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História I Need U (Kim Taehyung) - XXIX - Hari


Escrita por: psycholojin

Capítulo 29 - XXIX - Hari


Já era de manhã quando decidi que devia fazer a coisa certa.

Não dormi bem na noite passada, então quando o sol deu as caras e iluminou meu quarto, já fazia um tempo que eu estava acordada. Meus olhos estavam pesados, mas mesmo que tentasse fechá-los para tentar dormir eu não conseguiria, meus pensamentos estavam inquietos demais para que eu pudesse descansar.

Me virei na cama e me deparei com o corpo de Taehyung ali, ainda adormecido. Seu rosto estava sereno e sua respiração tranquila, como se quando ele acordasse não teria que se deparar com um grande problema que precisávamos enfrentar. Ainda estávamos nus, não havia tido coragem de vestir minhas roupas de baixo que eu nem sabia onde estavam.

A noite passada foi ótima, havia sido inesquecível. Não me arrependi da minha primeira vez ter sido com Taehyung e se eu voltasse no tempo ele ainda seria a pessoa com quem escolhi passar esse momento. Meu maior arrependimento era ter enganado Yoongi com meus sentimentos confusos. Gosto, sim, dele, mas não é nada comparado a avalanche de sentimentos que eu tinha quando se tratava de Taehyung. Nunca devia ter aceitado namorá-lo e agora eu havia cometido o maior erro da minha vida, o mesmo erro que meu pai cometeu muitos anos atrás.

O homem ao meu lado acordou e sorriu para mim, mas não consegui retribuir seu sorriso.

— Bom dia. — Bocejou.

— Bom… — não consegui continuar, não conseguia falar.

A culpa me consumia cada vez mais e estar naquela situação, completamente despida na cama com outro homem enquanto meu namorado estava em casa sem saber dos atos libidinosos que fiz com outra pessoa me dava ânsia. Não de Taehyung, mas de mim.

Eu queria sair do meu corpo de tão repulsa que sentia. Taehyung não era santo, sabia que eu namorava e ainda meu namorado ser um dos seus melhores amigos, uma pessoa que morava no mesmo teto que ele. Mas a pessoa mais culpada nisso tudo era eu, pois mesmo que eu não tivesse a intenção, estava brincando com o sentimento de duas pessoas.

— Você está bem? Te machuquei? — Tae se apressou em me tocar, procurando qualquer sinal de que eu estivesse machucada da noite anterior.

Ele não me machucou. Ele havia sido perfeito.

— Não… estou bem!

— Ah, que bom! — suspirou, aliviado — Mas tem certeza de que está bem? Você está me olhando esquisitamente, como se algo tivesse errado.

— Quero que você vá embora.

Ele pareceu surpreso, pois tenho certeza de que não fui um doce quando disse aquelas palavras. Taehyung levantou-se da cama e eu virei o rosto já que ele estava nu. Não era por vergonha, afinal, já tinha visto todo o seu corpo, mas não sabia se ia conseguir conter meus desejos se o visse completamente despido novamente. Ouvi Tae vestir suas roupas assim como senti seu olhar em mim durante todo o tempo, eu estava enrolada com o lençol, tentando de algum jeito cobrir meu corpo.

— Hari…

Ao tentar se aproximar de mim, parou bruscamente. Tae permaneceu estático em minha frente enquanto eu afastava meu corpo para trás, sentindo cada pedacinho do meu coração desmoronar enquanto o afastava de mim.

— Por quê?

Seus olhos estavam marejados e sua voz saiu arrastada. Odiei vê-lo daquela maneira e de repente as palavras de Taeri vieram em minha mente; de que meus sentimentos confusos iriam acabar machucando pessoas e não apenas a mim. Paguei caro para ver que ela estava certa.

— Taehyung, eu só quero que você vá embora. O que aconteceu ontem à noite foi errado, muito errado. Antes que pergunte, sim, eu gostei do que fizemos. Você foi bom comigo, mas ainda assim foi errado. Não tem como ficarmos juntos se o nosso começo é errado.

Até franziu o cenho, deixando seu rosto mais sério.

— Já não tinha mesmo esperanças de que você ficasse comigo…

— Se vista, por favor…

Enxuguei algumas lágrimas que começaram a cair. Não queria chorar na frente dele, não queria mostrar que estava tão vulnerável e assustada. Não percebi quando Tae se aproximou e enxugou minhas lágrimas. Ele ainda estava sério, mas não parecia mais zangado e magoado.

— Me desculpa, Hari!

— Não é a mim que você deve desculpas, Tae. Você traiu seu amigo e eu traí meu namorado. Pode ir embora, por favor? Quero ficar sozinha.

Kim Taehyung me olhou uma última vez antes de ir embora. Me olhou durante alguns segundos, seus olhos percorreram por mim, como se ele quisesse memorizar cada detalhe do meu rosto. Não sei como seria as coisas entre nós a partir de agora, mas tenho a leve impressão de que ele estava garantindo memorizar minha imagem para o caso de não nos vermos mais. Evitei contato com ele, e só me permiti desabar quando ouvi a porta do meu apartamento ser fechada em um baque.

Abracei meus joelhos e deixei que as lágrimas que segurei caíssem. Como podia um coração doer tanto assim? Me sentia enojada, sentia como se eu não tivesse direito de estar chorando quando eu havia sido responsável por acabar uma amizade e meu namoro. Entrei no banheiro, me enfiando no chuveiro assim que pude, camuflando minhas lágrimas com a água.

