História I Need U (Kim Taehyung) - XX - Hari

Talvez eu devesse agradecer Taehyung por aparecer naquela hora e ter me feito refletir enquanto cuidava de seus ferimentos.

Após nos beijarmos, insisti que eu desse um cuidado maior no seu rosto e mãos, que estavam bastante machucados. Ter dado aquele cuidado mexeu comigo, me senti bem em cuidar de alguém que precisava de ajuda. Depois de um tempo conversando e ele ter me roubado vários beijos depois daquele “último”, comemos o sorvete antes esquecido que naquele momento estava um pouco derretido. Tae foi embora quase pela noite. Me preocupei com seu trabalho, pois ainda estava em seu turno, mas ele disse que seu chefe apenas iria descontar em seu salário.

E ali estava eu, com uma xícara de café preto bem quente e várias guias do meu navegador abertas.

Passei praticamente o resto da noite pensando em como ter tido aquele cuidado com Taehyung me fez refletir em várias outras coisas. Desde nova gostava de cuidar dos outros, tanto que na adolescência quando Jonas machucava-se ao cair do seu skate eu estava sempre pronta para cuidar e tratar seus ferimentos.

Não sei por qual motivo não havia pensado nisso antes, mas o curso de enfermagem me parecia uma boa escolha. Lógico que sabia que cuidar de pessoas feridas e doentes em um hospital era completamente diferente de cuidar dos ferimentos leves que cuidei durante a vida, mas acho que eu não teria tanto problema com isso, não tinha tanto nojo e repulsa em ver e tocar em feridas mais graves.

Abri o site da Universidade Yonsei e pesquisei sobre o curso de graduação.

O ENFERMEIRO É O PROFISSIONAL QUE COORDENA E SUPERVISIONA AS ATIVIDADES DOS TÉCNICOS E AUXILIARES. ELE ESTÁ APTO A ATENDER PACIENTES EM ESTADO GRAVE OU COM ALTO GRAU DE COMPLEXIDADE. O ENFERMEIRO PRECISA TER O DIPLOMA DE UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM COM DURAÇÃO MÍNIMA DE 4 ANOS E PODE TRABALHAR TANTO COM ASSISTÊNCIA A PACIENTES QUANTO ASSUMIR CARGOS ADMINISTRATIVOS.

Quatro anos de duração é um bom tempo, estava garantida a ficar aqui bem mais do que eu estava planejando. A Universidade Yonsei era uma instituição privada, e pelas minhas pesquisas o valor era um pouco salgado. Havia guardado dinheiro todos os meses em uma poupança que estava rendendo, justamente para quando finalmente decidisse o que faria. Entretanto, teria que pedir ajuda de custo aos meus familiares já que, por conta da rotina, que seria puxada, não poderia mais trabalhar. Só se eu organizasse meus horários com a senhora Chang, o que acho que não seria muito difícil.

Continuei olhando a página da universidade para entender melhor sobre a profissão, o curso e a instituição que eu estava escolhendo.

O QUE FAZ UM ENFERMEIRO?

O TRABALHO DE UM ENFERMEIRO SE BASEIA EM CUIDAR DAS PESSOAS. ELE PRESTA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE (APLICANDO INJEÇÕES, FAZENDO CURATIVOS, ETC.) GARANTINDO SEU CONFORTO E BEM-ESTAR DURANTE O TRATAMENTO DE DOENÇAS E INTERNAÇÃO HOSPITALAR…

Dei um pulo ao me assustar com uma ligação para chamada de vídeo enquanto lia sobre o curso no site da universidade. A ligação era de Jungkook, mas, na verdade, queria que fosse minha mãe para que eu pudesse dar a notícia para ela.

— HARI! — ele gritou.

— Eu estou te ouvindo, Jungkook. Graças a Deus, meus ouvidos são saudáveis, ou pelo menos eram. — O moreno deu uma risada, mostrando os dentes que eu achava tão fofos — Aconteceu alguma coisa?

— Taehyung me contou tudo.

