História I Need U (Kim Taehyung) - XXV - Yoongi

Estava me sentindo ansioso desde o dia da festa em que nos apresentamos. A verdade, era que não havia planejado pedir Hari em namoro naquele momento. Lembrei de suas palavras em meu quarto, em que ela dizia querer ir com calma. Fui completamente ao contrário do que ela havia pedido, então me surpreendi quando o “sim” saiu de seus lábios.

Minha ansiedade não era por finalmente estar com ela e tê-la apenas para mim, mas sim porque estava morrendo de medo de perdê-la. Nunca fui tão emocionado como agora, então tudo estava sendo assustador e novo. Cho Hari me causava sensações que eu achava que era incapaz de sentir, que era impossível alguém se sentir assim por uma pessoa. Vi o quanto ela era próxima de Jimin, Hoseok e Taehyung, enquanto eu, com a minha frescura de tentar parecer um pouco menos apegado a ela do que realmente estava, a afastei aos poucos. Então Park Jimin passou a morar com ela, e mesmo que ele tenha dito que era para a segurança de Hari com os últimos acontecimentos, aquilo me trouxe uma insegurança enorme.

E agora eu tinha certeza de que ela estava disposta a me ter como eu estava a ter ela, mas ainda me sentia inseguro.

Me sentia um pouco culpado por causa desse desespero todo, não queria que Hari pensasse que estava sendo rápido demais em nosso relacionamento. Na noite em que a pedi em namoro, depois da sua resposta, foi tudo maravilhoso, mas quando a abracei e me virei com ela ainda em meus braços, pude ver Taehyung fechar o punho e virar as costas. Aquilo me acertou em cheio, pois senti que estava cometendo os mesmos erros do passado.

Mas não tinha como eu me preocupar, certo? A história não iria se repetir, éramos adultos agora, e nossa amizade só se fortaleceu com o passar do tempo.

Acho que estou sendo muito paranoico, pois essa ansiedade não era normal. Estava deitado em minha cama, tentando entender como as coisas haviam acontecido em um período tão curto de tempo. Conheci uma garota que me despertou o interesse quando a vi, no dia seguinte ela atropelou meu amigo e desde então tem se tornado presente no meu cotidiano. Chegava a ser cômico.

De repente, a porta do quarto abriu, era Jungkook.

— Estava dormindo? — ele perguntou, ainda com a mão na maçaneta da porta.

— Não, por quê?

— Está nesse quarto o dia inteiro, achei que estivesse doente.

Jungkook entrou no quarto e se sentou ao meu lado. Podia não parecer, mas o mais novo estava sempre preocupado com nosso bem-estar, mesmo que não demonstrasse muito. Me endireitei na cama, tomando coragem para pedir conselhos amorosos de um garoto que só teve uma namorada na vida e foi virtual.

— Você acha que fui apressado?

O Jeon arqueou as sobrancelhas, depois deu uma leve risada.

— Por que acha isso?

— Hari havia me pedido para ser paciente, pois estávamos nos conhecendo e ela não tinha certeza de que ficaria na Coreia por muito tempo. Depois que soube que ela ficaria, fiquei eufórico e a pedi em namoro.

— E isso te faz apressado?

— De certa forma, sim. — Remexi os ombros, desconfortável — Nunca a chamei para sair antes de querer oficializar um relacionamento com ela. Acho que eu deveria ter esperado mais.

— E por qual motivo você não a convida agora?

— Acho que é meio tarde… — Jungkook me interrompeu.

— Tarde demais para levar a própria namorada para um encontro? — bufou — Pelo amor de Deus, Yoongi! — sua atitude nada formal me surpreendeu um pouco — Desde quando você fica preocupado com umas bobagens dessas?

— Desde que eu não sei do que ela gosta.

Jeon Jungkook me olhou com aqueles olhos negros e esbugalhados, como se o que falei tivesse sido a coisa mais absurda que ele havia ouvido em toda sua vida.