Não conseguia me perdoar, e tenho certeza de que passaria um bom tempo amargurada em culpa. Principalmente após ter admitido que havia gostado do que havia feito na noite anterior. Taehyung havia sido maravilhoso comigo, não me arrependo de nenhum momento da noite que tivemos, se fosse para escolher alguém para ser meu primeiro, Tae sempre seria a minha escolha. 

E era isso que me dava mais culpa, pois se era para ter feito o que fiz, não deveria ter me metido em um relacionamento com Yoongi. Sempre soube que eu estava confusa quando se tratava dos dois, mas sempre pensei que dar esperanças a Taehyung era errado, pois desde o começo estava envolvida com Yoongi. Não sei em que momento aconteceu, se foi naquele dia em que o encontrei distraído na rua ou se foi quando o convidei para passar a noite, mas já fazia um tempo que estava apaixonada por Taehyung.

Pensei que apenas o achava bonito, pois desde a primeira vez que o vi sua beleza teve efeito em mim. Kim Taehyung era a pessoa mais bonita que havia visto na vida, e ele sabia o quanto sua aparência chamava atenção, mas parecia não se importar com isso. E no dia em que visitamos sua mãe, foi quando aquele sentimento se aflorou mais. Ter aquele sentimento correspondido depois da forma como nos conhecemos me desesperou, principalmente por já estar tendo algo com Yoongi.

Durante todo esse tempo, não era para Taehyung que eu estava dando falsas esperanças, era para Yoongi.

Ao sair do banho, vesti um blusão e um moletom, se antes eu queria ser responsável e ir trabalhar, agora queria ficar em casa lamentando meus erros. Escutei passos no corredor e vi Jimin parado na porta do meu quarto, ele estava com o cabelo bagunçado e coçava os olhos enquanto bocejava.

— Hari? O que aconteceu?

Sei que ele se referia a festa da noite passada, mas sua pergunta me atingiu em cheio e eu comecei a chorar novamente.

Os soluços vieram com força e tive dificuldade de ver claramente quando Jimin se aproximou com os olhos arregalados. Senti ele me puxar para um abraço e imediatamente envolvi meus braços em sua cintura, enfiando meu rosto em seu peitoral enquanto deixava lágrimas e mais lágrimas caírem.

Jimin ainda usava a roupa da noite anterior, então ele havia realmente acabado de acordar. O apertei ainda mais contra mim e durante todo o tempo em que fiquei abraçada com ele, deixando que toda minha frustração desabasse, Park Jimin não me perguntou mais nada. Era isso, eu só precisava de um abraço.

Depois de muito tempo, Ji me afastou e fixou o olhar em meu rosto.

— Aconteceu alguma coisa para você estar chorando desse jeito? — assenti, fungando enquanto limpava o rosto com as costas das minhas mãos — Yoongi te fez alguma coisa? Algo aconteceu na festa?

— Não…

Chegava a ser injusto associar Yoongi a ter me feito alguma coisa, quando no final das contas, fui eu quem acabou fazendo besteira.

— O que aconteceu para que você ficasse tão abalada assim?

Hesitei em contar para Jimin, ele me odiaria. Nunca esqueci da discussão que tivemos um tempo atrás, e eu odiava admitir que ele estava certo em tudo que havia falado. Pensando bem agora, não era mais meu relacionamento com Yoongi que iria acabar.

O grupo dos meninos também iria se desfazer.

— Jimin… eu fiz uma coisa horrível!

Sua expressão se tornou fria, apesar de ainda demonstrar preocupação. Não sei se ele lembrava de algo da noite passada, se lembrava que Tae estava aqui, me ajudando a colocá-lo na cama. Se eu fosse uma pessoa ruim — pior do que me sentia —, teria colocado a culpa em Jimin por ter insistido que Tae viesse me ajudar.

— Fiz uma coisa muito horrível. — Repeti, já que ele permaneceu calado durante muito tempo.

— Foi algo que aconteceu na festa de ontem? Hari, não lembro de quase nada e você está me assustando.

Seus olhos estavam preocupados, e por um momento, pensei que deveria desconversar e não contar o que havia acontecido na noite passada, mas me sentia ainda pior por isso. Não ia conseguir guardar aquele pecado para sempre, e se mentisse, as coisas só iriam ficar piores.

— O que aconteceu depois que eu dormi? — Jimin perguntou, devagar e sério.

— Jimin… Eu transei com o Taehyung.

Não sei se a expressão de Jimin foi absoluto espanto ou raiva. Desde aquela nossa discussão, ele estava com razão. Deveria ter escutado seu sermão, e agora não havia nada que pudesse ser feito para evitar a tragédia que viria.

Durante longos segundos, Park Jimin ficou em silêncio, apenas me encarando com os olhos arregalados e uma expressão indecifrável. Enquanto isso, eu tentava não olhar para ele, pois sentia que seu olhar me julgava. Coloquei as mãos em meu rosto e senti mais lágrimas caírem, molhando minhas bochechas e escorrendo pelo queixo e pescoço. Fechei os olhos com força, não querendo encarar a realidade e nem a reprovação de Jimin, mas apenas senti seus dedos enxugarem as lágrimas e me abraçar apertado mais uma vez.

Me agarrei em seus braços, soluçando tanto quanto achei que fosse possível, enquanto o Park afagava meus cabelos.

