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História I Need U (Kim Taehyung) - XVII - Hari


Escrita por: psycholojin

Capítulo 17 - XVII - Hari


Fanfic / Fanfiction I Need U (Kim Taehyung) - XVII - Hari

O nome dela era Seoyeon

Tinha dezenove anos e era noiva de Woojin, pelo pouco que consegui descobrir, eles estavam juntos há cerca de três anos.

Seoyeon era filha de um grande empresário e de uma atriz de televisão que não fazia muito tempo que havia estreado em sua carreira.

Era estudante de design e moda na Universidade para mulheres de Seul.

Foram apenas algumas poucas informações que consegui sobre Park Seoyeon em questão de poucos minutos desde que ela entrou no restaurante. Senti um pouco de empatia por ela, era uma moça bonita e parecia gostar muito de Woojin.

Seoyeon alugou a parte do segundo andar que era exclusiva para eventos, só estavam ela e Woojin ali em cima. O que quer que ela tivesse vindo para conversar com ele, parecia ser bem sério. Antes que desse meu horário e eu finalmente pudesse ir embora daquele lugar, Hoseok veio até mim e Jimin dizendo que estava responsável por servir a mesa dos dois e que conseguiu ouvir um pouco da conversa.

Woojin era pior do que eu pensava. Hoseok disse que Seoyeon acreditava fielmente de que esse restaurante pertencia a ele. Diferente de mim, que fiquei chocada demais para reagir, Jimin soltou uma gargalhada que fez alguns colegas olharem em nossa direção.

Não sabia até que ponto aquele homem poderia chegar, mas eu não seria a responsável por expor todas as suas mentiras. Já tinha visto demais sobre o que ele era capaz, e não queria descobrir até onde ele poderia chegar.

— Hari. — Hoseok me chamou antes que eu entrasse no carro — Seokjin disse que faria um almoço amanhã, perguntou se você não queria ir para ajudar e passar um tempo com a gente. Sabe, amanhã é sábado, né? Você poderia passar o dia com a gente.

— Eu já mencionei para o Jin hyung que a Hari não sabe cozinhar, mas ele insiste em querer colocar ela perto de comida.

— É, mas ninguém se importa com o que você pensa. E então, Hari, você vai?

— Não sei se seria uma boa ideia. — Olhei na direção de vovô.

Ele estava de braços cruzados e o peito estufado encarando os meninos, como se fosse um pai protegendo sua filhinha dos garotos.

— E Jimin está certo. Não cozinho bem.

— Certo, apareça lá em casa às dez! Quer que alguém vá te buscar?

Sem me dar tempo de responder, Hoseok beijou o topo da minha cabeça e disse que viria com alguém me buscar e foi embora.

— Quem é Seokjin?

Vovô perguntou depois de dar partida no carro.

[...]

Tive um sonho naquela noite. Um sonho que tenho certeza de que iria ficar me perturbando por alguns dias.

Meus pés tocavam em uma areia úmida, havia muito vento e meus cabelos bagunçaram. Fiquei incomodada. Quando consegui abrir os olhos, vi que estava diante de uma praia deserta. Na direção do oceano, uma enorme nuvem pesada e com raios vinha em direção à praia. O cheiro do mar inundou minhas narinas e junto ao vento, alguns grãos de areia voavam, arranhando meu rosto e sujando meu cabelo.

Olhei para as minhas mãos, meus pés e meu corpo. Percebi que não estava usando as roupas de quando fui dormir, no lugar, eu usava um vestido branco que ia até os meus joelhos e mangas bufantes. Apesar de branco, ele estava sujo, molhado e rasgado, como se eu tivesse fugido de um animal selvagem no meio da tempestade que estava por vir. Meus pés descalços doíam, logo vi que eles estavam feridos e sangravam um pouco. O que quer que eu tenha visto, me fez correr como se minha vida dependesse disso.

Ouvi barulhos de passos vindo até mim e imediatamente me atentei, com medo de que pudesse ser algo que me colocasse em risco. Mas ao ver a pessoa a poucos passos em minha frente, relaxei.

