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História I Promise To Always Be By Your Side - Parking Lot


Escrita por: khalyfornia

Notas do Autor


e aí, gente, blz?
Demorei mas voltei
Boa leitura, galera

Capítulo 2 - Parking Lot


O som estridente de alguém batendo na porta do meu quarto faz com que eu despertasse rapidamente ainda grogue por acordar subitamente. O sol ainda não havia raiado e essa não era a hora que eu levantava para ir à escola, mas Travis tinha prazer em não me deixar dormir direito quando estava sóbrio. Noite passada, ele chegou completamente são em casa o que não o impediu de me bater, e como ele adora fazer um inferno a minha vida, me acordar horas antes do horário normal era uma diversão.

– Acorda, sua inútil! – esse era basicamente o meu bom dia. Travis não perdia a chance de a cada dia me por pra baixo, alegando que ele está fazendo um favor aturando um ser tão repugnante como eu, essas são as palavras dele dirigidas a mim todos os dias. Já estou acostumada com esse tratamento verbal, eu gostaria de ouvir isso todos os minutos se o tratamento físico não existisse mais.

Levantei a cabeça do travesseiro para olhar o despertador em cima de um pequeno criado-mudo ao lado da minha cama de solteiro. 4h12min. Ainda faltava duas horas pra sair de casa, e só fazem duas que peguei no sono. Travis me fez ficar acordada até altas horas fazendo lanches pra ele enquanto assistia algum programa idiota na TV. Por todos esses anos, foram raras as vezes que fiquei de frente àquele aparelho para me distrair como toda pessoa normal. Durante o tempo que preparava seus petiscos tive que aguentar várias ofensas e muitos empurrões já que ele fazia questão de vir até mim para isso, ou para dar alguns tapas.

Arrastei-me da minha cama, caminhando até o armário a procura de uma roupa. Não uso nada chamativo pra ir à escola até por que não faz sentido, o ambiente escolar é um local neutro onde a pessoa deve ir confortável à sua maneira mas de acordo com o local em que esteja.

Suspirei pesadamente assim que vi minha imagem refletida no espelho do pequeno armário do banheiro, havia um pequeno roxo na minha testa resultado de uma bela pancada na parede em que Travis havia me empurrado. Ainda bem que já estava sumindo.

O contato da água fria expelida pelo chuveiro com a minha pele faz com que meu corpo inteiro estremeça  e simultaneamente me faz fechar os olhos pelo curto momento de paz. Dizem que tomar banho faz de você uma pessoa renovada, tira todas as preocupações, remédio para esquecer tudo lá fora, na verdade, é porque, embaixo do chuveiro, ninguém te escuta chorar. É sempre assim, não consigo controlar o choro desesperado que sai de mim constantemente quando posso.

O rabo de cavalo dá mais ênfase na minha aparência gritante de uma típica garota do ensino médio. Calça jeans preta, blusa polo azul e all star preto surrado que minha amiga Ally me deu há um tempo de presente no meu aniversário.

Depois de tudo, nunca mais comemorei a data de meu nascimento, não tem por que fazer isso. Uma data especial essa a pessoa deve estar feliz, e nesse 12 anos que se passaram sem ela nunca mais sorri involuntariamente de felicidade.

– Sem café pra você hoje – fala ríspido segurando um sanduíche entre os dedos. Estava com uma fome danada, não ponho nada na boca desde ontem. Voltei para o meu quarto ouvindo os resmungos do meu corpo clamando por algum alimento.

Fui até minha mochila que havia posto em cima da cama, ela está comigo desde o ginásio, uma surrada bolsa escolar preta com desenhos de caveiras nela. Certifiquei-me que havia pego tudo e respirei fundo saindo do quarto.

Estremeci assim que senti o vento gelado bater em meu rosto fazendo-me apertar ainda mais o casaco contra meu corpo numa tentativa falga de me manter aquecida. Travis tinha prazer em me deixar menos desconfortável possível, por ordem dele eu não podia trabalhar assim ele tinha todo o poder sobre mim.

Nova Iorque já estava a todo vapor, pessoas vem e vão nessas ruas, cruzando vidas sem perceber que estão sendo cruzadas. Geralmente, as pessoas não notam aquilo que as cerca. Ouvindo Ella no volume máximo do meu celular, observo cada canto que passo, como agora vejo um casal brigando, a mulher de longos cabelos loiros discute com, imagino que seja, seu marido por ele estar olhando descaradamente para a jovem garota que estava a pouco metros deles. A menina parecia uma modelo de capa de revista. Não entendo a mulher loira, se o homem a escolheu como sua companheira, não á motivos para tanta insegurança.

O Brooklyn nunca esteve tão movimentado como aquele dia, por uma vista aérea de longa distância, você juraria que era um formigueiro. E eu sou uma dessas formigas.

Caminho sem pressa até a escadaria que dava acesso ao metrô, a caminhada da minha casa até a estação Eighth Avenue Line dura mais ou menos uma hora. É uma longa caminhada, mas esse período me permite pensar no inferno que é minha e vida.

Sorrio largamente quando vejo meu velho amigo Tom. É um senhor de idade, cerca de 60 anos, que toca saxofone dentro e fora do metrô. Eu já o conheço há três anos, e ama tocar alguma canção canções de Ella, ele é um amante do jazz assim como eu, Billie Holiday e B.B. King também estão em seu repertório. Melhor gosto musical, impossível.

