegar o metrô e finalmente chegar na estação próxima ao hospital, corri imediatamente até lá. Já estava um pouco atrasada e antes que eu pudesse atravessar a rua, consegui ver Yoongi e Taehyung saindo do enorme prédio. Yoongi foi o primeiro a me ver, ele cutucou Taehyung e apontou, sorrindo em seguida.

Taehyung estava bem, ao que parecia. Vi Yoongi com uma cesta e um tapete de piquenique, imediatamente soube para onde iríamos. Os dois atravessaram a rua e me cumprimentaram com um sorriso, dois sorrisos maravilhosos ali bem na minha frente. Retribuí e Yoongi me contou que quando fui embora, Taehyung sugeriu um piquenique.

Enquanto caminhávamos até um parque público que ficava ali praticamente de frente para o hospital, admito que senti vontade de voar na cara de Taehyung. O rapaz estava a todo instante se desculpando, sendo que ele não teve culpa de nada. A verdadeira responsável por isso tudo era eu, e apenas eu.

— Depois que fui embora passei na casa da sua mãe. Ela estava preocupada, disse que não pôde ficar por muito tempo devido a uns problemas com seu padrasto. — Yoongi falou para Taehyung quando nos sentamos embaixo de uma árvore, já arrumando o tapete e a cesta.

— Até imagino que problemas seriam esses... — Taehyung pareceu que falou mais para si, em seguida revirou os olhos.

— Então vocês me chamaram para um piquenique? — perguntei para quebrar o silêncio que se formou depois de algum tempo.

— Pedi para que Yoongi trouxesse algumas coisas para comermos, então Jin hyung se disponibilizou para cozinhar. Fiquei sabendo que meus amigos queriam vir conhecer a famosa atropeladora de Taehyung's, mas não permiti que eles viessem infernizar você.

Ele fez uma piada, e por mais culpa que eu sentisse, não consegui segurar o riso.

— Certo, anotado. Da próxima vez quero que eles me infernizem.

— Quero muito que você possa conhecer os meninos. Já devo ter falado, mas a empolgação me obriga a repetir que estamos dando duro para poder um dia sermos um grupo bem-sucedido. — Yoongi disse animado.

— Falou sim! — ri — Vocês tocam alguma coisa?

Taehyung abriu a cesta e pegou um cacho de uva.

— Estamos mais para um grupo de k-pop do que uma banda, mas tocamos alguns instrumentos quando vamos compor e gravar uma música.

— Entendi. Que estilo vocês tocam?

— Hip hop, pop... — Yoongi disse — tentamos de tudo um pouco.

— E vocês já têm alguns fãs? — Taehyung me entregou um bolinho de chocolate — As garotas devem gostar de vocês.

— Na verdade, elas gostam. — O mais novo gabou-se — Mas elas não são nada do tipo de ficar nos seguindo por aí, apenas vão nos acompanhar quando temos alguma apresentação.

— Eu não diria que são fãs, apenas pessoas e amigos que nos dão apoio.

— E vocês fazem covers ou apresentam as próprias músicas?

— Em geral, fazemos covers. — Yoongi deu um sorriso gengival em minha direção, completamente feliz por falar do seu sonho — Ainda estamos trabalhando em nossas músicas autorais.

— Hoseok hyung fica responsável por fazer algumas coreografias maneiras, escrevemos letras maneiras para depois um dia fazermos uma apresentação maneira.

— Você sabe mais da gente do que sabemos de você.

— O que vocês querem saber sobre mim? — perguntei.

— Tudo! — Yoongi disse.

— Bem, eu nasci aqui na Coreia, em Seul. Vivi aqui até meus sete anos, quando minha mãe decidiu querer se mudar para Los Angeles depois que teve uma decepção amorosa com o meu pai, onde fiquei até umas semanas atrás. Acabei de fazer vinte e um anos.

Yoongi mastigava um pedaço de bolo quando me olhou curioso.

— Você faz faculdade?

— Ainda não escolhi que faculdade quero fazer. Faz um tempo que pesquiso e pesquiso, mas não me identifiquei com nada. Acabo sempre voltando para o mesmo lugar.

— Então o que você faz? — Taehyung perguntou.

— Agora trabalho no restaurante chinês e atropelo estranhos nas horas vagas. — ele riu, me fazendo acompanhá-lo.

— Uau, quanta coisa! — Yoongi ironizou, nos fazendo rir.