Taehyung andava devagar em minha direção. Em um primeiro momento, sorri aliviada por ele estar ali, mas meu sorriso sumiu quando notei que ele estava com uma expressão séria. Se fosse em outra ocasião, teria achado aquela expressão normal, pois na maior parte do tempo Taehyung era um cara sério. Mas não daquela vez.

Em seguida, uma voz chamou pelo meu nome. Ao me virar, encontrei Yoongi bem diante de mim, o que me assustou. No mesmo momento, senti algo me segurar pelos braços. Era Taehyung. Ele me apertava enquanto seus olhos estavam fixos em mim, seu olhar era de puro sofrimento e horror, como se eu fosse a causa de toda a dor que ele parecia sentir. De repente, um trovão chacoalhou os céus e a luz forte iluminou bem o rosto de Taehyung, o que só fez a imagem dele horrorizado ficar marcado em minha mente.

Ele estava molhado e suas mãos estavam muito geladas, como as de um cadáver. Engoli em seco quando Tae aproximou seus lábios em meu ouvido e sussurrou:

Por favor, tenha piedade de mim! Por favor, me ajude!

Não tive tempo de reagir. Taehyung me soltou imediatamente quando Yoongi nos surpreendeu com um soco no rosto de Tae. Dei um grito assustado e vi Taehyung cair na areia. Achei que ele iria revidar, mas a única coisa que fez foi cuspir o sangue que saia de sua boca e começar a rir. Uma risada estranha e assustadora. Tae olhou para Yoongi e deu um sorriso diabólico.

Antes que eu voltasse para a realidade, vi Yoongi dar outro soco em Taehyung e os dois começarem uma briga enquanto a tempestade começava avançar pela praia.

[...]

Foi difícil abrir os olhos. Eu sabia que estava acordada, mas meu corpo ainda estava entorpecido, pois não obedecia a meus comandos. Com o tempo consegui abrir lentamente minhas pálpebras e a claridade do quarto me incomodou. Como a maioria dos dias, eu havia esquecido de fechar aquelas malditas cortinas.

Meu celular tocava e logo me virei para a mesa de cabeceira, contudo, ele não estava lá.

Forcei a vista e comecei a tatear o lençol e o edredom na esperança de que ele estivesse ali, mas não o encontrei em lugar nenhum. Resmunguei e me obriguei a levantar e seguir aquele maldito som. O encontrei em cima da pia do banheiro e arregalei os olhos ao ver que havia três chamadas perdidas de Hoseok. O celular já havia parado de tocar, então iria retornar a chamada, mas tomei um susto quando ele começou a tocar novamente e vi uma foto horrorosa que Hoseok havia colocado em seu contato.

Ele estava com os cabelos bagunçados e fazia uma careta que deixou o seu rosto um pouco… desproporcional.

Você sabe que horas são? É a hora em que meu pobre estômago está fazendo um barulho infernal, pois o almoço ainda não está pronto.

Ele disse antes que eu pudesse dizer “alô”.

— E o que eu tenho a ver com isso?

Você esqueceu?

Tentei pensar no que Hoseok estava falando, mas nada vinha à minha mente. Foi então que eu me lembrei que havia combinado de ajudar Jin com o almoço.

Na verdade, fui obrigada a ir.

Jin está te esperando!

— Meu Deus, me esqueci totalmente! Me desculpe!

Yoongi e Taehyung estão indo buscá-la. Não se atrase! Espero que esteja pronta quando esses bobões chegarem aí.

Tu. Tu. Tu. Tu.

Ele nem me deixou falar nada e o barulho irritante do final da chamada me fez bufar e sufocar um grito de frustração.

Para ser bem sincera, não estava muito a fim de sair do conforto da minha casa para ir até a casa de sete garotos. Mas não tive outra escolha senão ir me arrumar quando ouvi a campainha tocar. Fiz uma careta e olhei para as minhas roupas na esperança de que estivesse um pouco apresentável.