— Vocês se protegeram, certo?

O soltei, levantando a cabeça para finalmente olhar em seus olhos.

— Como assim?

— Camisinha. Vocês usaram, certo?

Não havíamos usado nada, pois no momento eu só queria que Taehyung me enchesse de prazer. Ele havia tentado ser responsável, mas não deixei e ele também não contestou, estava tão imerso em prazer e luxúria quanto eu, que nem pensamos direito.

Dei um suspiro e neguei com a cabeça e pela primeira vez, consegui decifrar as expressões de Jimin naquele dia, pois ficou preocupado, nervoso e sua respiração ficou desregular.

— Certo… Você cometeu dois erros GRANDES em uma só noite. — Colocou as mãos no cabelo, os bagunçando e andava de um lado para o outro no quarto — Eu só não vou gritar e falar tudo o que estou sentindo agora, pois você está tão chocada quanto eu. Vou tomar um banho e vamos passar na farmácia, certo? Precisamos tomar providências em relação a isso. — Apontou para minha barriga.

Quando Jimin saiu do meu quarto, me atrevi a encarar meu reflexo no espelho. Meus olhos estavam inchados por conta do choro, meu cabelo estava uma bagunça e havia algumas marcas da noite anterior. Tirei a roupa que havia colocado, peça por peça e vi pequenos hematomas roxos dos chupões que Taehyung deixou em meu pescoço eram visíveis e me peguei sorrindo ao ver aquilo. Me repreendi, pois apesar de estar com a mente borbulhando em culpa, a noite havia sido a melhor da minha vida.

Minha barriga formigava ao pensar nas trocas de carícias e nas obscenidades que fizemos. No fundo, eu queria repetir aquela noite, mas não admitiria isso enquanto não resolvesse a merda que havia me enfiado.

Além dos chupões no pescoço, também havia marcas de seus dedos em meus braços, bunda, quadril e coxas. Taehyung havia feito questão de me marcar por inteira, e se não fosse as circunstâncias, teria gostado daquela possessividade. Havia olheiras embaixo dos meus olhos, devido à noite mal dormida. Fui ao banheiro na esperança de melhorar minha aparência, vesti novamente minhas roupas e passei uma maquiagem para cobrir os chupões e minhas olheiras.

Apesar de ter gostado da noite, fui muito irresponsável em não ter me preocupado em me cuidar. Não estava preocupada com doenças, pois confio que Taehyung não iria me expor a IST 's se tivesse algo, mas uma gravidez indesejada era impensável, destruiria todos os meus planos e faria com que minha mãe não me apoiasse mais com recursos para a faculdade.

Andava de um lado para outro na sala, esperando que Jimin aparecesse logo para que resolvêssemos o meu problema. Eu sabia o que Jimin queria dizer, pois não era tão burra como achava que era, e se não fosse por Jimin, não teria pensado nessa possibilidade.

Burra! Burra! Burra!

— Vamos? — Jimin disse, saindo do seu quarto e pegando as chaves do apartamento.

Do momento em que saímos do nosso prédio até a farmácia mais próxima, Jimin não disse uma palavra. Ele estava sério, coisa que geralmente era raro de ver, pois até em momentos ruins o Park tentava amenizar o clima. Senti olhares em nós dois conforme passávamos por algumas pessoas, pois eu estava agarrada ao braço de Jimin e ele não parecia muito agradável. Andávamos em passos largos e rápidos, e era difícil acompanhá-lo, pois por mais que ele fosse o menor dos sete, ainda era muito mais alto que eu.

Quando chegamos a farmácia, ele colocou um sorriso no rosto e foi até uma atendente que também sorriu ao nos ver se aproximando. Conhecia aquele lugar, era uma farmácia vinte e quatro horas, era pequena, mas era o suficiente para atender aquelas redondezas do bairro. Quando Jimin estava de ressaca, eu costumava ir ali comprar alguns remédios.

— Olá, bom dia! — ele disse simpático, o oposto de como estava anteriormente — Minha namorada e eu… Como posso dizer? — forçou um riso — Tivemos relações na noite passada e fomos descuidados e não nos protegemos. Não queremos lidar com certos tipos de consequências. Então, por favor, me diga que tem pílulas do dia seguinte?

Arregalei os olhos ao ouvir a mentira que ele havia contado para a moça, dei um soco em seu braço e Ji me ignorou, ainda sorrindo para a atendente. Ela se virou para a prateleira atrás de si e pegou uma caixa pequena branca com detalhes em azul, me entregando em seguida.

— Por favor, me diga que esse negócio funciona. — Disse Jimin, tirando a carteira do bolso.

— A pílula é segura, mas como todo método contraceptivo, não garante cem por cento de eficácia.

Jimin pagou pela caixinha, e vendo que a mulher estava um pouco inquieta, percebi que ela queria falar alguma coisa.

— Se me permite perguntar… Por que não se preveniram?

Mulherzinha enxerida e inconveniente!

— Não é da sua con… — Jimin tapou minha boca.

— Foi o momento. Sabe como é, né? Na hora eu nem lembrei do preservativo e minha parceira aqui também foi muito irresponsável.

Eu odiava Park Jimin. Sabia que isso era um tipo de punição pelo meu erro.