Eu gelei naquele minuto. O que Jungkook queria dizer com “contar tudo”? Seria sobre o ataque do Woojin mais cedo? Que Taehyung ao me defender foi espancado? Ou a parte em que estávamos aqui em casa, na minha cama, nos beijando. Não respondi ao Jungkook, apenas esperei que ele continuasse a falar. Pois se eu dissesse alguma coisa que ele não sabia, poderia me expor a assuntos no qual não queria ter que compartilhar com outras pessoas.

— Tae me disse que você passou na loja de conveniência em que ele trabalha e que quando você saiu foi atacada em um beco próximo, isso é verdade?

Jungkook parecia chocado e eu só consegui assentir. Não queria falar sobre o que aconteceu hoje cedo.

— O que mais ele disse? — ousei perguntar.

— Disse que chegou a tempo antes do cara tentar algo com você, e que o espancou até que ele estivesse desacordado. Certo que Taehyung também não saiu ileso, ele chegou em casa com o rosto deformado, o que assustou Seokjin hyung.

— Ele disse só isso?

— Só. Tem mais alguma coisa que eu deveria saber?

— Não!

Me apressei em dizer.

Pelo menos Taehyung e eu concordamos de que deveríamos manter o que aconteceu entre nós, apenas entre nós — e o Jimin —, e eu agradecia muito por isso.

Jeon aproximou-se da câmera e olhou fixamente para mim, seu olhar parecia preocupado.

— Você está bem?

— Eu estou maravilhosamente bem! — dei um sorriso — Toda essa situação meio que me fez perceber algo que eu realmente gostava, só não havia percebido. Queria que minha mãe fosse a primeira a saber, mas como não vou me segurar já vou lhe contar as novidades. Jungkook, eu vou ficar na Coreia! Poderei ficar o tempo que precisar.

— Sério?

Jungkook deu palminhas e ajeitou-se na cadeira.

— Você se identificou com algo?

— Sim, pretendo fazer vestibular para entrar na faculdade de enfermagem na Universidade Yonsei.

— Uau, que legal! Você gosta de cuidar de pessoas? Já consigo imaginar você usando aquelas roupinhas brancas.

— Acabei percebendo que gosto de cuidar de feridos e doentes. Passei horas pesquisando universidades e vestibulares para fazer. Mesmo que não consiga ainda esse ano, posso continuar tentando no próximo já que tenho certeza do que quero. Juntei dinheiro desde que comecei a trabalhar, será o suficiente para pagar a inscrição e as primeiras mensalidades, depois terei que pedir auxílio da minha família.

— Namjoon é muito inteligente, se você quiser pode pedir ajuda para que ele lhe dê algumas aulas para o preparatório do vestibular.

Jungkook levantou-se com o celular na mão e jogou-se na cama, soprando a franja que havia ficado em seus olhos.

— Quando estávamos na escola, ele dava aulas de reforço para os alunos dos outros anos.

— Não quero incomodar. Namjoon já trabalha muito.

— Você incomodará se não aceitar. — Ele me olhou sério — Também dei algumas aulas no tempo da escola, se for reconsiderar a proposta pode falar comigo. Não aconselho procurar ajuda aos outros. Yoongi iria ficar roubando beijos toda hora, tiraria sua concentração. Seokjin iria falar sobre os bolos que ele planeja fazer. Jimin iria querer fofocar o tempo todo e o Hoseok… bem, ele simplesmente não serve para dar aulas.

Gargalhei.

— E o Taehyung… — o Jeon me olhou e fez uma careta, parecendo decidir se me falava ou não.

— O que tem o Taehyung?

— Ele a ficaria encarando ao invés de te ajudar.

— Como assim?

— Você acha que sou idiota?

Seu tom foi um pouco rude, mas percebi que não era a sua intenção. Jungkook fechou os olhos e deu um suspiro.

— Já faz um tempo que tenho notado olhares estranhos vindo de vocês, principalmente dele. Achei que fosse desconforto, pois deve ser estranho quase todos os dias ver a mulher que te atropelou, ainda mais com seu melhor amigo estar beijando-a. Mas a pessoa se acostuma, chega a ser mais fácil a convivência. Só que eu não acho normal ele ficar olhando, parecendo incomodado, quando você está com o Yoongi.