O barulho da campainha era frenético e isso serviu apenas para me irritar ainda mais. Abri a porta com um pouco de brutalidade e encontrei Yoongi e Taehyung discutindo entre si sobre algo que nem dei a mínima importância para saber. Vi que quem apertava freneticamente era Tae e eu o amaldiçoei por isso, ele ainda tocava e discutia com Yoongi que foi o único que notou minha presença. Ele me direcionou um sorriso magnífico que retribuí, mas minha mente começou a lembrar dos acontecimentos de uns dias atrás.

Era difícil me acostumar com aquilo.

— Você acabou de acordar?

Tae perguntou ao me notar ali e eu agradeci mentalmente por ele tirar meu foco de Yoongi.

— Sim.

— A gente espera você tomar um banho.

Dei passagem para os dois entrarem e os deixei à vontade enquanto ia me arrumar. Tentei ao máximo não transparecer que estava tímida perto de Yoongi, mas enquanto me molhava, o sonho da noite anterior começou a invadir meus pensamentos.

[...]

O almoço não havia sido um desastre como Jimin esperava. Seokjin me ajudou bastante e teve toda a paciência do mundo comigo quando eu cometia algum erro. Estava distraída, e isso foi bem visível, pois Jungkook e Namjoon me perguntaram várias vezes se eu estava bem. Jimin me olhava como se compartilhássemos um segredo, mas minha distração não tinha nada a ver com o que ele pensava.

Remexia a comida no prato enquanto ficava com a cabeça apoiada na mão esquerda. Havia comido um pouco, mas não estava com tanto apetite, então logo já estava satisfeita. Os garotos conversavam entre si, e eu não dava tanta atenção, mas escutava gargalhadas e algumas piadas. Beberiquei meu refrigerante e me levantei, o que chamou a atenção de todos.

— Onde fica o banheiro?

— Lá em cima, no final do corredor. — disse Jungkook.

Minha cabeça doía um pouco, talvez fosse o estresse de todas as coisas que aconteceram nesses últimos dias. Fui em direção ao local que Jungkook havia mencionado e abri a porta de uma vez, o que não deveria ter feito. Meus olhos se arregalaram quando encontrei Taehyung sem camisa de frente ao espelho. Ele me olhou assustado e fechei imediatamente a porta, sentindo minhas bochechas arderem de vergonha.

Quando ele saiu da mesa que eu não vi?

A porta foi aberta lentamente e eu senti Taehyung me puxar para dentro do banheiro. Soltei um leve grito, mas Tae tapou a minha boca.

— Shhh…

Ele colocou um dedo na frente de seus lábios.

— Você é muito escandalosa.

— Me desculpe!

Foi a primeira coisa que disse quando ele lentamente me soltou e tirou sua mão da minha boca. Taehyung ainda estava todo despido da cintura para cima, e juro que tentei não ficar encarando seu abdômen magro e pouco definido, mas ainda assim muito atraente.

— Nunca te ensinaram a bater na porta antes de entrar? Você não está na sua casa.

— Me desculpe…

— De qualquer forma… — ele deu um sorriso malicioso — Preciso que você me ajude.

Naquela mesma hora lembrei do sonho que tive na noite anterior, e em um segundo eu já não estava no banheiro e sim na praia, no meio da tempestade.

— Pode passar isso em mim?

Taehyung segurava um potinho com um gel dentro, acredito que seja uma pomada. Ele apontou para o enorme arranhão em sua costela e me entregou o potinho.

— Meu Deus! Como você conseguiu esse arranhão? — perguntei enquanto passava a pomada na ferida, nem percebendo a pergunta idiota que fiz.

— Você nem imagina! Uma maluca me atropelou quando saí da casa da minha mãe, acredita? Estou todo ferrado por causa dela… Ai! — resmungou quando dei uma cutucada na ferida.

— Estava mesmo me perguntando se doía.

— Você é maluca!

— E esse gel? É uma pomada?

— É caseiro. Minha mãe fez.

Notei um leve sorriso quando ele mencionou sua mãe.

— Ela é mesmo adorável!

Apesar do corpo magro, Taehyung tinha as costas largas. Notei que o local do ferimento ainda era sensível, pois Tae reclamava algumas vezes mesmo quando eu não estava fazendo pressão ali de propósito, além de que também tinha cócegas, já que dava uma risadinha vez ou outra. Fiquei feliz em saber desse ponto sensível.