— Tem anticoncepcionais? Precisamos comprar, já que cometemos um erro como esse, devíamos usar dois métodos. Esse não tem como ela esquecer, colocarei como alarme no meu celular e no dela para não ter erro. Não é mesmo, amor?

— É…

Assim como fez com a pílula, Jimin pagou pelo anticoncepcional e ainda comprou várias camisinhas e me entregou. Nossa, eu o odiava tanto! Certeza que não ia usar nem metade daquelas camisinhas.

— Muito obrigado, moça!

Ele estava todo sorridente quando saímos da farmácia, e eu não escondia a minha cara de desgosto e vergonha. Ji estava com os dedos entrelaçados ao meu, e escondi a sacola embaixo do meu casaco, pois nem morta que eu iria andar com aquilo para todos verem o quanto eu transava com meu “namorado”.

Ao chegar no nosso apartamento, fui logo tomando a pílula. Mas foi só após termos resolvido isso que ouvi a voz aguda de Jimin do outro lado do balcão, dessa vez ele não parecia mais acolhedor como antes. Sinceramente, não estava disposta a ouvir sermão, mas eu merecia.

— Não vou mentir dizendo que não estou contente que meu OTP finalmente está se tornando real. Porque estou muito feliz por você ter parado de ficar com cu doce e aceitar que gosta do Tae. Mas o Yoongi é meu amigo e seu namorado, ele não merece essa merda que vocês estão fazendo com ele. Além de tomar um baita chifre da namorada, ainda foi traído pelo amigo, tem noção da merda que vai acontecer?

Jimin fechou os olhos e colocou os dedos na ponte do nariz, como se sentisse dor de cabeça só de imaginar.

— Aonde quer chegar?

— Você está sendo uma verdadeira idiota e pau no cu, Hari! — não sei se me sentia ofendida ou concordava com aquilo — Se você está confusa em relação aos seus sentimentos, por qual motivo aceitou namorar Yoongi?

— Não estou confusa sobre o que eu sinto! Realmente gosto do Yoongi. — Que grande mentira.

— E o que foi isso com o Taehyung?

Não consegui respondê-lo. Fiquei calada, encarando Jimin, que parecia estar muito chateado comigo.

— Não precisa esconder seus sentimentos de mim, Hari. Somos amigos! Entenderei se você disser que cometeu erros. Mas se você continuar negando, só fará com que as coisas piorem e, consequentemente, fazer com que pessoas que gostam de você se afastem.

Meus olhos ficaram marejados, mas Jimin tinha razão, e eu não tinha força e nem coragem para admitir isso. Era uma covarde.

— Os dois são meus melhores amigos, estamos finalmente conseguindo conquistar algo com esse contrato que nos foi oferecido. Hari, isso que aconteceu não foi um erro qualquer, isso pode destruir nossa banda e a amizade deles. Não vou te julgar se assumir que está apaixonada por Taehyung.

— Eu… — não conseguia dizer, mas precisava — Eu não sabia que Taehyung mexia tanto comigo até ontem à noite. — Engoli em seco — E foi só enquanto eu estava com ele, nos braços dele, que percebi estar perdidamente apaixonada.

A campainha tocou antes que Jimin me respondesse e eu olhei para ele, arqueando a sobrancelha. Não estávamos esperando ninguém e eu tinha medo de que Yoongi acabasse por aparecer aqui, não sabia se ia conseguir olhá-lo agora. Sabendo que eu devia encarar minhas consequências como uma pessoa adulta, Jimin foi até seu quarto e se trancou.

Tomei coragem para ir até a sala, a pessoa que tocava já estava me irritando, por mim eu já tinha quebrado aquela maldita campainha. Ao abrir a porta, esperei que fosse algum dos meninos, mas a pessoa que estava ali, parada em minha porta, me fez engolir em seco. Não esperava por aquilo, simplesmente nunca passou pela minha cabeça que essa pessoa poderia vir até minha casa.

— Bom dia, Hari! Podemos conversar? — Taeri perguntou, com um leve sorriso no rosto.

 

[…]

 

Pela primeira vez o cheiro de café fresco não acalmou meus músculos, que estavam tensos. Servi uma xícara para mim e outra para a visita que me esperava na sala, enquanto eu preparava um café para recebê-la. Não esperava receber Taeri aqui, nem mesmo fazia ideia de que a irmã de Taehyung sabia o meu endereço.

Voltei à sala e lhe servi a xícara de café.

Taeri vestia uma calça comprida jeans e uma blusa de gola alta branca, seu sobretudo bege estava no hall de entrada em um dos cabides que eu colocava lá para deixar meus casacos. Percebi que, assim como sua mãe, ela estava com um arranhão na bochecha, hematoma que não estava ali quando a vi da última vez. Apesar de estar preocupada, não sabia se era um bom momento para perguntar como estava a situação em casa, e pelo que parecia, não era sobre isso que Taeri queria conversar.

Sentei-me ao seu lado e esperei pacientemente o que a garota queria comigo, e isso me deixava extremamente nervosa.

— Acho que deve estar se perguntando como sei seu endereço. — disse, tomando um gole do café com um sorriso no rosto. — Depois daquela noite que você e meu irmão nos visitaram, Tae me deu seu endereço em caso de emergência, mas nunca tive coragem de vir até aqui. — Seu olhar estava distante, e percebi que houve momentos em que Taeri queria pedir ajuda — Pelo menos, não até agora.

Seu olhar voltou-se para mim, e imediatamente eu soube que ela não estava ali para pedir ajuda.