— Deve ser coisa da sua cabeça.

Fui rápida em dizer.

— Pode ser. — ele coçou a nuca — Também deve ser estranho ter a pessoa que você mora junto em chamada de vídeo praticamente todos os dias com a mulher que te atropelou.

— Não me lembre disso! — fiz careta — Já passou e agora eu consigo dirigir.

— Você dirigiu apenas uma vez depois do acidente, acho que deveria pegar mais vezes no carro só por garantia.

Revirei os olhos.

— Nós deveríamos sair para comemorar já que você vai ficar mais tempo no país.

— Nós quem? — perguntei.

— A galera toda. Eu, você, os meninos… vamos nos apresentar em uma festa de um colega e eu queria muito que você fosse nos ver. — eu iria responder, mas Jungkook me interrompeu — E nem venha dizer que você não vai porque não foi convidada para essa festa e blá blá blá, temos passe livre para cada um levar um acompanhante, então você será a minha.

— E cada um vai levar alguém?

— Não costumamos levar ninguém, mas você é privilegiada.

— Que ótimo! Mas eu iria aceitar de qualquer maneira.

[...]

Após passar longos minutos conversando com Jungkook, acabei ficando muito cansada pelo dia que tive e dormi assim que me deitei na cama.

Tive um sonho esquisito novamente.

Dessa vez, eu via Taehyung em um lugar escuro, chorando no canto. Ele puxava os cabelos com violência e gritava bastante, vê-lo daquela maneira me doía. Em suas mãos estava um objeto que não consegui identificar por conta da pouca iluminação que o lugar tinha. Engoli em seco ao notar que além das lágrimas que molhavam seu belo rosto havia sangue. Sangue sujava suas roupas, suas mãos e seu rosto, me dando a visão de um Taehyung em completo horror e desespero.

Ele pareceu não me notar em sua frente, Taehyung estava muito triste, muito… apavorado. Quis correr e abraçá-lo, dizer que tudo ficaria bem e que eu estava ali, ao seu lado. Mas meus pés não me obedeciam. Tive a infelicidade de ficar apenas ali, assistindo à cena do homem tentando limpar o sangue de seu corpo enquanto me olhava em prantos, sussurrando vários pedidos de desculpas.

[...]

Acordei com a campainha tocando e batidas na porta, o susto fez com que eu acabasse caindo da cama e derrubasse algumas coisas que estavam na mesinha do lado. Xinguei a pessoa do lado de fora que parecia desesperada para que eu fosse recebê-la e que achava que minha porta era inquebrável. Juro que se demorasse mais um pouco, meu apartamento não teria mais porta e privacidade.

— AQUELE FILHO DA PUTA TENTOU ABUSAR DE VOCÊ?

Seu rosto estava vermelho e as veias em seu pescoço estavam saltadas. A expressão furiosa no rosto de Jimin me fez ficar assustada, pois nunca imaginei que ele fosse ficar tão zangado daquela maneira.

— Primeiramente; pode ir tomar no cu? Segundamente; obrigado por me acordar depois que passei horas com a visão cansada por conta da tela do computador. E, terceiramente, mas não menos importante; o quê?

— A casa é pequena e eu sou um colecionador de informações, ouvi a conversa do Taehyung com o Kookie.

— Vocês precisam aprender a respeitar a privacidade dos coleguinhas.

Jimin entrou no meu apartamento sem que eu lhe desse permissão, coisa que eu estava mais do que acostumada, porém o que chamou minha atenção foi a mochila que ele carregava consigo.

— O que é isso?

— Ah, quase me esqueci. Para o seu próprio bem-estar, vou passar a morar com você a partir de hoje. — Deu um sorriso amarelo.

— Ah, com certeza!