O gel tinha um cheiro forte e refrescante e era gelado, sempre que eu colocava na ferida Taehyung se arrepiava e se contorcia um pouco. Ainda estava com vergonha, mas por mais surpreendente que seja, eu não estava desconfortável com a situação.

Quando ele disse que estava ótimo, lhe entreguei o potinho.

— Está vermelha? — ah, não! — Você está vermelha!

Ele riu.

— Não…

— Está sim! — Taehyung deu uma gargalhada e apertou minhas bochechas — Está assim porque está me vendo sem camisa?

— Entrei no banheiro e você já estava sem camisa. Poderia ter sido pior, você poderia estar nu.

— Talvez assim você aprenda a bater na porta antes de sair entrando.

Taehyung guardou o pote e vestiu sua camisa, dando outro sorriso malicioso em seguida.

— Hari, você gostou do que viu?

— O quê?

— Gostou do meu abdômen? Bonito, não é? Vou começar a treinar e na próxima deixo você tocar mais um pouquinho.

Dei um soco em seu ombro e ele começou a rir, não aguentei e ri também.

— Vai se foder!

— Seria ótimo, se você fosse comigo, claro!

Minha risada parou naquele momento e Taehyung continuou me olhando com um sorriso ladino. Engoli em seco e o vi abrir a porta ainda sorrindo, mas antes de sair ele me olhou mais uma vez.

— Obrigada por ter me ajudado. Agora pode fazer as suas necessidades.

[...]

— Você demorou!

Foi a primeira coisa que Yoongi disse quando voltei e os encontrei já na sala. Os meninos assistiam alguma coisa na TV, mas não prestavam atenção na tela já que estavam conversando.

Eu havia somente lavado o rosto e esperado que ele ficasse menos vermelho, o que aconteceu no banheiro com Taehyung ainda me causava reações que não conseguia explicar. Eu estava envergonhada, mas, ao mesmo tempo, havia gostado de estar a sós com ele, fiquei um pouco chateada quando ele foi embora.

O que estava acontecendo comigo? Queria entender todos esses sentimentos confusos que estavam dentro de mim.

— Me distraí com a minha beleza no espelho. — brinquei.

Os meninos riram, principalmente Seokjin que soltou uma piscadela para mim, aprovando a minha piada.

— Você deve estar falando muito com o Jin hyung. Está aprendendo essas coisas com ele, não é? — Jungkook disse rindo — Ah, como está o seu avô? Não vi mais ele no supermercado!

— Você está seguindo meu avô, por acaso?

O mais jovem riu.

— Estou trabalhando lá agora, tenho visto ele quase todos os dias e ele me reconheceu do dia em que nos conhecemos. Trabalho como panfleteiro na frente da loja entregando os panfletos da empresa de decoração de festas da esposa do dono.

— Ah, deve ser um saco! Foi ignorado muitas vezes? — Namjoon perguntou.

— Até que não, as pessoas são simpáticas quando você é simpático com elas. Mas e o seu avô, Hari? Ele sempre conversa comigo quando vai lá.

— Ele tem passado mais tempo em casa. Meus avós vão fazer aniversário de casamento e estão fazendo várias coisas juntos esse mês. Tanto que não estão pegando tanto no meu pé e nem reclamando que não fui visitá-los.

— Ah, foi por isso que ontem ele me pediu para ficar te acompanhando em casa durante a semana que vem. — disse Jimin. — Ele deve ter uma programação especial para estar com a esposa e jogou a neta nas minhas costas.

— E desde quando você é próximo ao meu avô?

— Desde ontem.

Passei metade da tarde ali, jogando conversa fora e rindo com os rapazes. O tempo passava muito rápido quando eu estava com eles, eu perdia a noção do tempo ali.

— Aish! Preciso ir!

Disse já pegando minha bolsa.

— Posso ir te acompanhar em casa? — Jimin perguntou.

— Seria ótimo!