— Eu precisava vir conversar com você.

Engoli em seco com seu tom de voz, sua expressão era séria e me senti desconfortável com a forma que ela me olhava. O que quer que Taeri queria falar comigo, tinha certeza de que era sobre Taehyung e me preocupava que ele houvesse contado sobre a noite passada, mesmo já tendo quase certeza de que ele deve ter o feito. Tae não escondia nada da mãe e da irmã.

— Taehyung está em casa, nos braços da nossa mãe. Havia saído cedo para pensar, pois noite passada meus pais brigaram feio, papai saiu cedo de casa e até o momento que vi, não havia chegado. Quando voltei, encontrei meu irmão abraçado com nossa mãe, e eles falavam sobre você.

Seu olhar estava sob mim, me analisando, como se estivesse esperando alguma reação. Me mexi, desconfortavelmente, no sofá e minhas mãos soavam enquanto tentava levar a xícara até meus lábios sem tremer.

— Ouvi que ele passou a noite com você. — Não consegui esconder o nervosismo diante da verdade. De repente, a xícara estava pesada demais e o café queimava minha boca.

Taeri passou os olhos pela casa e sorriu, desfazendo o semblante sério.

— Você tem uma bela casa.

Parecia que ela estava se desviando do assunto, e percebi que, assim como eu, Taeri não queria ter aquele tipo de conversa.

— Obrigada! — disse, retribuindo o sorriso.

Durante um momento, ficamos em silêncio, sem nem mesmo olhar para o rosto uma da outra. Bebericava pequenos goles do café, e apesar de não saber quanto tempo ficamos quietas, devia ser muito, pois meu café começava a esfriar.

— Sei sobre o que aconteceu na noite passada. — Taeri disse, colocando a xícara na mesinha em nossa frente e, finalmente, olhando para mim — Acho que estou um pouco preocupada.

O olhar de Taeri passou por todo meu rosto, até parar no chão. A garota passou as mãos nas coxas cobertas por uma calça jeans skinny, ela parecia ainda mais nervosa conforme chegava aonde queria com aquela conversa.

Ter a confirmação do que eu já imaginava não me ajudou a regular minha respiração, no qual já estava totalmente irregular, passou a se tornar uma grande dificuldade. A cada segundo que se passava, sentia que as consequências estavam vindo mais depressa. Só havia uma coisa que eu deveria fazer que parecia ser o mais correto, e não demoraria para tomar a devida coragem.

— Ele foi seu primeiro, certo? — assenti — Isso me deixa um pouco preocupada…

— Como ele está? — ousei perguntar, afinal, expulsei Taehyung daqui sem me preocupar com o que ele poderia fazer quando fosse embora.

— Ah, ele está bem! — senti uma pontada de alívio — Mas, Hari… sei que está namorando Yoongi, mas sabe que foi para a cama com um homem que não é seu namorado, não sabe?

— Eu…

Queria poder dizer alguma coisa para me defender, mas nada do que diria melhoraria as coisas.

— Por favor, apenas me escute! As coisas nem sempre foram boas quando se trata do Taehyung e do Yoongi. Eles já brigaram por uma garota, e ambos viraram amigos após terem o coração partido por ela.

— O que isso quer dizer?

— Não sei se já chegou a saber, mas eles não costumavam a ser amigos como hoje.

Uma vez, ouvi falar sobre isso. Tae e Yoon se detestavam na época da escola, mas nunca soube ao certo o que aconteceu e o que fez com que se aproximasse. Por muito tempo, achei que o motivo deles terem virado amigos foi Yoongi ter ajudado Taehyung com seu vício em cigarros.

— Eu era muito nova para entender, mas Tae oppa sempre foi muito aberto e me contava sobre sua vida pessoal. Somos esse tipo de irmãos. — Taeri deu um sorriso, como se lembrasse de momentos felizes ao lado do irmão. Seu sorriso era igual ao de Tae, via muito de Tae nela — Havia uma garota com quem Taehyung namorou por um tempo, não consigo lembrar por quanto tempo. Nunca havia visto ele tão apaixonado por alguém como ele era por ela.

Ouvir aquilo me causou um borbulho no estômago, pois não queria imaginar Taehyung com mais ninguém.

— O nome dela era Arin. Ela era a garota mais bonita que eu já havia visto e era muito divertida, gostava de brincar com ela quando nos visitava. Acredito ter sido a primeira de Tae em tudo, não tenho muita certeza, pois quando se tratava de garotos meu irmão conseguia ser bem discreto. Arin foi a primeira garota que ele apresentou a nossa família. Só que o sorriso bonito, a voz doce e a gentileza eram uma pura mentira. Aquela vagabunda traiu meu irmão com quase todos os garotos da escola em que estudavam.

Ouvir aquilo me chocou, pois não esperava que alguém fosse ter coragem de fazer algo tão horrível com Taehyung. Pensar nisso me fez rir por dentro, pois eu não era melhor que Arin.

— Yoongi sempre foi apaixonado por ela, só que ele também não sabia que ela era uma cobra. Arin contava que havia terminado com Taehyung e que ele a perseguia, e Yoongi acabou acreditando. Tae pegou os dois juntos e tanto ele quanto Yoon se sentiram enganados por ela.

— Era por isso que eles brigavam? Por gostarem da mesma garota?

Taeri assentiu.

