História I Need You - Meu paraíso, e minha zona de guerra.

Chegou a hora de cantar o tão barulhento e animado "Parabéns". Neste momento todos estão ao redor da aniversariante e seu bolo de nozes, no centro de uma pequena pista de dança improvisada na extensa varanda da casa de Alex . A música para, as luzes se apagam, e Diane aceite a vela fazendo a luz dela e da Lua serem os únicos pontos de luz naquele momento.

POV Alex

Pensei muito durante o tempo em que eu estive fora com a minha tia, pensei em tudo o que aconteceu com a minha amizade com a Piper, e tem uma coisa na minha cabeça que não sai de jeito algum, será? Enfim. Olhei ao redor de todos que cantavam parabéns animados para mim, eu sorria para todos, como forma de agradecimento por todos eles estarem ali comigo, mas, logo depois e terminada a música, o sorriso sumiu do meu rosto dando espaço a uma feição triste e nostálgica. Eu a queria aqui do meu lado, como todos os outros anos, pra fechar os olhos comigo, fazermos os pedidos e logo depois soprar a vela juntas, como um ritual que se repetia a mais ou menos 13 anos, lembro-me de quando eu completava meus 4 anos de idade e ela ainda mais nova que eu, pulava do colo da tia Patricia pra soprar a minha vela, a partir dali, todos os anos eram a mesma coisa, e me deixava muito realizada dividir aquele momento com a minha melhor amiga, a melhor parte de mim.

Olhei novamente ao meu redor na ilusão de que ela ainda pudesse aparecer a qualquer momento. Fechei meus olhos como sempre, respirei fundo e pedi:

" Eu desejo que ela tenha sempre a melhor parte de mim, que ainda possa vir a me abraçar novamente."

E então curvo meu corpo para apagar a luz da vela, tudo parecia acontecer em câmera lenta, e então antes de soprar, senti o perfume inconfundível, aquele que eu reconheceria até mesmo em meio a uma multidão de pessoas, meu coração disparou, meus olhos se encheram de lágrimas novamente e então não soprei a vela, me virei para atrás e a encarei. Ela trazia o seu melhor sorriso, e os olhos azuis iluminados que eu tanto senti falta estavam marejados como os meus. Não foi preciso palavras naquele momento, apenas nos abraçamos, como se fosse o ultimo dos nossos dias.

POV Piper

Como eu senti falta daquele abraço, eu não queria mais soltá-la, nunca mais, porém a festa precisa continuar. Nos distanciamos um pouco, Alex chorava feito uma criança e eu? ah e eu não ficava muito atras. Peguei a mão dela como todos os anos e disse:
— Sopra logo Alex. - Gargalhei fazendo todos gargalharem junto comigo, ouvindo mais uma vez a minha frase típica de 'aniversários da Al'.
— Pronta?
— Agora. - Dissemos num uníssono e sopramos a vela.

A música voltou, as luzes se acenderam e todo voltaram a beber.

POV Alex

Me senti um pouco tonta, acho que foi excesso de felicidade, depois de partir o primeiro pedaço de bolo e entregá-lo a minha mãe, a bêbada que armou aquilo tudo Piper veio falar comigo.

— Oi?
— Piper, eu... - Meu tom era desesperado.
— Calma, temos muito tempo pra conversarmos mulher hahaaa
Sorri leve e continuei — Tudo bem. Só me diz, por que veio hoje, se não queria mais me ver? - Abaixei a cabeça tentando esconder os olhos com tamanha tristeza, mas, minha voz me traíra.
— Eu já deixei de participar desse momento na sua vida Alex?
— Não. - Respondi ainda de cabeça baixa, e logo ela me fez a encarar, levantando meu queixo.
— Me perdoa? Por ter agido daquela forma, eu...eu não sei o que deu em mim Al, eu devia estar de TPM sei lá, eu só sei que somos duas orgulhosas e que se uma de nós não tivesse acabado logo com isso iriamos surtar. - Ela sorriu. — E sabemos que o nosso final seria uma clínica de alcoólicos anônimos não é? - Ela sabia me fazer sorrir, aquela idiota, não importava o momento.
— É eu sei, porém acho que teremos que beber hoje pra comemorar "O reconciliamento da relação" HAHAHAHAHAA — Nossa, quem escuta isso de longe até pensa que somos mais do que amigas.