Quando Jimin pedia para me acompanhar, eu sabia que ele queria conversar ou ter certeza de que estava tudo bem.

[...]

O fim de tarde era o horário perfeito para que eu ficasse na varanda do meu apartamento apreciando a visão da cidade enquanto tomava um delicioso chocolate quente. O sol se pondo por detrás dos prédios era um dos meus momentos preferidos do dia, principalmente aos finais de semana que eu podia apreciar aquele espetáculo do começo ao fim.

No trabalho eu não podia vê-lo por completo, então ficava imaginando como ele estaria bonito naquele dia e de como seria maravilhoso apreciá-lo. Algumas vezes imaginava o rosto de Hoseok ali, sorrindo e iluminando toda a cidade, desejando um ótimo final de dia para mim.

Quando cheguei em casa, dispensei Jimin o mais rápido que pude e insistindo que ele não precisava se preocupar e que ficaria bem. Ele foi bem relutante, mas antes de ir embora fez questão de garantir que eu ficaria, de fato, bem.

Enquanto olhava para aquela maravilha, eu ouvia uma boa música em meus inseparáveis fones e tomava meu delicioso chocolate quente. Minha mente voava em vários pensamentos, desde as aflições que passei nos últimos dias até as lembranças de momentos bestas que tive com os meninos. Senti meu celular vibrar e coloquei a xícara com o chocolate em cima de uma mesinha.

 

Pare de pensar no meu abdômen, garota safada!

— Teteco

Seu abdômen? Quem disse que eu estava pensando justo no seu?

— Eu

Eu disse

O que você está fazendo?

— Teteco

Tomando um delicioso chocolate quente, ouvindo uma musiquinha e falando com um cara

— Eu

Eu sou só um cara pra você?

— Teteco

E seria mais alguma coisa?

— Eu

Hm…

Está acontecendo alguma coisa entre você e o Yoongi?

Achei vocês tão estranhos hoje

— Teteco

Nada que vá mudar a sua vida

— Eu

 

Ouvi minha campainha tocar e franzi a testa. Não estava esperando ninguém hoje, principalmente agora a noite. Retirei os fones de ouvido e dei uma olhada nas últimas mensagens de Taehyung.

 

Vai mesmo me deixar curioso?

Sabe, eu adoro uma fofoca

Ei, por que não está visualizando?

Te ofendi?

Desculpaaaa!!!!

Volta aqui!!

Prometo que não toco mais no assunto de vocês

— Teteco

 

Não o respondi, pois a campainha começava a tocar e eu já estava ficando irritada, apesar de quem quer que estivesse na minha porta não parecer impaciente. Deixei o celular na mesinha da varanda e atendi a pessoa que me esperava. Não olhei no olho mágico, mas assim que abri a porta senti como se todas as minhas forças fossem embora.

— Oi, você é a Cho Hari, não é? Nós não nos conhecemos, mas me chamo Park Seoyeon e acabei de me mudar para o apartamento da frente.

[...]

Estava preparando um café enquanto Seoyeon andava pela sala e olhava cada retrato que eu tinha com a minha família. Tentei não demonstrar que estava incomodada com sua curiosidade, era estranho vê-la pegando retrato por retrato e analisando minuciosamente cada foto. Seoyeon falava algumas coisas a cada foto que não compreendi, mas eu murmurava algo e assentia com um leve sorriso.

O que ela queria aqui?

Quando o café ficou pronto, coloquei em duas xícaras e levei até a mesinha de centro da sala. Seoyeon sentou-se em uma poltrona com um retrato na mão, notei que era o mesmo que despertou a curiosidade de Taehyung na primeira vez em que ele estava aqui.

— Essa é a sua família?

Seoyeon perguntou, apontando para a foto.

— Sim.

Respondi baixo.

Por um momento, senti uma sensação estranha. Algo me dizia que eu não deveria dar muitas informações a Seoyeon sobre minha família e sobre mim. Ignorei esses pensamentos e me sentei no sofá, estava de frente para ela. Peguei uma das xícaras e lhe entreguei. A vi hesitar em pegar a xícara, mas ela disfarçou com um sorriso forçado e a pegou.