— Mas Tae não sabia que Yoongi era apaixonado por Arin, passou um bom tempo achando que era apenas implicância.

Foi então entendi onde aquela conversa iria chegar. Sem saber, estava fazendo com que a história se repetisse, só que dessa vez Tae sabia que eu ainda estava com Yoongi. Limpei lágrimas que teimaram em cair, estava me sentindo ainda mais culpada pelo que havia acontecido.

— Quando te encontrei chorando naquele dia, lembra do que eu disse a você? — assenti — Ainda te acho uma boa garota, Hari. Sinceramente, não acho que você seja como Arin, mas não quero ver meu irmão sofrer por uma garota novamente. Sei que não está fazendo de propósito.

— O que estou fazendo?

— Eu realmente queria que você fosse minha cunhada. — Taeri se levantou e veio até mim, enxugando minhas lágrimas — Mas você precisa parar!

E eu sabia o que devia fazer para que as coisas não se tornassem mais complicadas do que estavam.

Não sabia o que dizer, palavras não eram o suficiente para dizer como sentia muito e que não queria ter decepcionado todo mundo, então nada saiu da minha boca. Engoli em seco pela milésima vez aquela manhã e me permiti chorar mais uma vez, sentindo o olhar de pena de Taeri enquanto a adolescente afagava meus ombros.

— Se te serve de consolo, algumas vezes agradeço a Deus por você ter atropelado meu irmão naquele dia. — A olhei, fungando enquanto tentava me recompor — Se não fosse por você, sabe-se lá o que teria acontecido. Taehyung age impulsivamente quando está com raiva, e acredito que ele teria… — Taeri calou-se ao perceber o que iria falar, ela não sabia que eu estava ciente do que acontecia em sua casa.

— Ele me contou… — relutante, confessei o que sabia — Taehyung me contou o que está acontecendo com você, sua mãe e sobre ele ter pensado em matar seu pai…

A expressão de Taeri, antes séria e piedosa, se tornou um mar de tristeza. Seus olhos escureceram e o resto de brilho que a garota emanava havia sumido, dando lugar apenas a tristeza e um grande medo.

— Sei o que está pensando, mas não precisa se preocupar conosco.

— Me preocupo pela segurança de vocês e temo que possam correr risco de vida.

— Meu pai jamais faria isso conosco! — Taeri esbravejou, já um pouco irritada pela mudança repentina de assunto.

— Igual você achava que ele jamais iria bater em você e em sua mãe?

Silêncio,

Foi o que recebi de Taeri enquanto via seus olhos marejarem. Em um primeiro momento, me arrependi de ter dito aquelas palavras, mas talvez esse fosse o impulso de que ela e a mãe precisavam para que pudessem pedir ajuda.

— Seja sincera em relação aos seus sentimentos, Hari. — Finalmente disse, limpando o canto dos olhos enquanto me olhava novamente com aquele olhar triste e sério — De quem você realmente gosta?

Agora eu sabia a quem meu coração pertencia.

— Eu… — mas não conseguia admitir, a culpa me impedia.

— Vou repetir; de quem você realmente gosta? Por quem seu coração parece que sairá pela boca?

E como se não bastasse todas as mentiras que contei até estar aqui, agora estava contando mais uma.

— Eu não sei…

— Se afaste deles, pelo menos por um mês. Reorganize seus sentimentos antes que cause uma tragédia. E, se até lá ainda não souber por quem realmente está apaixonada, não ouse tentar se envolver com eles novamente. Yoongi e Taehyung já brigaram muito por uma vida inteira, não precisam disputar novamente por uma garota agora que estão perto de conseguir realizar um sonho. Você não quer acabar com o que eles passaram anos batalhando para conquistar, quer?

Neguei com a cabeça.

— Tenha um bom dia, Hari.

Taeri foi em direção à porta e eu a acompanhei, mesmo que minha maior vontade fosse correr e me esconder em meu quarto. Antes que eu pudesse abrir para que ela fosse embora, a adolescente me olhou e deu um sorriso singelo.

— Espero que realmente pense a respeito de todas as coisas que eu disse. Não vejo maldade no que fez, mas precisa que alguém te coloque nos eixos.

— Me desculpe, Taeri. Por favor, diga à senhora Kim que não é minha intenção magoar o filho dela.

Taeri riu e balançou a cabeça levemente, em negação.

— Por favor, sem formalidades conosco, pense que nós três somos amigas, pode chamá-la de Eunjin.

— Eunjin…

— E não se preocupe. Mamãe sabe que você é uma boa moça.

— Obrigada, Taeri. De verdade. E vou realmente pensar em tudo que disse, não quero ser o motivo de brigas entre os rapazes. Jamais foi minha intenção…

— Eu sei. — Ela me interrompeu — E a propósito, sua amiga é muito gentil.

Arqueei a sobrancelha. Não tinha nenhuma amiga.

— Amiga?

— A garota da porta da frente. — Apontou — Ela que me disse qual era seu apartamento.

Então percebi que ela estava falando de Seoyeon, e meu coração gelou só de pensar nesse nome e quem era próximo a ela.

— Até mais!

— Até!

Fiquei parada no batente da porta, observando Taeri ir embora em passos tão lentos que pareceu que havia se passado uma eternidade até que o elevador se fechasse e eu não pudesse mais vê-la. Completamente acabada, fui em direção ao meu quarto e me deitei na cama, olhando para o teto e procurando coragem para tomar alguma atitude.

