História I need your love - Nosso conto de fadas acabou

Ele me encarou estático, abrindo a boca, que apenas saía ar.

- Pode entrar.

Fiz o que pediu e suspirei ao sentir o cheiro de seu perfume, seu cheiro, o cheiro que nunca me esqueceria. O quarto estava quase todo escuro pela cortina fechada, que impedia qualquer entrada de luz natural. Me sentei na beirada de sua cama de mal jeito.

- Você está bem?

- Sim - respondi, tentando não manter contato visual. 

- Ashley e Vanessa me contaram tudo - pausou - eu sinto muito.

- Não precisa sentir.

- Foi tudo culpa minha.

Eu sei, pensei, mas obviamente não disse nada.

- O que veio fazer aqui? 

Seu tom de voz não era rude, era mais curiosidade de sua parte mesmo.

- Nós precisamos nos acertar.

- Você vai voltar? Vai continuar com a gente? Comigo?

Suspirei pesadamente, e finalmente meus olhos encararam aquelas íris cor caramelo que me fitavam.

- Eu perdi meses de estudos, meses sem ver meus pais, meus amigos...

- Você tem amigos aqui!

- Mas tenho uma vida lá! Minha vida!

- Eu não posso ficar longe de você Selena, não me faça ficar longe de você, é tudo o que peço.

- Infelizmente - não Selena, não chore - infelizmente eu não posso te prometer isso. Eu quero ter uma carreira, uma vida, e sugiro que você também faça isso, ou sua vida vai depender desses drogados?

- Essa não é você - seu tom era firme, e o encarei indignada - A Selena que eu conhecia dizia que me amava, que iria ficar comigo para sempre, você não pode me abandonar!

- Essa Selena morreu! Essa Selena morreu no acidente de carro que quase a matou! Justin, acorda! Isso não é uma brincadeira, são nossas vidas. Eu realmente te amei...

- Amou? Você não me ama mais?

- Eu... Eu não sei. Só sei que quero seguir em frente, esquecer isso, recuperar minhas notas, conseguir passar para a faculdade que eu e meus pais sempre queríamos que eu entrasse, quero que você amadureça. 

- Isso não pode estar acontecendo, me diga que você está brincando com minha cara - as lágrimas começaram a dar vida e engoli o choro, não dizendo nada.

- ME DIGA PORRA.

- Não grite comigo! É disso que estou falando, você precisa parar com seus pitis Justin, cresça. Quando você vai se tocar de que está destruindo sua vida? Você me sequestrou, nunca havia me dado explicação nenhuma sobre o porque de tal ato até o dia em que me visitou quando eu estava em coma. É óbvio que eu me apaixonei por você, que garota em sã consciência não se apaixonaria por você? 

Seus lábios trataram de formar um sorriso, mas manteve sua mesma expressão de tristeza,  

- Eu te imploro, não me deixe Selena. Eu não consigo viver sem sua presença, nunca vou conseguir. Por favor, não me deixe.

- Não dificulte tudo mais Justin - minha voz acabou por sair embargada - nós vamos seguir caminhos diferentes, destinos diferentes. 

- Era só isso? - mudou seu tom de voz de uma hora para outra, agora estava rude, como se não se importasse com tudo o que estava acontecendo.

- Sim.

A porta foi aberta e me levantei lentamente, tentando respirar o máximo possível do perfume de Justin. 

- Tchau Justin, se cuide.

- Não fale como se nós não fossemos mais nos ver - me olhou como se estivesse bravo, mas ao mesmo tempo, seus olhos brilhavam, como se estivessem marejados, igual aos meus.

- Mas nós não vamos, é o melhor, e, você sabe que eu te amo e que esse sentimento não irá desabrochar tão rapidamente, mas eu não quero essa vida, nosso conto de fadas acabou.

Saí e a porta se fechou, causando um eco pelo corredor vazio. Funguei e limpei uma lágrima que escorregou por meu rosto com a manga do casaco que vestia. Pisei cada piso da escadaria e a sala estava vazia, então não pude me despedir de ninguém mais. Observei cada canto daquela casa, me lembrando da primeira vez que estive na mesma. Parecia que havia sido ontem, mesmo tendo apenas lembranças vagas do que acontecera nesses meses " desaparecida ". Me dirigi á porta e a abri, já que as chaves dela estavam já na fechadura. O vento instantaneamente bateu em meu rosto e bagunçou meu cabelo, tampando parte de meu rosto. Caminhei por algumas ruas e nenhum táxi dava sinal de vida, então peguei meu celular e liguei para Taylor, pedindo para que me buscasse em um café perto da casa de Justin, não queria que ela soubesse que estava com uma pessoa fora da lei, até porque ela agora uma policial.

- Olá! - exclamou de seu carro me tirando do transe.

- Oi - forcei um sorriso.

Entrei no banco do passageiro e ela começou a percorrer pelas ruas calmamente, não se importando com o desprezível trânsito de Nova York que irritava qualquer pessoa.

- Você está bem? Parece que chorou...

- Eu estou - afirmei, mas minha voz trêmula provou o contrário.

- Bem, não irei insistir, mas temos que ir para o colégio, seu pai já está lá.

- Para quê?

- Você faltou quase metade do ano, mas como foi sequestrada, talvez te poupem para que tente recuperar o ano, ou você não quer ir na festa de formatura com todos? - sorriu e fiz o mesmo. 

- Claro que quero.

- E o que você estava fazendo sendo que acaba de acordar de coma?

- Nada muito importante - menti, uma grande e gorda mentira.

Porque eu acho que desistir do amor da sua vida e dizer que estava tudo bem, que você não tinha feito nada importante, isso sim era uma grande mentira que, apesar de eu ter feito pelo meu futuro, pela minha sanidade, poderia também ser um de meus grandes arrependimentos mais tarde.

- E seu aniversário já está chegando! Nós podíamos combinar de.... - assentia tudo o que dizia sem dar nenhuma importância, como eu havia sido estúpida, o que deu em mim de acabar tudo?