— Olhe pelo lado positivo; você terá o seu melhor amigo bonitão no quarto ao lado, pronto para lhe proteger de todos os Woojin’s que aparecerem na sua vida. Você não se sentirá mais tão sozinha nas suas madrugadas e ainda poderemos ir juntinhos para o trabalho, não acha que vai ser divertido?

— Não.

Me aproximei do Park e o puxei pela mochila para fora do meu apartamento, mas ele era pesado e muito mais forte que eu, não consegui nem mesmo fazer com que ele desse um passo para o lado de fora.

— Tem espaço o suficiente para as minhas roupas em seu guarda-roupa? — perguntou com um sorriso enorme estampado no rosto.

[...]

Na noite do outro dia, Jimin se disponibilizou para fazer o jantar, já que de acordo com ele, a minha comida era muito ruim. Não estava satisfeita com sua presença, mas a ideia de ficar sozinha me apavorava o bastante para suportar a ideia de que eu iria ter que conviver com Park Jimin. Desde o que aconteceu com Woojin, tenho deixado o apartamento trancado e mal saia de casa. A pior parte do dia era ir pegar a correspondência ou colocar o lixo para fora e dar de cara com Seoyeon. A última coisa que eu queria era vê-la e ter gatilhos do dia anterior. Ainda bem que eu tinha Jimin, e ele tem cuidado de todas essas coisas básicas desde quando se enfiou aqui.

Senti cheiro de lámen vindo da cozinha e revirei imediatamente os olhos.

Sério mesmo que Park Jimin reclamava da minha comida, mas estava fazendo lámen para jantarmos?

Folheava uma revista de fofocas de idols de kpop enquanto observava Jimin cantarolar uma música enquanto colocava dois potes de lámen no micro-ondas. Ainda não estava acreditando na iguaria da culinária coreana que ele faria para nós comermos.

— Você tem alguma cerveja geladinha? — perguntou, abrindo minha geladeira — Hm… parece que não! Você ao menos bebe?

— Eu sou certinha, esqueceu?

— Eu esqueço de como você é cafona. — Fez careta — Pelo visto, vou ter que fazer as compras. Terei que comprar algumas cervejas caso eu queira sobreviver na casa dessa idosa brega e rabugenta.

— Você só está aqui porque ainda tenho medo do que aconteceu. Se não fosse isso, eu já teria te expulsado.

— Eu também te amo, Hari! Não precisa fazer juras de amor!

O micro-ondas fez o clássico peep de quando a comida finalmente estava pronta. Sempre que ouvia esse barulho, lembrava que Jungkook uma vez me disse que tinha medo. Era engraçado vê-lo com medo de um micro-ondas. Tínhamos quase a mesma idade, mas o via como um irmão mais novo.

Quando Jimin nos serviu, comemos em silêncio. Havia perdido um pouco do meu apetite, então remexia minha comida enquanto Jimin engolia tudo vorazmente ao meu lado. O silêncio entre nós dois estava um pouco incômodo, e eu mal esperava para que ele pudesse tagarelar à vontade.

— Depois de comer, se arrume.

Ele disse depois que havia terminado seu jantar, limpando a boca com um guardanapo.

— Para quê? — perguntei, confusa.

— Vamos sair. Gosto de sair à noite quando estou de folga e não vou sair e deixar você sozinha. Por isso, sinta-se na obrigação de ser minha companhia para esta noite. Coloque uma roupa ousada, uma maquiagem bem forte nesse rosto e um perfume.

[...]

Não demorou nem uma hora para que eu me encontrasse de frente para um espelho após ter sido maquiada por Park Jimin. Quando neguei seu “convite” para sair, ele invadiu meu quarto e escolheu uma roupa para que eu usasse. Dentre tantas que tinha, escolheu uma que eu havia deixado no fundo do guarda-roupa. Era um conjunto de um cropped branco decotado nos seios e nas costas e uma saia justinha que realçava minhas curvas. Adorava aquele conjunto, mas nunca tive uma oportunidade para usá-lo.