Então, escondido entre os travesseiros, estava o Sr. Fofucho, o patinho de pelúcia que Taehyung havia pegado para mim no dia que fomos ao parque. Passei o resto do meu dia chorando enquanto abraçava o Sr. Fofucho.

 

[…]

 

— Acha que a pílula funcionou?

Já se passaram alguns dias desde que Taeri veio em minha casa, e desde esse dia eu praticamente me escondi em minha casa e não falei com ninguém. Com exceção, é claro, de Jimin e Hoseok. Deles eu não tinha escapatória, afinal, um morava comigo e o outro estava quase que grudado em mim no trabalho desde quando soube de Woojin. O Jung percebeu que eu estava estranha, principalmente porque os meninos comentaram sobre eu não responder mensagens e nem mesmo ligações. 

Até Jungkook era ignorado, meu precioso Jungkook.

As ligações e mensagens se tornaram constantes quando finalmente mandei uma mensagem para Yoongi, tentando explicar o meu sumiço repentino. Acabei que aceitei o atestado falso de Jimin para quase a semana toda, não estava em condições de trabalhar e teria um álibi para meu sumiço.

 

Ei, é a Hari!

Sei q vc deve tá se perguntando pq eu sumi durante dias sem nenhuma explicação, né? Principalmente dps de uma prova tão importante, acabou q a gente nem teve tempo pra comemorar

Mas passei muito mal esses dias e adoeci, n tinha forças nem pra mandar mensagem

Vc aceita sair cmg amanhã à noite? Preciso conversar com vc

— Eu

 

Já havia contado tantas mentiras que acho que estava começando a ficar boa nisso. Mas, precisava fazer aquilo, precisava agir como uma mulher adulta e fazer a coisa certa. Meus sentimentos confusos haviam me colocado nessa situação, e o mínimo que eu podia fazer era ser sincera.

Quando mais nova, minha mãe sempre disse que sinceridade era tudo. Precisávamos ser sinceras com as pessoas que nos importávamos para elas continuarem por perto, pois ninguém queria estar perto de alguém que não podia confiar. E mesmo que eu tenha sido educada dessa forma, parece que enfiei isso no canto mais escondido da minha mente.

Sou uma mulher adulta, preciso resolver meus problemas como uma adulta.

Ficava repetindo isso inúmeras vezes para mim mesma, mas não me sentia uma mulher adulta e responsável. Falhei em mostrar que poderia, sim, ser responsável e independente, no lugar, mostrei que não tinha responsabilidade nenhuma. Nem comigo e nem com as pessoas ao meu redor.

Quando ouvi um beep, sabia que era uma mensagem de Yoongi.

 

Tá tudo bem?

Se quiser, posso ir na sua casa fazer massagem nos seus pés

Só pfvr, nao some de novo

— Yoon

 

Não o respondi. Estava cansada de mentir e de me esquivar de perguntas que não queria responder, se ele aparecesse aqui, sei que Jimin iria mandá-lo embora.

Também sentia muita culpa por Ji estar encobrindo todos os meus erros, não queria que as coisas acabassem caindo em seu colo. Mas até quando Jimin colocaria o grupo acima da amizade que tem com os meninos? Pois, se ele está escondendo e me protegendo, diz que é pelo bem do grupo, que não quer que as coisas fiquem feias por minha causa. Mas Jimin tinha um limite, e eu não iria chegar nesse limite com ele.

Afastei todos aqueles pensamentos e voltei minha atenção para o Park, que estava olhando a validade de uma caixa de leite enquanto esperava minha resposta. Estávamos no supermercado, fazendo as compras do mês, já que em meio a essa confusão esse era o único momento “relaxante” que tivemos.

— Minha menstruação vem em alguns dias.

Ele estava inquieto, mais ansioso do que eu, e aquilo me irritava. Se Jimin ficasse colocando coisas em minha mente, quem ficaria ansiosa era eu, e estar ansiosa não fazia bem, o ciclo poderia alterar e minha menstruação atrasar.

— Você não apresenta sintomas de gravidez, isso é bom. Mas faz poucos dias desde que você trepou com o Tae, deve ser cedo para dizer alguma coisa.

Revirei os olhos. Devia ter pensado melhor antes de ter contado a Jimin o que havia acontecido.

— Eu estou bem, Ji. Estou realmente bem. — Suspirei — E tenho certeza de que a pílula funcionou.

Assim que tivesse certeza de que estava tudo realmente bem, iria pedir com toda delicadeza do mundo que Park Jimin se retirasse da minha casa e voltasse a morar com os meninos. Precisava de um tempo sozinha, sem homens ou os envolvidos em toda essa história.

Apesar de querer esse espaço, sei que não conseguiria mandar Jimin ir embora, estava apegada demais as noites em que ele fazia comida e assistimos alguma série juntos. E não queria me sentir sozinha de novo.

Depois que terminamos as compras, coloquei tudo no porta-malas do carro do vovô, enquanto Jimin conversava animadamente com ele sobre o jantar que faríamos hoje à noite. Era um dia normal, como qualquer outro, não havia nada para importante para hoje, mas meus avós fizeram questão de nos convidar para comer em sua casa

— Como está Yoongi? Devia levar ele para comer conosco. — Vovô perguntou.

