História I Need You - Duas idiotas

— Mas não transamos Júlia. - revirei os olhos.
— Mas, podemos. Ou não?

POV Piper

Nicole e eu já estávamos na segunda garrafa de vinho, quando terminei de contar a ela todos os detalhes da minha "história" com Alex.
— Caralho e agora ela tá lá com a Jú...e...MEU DEUS - Nicky paralisou.
— É...- Meu olhos já se encontravam marejados.
— Piper, olha, porque você não mostra logo que quer ela garota? O que tá esperando?
— Nicky minha família...nossa família NUNCA vai aprovar isso, nós somos praticamente irmãs na visão deles, você sabe. - e a primeira lágrima caiu.
— Barbie, você tem três opções, a primeira é ir até lá e se declarar pra ela dizendo tudo o que tá entalado ai - apontou ela pro meu peito- — a segunda é você esquecer definitivamente que pelo menos tentar agir como se nunca tivesse acontecido aquele beijo e deixar ela ficar com a Jú...
— E a terceira? - Eu disse esperançosa por alguma saída daquela situação.
— A terceira é transar comigo - Disse tentando me fazer sorrir a loira louca que eu chamo de melhor amiga.
— Aff Nicky - revirei os olhos tentando pensar se iria ou não a casa de Alex aquela hora da madrugada.
— hahahaha tô te zoando barbie você não faz o meu tipo. - Piscou ela esperando alguma reação.
— Eu...e...ai meu Deus...isso não vai dar certo.

Me levantei recebendo um sorriso satisfeito de Nicky, ela me abraçou em silêncio e eu senti como se ela dissesse "vai dar tudo certo", sai de seus braços respirei fundo e ganhei uma coragem que veio do álcool, da minha melhor amiga e do sentimento que eu carregava dentro de mim a tempos, sai pela porta disposta a fazer o certo pra mim.

POV Alex

— Jú, olha...-me sentei ao lado dela na cama e peguei em sua mão fixando meu olhar no par de olhos claros a minha frente. — eu adoro você, você é uma amiga maravilhosa e...e eu não quero perder isso, entende?
— Mas Al, nós já ficamos tantas vezes e a nossa amizade nunca acabou.
— Mas agora é diferente Jú, eu tô apa...eu, eu não posso. - EU NÃO ACREDITEI QUANDO QUASE SAIU DA MINHA BOCA QUE EU ESTAVA APAIXONADA POR OUTRA PESSOA. Minha mente gritava o quanto eu tava fodida.
— Rsrs já entendi Al, relaxa, eu já saquei isso a um tempo. Aquela vez na escola quando estávamos começando a ficar eu vi ela sair correndo da escola, e se você ainda não sabe...ela também sente. - Recebi um sorriso carinhoso e um olhar compreensivo de Júlia que me surpreendeu.
— Como você...sabe que...- ela me interrompeu.
— Alex, todo mundo vê o que vocês sentem, desde sempre, no começo, na infância poderia ser só amizade, mas depois...depois o ciúme foi crescendo, a preocupação foi aumentando e hoje quando tocamos no nome de uma para outra os olhos de vocês brilham transbordando sentimentos que ninguém jamais vai saber explicar.
— Jú, eu não sei o que dizer...eu...me desculpa, me desculpa te dar esperanças sobre a noite de hoje tá bom? - com meus olhos marejados eu a abracei com carinho.
— Não precisa se desculpar, eu só vim hoje porque eu tô fugindo de um sentimento também rs mas sobre isso conversamos outra hora. Agora eu percebi o quanto Alex Vause mudou da água pro vinho. Eu vou indo Al.
— Não, não precisa ir, por favor Jú, nós somos amigas e ...não tem problema nenhum você ficar aqui, e tá tarde também pra você ir pra casa sozinha.
— Obrigada Al, agora vamos dormir que amanhã temos aula.
— Boa noite Jú.
— Boa noite Vause.

