História I Really Like You - Chapter 18: Goodbye my love

(Anelise Carvalho Pov’s)

Júlio esta trancado no quarto, Paula esta tendo um colapso nervoso no meio da sala, a namorada do Dani esta tentando acalma-la, Lukas esta tentando me convencer a não sair daqui e ficar com a Paula, mas eu não quero isso, não mereço isso. É o meu melhor amigo que esta Deus sabe onde. E se ele se machucou? Eu quero estar lá, pra segurar a mão dele enquanto o socorro não chega, eu quero dizer pra ele que vai ficar tudo bem e que eu estou ali com ele.

-Você tem que ficar. –Lukas segurou minhas mãos.

-Eu não vou ficar Lukas. –Me soltei e voltei a arrumar minha mochila. –É o Rafael que esta lá, eu não posso ficar aqui fingindo que me importo com a Paula.

-Deixa ela ir cara. –Daniel me entregou uma lanterna e uma capa de chuva. –Vai ser mais rápido.

-Anelise. –Lukas me olhou nos olhos. –Se acontecer alguma coisa com você eu nunca me perdoaria. –Ele parou por um instante. –Por favor, fica aqui.

-Lukas, não vai acontecer nada. –Guardei a lanterna e a capa de chuva. –Vai dar tudo certo.

-Ta bom então. –Daniel entrou na cozinha. –Agora são meia noite e quinze. –Ele verificou em seu relógio. –Anelise, você vai seguir a trilha que tem atrás da casa, ela leva até uma cabana, procure ele por lá e se começar a chover e você ver que não consegue voltar, a chave fica num vaso azul, perto da porta. –Concordei com Daniel. –Lukas você verifica as propriedades aqui perto e eu a estrada. –Daniel mexeu em seu relógio. –A gente se encontra na porta da casa às uma e meia, esta bom? –Concordamos. –Então vamos lá.

Respirei fundo e sai pela porta da cozinha. Andei um pouco até achar a tal trilha, que por sinal tinha uma péssima iluminação. Peguei o celular no bolso e liguei a lanterna, respirei fundo e voltei a andar.

-Isso esta parecendo bem “Until Dawn”. –Disse pra mim mesma. –Daqui a pouco o Josh aparece e me leva pra ser sua refeição.

Andei mais alguns minutos, a chuva estava começando a cair, peguei a capa e coloquei. Andei mais um pouco e avistei a tal cabana, que estava com uma das suas luzes de dentro acesa. Corri até a porta, peguei o vaso e tirei a chave de dentro dele, destrancando a porta. Quando entrei, vi Rafael deitado no sofá da salinha, dormindo, me aproximei  e acariciei seu topete.

-Nunca mais faça isso comigo. –sussurrei. –Não me assusta desse jeito. –Senti meus olhos encherem de lagrimas. –Eu fiquei com medo de perder você. –Fechei os olhos. –Nunca mais faz isso comigo.

-Eu prometo que não vou fazer. –Abri os olhos e ele estava me olhando. –Oi.

-O que você tava pensando? –Me levantei. –Você é um idiota sabia? –Parei e o encarei. –Todo mundo pensou que tinha acontecido alguma coisa com você.

-Eu to bem Ane. –Ele sorriu fraco. –Só queria um tempo pra mim.

-Você podia ter avisado. –Encarei o chão.

-Sim, eu poderia, mas não quis. –Rafael se sentou ao meu lado. –Se eu falasse pra onde ia, a Paula ia vir atrás de mim e eu não quero isso.

-Ela ficou muito preocupada com você. –Rafael fez uma cara de surpresa. –Ela gosta de você Rafael.

-Mas eu não gosto dela. –Senti um alivio ao ouvir ele dizer isso. –E isso não vem ao caso.

-O que você ficou fazendo todo esse tempo? –Perguntei

-Joguei vídeo game e dormi um pouco. –Ele foi ate uma mochila e pegou um pacote de salgadinho. –Quer?

-Você sabe que eu não como mais isso. –Ele me olhou por um tempo.

-Eu não sabia disso. –Ele abriu e enfiou um monte de salgadinho na boca. –Desde quando?

-Desde que eu fui pra Nova Iorque. –Ele disse apenas um “ah”. –Desculpa não ter contado.

-Não tem problema. –Ele me olhou por um instante e depois desviou o olhar. –Já me acostumei a não saber mais nada sobre você.

-Rafa não faz isso. –Ele ficou em silencio. –Eu só me afastei por que...

-Porque você achou que era mais fácil esconder o que tava sentindo do que ser feliz. –Ele me olhou com uma expressão vazia. –Ou porque você só fingia que sentia algo por mim e cansou de me torturar.

-Você tinha feito a sua escolha Rafael. –Ele fez uma careta. –E eu também fiz a minha.

-Escolheu não lutar por nos. –Ele se virou de costas pra mim. –Só foi embora assim, sem tentar nada.

-O que você queria que eu fizesse? –Me levantei e fui ate ele. –Você queria que eu te pegasse no colo e que saísse correndo sem rumo?

-Ta vendo? Ate nisso você é irônica. –Ele se virou e se aproximou. –Eu só queria que você insistisse e me fizesse ver que você me amava e que eu também te amava.

-Rafael, eu não quero tocar mais nesse assunto. –Me sentei

-É difícil descobrir que estava errada o tempo todo né? –Ele me encarou.