Eles não sabiam sobre o que estava acontecendo, e nem que eu estava me escondendo de Yoon, não queria que eles soubessem que as coisas estavam começando a dar errado. Fechei os olhos, ainda de costas para meu avô, e suspirei antes de forçar um sorriso.

— Ele está bem, mas vai trabalhar hoje. Posso convidá-lo outro dia.

Não era uma completa mentira.

O olhar de Jimin sob mim me deixou ainda mais culpada por estar contando mais e mais mentiras. Mas não havia apenas o que fazer, apenas fingir que nada estava acontecendo. Durante o caminho até a casa dos meus avós, fiquei pensando em como tudo estava feio para o meu lado, e algo me dizia que as coisas tinham grandes chances de só piorar. Pensei na prova da faculdade, o edital com os aprovados sairia em uma semana e minhas mãos soavam só de pensar na possibilidade de que eu não tivesse conseguido uma nota boa.

Uma sensação ruim tomou conta de mim como um soco. Minha mente estava inquieta e balançava minha perna na esperança de que a ansiedade diminuísse, mas nada me deixava mais calma.

Vovó nos recebeu muito bem e até mimou Jimin, ela gostava do meu amigo e até deixou a entender que preferia Ji ao Yoon. Não conseguia entender que poder era esse que o Park tinha de encantar as pessoas tão facilmente. Coloquei algumas sacolas na cozinha enquanto ouvia os três rindo de alguma coisa muito engraçada que Jimin havia dito, desde que havia entrado no carro, parecia que o neto era Jimin e não eu, ele até foi no banco do passageiro enquanto fiquei calada no banco de trás.

— Você está bem, querida? — Vovó perguntou, me ajudando a arrumar as sacolas.

— Sim, é que… estou ansiosa com o resultado do vestibular, tenho pensado muito nisso. — A senhora assentiu, com um meio sorriso — Precisa de ajuda com o jantar?

— Claro! Pode buscar aquele meu jogo de facas no porão? As minhas facas estão cegas, vou ter que usar aquele caro que seu avô me deu… — a mulher reclamava enquanto lavava algumas frutas e legumes, não olhando para mim diretamente, mas sabia que pelo canto ela estava observando meus movimentos.

— Acho que já está na hora de renovar sua coleção. — Sorri.

— Ande, ande! Jimin está com fome.

Minha avó nunca usava seus utensílios novos, dizia que se usasse logo, eles ficariam velhos e desgastados mais rápido. Por isso, tinha várias panelas, pratos, talheres e um conjunto de facas de cozinha guardadas no porão — que ela limpava toda semana —. E, por incrível que pareça, eles estavam todos intactos.

A porta até o porão ficava do lado de fora da casa, lá havia muitas coisas velhas e tinham baús que nunca ousei abrir. Acho que devia ser roupas, fotografias e outras coisas da época da sua juventude com meu avô. Ao abrir a porta, desci uma escada que tinha pelo menos uns sete degraus e acendi um lampião para iluminar um pouco aquele lugar escuro. Não era a melhor iluminação do mundo, mas era o suficiente para que eu pudesse enxergar alguma coisa.

Havia uma cama, geladeira, espelhos e outras coisas velhas. Meu avô era acumulador, raramente jogava fora o que não funcionava mais, pois dizia que ia levar para o conserto. Procurei em algumas prateleiras o conjunto de faca, mas não o encontrava em lugar nenhum. Peguei o lampião e me aproximei de um dos baús. Sei que não encontraria o conjunto ali, mas estava curiosa demais para saber o que havia naqueles baús.

Eles não estavam trancados, apenas muito bem fechados e eu precisei de um pouco de força, pois a tampa era muito pesada. Quando consegui abri-lo, me deparei com um espelho um pouco sujo e manchado colado na tampa, colado ao espelho estava uma foto de meu avô de quando ele serviu ao exército. Dei um meio sorriso ao ver a foto já amarelada com o tempo, e isso atiçou ainda mais minha curiosidade de saber o que mais eu podia encontrar ali.

Havia alguns brinquedos que eu havia deixado aqui antes de partir definitivamente para os Estados Unidos, algumas fotos de minha mãe quando criança e algumas minhas. Mas o que mais me chamou atenção foi uma pequena caixa. Ela era branca, com detalhes floridos, ao redor da tampa havia um bordado em renda cor-de-rosa bebê. Era bonita. Quando a abri, vi algumas cartas, não sabia quantas, mas era um número considerável de cartas. Iria guardar aquela caixa, até que ao remexer, percebi que todas tinham o mesmo destinatário.

 

Para: Minha linda filha, Hari


Notas Finais


Gente do céu eu tava achando que hj era sábado kkkkkk quase que não postava, aí só agr q me toquei que hj era sexta e dia de atualização kkkkk

Mano, que climão viu, o q vcs acham q vai acontecer agr? Vi que gostaram do momento do tae e da hari, mas infelizmente nem tudo são flores

Queria tbm avisar que PODE acontecer de eu não atualizar nos dias corretos, pois to atolada de coisa da faculdade e sem tempo pra escrever e minha cota de capítulos prontos acabou, além de que to com um bloqueio, pois tenho coisas a incluir na fanfic e n to conseguindo desenvolver (SOCORRO) mas juro que vou fazer o possível pra isso n acontecer. Vou aproveitar o feriado pra escrever alguns capítulos, creio que os próximos não serão tão grandes.

Então é isso meus amores, UM BEIJAO!!


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