Durante um tempo ficamos em completo silêncio, nem olhávamos direito uma para a outra. Beberiquei meu café e tentei abandonar todos os pensamentos ruins que rondavam a minha mente. Mas sempre que eu a olhava, lembrava que ela estava noiva de Woojin, e ele a qualquer momento poderia estar no mesmo prédio em que eu estava, a uma porta de distância.

Então uma pergunta me veio à mente.

Woojin sabia que sua noiva morava no apartamento em frente ao meu? Esperava que não.

— Seu apartamento é muito bonito, Hari. — Seoyeon deu um sorriso.

Senti que seu sorriso não era sincero, mas não podia julgá-la por causa dos meus preconceitos, só porque ela é noiva do homem que mais me dá medo.

— Obrigada! — respondi — E novamente, seja bem-vinda ao prédio!

— Você é a primeira vizinha que me dá as boas-vindas. Os outros moradores do prédio são tão mal-educados assim?

Ah, se são!

— Não sei dizer. Não saio muito de casa e me mudei há poucos meses. Ainda não tive oportunidade de conhecer outros vizinhos.

Não era bem uma mentira.

— Você é estrangeira?

— Mestiça.

Notei uma leve careta, mas não me importei.

— Percebi pelo seu sotaque. De onde veio?

— Vim de Los Angeles, passei quase toda minha vida morando no exterior.

— Sério? Que interessante!

Não dissemos mais nada depois disso.

Podia sentir o seu olhar em mim, me analisando como se eu fosse alguma coisa diferente. Não sabia se eu dava continuidade aquela conversa ou se dava um jeito de acabar com aquela situação.

Ah, Hari…

Seoyeon não estava sendo esse monstro que você está criando. A impressão de que ela me dava, até agora, era de que era tão vítima quanto eu. Ela não parecia saber sobre o noivo que tinha, e eu não cometeria o mesmo erro de acusá-lo sem provas. Seoyeon devia ser só mais uma garota inocente que caiu nos encantos de Woojin e tem vários pares de chifres no topo de sua cabeça. O que reforçava isso era que ela parecia realmente acreditar que Woojin era mesmo o dono do restaurante da senhora Chang.

E por pensar nisso, comecei a me questionar.

A senhora Chang sabia sobre essa palhaçada? Provável que não! Será que eu deveria contar para Seoyeon que Woojin é um mentiroso? Acho que não.

Meu celular começou a tocar, me despertando dos meus devaneios. Lembrei que ele não estava comigo, mas sim na varanda. Seoyeon colocou a xícara quase intocada em cima da mesinha de centro e levantou-se.

— Muito obrigada pelo café! — ela deu um sorriso e pegou a sua bolsa — Espero que possamos ser boas vizinhas e amigas.

— Eu também… espero muito por isso! — gaguejei.

A acompanhei até a porta enquanto meu celular continuava tocando. Quando Seoyeon finalmente foi embora, corri até a varanda para ver quem estava me ligando. Havia duas chamadas perdidas de Jungkook, o que achei estranho. Kook não costumava me ligar, ele sempre me mandava mensagens e dificilmente enviava áudio.

Retornei a ligação.

— Me encontre em frente ao supermercado que trabalho. Beijos!

E desligou.

[...]

— Não!

Eu disse enquanto fazia birra.

Como uma ótima amiga, eu saí no meio da noite até o supermercado em que Jungkook trabalhava. Quando cheguei no local combinado, não estava somente ele, mas Namjoon e Seokjin também estavam com ele. Ao que parece, depois que eu havia saído da casa dos rapazes, Jungkook foi chamado para fazer uma extra e estava usando seu uniforme de coelhinho que ficou uma gracinha nele.

Quando cheguei, estava os três escorados em um Pálio 98 prata. Não dei muita importância para o carro, até ver Namjoon girando as chaves e apontar para a lata velha com um sorriso no rosto. Ele disse que juntou um dinheiro para comprar um carro para todos os garotos usarem — exceto ele que não era habilitado — já que, vês ou outra, os garotos estavam andando pela cidade.