Os garotos começaram a conversar entre si, empolgados sobre eu um dia poder fazer parte dos vídeos para seu canal no YouTube. Taehyung dava várias ideias e Yoongi concordava com todas, eu apenas comia e ria das ideias que os garotos tinham.

Peguei meu celular e constatei as horas, meus olhos se arregalaram quando vi que faltava apenas meia hora para que meu horário no trabalho começasse. Eu precisava ir! A minha sorte era que não demoraria para chegar ao restaurante, talvez eu chegasse a tempo.

Taehyung pareceu notar que eu estava começando a ficar preocupada e que iria embora.

— Aconteceu alguma coisa?

— Preciso ir para o trabalho!

Dei um abraço nos dois, agradeci por serem compreensivos comigo pelo que aconteceu e novamente pedi desculpas a Taehyung. Ele era tão gentil, às vezes chegava a ser irritante a forma que insistia que a culpa era dele. Acenei mais uma vez para os garotos e fui para o restaurante.

Do parque em que eu estava até o restaurante eram apenas alguns quarteirões. Quando cheguei, eu estava um pouco ofegante e um rapaz que estava usando o uniforme do restaurante abriu a porta para mim. Agradeci e ele deu um sorriso que tenho certeza de que iluminou todo o meu dia. Encontrei a senhora Chang conversando com um senhor, provavelmente era um cliente. Ao notar minha presença, ela sorriu e olhou em direção à cozinha.

— Jimin! — chamou.

Outro garoto saiu da cozinha enxugando as mãos, procurou com os olhos a senhora Chang e ao encontrá-la veio em sua direção.

— Quero que você mostre para a Hari tudo que ela deve saber. Ela ajudará você na limpeza da louça, a colocar o lixo para fora e quem sabe ela não pode ajudar também na cozinha? — sorriu.

— Claro, senhora!

Jimin olhou para mim e deu um sorriso, seus olhos formaram dois adoráveis risquinhos. O acompanhei até a cozinha e assim que entrei ele jogou um uniforme e um avental em mim, apontou para a porta de um vestiário e eu rapidamente troquei minhas roupas.

O uniforme era sofisticado, com cores que achei a cara da senhora Chang. Toda sua extensão era vermelha e as mangas compridas eram pretas. A gola era alta e tinha a mesma cor das mangas, mas os detalhes nas extremidades eram vermelhos. Era uma blusa abotoada, com botões pretos e no peito havia o símbolo do restaurante. A calça era escura e justa, e achei que ficou ótima em meu corpo.

Saí do vestiário e Jimin estava me esperando.

— Antes de tudo: prazer, sou Jimin!

— Sou Hari! — sorri.

— Eu realmente estava precisando de ajuda aqui. Fica somente eu na parte da louça, e confesso que sou um pouco desajeitado, então se acostume a ver muitos pratos quebrando por aqui.

— Vamos melhorar isso rapidinho! — dei uma piscadela, fazendo-o rir.

— Seu coreano é um pouco... não sei dizer — uau, que aleatório! Percebi que ele ficou sem graça — Desculpe, pensei alto! Mas preciso confessar que tenho que me esforçar um pouco para entender você.

— Pois você não é o primeiro a ter esse esforço. — ri. — É que faz uns anos que não falo coreano no meu cotidiano.

— Quanto tempo?

— Desde meus sete anos.

— Bom, vou te apresentar aos outros funcionários do restaurante, mas vou logo dizer que não tem nenhum mais legal que aquele ali. — apontou para o garoto que havia aberto a porta quando cheguei. Ele era garçom e servia comida numa mesa que dava para ver da cozinha — Aquele ali é o Hoseok.

— Ele tem um sorriso bem iluminado, né?

— Sim, por isso chamo ele de solzinho.

Jimin se direcionou para a pia onde havia algumas louças para serem lavadas e já me designou a tarefa. Enquanto ele lavava, eu secava e empilhava os pratos numa mesa onde ficavam somente pratos limpos e guardava as panelas limpas em seus devidos lugares.

— Faz tempo que você trabalha aqui? — puxei assunto.

— Faz alguns meses. Eu tinha que ajudar a colocar comida na mesa, então vim atrás de emprego e a senhora Chang me contratou assim que me viu. Acho que algumas vezes ela se arrepende disso.

— Ah, entendi.

Jimin me olhou, curioso.

— O que você fazia antes de vir parar aqui?

— Não fazia absolutamente nada. — ele ficou em silêncio, como se estivesse me pedindo para que continuasse — Eu morava com a minha mãe, até que vim para Seul sozinha e tive que começar a ir atrás de um jeito de cuidar de mim mesma. Meus avós falaram com a senhora Chang, eles são amigos de longa data e então conseguiram o emprego para mim.