Jimin estava arrumado, e achei incrível que ele se arrumava rápido, pois enquanto ele estava todo pronto eu só havia conseguido tomar banho. Ji estava mais casual, com uma blusa branca, gorro cinza e calças de couro que deixavam suas coxas bem-marcadas. E que coxas! Não vou negar, já fazia um tempo que eu havia notado aquelas coxas e as achei muito atraentes, mordíveis, até. Ele terminou de passar um batom vermelho em meus lábios e deu um enorme sorriso ao apreciar a sua “obra”.

— Eu te daria um beijo agora mesmo, mas iria arruinar todo o meu magnífico trabalho.

Diferente do que eu esperava, não era uma maquiagem muito forte. Jimin sabia perfeitamente que eu ficava incomodada com muito produto em minha pele, me causava várias espinhas. O delineado em meus olhos estava perfeito, realçou o meu olhar. Aquilo me causou inveja, pois por mais que tentasse, nunca ia conseguir fazer um delineado com tanta maestria igual Jimin. Enquanto olhava para o espelho, o garoto ao meu lado passava um pouco de corretivo em seu rosto, apenas em lugares estratégicos. O salto que ele havia escolhido para mim não era alto, e agradeci mentalmente por isso. Já era desastrada usando tênis, com saltos então, nem queria ver o estrago.

Desde que terminamos e jantar, as únicas informações que eu tinha sobre o lugar que Jimin iria me levar era que:

1. o lugar era bem movimentado;

2. o cheiro de bebida alcoólica era bem forte;

3. tinha chances de eu entrar lá virgem e sair desvirginada, como ele gosta de dizer;

4. era uma balada;

A única festa que fui em toda minha vida foi uma rave no meio de uma floresta num acampamento de verão que fui no último ano do colegial, e fui porque alguns colegas me pediram muito para sair da minha zona de conforto. Foi uma experiência um pouco traumática. Principalmente por ter ficado de vela enquanto todas as minhas amigas se pegavam com seus respectivos namorados, e quando surgia uma oportunidade para eu sair da vela, eu negava e voltava a beber meu refrigerante.

— Não sei se é uma boa ideia ir para essa balada. Minhas experiências em locais desse tipo não são muito agradáveis.

Jimin revirou os olhos enquanto terminava de passar lápis em seus olhos.

— Deixa de ser careta! Você tem duas opções: ir e se divertir comigo, ou então fazer companhia para a sua amiga Seoyeon.

— Jimin… — resmunguei — eu só quero ir para a cama e dormir. Essa é a minha rotina.

— Que peninha! — Jimin guardou meu estojo de maquiagem e olhou para mim com um sorriso malicioso — Quer dividir o seu batom comigo? É só me dar um beijinho.

[...]

Estávamos em Hongdae, um bairro universitário e famoso por suas baladas e casas noturnas. Havia uma fila na entrada e essa fila estava muito lotada. Desde que cheguei, ainda não havia ido para aquela parte de Seul, então não fazia a mínima ideia de como me situar ali. Retirei meu cinto de segurança e saí do carro, sendo acompanhada por Jimin. Ele me parou para colocar uma pulseirinha em meu braço, a pulseira era preta e tinha letras grandes na cor branca, a palavra “VIP” bem destacada. Jimin entrelaçou nossos dedos e foi até o segurança que controlava a entrada, mostrou a pulseira e o homem nos permitiu entrar.

Assim que entramos, o cheiro de bebida alcoólica, corpos suados e, seja o que mais for, invadiu minhas narinas. Fiz uma careta e Jimin notou, rindo da minha cara. Ele se dirigiu até o bar e eu o acompanhei, ainda sem saber o que estava fazendo ali. O barman pareceu conhecê-lo, pois deu um sorriso e o cumprimentou quando o viu.

— O de sempre. — Jimin pediu — Um para mim e um para essa moça belíssima que está me fazendo companhia hoje.

O homem me olhou de cima a baixo e deu um sorriso malicioso, me senti um pouco desconfortável e exposta pelo modo como ele ficou olhando para mim e Jimin.

— Ele acha que vou te levar para a cama depois de alguns copos de bebida e uma dança. — Ele disse em meu ouvido, já que a música estava muito alta.