Quem disse que eu consegui dormir? Me levantei 30 minutos depois e Júila dormia tranquilamente, fui até a cozinha tomei um copo d'água e fui deitar no sofá completamente sem sono e pensando em tudo o que aconteceu desde três anos atrás até agora, foi tudo passando como um filme na minha cabeça, todos os detalhes de quanto estive com Piper, todos os nossos momentos com a galera e com a família, a cada momento que me vinha a cabeça eu ia percebendo os sinais, os ciúmes que eu nunca achei excessivo para amigas sentirem, as declarações que todas as amigas fazem, mas entre nós tinha algo a mais, eu sentia necessidade de protege-la de tudo, como na vez que o babaca do Larry pediu pra ficar com ela pela primeira vez, Piper nunca tinha beijado na boca e tava assustada, o idiota jogava charme para ela e mais sem graça ela ficava, até que um dia eles ficaram, ela veio me contar como se tivesse feito a pior merda da vida dela, e eu fiquei puta. Outro sinal, sentíamos que aquilo ia além da amizade mas nunca paramos pra pensar que isso realmente pudesse ser real, é estranho eu sei, muito confuso de entender, mas quem entende o amor não é mesmo. É amor, se não for isso que eu sinto, além de amizade eu não sei o que é. Mas e agora? O que eu fiz? Porque eu fiz questão pra que ela entendesse que eu ia estar com Júlia? Porque eu não enfrentei junto com ela o medo de nos entregarmos a esse sentimento? Idiota. Somos duas idiotas.

Perdida nesses pensamentos peguei meu celular e o fone enquanto ouvia uma música qualquer fui para a galeria de fotos observando e lembrando de vários momentos que passamos juntas. Até que a letra me chamou muito a atenção.

"Foi mal, eu devia ter dito da primeira vez que senti/ Você sempre me dando sinais
e eu nunca entendi/ A minha covardia te afastou de mim/ Eu sei que fiquei esperando o momento de me declarar/ Mas na vida ninguém tem certeza/ Antes de se arriscar/ Depois de tanto tempo/ Frente a frente aqui / Minhas indiretas, tão diretas/ Eu senti saudades e não te falei/ Não é sempre que a gente acerta/ O amor andava do meu lado e eu não abracei/ Sabe, a verdade é que nós não passamos de dois idiotas/ E deixamos o medo e o destino fechar nossas portas/ Por que só foi dizer agora..."

Sai do transe e observei bem a ultima foto que eu tinha salvado dela, foi no meu aniversário, enquanto ela dançava distraída, com os braços pra cima segurando firme o copinho de tequila que estava prestes a virar na boca, ela carregava o sorriso mais lindo de toda a vida com os olhos fechados ela sentia a música. Naquele momento eu não neguei mais, eu agradeci, porque a pessoa que eu amo sempre esteve ao meu lado, a vida toda. Eu só espero que ela não sinta raiva de mim por hoje, eu espero muito...

Minhas lágrimas começaram a descer desesperadamente, e o medo, o arrependimento por ter levado Júlia pra casa naquela noite tomou conta de mim.
 

"Sabe, ainda sinto um frio na barriga como antigamente/ Coração quase sai pela boca, mas infelizmente/ O tempo não foi amigo da gente/ Seguimos rumos diferentes."

Fechei o aplicativo de música, a galeria e me sentei no sofá enxugando minhas lágrimas insistentes e pensando na merda que eu fiz, eu correr o risco de perder a pessoa que eu mais amava, quando meu celular tocou vi a imagem dela na tela chamando, atendi rápido no primeiro toque.

— Por favor, eu preciso muito falar com você.
— Piper...
— Você...tá...tá ocupada? - Senti decepção em sua voz, mas logo tratei de tranquiliza-la concertando a merda que fiz.
— NÃO - Minha voz saiu desesperada pra que ela não entendesse nada errado. — Espera, onde você tá?
— Abre a porta pra mim? - Meu coração parou por um segundo e um arrepio percorreu minha espinha.

Continua...