História I Need You - Uma noite de mudanças

POV Alex

Uma semana depois que eu e Piper assumimos nossos sentimentos, numa sexta-feira a noite resolvi fazer uma surpresa pra ela, pedi-la em namoro oficialmente e um detalhe a mais.
— Alô?
— Hey, bichinho, vai fazer o que hoje?
— Não sei, talvez ir no Grill com as meninas, vamos?
— Ah, eu ia te chamar pra jantar comigo hoje
— Awwn que romântica hahahaa - explodiu numa gargalhada.
— Piper é sério
— Desculpa amor ahaha é só que em toda a minha vida eu nunca tinha visto que Alex Vause tinha um lado romântico
— Idiota, então...20hs te pego aí
— É mais fácil eu ir pra ai amor, fica mais perto do centro
— E quem disse que vamos pro centro e que vamos a pé
— Alex o que você tá aprontando?
— Nada, minha moto chegou do conserto te pego as 20hs amor, beijo tchau.
— Mas Al...- Ligação encerrada rs.

Eu já tinha conversado com os meus pais o que eu pretendia fazer e eles como sempre me apoiaram em mais esse passo importante na minha vida, a única coisa que preocupou a eles e a mim também foi a mãe de Piper, Carol era a única pessoa da família que não aceitava a orientação sexual da filha, porém eu sabia que nossas famílias juntas iria nos ajudar a enfrentar a fera.

Já estava perto das 19 horas e Nicky me ligou confirmando que o jantar já estava pronto, ela só estava finalizando a decoração junto com a minha mãe. Enquanto no meu quarto eu me arrumava, coloquei uma calça de couro preta, uma blusa branca justa e um blazer preto por cima, investi no salto preto, e fiz uma maquiagem que realçava bem meus olhos. Assim que terminei liguei pra Piper avisando que estava indo busca-la.

— "Já estou aqui fora amor. Seus pais estão aí?" - mandei mensagem recebendo rápido a resposta.
— "Estou descendo. E não, eles saíram a poucos minutos, foram jantar fora."
— "Ok"

Quando Piper abriu a porta eu quase deu um troço, meu coração disparou e eu fiquei literalmente babando naquela mulher.

— Nossa...você...- gaguejei a fazendo gargalhar da minha cara de bobada.
— Eu o que Al? HAHAHAHAHA
— Você tá maravilhosa...meu Deus
— Obrigada querida. - Disse ela beijando o próprio ombro e caminhando a minha direção.

Recebi um abraço e fiquei um tempo a admirando, ela vestia um macacão branco, de perna pantalona e um cinto embutido marcando sua cintura, ela estava definitivamente PERFEITA.

Chegamos em casa e todos já estavam lá, os pais de Piper, os meus pais e Nicky, assim que abri a porta Piper me olhou com medo, completamente surpresa.

— Alex, o que tá acontecendo?
— Calma, nós vamos jantar juntos..- Disse sorrindo tentando acalma-la.
— Alex, eu não vou conseguir comer NADA, se você não me falar o que tá acontecendo, eu tô nervosa Alex.
— Calma Piper, tá bom, tá bom. - Bufei e resolvi então inverter a ordem do jantar.

Todos estavam bebendo vinho e conversando, cumprimentamos a todos, mas Piper continuava série, parecia apreensiva. Chamei a todos pra que ficassem quietos então continuei.

— Hey gente, eu vou ser direta porque a Piper tá quase infartando. Bom, acho que a maioria de vocês aqui já perceberam que somos mais que amigas né? Somos praticamente uma só, sabem disso...
— Claro onde a vaca vai o boi tá atrás. - Brincou Bill, pai de Piper fazendo todos rirem.
— Hahahah então, a um tempinho atrás, algumas semanas eu e Piper ficamos - Naquele momento olhei em direção a Carol assustada, pois a mesma se engasgou com o vinho ficando quase roxa, esperei ela se recompor e continuei. — Então, pode ser difícil pra vocês no começo e tal, mas, eu gosto dela, e quero ficar com ela, pretendo ficar com ela até meu último dia de vida. - Piper tinha lágrimas nos olhos, mas manteve seu semblante assustado.

Carol pegou a bolsa, pegou na mão de Piper e disse em voz firme e alta. — EU NÃO TÔ ACREDITANDO ESSA PALHAÇADA É VERDADE? - Um silêncio constrangedor pairou no ar, meus pais estavam assustados com a reação de Carol, pois sempre me tratou como uma filha, não imaginara que a amiga deles de infância seria tão radical a esse ponto. Eu olhava para Piper apreensiva esperando ela dizer alguma coisa, mas ela só olhava pras mãos da mãe que estava a puxando para saírem para casa. Olho para Nicky e a vejo de boca literalmente aberta e os olhos arregalados, todos nós estávamos surpresos com a atitude de Carol, até que Nicky resolve se pronunciar nos tirando do transe momentâneo. — Ah porra, qual é Carol? É a Alex que tá com ela, não uma estranha, merda, se fosse eu até que não me surpreenderia com o seu surto, mas porra a Alex, vocês a conhece desde sempre, sempre mesmo. A Piper é sapatão e isso não tem nada de errado, qual foi? - Quanto mais Nicky tentava "ajudar" mais Carol ficava vermelha de raiva. E a única coisa que se passava pela minha cabeça era - Puta que pariu, puta que pariu, puta que pariu.