Tudo estava ótimo, até que ele jogou a chave em minha direção.

— Nem fudendo que vou estragar a nova conquista de vocês!

— Não vai ser difícil, vamos estar com você durante todo o percurso. Só vamos dar umas três voltas pelo quarteirão, apenas para que você perca o medo.

A voz de Jin soava confiante, e eu me senti acolhida por ele. Mas o medo estava maior do que as palavras de encorajamento de Seokjin.

Tentei fugir, mas Namjoon me puxou pelo braço e me levou até o carro enquanto eu tentava me manter calma. Se fizesse isso, esperava do fundo do meu coração que eu não me deparasse com um Taehyung 2 ou um Taehyung original. Já não bastava todos os problemas que o primeiro havia me dado.

Depois de ser colocada no banco do motorista, os outros três entraram no carro e imediatamente colocaram o cinto de segurança. Seokjin estava no banco do passageiro, enquanto Namjoon estava atrás de mim e Jungkook atrás de Seokjin. Coloquei o cinto e respirei fundo, tomando coragem para dar partida no carro.

Calma, Hari! Vai dar tudo certo!

— Não! — eu disse novamente e tirei as mãos do volante — Eu não consigo fazer isso! Fiquei traumatizada depois do que aconteceu com o Taehyung.

— E é por esse motivo que nós queremos que você não passe por cima dele novamente. — Jungkook disse com um sorriso que eu só pude ver pelo retrovisor.

— Dessa vez tem três pessoas te auxiliando e te ajudando para evitar qualquer problema. Não precisa dar as três voltas que os meninos querem. Te peço apenas uma. Só uma. Será o suficiente para que você perca o medo e tire sua habilitação.

Namjoon foi certeiro em suas palavras.

— Uma volta?

— Uma volta! — os rapazes disseram juntos.

Hesitante, liguei o carro, coloquei o pé na embreagem, dei na primeira marcha e soltei o freio de mão. Fechei os olhos e devagar fui soltando o pé da embreagem, por sorte, o carro não morreu. Senti o pálio começar a se movimentar e a pedir uma troca de marcha, logo coloquei na segunda e abri os olhos para que eu não causasse nenhum estrago. Jungkook bateu palmas, comemorando a minha primeira vitória e eu dei um sorriso.

Sai do estacionamento e comecei a me aventurar pelas ruas. O movimento do trânsito estava fraco e o quarteirão não era grande, logo eu estaria de volta e acabaria com aquele sofrimento. Fui apenas de 20 km/h e de segunda marcha durante todo o caminho e me senti incrivelmente bem. Admito que fiquei meio triste quando já estava chegando no estacionamento novamente.

Seokjin elogiava e dava dicas, mas em momento nenhum fez com que eu ficasse nervosa ao ponto de fazer o carro morrer. E em um momento de coragem, perguntei:

— Vamos para onde?

Seokjin deu um sorriso.

— Vamos para casa.

Não virei para o estacionamento e segui reto, indo em direção à casa dos garotos. Aumentei a velocidade e troquei a marcha, estava tendo um pico de coragem e adrenalina. Já havia dirigido outras vezes e podia dizer que sabia muita coisa, mas desde quando atropelei Taehyung toda a minha confiança havia sumido e, agora, ela estava aqui de novo.

A casa onde os meninos moram não era longe, então em menos de quinze minutos estacionei em frente. Sai do carro e dei vários pulos de alegria enquanto os meninos riam.

— Foi ruim? — Jin perguntou ao sair do carro.

Neguei ainda sorrindo e devolvi a chave.

— Compramos esse carro tanto para termos um meio de transporte como para te ajudarmos a não atropelar mais as pessoas.

— Obrigada!

— Agradeça ao Yoongi, ele que teve essa ideia de te ajudar.

— O quê?

— Vamos, entra aí!

Entrei dançando e pulando para dentro da casa enquanto dava abraços em Jin. A realidade estava finalmente pairando sobre mim e eu me sentia tão feliz por essa conquista. Eu consegui superar o meu medo de pegar em um volante, e melhor ainda, havia dado tudo certo. Podia ser uma coisa pequena, mas era tudo para mim. Jungkook me esperava na sala enquanto ria da minha felicidade, dei um enorme beijo em sua bochecha e o vi ficar estático. Agora era eu quem estava rindo.