E talvez fosse.

Me arrependi no mesmo instante de ter inventado de pedir conselhos amorosos para um garoto que não tinha quase experiência nenhuma.

— Como você namora alguém que você não sabe do que gosta? — ele perguntou, parecendo ainda mais confuso do que quando começamos aquela conversa.

— Achei que namoros fossem feitos para isso, para conhecermos alguém até ter certeza de querer tomar uma decisão mais ousada.

Esperava que aquilo o convencesse, mas Jungkook ainda ficaria questionando.

— Sim, eu sei. Mas não acha que a essa altura já não deveria saber as coisas básicas sobre ela? Coisas do tipo; qual a cor preferida dela? O que gosta de comer? Para onde gosta de sair?

— E como eu vou saber isso? — disse impaciente. Queria finalizar aquela conversa.

— Perguntando.

Me recusei a responder aquilo, pois era óbvio demais. Jungkook ajeitou a coluna, pois ele estava sentado todo torto até aquele momento. Me olhou ainda mais sério que antes e apontou o dedo na minha cara.

— Você mais que qualquer pessoa deveria saber disso. Não tenho experiência com relacionamentos, você sabe. Mas um casal conversa, e como você quer conhecer os gostos de uma pessoa se não pergunta ou conversa sobre isso?

— Acho que apressei vários passos e fui logo para a parte de assumir um namoro.

— Nisso eu concordo.

Soltei um suspiro, ainda mais cheio de dúvidas do que antes.

— Acho que estraguei a primeira experiência de relacionamento dela.

— Você é o primeiro dela?

— Digamos que eu sou e vou ser seu primeiro em tudo. — O mais novo assentiu, compreendendo o fato de eu estar preocupado com as primeiras impressões de Hari.

— Você sabe que ainda pode fazer com que as primeiras vezes possam ser uma experiência boa para ela, não sabe?

— Estou com medo de ter agido por impulso.

— O que te fez agir assim?

— Ela se apaixonar por outra pessoa. — Fui sincero, revelando as várias camadas da minha preocupação — Fiquei surpreso dela ter aceitado meu pedido depois de pedir para irmos com calma.

— Isso não seria uma coisa boa?

— É ótimo! — sorri — Mas como você disse, não sei muitas coisas sobre ela e tenho medo de estragar tudo.

— Hm…

Ficamos em silêncio durante um tempo. Jungkook parecia pensativo, mas não mais que eu, pois minha cabeça ainda estava cheia de preocupações. Brincava o tecido da minha bermuda, pois era a coisa mais interessante que eu tinha naquele momento. Não gostava dessas incertezas que invadiam minha mente, pois nenhuma mulher merece namorar um cara tão incerto como eu.

— Por quem você estava com medo de que a Hari se apaixonasse?

Jungkook perguntou de repente.

— Como assim? — Arqueei a sobrancelha.

— Você disse que estava com medo dela se apaixonar por outra pessoa. Me perguntei em quem de nós está te deixando inseguro assim.

Não esperava que o Jeon fosse ser tão direto assim, então a sua pergunta me pegou de surpresa. Ele pareceu notar que fiquei chocado, mas estava determinado em ter a sua resposta.

— Jimin começou a morar com ela com a desculpa de que quer deixá-la segura daquele idiota do trabalho deles. Confio nos dois, mas sei que Jimin dá em cima dela algumas vezes. Mesmo que seja na brincadeira, algumas delas podem ter um fundo de verdade.

— Acha que ela poderia se apaixonar pelo Jimin?

— Parece tão absurdo assim quando falo em voz alta? — Jungkook deu uma risada e assentiu — Então acho que estou sendo um pouco paranoico, não?

Por mais que eu tentasse brincar com a situação, todas aquelas dúvidas ainda permaneciam em minha mente e me deixavam ansioso. Quero deixar claro minhas intenções com a Hari, da mesma forma que eu quero que ela deixe as dela. Quero ser um bom namorado, mostrar que ela tomou a decisão certa em aceitar meu pedido de namoro, mesmo que tenha sido tão repentino.