— Então está me confirmando que você é um galinha?

Ele riu.

— Frequento muito essa balada, por isso tenho acesso VIP. — Apontou para a pulseira em seu braço — E geralmente saio daqui acompanhado de uma garota, se é que me entende. Mas por ser sua primeira vez, lhe darei um desconto. Passarei a noite inteira com você e sairei com você.

— Não precisa deixar de se divertir por minha causa.

— Claro que precisa! Não vou deixar você sozinha por aí, principalmente em um ambiente onde está cheio de pervertidos. — Ele olhou por cima do meu ombro — E pelo que vejo, tem muitos idiotas de olho em você.

Me virei para onde ele olhava e notei um grupo de rapazes nos encarando, em especial para mim. Jimin colocou a mão em meu rosto e me fez encará-lo, e em um movimento ousado ele colocou seu rosto bem próximo ao meu enquanto seus dedos seguravam com leveza o meu queixo.

— Vamos fingir ser um casal só por essa noite? — sorriu.

— Não.

— É sério, conheço aquele tipinho ali. Eles estão aqui por causa do sexo, e sexo é a última coisa que você vai querer, certo? Então, se você passar a noite comigo, fingindo estar comigo, eles vão te deixar em paz. Não saia de perto de mim em hipótese alguma, ouviu?

O barman trouxe o pedido de Jimin. Era uma bebida com uma coloração vermelha, bem bonita. Senti certo receio em bebê-la, pois nunca havia bebido mais do que vinho e champanhe em toda a minha vida. Jimin brindou seu copo com o meu e me incentivou a beber.

Beberiquei, sentindo o líquido vermelho descer rasgando a minha garganta. Depois que a ardência passou, um gosto levemente adocicado de frutas se tornou presente, me fazendo pensar que não era tão ruim assim. Dei mais alguns goles, e logo não senti mais minha garganta arder, apenas o doce sabor. Quando dei por mim, havia bebido todo o líquido, o que causou uma gargalhada gostosa em Jimin.

— O que achou?

— É gostoso. — Dei um sorriso.

Por não ter costume de beber, já sentia o efeito do álcool. Não muito, mas sentia uma leve tontura e estava começando a ficar mais animada do que quando cheguei.

— Quer mais? — assenti — Outra rodada para a moça, por favor.

E depois daquele copo vieram muitos outros. Jimin bebia tanto quanto eu, e às vezes me desafiava a tomar uma grande quantidade de bebida de uma vez. Depois de bebermos e rirmos bastante, fomos para a pista de dança. Dançamos eufóricos, como se só houvesse nós dois ali. Tudo estava colaborando para ser a noite mais divertida que eu já havia tido.

O lugar era escuro, apenas algumas luzes em neon iluminavam meu campo de visão. Eu dançava com o corpo colado em Jimin e ríamos enquanto fazíamos poses sensuais um para o outro. Em dado momento, Jimin começou a socializar com um grupo de pessoas, e por eu estar bêbada e mais falante que o normal, me juntei a eles. Dançávamos todos juntos, como se nos conhecêssemos há anos. Jimin passou a mão em minha cintura enquanto dançava, e percebi que fez isso quando um rapaz tentou se aproximar de mim. Ele estava possessivo, me protegendo de todos os predadores sexuais que apareciam. Parecíamos mesmo um casal se divertindo juntos.

Passava minhas mãos em seu pescoço, deslizando minhas unhas por sua pele aveludada. Jimin ria de minha ousadia, e eu sabia que estava completamente bêbada. Comparado a mim, ele estava sóbrio. Park Jimin não havia bebido muito, não tanto quanto eu, pois disse que precisava estar inteiro para me levar para casa. Aquela seria a minha noite.

Depois de ter bebido doses de tequila, não consegui mais lembrar do que fiz. A última coisa fresca em minha memória foi estar em um canto da balada, com Jimin segurando meus cabelos em um coque enquanto eu vomitava tudo o que estava dentro do meu estômago.