Jungkook estava sendo um grande amigo para mim, ele me lembrava muito Jonas e acabamos por jogarmos várias vezes juntos pela madrugada em alguns finais de semana. Ele era muito bom, mas eu não deixava barato e tentava superá-lo. Algumas vezes tinha sucesso, outras vezes não.

— A Hari dirigiu do supermercado até aqui. — Jungkook disse depois de se recompor. Estavam todos os garotos na sala.

— O carro está intacto e sem vítimas de atropelamento. — Namjoon me ofereceu um copo d’água. Eu devia estar ofegante e me tremendo de adrenalina.

— Contando que ela não passe por cima de mim de novo… — Tae deu de ombros — Parabéns, Hari!

— É só não me fazer raiva.

— Anotado!

Meu olhar foi na direção de Yoongi e eu engoli em seco. Logo me lembrei do beijo, não sei por que isso ainda me corroía e eu ficava cada vez mais nervosa quando estava em sua presença. Mas a verdade era somente uma.

Eu queria que ele me beijasse novamente.

Não iria beijá-lo até que ele o fizesse, eu queria fazê-lo sentir tanto desejo que não iria aguentar e viria direto pedindo pelo toque dos meus lábios. Eu queria provocá-lo, eu queria que ele me desejasse igual eu o desejo.

Não vi em que momento eu me aproximei de Jungkook e enlacei meus braços em sua cintura, fazendo com que ficássemos abraçados, pois vi que Yoongi olhava diretamente para nós dois juntos. Se ele ficou com ciúmes, eu gostei de causar isso nele. Me soltei de Jungkook e me sentei no sofá com Taehyung quando o mais novo foi em direção à cozinha junto de Namjoon.

Encarei Yoongi da mesma forma que ele estava me encarando, sem me importar com as outras pessoas que estavam ao nosso redor.

Min Yoongi naquele momento era o homem mais bonito que eu havia visto em toda minha vida.

A intenção era que ele me desejasse até não aguentar mais. Mas o feitiço estava virando contra o feiticeiro, pois eu é que estava quase não me aguentando. Eu precisava beijá-lo outra vez. Estava sedenta por aquele beijo.

E Yoongi parecia notar meu desespero.

Os seus cabelos escuros estavam molhados e ele cheirava a sabonete, o que indicava que fazia pouco tempo que ele havia tomado banho. Sua boca estava corada e vez ou outra ele passava a língua nos lábios para molhá-los ou por saber que eu estava olhando.

Eu estava babando em Yoongi.

Taehyung colocou um jogo e deu um dos controles para ele, que desviou o olhar de mim e se concentrou no jogo que iria começar.

— Que jogo vocês vão jogar? — perguntei depois que voltei para a realidade.

— FIFA.

Yoongi me respondeu sem olhar para mim. Fiquei ali, sentada assistindo à partida enquanto observava os dois garotos jogando. Os outros meninos estavam todos na cozinha e eu só escutava risadas, queria saber do que tanto riam. A partida terminou e Taehyung falou palavrões ao perder, depois ele olhou para mim e para Yoongi, deu um sorriso e levantou-se indo para a cozinha também.

Eu estava sozinha com Yoongi.

— A gente pode conversar?

E foram essas palavras de Yoongi que me fizeram ficar nervosa. Ele iria falar sobre o beijo.

Sim, ele falaria sobre o beijo. E eu estava louca para beijá-lo novamente.


Notas Finais


Como hoje é carnaval e estou de folga, tentei trazer o capítulo o mais cedo que consegui (pois confesso que procastinei)

O que estão achando??? O capítulo passado foi bem pequeno né, mas acho que esse deu pra compensar. Vocês estão chegando na minha parte favorita da fanfic, quando tudo começa a acontecer acabou a calmaria kkkkkk

Espero que estejam gostando tanto quanto eu

Um beijo ♥♥♥


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