A mamãe urso louca puxou Piper pelos braços e foi a levando enquanto ela olhava pra mim ainda assustada, pensei: - Tadinha da minha menina. Chegando na porta ela sussurra um "eu te amo" e eu a respondi da mesma forma, logo a vendo partir. Meus pais naquela noite conversaram muito comigo, diziam que tudo ficaria bem, mas que era preciso eu me afastar de Piper por enquanto. - Merda.

POV Autora

Piper e os pais chegam em casa, Bill ainda tenta acalmar a mulher, em vão, se cansa dá um beijo na cabeça da filha diz com a voz mansa que amanhã eles precisariam conversar e que tudo daria certo, sem condições de conversar com a mãe naquela noite. A loira já ia subindo a escada quando escuta a mãe se aproximando devagar e com a voz baixa dizendo:

— Você vai se afastar dela, ou eu vou te afastar dela, algo ruim pode acontecer com aquela sua amiguinha que virou um monstro horrível, já parou pra pensar?
— Você me dá nojo. - Disse a loira com os olhos inchados e molhados pelo choro silencioso.
— Não queira bater de frente comigo querida. Eu não vou deixar ela te afetar com essa...essa...essa coisa.
— Essa "coisa" é amor, uma coisa que você talvez nunca vai sentir por ninguém.
— VOCÊ NÃO É...ISSO..ESSA..LÉSBICA PIPER, VOCÊ NÃO É LÉSBICA. VOCÊ NÃO VÊ QUE ESSA ALEX QUE TE INFLUENCIOU A VIDA TODA, TENTANDO TE TRANSFORMAR NO QUE VOCÊ NÃO É? - Carol disparou aquelas palavras sem respirar. A menina então chega bem perto da mãe pega sua mão, passa pelo seu rosto banhado em lágrimas e diz:

— Tá sentindo né? Sabe porque é isso? São lágrimas, isso acontece com pessoas que tem um coração as vezes, quando estão felizes demais ou tristes demais, e no meu caso é a segunda opção, mas, ah você não entende não é? E sabe porque? Porque você não tem sentimento algum por ninguém, sempre foi uma mulher infeliz, se casou com o meu pai porque a sua mãe era igualzinha a você, uma louca. Mas escuta bem o que eu vou te dizer Carol, eu NUNCA vou deixar de amar a Alex não importa o que você vai fazer comigo ou com ela, um amor supera tudo.
— O amor é fraqueza Piper. Não se iluda com tolices garota, CRESÇA.
— E você é uma infeliz, EU ODEIO VOCÊ.

A garota chegou em seu quarto se jogou na cama e chorou desesperadamente, precisava colocar pra fora toda a dor que sentiu ao ter escutado um monte de absurdos da própria mãe. Ali perdida em pensamentos ela adormeceu.

Alex decidiu que não iria ligar, nem mandar mensagem, não sabia exatamente o que estava acontecendo na casa de Piper, tomou banho, e deitou em sua casa sentindo alívio e medo ao mesmo tento, alívio por ter falado pra todos o que estava acontecendo e medo pela reação de Carol, ela nunca a vira assim antes. E ali perdida em pensamentos e olhando as fotos de Piper pelo celular adormeceu com o aparelho no peito.

A loira amanheceu com uma dor de cabeça infernal, por conta do choro na madrugada, tomou um remédio, deitou-se na cama novamente e pensou, pensou em tudo o que tinha acontecido naquela noite, ela não poderia deixar Alex, mas não poderia deixar ela nas mãos de Carol, Piper conhecia a mão que tinha e sabia que ela faria de tudo pra prejudicar Alex, mesmo que que seus amigos de infância fossem os pais da menina, o preconceito, a loucura dela falaria mais alto sempre e Piper sabia disso. Pensou, pensou e então chegou a conclusão. Pegou seu telefone e ligou para Alex, que atendeu logo no segundo toque, parecia esperar muito pra falar com ela.

— Oi Alex nós...precisamos conversar. - O coração dela parecia sair pela boca.
— Meu amor eu já estava nervosa querendo saber de você, eu...eu ia ligar agora mas...
— Alex? - Disse ela com a voz baixa porém firme.
— O que aconteceu bichinho? - Disse a morena apreensiva.
— Me chama de Piper, por favor...


Continua...?