— Quem são seus avós? Chang conhece muitas pessoas. Talvez eu possa conhecê-los também, já que passo muito tempo no restaurante.

— O nome de minha avó é Rose, ela é casada com um amigo de infância da senhora Chang, o Kwan.

— Conheço o Kwan.

— Ele vem muito aqui? — estava curiosa.

— Uma vez por semana ele vem pedir alguma coisa para a viagem, sempre dizendo que a esposa não está muito a fim de sujar as panelas.

— Minha avó sendo minha avó. — ri comigo mesma.

Jimin lavava o último prato e enxugou as mãos ao terminar.

— Ela é americana, não é? Já vi algumas pessoas olharem torto para os dois.

— É...

— Você não parece muito com ela.

— Puxei o lado coreano da família.

Guardei o último prato. Olhei ao redor e vi os outros funcionários realizando seu trabalho, andando de um lado para o outro e até mesmo gritando uns com os outros.

— Vou lhe apresentar o Hoseok.

Jimin me puxou para fora da cozinha, onde o tal Hoseok estava. Eu lembrava das menções que tive sobre ele, tanto da senhora Chang como das de Yoongi e Taehyung. Não havia mais trabalho a se fazer na cozinha, pelo menos ainda não. Hoseok estava limpando uma mesa que alguns clientes haviam acabado de sair dali. Ao notar nossa presença, ele deu um de seus sorrisos vibrantes.

— Hoseok, essa é minha nova ajudante, a Hari.

— Nova? — ele levantou uma sobrancelha.

— A minha primeira ajudante. — se corrigiu — Hari, esse é o Hoseok. Tive o imenso prazer de trabalhar no mesmo local que esse cara.

— Oi! — eu disse.

— Oi, seja bem-vinda! Espero que Park Jimin não esteja fazendo você ter todo o trabalho enquanto ele apenas fofoca.

— Até o momento ele não fez isso.

Jimin sentiu algo vibrar em seu bolso e o pegou imediatamente. De onde eu estava, conseguia ler o que estava escrito, mas achei melhor manter a privacidade e eu não seria mal-educada ao ponto de ver as mensagens de alguém que nem conheço. Ele sorriu e deu um suspiro de alívio, depois guardou seu celular e olhou para Hoseok,

— O Yoongi e o Taehyung já estão em casa. A sorte é que o Tae só teve alguns arranhões e um pequeno corte na cabeça, nada grave.

Não sabia se eu devia dizer que fui eu quem atropelou Taehyung, acho que ia pegar mal e a impressão que eles tinham de mim até agora ia sumir. Mas era uma grande coincidência eu ter conhecido um grupo de amigos em tão pouco tempo e em lugares e situações diferentes. Estava aliviada por Taehyung estar bem e eu ter tido uma conversa agradável com ele, se um dia nos encontrarmos novamente espero que as coisas ainda estejam assim.

— Taehyung está bem mesmo? Tem certeza de que foi só um corte? — Hoseok perguntou.

— Yoongi disse que não foi nada grave. A moça que estava dirigindo ia devagar e ainda prestou socorro no momento do acidente.

— O que o Taehyung estava pensando em atravessar a rua sem prestar atenção nos carros que vinham? — Hoseok parecia indignado com o amigo.

— Deve ter acontecido alguma coisa. A última vez que o vi foi na academia, ele passou lá antes de ir à casa da mãe.

— Você malha? — quis mudar de assunto. Estava ficando um pouco desconfortável e meio que me sentia fora da conversa, mesmo que isso para eles, isso não fosse da minha conta.

— Malho sim. — sorriu e mostrou um pouco dos seus bíceps definidos.

— É, dá para notar!

— Opa! Clientes! É aqui que me despeço dessa conversa, moças! — Hoseok olhou para Jimin, que deu um tapinha em sua cabeça quando o mais alto nos deixou ali.

— Vamos ver o que podemos fazer na cozinha?

Perguntei e Jimin acompanhou-me para me apresentar o resto da equipe.


Notas Finais


Como prometido, aqui está o cap da terça!!!

Eu to tao animada, pq mesmo nao tendo a visibilidade q eu gostaria to me divertindo enquanto escrevo. Vcs nao tem noção de como to apaixonada pelos personagens, mas e vcs? Deu pra ter algum favorito até agr??

Quinta teremos mais um capítulo fresquinho ♥

Até lá!!


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