— Ainda posso chamar ela para sair, né?

E eu tinha algo em mente para fazer as coisas do jeito certo.

[...]

— Você acha que eu tenho capacidade para passar no próximo vestibular?

Hari me perguntou enquanto andávamos de mãos dadas na praça em que nos conhecemos.

Não era o encontro que eu queria. Na verdade, estava mais para uma saída entre namorados, pois não a chamei de fato. Queria que fosse algo mais sofisticado e algo que ela merece, por isso planejava fazer uma reserva em um restaurante caro e lá oficializar o namoro também de modo adequado.

Fazia dois dias que eu havia comprado um par de aliança para nós dois usarmos. Clichê e talvez brega, eu sei, mas acho que Hari iria gostar dessas coisas.

— Eu acho que você tem toda capacidade do mundo para passar em qualquer vestibular.

Ela sorriu e me deu um selinho.

Desde quando a busquei em casa, Hari estava falando animada sobre sua inscrição no vestibular. Nunca vi ela tão feliz com alguma coisa, seus olhos escuros chegavam a brilhar de felicidade enquanto contava sobre suas pesquisas sobre a universidade e o curso.

— Você sabe que o vestibular não vai medir sua capacidade, né? A pressão psicológica que o sistema coloca nos vestibulandos é imensa, e isso contribui para que pessoas incríveis não consigam realizar coisas incríveis por causa dessa pressão.

Hari assentiu, parecia reflexiva.

— Estou tentando não ficar pensando sobre isso. Tenho medo de que se eu tentar muitas vezes e fracassar em todas elas, minha mãe vai me fazer voltar para os Estados Unidos.

— Se você voltasse, eu iria com você.

Ela riu, me deixando sem graça.

— Mas e os meninos? E o seu sonho?

— Você é o meu sonho.

Tinha que parar de falar coisas sem pensar, estava começando a ficar vergonhoso. Cho Hari me olhou com a sobrancelha arqueada e deu uma daquelas gargalhadas que só ela sabe dar, com direito a parecer um porco e tudo. Não fiquei chateado com a sua reação, pois ter arrancado uma gargalhada sincera dela foi o ápice do meu dia.

— Jamais me perdoaria se eu destruísse o seu sonho com os meninos.

De repente, notei seu rosto ficar sombrio. Hari não estava rindo mais, engoliu em seco e ficou séria, olhando para frente enquanto ainda andávamos de mãos dadas.

— Por que parece que isso que você disse tem mais peso do que eu imagino?

Perguntei, curioso com sua mudança repentina.

— Não é nada, é só que pensei nessa possibilidade. — Eu podia conhecer Hari fazia pouco tempo, mas ela era muito transparente em suas reações. Sabia que ela estava escondendo algo.

— Mudando de assunto… — parei nossos passos e a fiz ficar de frente para mim — percebi que não tivemos nenhum momento a sós, só você e eu.

— Não estamos só? — dei um sorriso e neguei com a cabeça, colocando uma mexa do seu cabelo atrás da orelha.

— Digo que nunca tivemos um encontro antes de oficializarmos nossa relação.

— Isso é verdade.

Me surpreendendo, Hari me puxou pelo meu casaco e me deu um selar, sem se importar de estarmos em público. Era noite, então o fluxo de pessoas era pequeno, o que a deixava confortável para me beijar.

— E foi pensando nisso que resolvi reservar uma mesa no Le Da para termos nosso primeiro encontro.

— Le Da? — ela perguntou, parecendo curiosa.

— É um restaurante de culinária francesa, fica na margem do Rio Han e a vista é linda. Logicamente, não mais linda do que você.

Ela deu outra daquelas risadas e me beijou, dessa vez com mais vontade e desejo.

— Então, você aceita sair comigo? — perguntei após recuperar o fôlego depois daquele beijo.

— Eu adoraria sair com você.