-Eu não quero mais falar nisso porque ainda dói. –Sua expressão mudou. –Eu fiquei quase um ano fora, me relacionei com algumas pessoas, mas nada do que eu fazia ou pensava me fazia deixar de pensar em você. –Ele abriu a boca pra falar algo, mas eu não deixei. –Eu to tentando seguir em frente, com o Júlio, mas você esta sempre por perto e parece que faz questão de jogar tudo o que aconteceu bem na minha cara, e eu to cansando disso tudo, de te ver e não poder te ter comigo, de acordar a noite, olhar pro lado e ver que não é você ali comigo, to cansada de tentar gostar de alguém que não é certo pra mim. –Respirei fundo. –Mas eu não vou desistir, eu vou conseguir gostar dele do mesmo jeito que ele gosta de mim.

-Você esta mesmo disposta a esquecer de tudo? –Apenas concordei com a cabeça.

-Eu só não vou embora, porque esta chovendo muito forte. –Rafael saiu da sala e voltou com um cobertor.

-Você pode dormir no quarto. –Ele disse seco. –Eu me viro por aqui.

Me levantei do sofá e caminhei até a porta do quarto, parei e pensei em dizer pelo menos ‘boa noite’ pro Rafa, mas ele estava concentrado no vídeo game, então entrei no quarto, arrumei a cama e me deitei. Pensei em mandar uma mensagem pro Júlio, dizendo que estava bem, mas não me parecia a melhor opção no momento, então fechei os olhos e peguei no sono.

(...)

Acordei com o barulho forte da chuva, me levantei e tentei acender a luz, que não ligou. Não tenho experiências muito boas com chuva e escuro. Fiquei traumatizada porque, quando tinha seis anos, me ‘perdi’ na chuva e me abriguei em um cano de cimento frio e escuro, e só me acharam no outro dia. Acho que isso me afetou de algum jeito, pois até hoje não gosto de chuva.

Andei até a porta e a abri. Uma luz fraca vinha da sala, provavelmente Rafael. Sai do quarto e fui até a sala, onde ele estava sentado no chão, encarando a luz que vinha de umas velas.

-Teve pesadelos? –Ele se virou pra mim.

-Não, só não gosto de chuva e escuro. –Me aproximei um pouco.

-Pelo menos não tem nenhum cano de cimento. –Ele riu. –Desculpa. –Neguei com a cabeça. –Senta aqui.

-Me desculpa por mais cedo. –Olhei seu rosto que parecia perfeito com aquela luz. –Aquilo tava preso aqui e tinha que sair.

-Eu entendo. –Ele sorriu fraco. –Eu acho que você deveria seguir em frente com ele. –Rafael coçou a nuca. –Ele é um cara legal, vocês combinam.

-Obrigada. –Sorri rapidamente. –Eu não acho que a Paula seja a melhor escolha pra você. –Rafael fechou a cara. –Ela já te fez passar tanta coisa no passado.

-No passado. –Ele repetiu e eu concordei.

Depois disso ficamos em completo silencio, apenas com a chuva e os trovoes lá fora. De vez em quando me virava para ver Rafael, e ele continuava olhando fixamente para a luz que refletia no chão.

-Não fica me olhando assim. –Ele disse depois de muito tempo. –Eu to tentando aceitar que você se foi e você me olha desse jeito, é difícil assim. –Ele se virou e me olhou nos olhos. –Eu jurei pra mim mesmo que nunca mais faria isso, mas eu preciso. –Ele se aproximou, segurou meu rosto com as mãos e me beijou.

-O que você esta fazendo? –Me afastei e ele me olhou confuso. –Você acabou de dizer pra mim seguir em frente e me beija, qual o seu problema?

-Me desculpa, eu só... –Ele parou por um instante. –Quer saber? Dane-se tudo. –Ele se levantou. –Eu cansei de bancar o babaca sem coração, cansei de fingir que isso não existe. –Ele parou a minha frente. –Eu amo você Anelise, é tão difícil enxergar isso?

-Eu também te amo. –Me levantei. –Mais do que você imagina.

-Então vamo largar tudo, o Júlio, a Paula, São Paulo e vamo pra qualquer lugar. –Ele se aproximou.

-Eu te amo, mas eu fiz a minha escolha. –Me afastei dele. –Eu escolhi o Júlio. –A expressão de Rafael mudou completamente. –Ficar com você só ia me torturar cada vez mais, e eu não mereço sentir isso só por amar você. –Ele fechou os olhos e respirou fundo. –Talvez eu nunca deixe de te amar, de pensar em você, mas pra saber disso eu preciso te deixar, preciso ficar com o Júlio. –Respirei fundo e algumas lagrimas começaram a surgir. –É isso, eu vou ficar com ele, você deveria investir na Paula, ela gosta de você. –Me virei, respirei fundo e fui pro quarto, coloquei meus fones e dei play no aleatório e caiu em uma musica que me fez me sentir pior ainda, “Goodbye Lullaby”, obrigada Avril Lavigne!

“Goodbye, goodbye

Goodbye, my love

I can't hide, can't hide

Can't hide, what has come

I have to go, I have to go

I have to go, and leave you alone

But always know, always know

Always know, that I love you so

I love you so

I love you so(...)”

(“Adeus, adeus

Adeus, meu amor

Eu não posso esconder, não posso esconder

Não posso esconder, o que veio

Tenho que ir, tenho que ir

Tenho que ir e deixá-lo sozinho

Mas sempre saiba, sempre saiba

Sempre saiba que eu te amo tanto

Eu te amo tanto

Eu te amo tanto(...)”) –Goodbye, Avril Lavigne