POV Piper

Foi só Alex dizer aquilo que meu sorriso sumiu, e meus olhos se escureceram e eu engoli seco.

— Pipes? PIPER? OLÔ?
— Ah...Oi, o que?
— Você. Parou do nada aí com essa cara de quem viu um fantasma rsrs
— Ah não é nada, vamos curtir a festa.

Depois daquele momento decidi curtir a festa e esquecer tudo de ruim do passado. Resultado final: enchemos as nossas caras até às 5 da manhã, tia Diane foi entrando e dizendo pra não bebermos tanto quanto ela, só restaram no fim eu e Al na pista de dança, com o som tocando e as luzes apagadas, pois a luz do dia já começara a aparecer.

Alex segurava firme seu fiel copo de vodka e dançando no ritmo da música sensualmente sem nem perceber, enquanto eu sentei numa das cadeiras que havia no canto e continuei a fitá-la.

— Quê foi Pipes? - Disse ela já completamente alcoilizada com um sorriso nos lábios, e não parava de dançar.

Be in the bed all day, bed all day, bed all day
Fucking in, and fighting on
It's our paradise and it's our war zone
It's our paradise and it's our war zone

( Ficar na cama o dia todo, cama o dia todo, o dia todo
Transando com você e lutando
É o nosso paraíso e é a nossa zona de guerra
É o nosso paraíso e é a nossa zona de guerra )

— Alex? - Nessa altura eu já mordia meu lábio inferior. Como Alex poderia fazer isso comigo? Logo agora, depois de tanto tempo, sempre fomos amigas, mas desde o ocorrido no colégio, eu não sei mais o que eu tava sentindo por ela.
— Vem dançar Pipes! - Alex me provocava. Eu sabia que era por conta da bebida, quando ela bebia assim nas baladinhas que íamos ela sempre queria agarrar todo mundo que olhasse pra ela. (É minha gente, ela nunca foi normal). Mas o que tá acontecendo meu Deus?
— Alex para! - Me levantei indo até ela.
— Parar com o que Pipes?
— Com isso, você tá...dançando...é...t...
— Tá nervosa porque Pipes? - Ela se aproximou de mim e eu tremi. — Sim, estou dançando, essa música é ótima não é?
— É ótima, muito boa, mesmo...- Alex me hipnotizava e eu não consegui raciocinar direito.
— Sabe Chapman...- Se aproximou ela ainda mais colocando uma mexe do meu cabeço atra da orelha enquanto me olhava nos olhos. — eu sei o porque daquela briga que tivemos.

E aí minha cabeça rodou mesmo, total. Como ela pode ser tão sonsa durante todo esse tempo sabendo que eu estava com ciumes dela?
— Sa...sabe o que?
— Eu sei que você tava com ciúmes haha
— Tá maluca Alex? Nunca.
— Sei. Então Piper, espera só um momento que eu vou pegar meu celular lá dentro, já volto.
— Pra quê? Tem música aqui Al, já vai dormir? - Perguntei normalmente.
— Não, vou ligar pra Júlia, vê se ela pode vir aqui. - Provocou ela.
— PRA QUE? - Saiu num grito
— Porque eu tô com tesão, sabemos ainda mais bebendo desse jeito que eu tô, não quero dormir sozinha né. - Piscou ela mim e já ia entrando na sala.
— Posso dormir com você Al
— Não quero dormir como sempre dormimos juntas Pipes. Quero "dormir" se é que você me entende. - Gesticulava ela.

Então aproveitando toda a bebida consumida, juntamente com os meus sentimentos confusos e o fogo de Alex:
— E quem disse que eu quero dormir? Se é que você me entende. - Sorriu ela de lado, com a feição mais maliciosa possível.

Pillow talk
My enemy, my ally
Prisoners
Then we're free, it's a thriller
I'm seeing the pain, seeing the pleasure
Nobody but you, 'body but me
'body but us
Bodies together
I'd love to hold you close, tonight and always
I'd love to wake up next to you

( Conversa de travesseiro
Minha inimiga, minha aliada
Prisioneiros
Então somos livres, é um terror
Eu estou vendo a dor, vendo o prazer
Ninguém além de você, ninguém senão eu ninguém, mas nós
Corpos juntos
Eu adoraria te abraçar, hoje e sempre
Eu adoraria acordar ao lado de você )