– Menina Lauren! – exclama animado ao me avistar. Sua careca negra coberta por um dos seus muitos chapéus, davam-lhe um ar mais jovem – Tão cedo por aqui – sinto seus braços me envolverem num típico gesto de afeto. Bufo quando ele bagunça levemente mina franja que caía sobre meus olhos.

– Resolvi vir mais cedo pra te ouvir tocar, então será que pode tocar alguma coisa pra mim? – peço no intuito de fugir do assunto.

Mentiras algumas vezes são necessárias quando você não se sente pronto pra revelar o que está sentindo. Apesar das pessoas dizerem que mentir é uma coisa feia, aposto que pelo menos uma vez na vida, elas já fizeram tal coisa. Seja na época de infância quando quebrou o vaso preferido da mãe e disse que não sabia quem tinha sido, seja na adolescência quando mentiu para o pai que iria dormir na casa de um amigo e, na verdade, foi a uma balada encher a cara, ou, seja na vida adulta quando diz para a filha que está tudo bem mas na realidade não está. Vê? Mentir faz parte da natureza humana. Não venha a ser hipócrita e dizer que nunca mentiu, procure nos mais profundos buracos de sua consciência, tenho certeza que achará.

Fecho os olhos involuntariamente quando reconheço Summertime sair das notas musicais daquele sax.

Summertime, an' the livin' is easy

(É verão e a vida é fácil)

Fish are jumpin' an' the cotton is high

(Os peixes estão pulando e o algodão está grande)

Oh, Yo daddy's rich an' yo' ma is good lookin'

(Oh, seu pai é rico e sua mãe é linda)

So hush, little baby, don't you cry

(Então acalme-se pequeno, não chore)

Meu verão não vem sendo fácil há muitos anos, para ser mais exata, nenhuma das minhas estações são fáceis. Não conheci meu pai, nem pretendo, minha mãe me deixou de repente e de uma forma tão prematura que as lembranças estão fugindo da minha mente. O rosto dela está se desmanchando nos meus pensamentos.

One of these mornin's, you goin' to rise up singin'

(Numa dessas manhãs, você vai acordar cantando)

Then you'll spread yo' wings an' you'll take the sky

(E então você abrirá suas asas, voará pelo céu)

But till that mornin', there's a nothin' can harm you

(Mas até esta manhã, não há nada que possa te ferir)

With daddy & mammy standin' by

(Com a mamãe e o papai por perto)

Sinto uma mão tocar em minha bochecha limpando as lágrimas que escorriam sem controle algum. Será sempre assim: uma lembrança, uma lágrima, viverei nesse círculo de emoções para o resto da minha vida, que não estava tão longe assim.

– Gosto quando sorri, menina Lauren – passo a mão no rosto e encaro o homem a minha frente, sem nem ao menos perceber que já estava abraçada a ele chorando copiosamente – Vai ficar tudo bem – diz enquanto afagava meus cabelos. Tom era o mais perto da figura de um pai que eu poderia ter.

– Ella me deixa assim – ele sorri tristemente vendo meu estado deplorável. Corei assim que percebi algumas pessoas me encarando que logo voltaram a seus afazeres – Pode tocar outra? – ele assentiu.

– Sem Ella dessa vez – disse num falso tom de reprovação.

– Tudo bem, mas só dessa vez – sorrimos cúmplices, voltando ao nosso bom jazz.

***

Revirei os olhos quando vi que ainda não havia nem sombra de algum estudante pelos arredores de Upper East High. Mesmo com minha falta de pressa para chegar ao colégio ainda assim foi inevitável não aparecer tão cedo assim.

Caminho até um banco próximo ao estacionamento. Estávamos na terceira semana de aula do ano letivo, o que me enche de alegria. A escola é meu lugar preferido, como eu disse antes, é onde eu me sentia segura. Acho que não há lugar melhor que esse. Sorrio quando reparo nas palavras que acabei de pensar, nenhum adolescente diria isso, para eles a escola é o inferno na Terra.

Retiro da minha mochila Orgulho e Preconceito, na primeira semana de aula, o professor de literatura pediu uma análise completa desse clássico de Jane Austen. Confesso que já li mil vezes esse livro, então vai ser moleza pra mim, difícil será apresentar minhas ideias na frente de toda a turma, nunca fui fã de plateia, mas pra passar de ano é necessário notas. Vou encarar esse desafio.

Ergo meu olhar para avistar o carro de minha melhor amiga estacionar um pouco longe, e percebo vários colegas já tinham chegado, me perdi na leitura de novo.

Ally foi a primeira e única pessoa que veio falar comigo quando era caloura uma simples caloura do primeiro ano. A baixinha sempre foi muito comunicativa, então arranjou amigos muito rápido, não era popular, mas não era uma perdedora como eu.

Passo pela movimentação de alunos no estacionamento com o intuito de chegar até minha amiga. Jogadores, líderes, nerds, todas as classes da escola reunidas num só lugar.

Paro no meio do estacionamento para acenar para o sr. Fitz, nosso professor de literatura, tento passar do emaranhado de pessoas cheias de hormônios. Adolescentes são uma figura incompreensível, não há o que entender sobre essa espécie cheia de inseguranças e medos. Adultos nunca entenderão que adolescente involuntariamente faz burrice. Como, por exemplo, entrar num estacionamento escolar em alta velocidade e me atropelar. Agradeceria eternamente a essa pessoa.

Bem, mas como da última vez, não foi assim que aconteceu.

– Estou começando a achar que isso é obra do destino 


Notas Finais




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