História I Really Like You - Chapter 19: It already is long over

 (Rafael Lange Pov’s)

Acordei no outro dia e a primeira coisa que vi foi Anelise sentada do lado de fora da cabana, parecia que ela estava chorando. Me levantei e pensei em ir lá, mas não sei se é o que ela quer, então só arrumei minhas coisas, guardei o que estava fora do lugar, peguei minha mochila e sai pra fora, parando ao lado dela.

-Eu já vou subir. –Ela concordou e se levantou.

-Só vou pegar minha mochila. –Ela entrou na casa e saiu logo em seguida, trancando a porta. –Pronto.

Fizemos todo o caminho em completo silencio. Anelise estava alguns passos a minha frente e, de vez em quando ela olhava pra trás com um olhar vazio. Minha vontade era de abraça-la e dizer que vai dar tudo certo, mas ela deixou bem claro que não queria mais nada e eu resolvi respeitar essa decisão dela.

-Anelise espera. –Ela já estava perto da porta da casa. –Pensa bem em tudo que já aconteceu entre a gente. –Eu a alcancei e peguei sua mão. –Se você entrar por essa porta tudo vai se acabar.

-Rafael isso já acabou faz tempo. –Ela se soltou e entrou.

Quando entrei, Paula me abraçou forte e começou a fazer varias perguntas que eu não prestei atenção. Eu continuava a observar Anelise cautelosamente e ela me lançava uns olhares indefinidos de vez em quando.

-Eu fiquei muito preocupada com você. –Paula repetiu pela milionésima vez. –Você devia ter avisado.

-Eu precisava ficar um pouco sozinho. –Olhei para Paula, que tinha uma expressão confusa. –Eu to bem, não precisa ficar preocupada comigo.

-Vocês estavam juntos? –Paula me viu olhando para Anelise. –Você não para de olhar pra ela, e ela não para de olhar pra você.

-Não quero mentir pra você. –Ela concordou. –Ela me achou na cabana que tem lá em baixo, mas não aconteceu nada.

-Eu acredito em você. –Ela me deu um beijo na bochecha.

-Acho que eu vou pro quarto, descansar um pouco. –Depositei um beijo no topo da cabeça de Paula. –Sobe depois que você terminar seu café.

Passei por Anelise, que conversava alguma coisa com o Lukas, subi as escadas e entrei no quarto, me deitei na cama, apagando pouco tempo depois. Fui acordado por Paula, que estava me balançando sem parar.

-Ate que enfim. –Ela pegou uma bandeja e colocou a minha frente. –Você precisa se alimentar se for dormir desse jeito todo dia.

-Que jeito? –Peguei meu celular. –Já são sete da noite?

-Sim. –Ela me encarou por um momento. –Come alguma coisa. –Paula se levantou. –Eu já volto.

(Anelise Carvalho Pov’s)

-Ele ainda esta te evitando? –Lukas perguntou assim que apareci em seu quarto. –Vem aqui.

-Eu não queria que nada disso acontecesse. –Me joguei na cama, ao lado de Lukas. –E ele não deixa eu me explicar.

-O Júlio é assim mesmo. –Levantei minha cabeça e encarei Lukas. –Só da um tempo pra ele.

-Ok. –Enterrei minha cabeça de volta no travesseiro. –Talvez eu devesse sumir.

-Por que você acha isso? –Me virei para Lukas.

-Se eu sumir não tem mais nada disso. –Respirei fundo. –Eu deveria ter escolhido você. –Lukas me olhou com as sobrancelhas arqueadas. –É muito mais fácil estar com você, não me da vontade de te matar toda vez que ouço o seu nome.

-Que bom. –Ele sorriu sem graça. –Acho que não era pra ser. –Ele me deu um beijo na testa. –O nosso destino é ser grandes amigos.

-Eu sei disso. –Me levantei

-Vai aonde? –Me virei para Lukas já perto da porta.

-Atrás da minha escolha. –Disse e sai.

-Anelise. –Paula me chamou e eu me virei. –Muito obrigada. –Ela simplesmente me abraçou. –Obrigada por ficar com ele e o trazer de volta.

-Não foi nada. –Me soltei. –Boa sorte pra vocês dois.

-Pra você também. –Ela se virou e voltou para o quarto.

Respirei fundo e fui até a porta do quarto, dei algumas batidas fracas, mas ninguém abriu. Abri a porta, examinei o quarto vazio e entrei, me sentei em uma cadeira e fiquei encarando meus pés, quando ouvi a porta do banheiro se abrindo, revelando um Júlio só de toalha.

-Você aqui? –Júlio saiu e se sentou na cama.

-Eu preciso conversar. –Júlio me encarou. –Júlio eu juro que eu to tentando.

-Não parece. –Ele analisou meu rosto. –Toda vez é isso, você fala que quer seguir em frente, mas é só ouvir o nome dele que sai correndo.

-Não é assim também. –Ele riu.

-E é como então Anelise? –Abri a boca pra falar, mas nada saiu. –Viu? –Júlio parou por um momento. –Olha, eu me comprometi em te ajudar com isso, em te ajudar a estar cem por cento comigo, mas não funciona se você não cooperar. –Ele se aproximou. –O que eu to querendo dizer é que, se você quiser continuar com isso, é melhor você se decidir logo, porque eu não vou te esperar pra sempre. –Júlio pegou minha mão. –Eu gosto de você de verdade e quero mais que tudo que você goste de mim do mesmo jeito. –Encarei nossas mãos. –Se você quiser, te dou um tempo pra pensar. –Ele se levantou, pegou uma roupa e voltou para o banheiro.

Me levantei, sai do quarto e fui para as escadas, parando quando vi, lá de cima, Rafael e Paula sentados juntos no sofá, Rafa estava rindo de alguma coisa e Paula o acompanhava. Pensei em dar meia volta, mas não queria enfrentar Júlio de novo, então fiquei ali parada, apenas observando aquela cena.

-Ta tudo certo? –Me assustei com a voz de Lukas. –Calma, sou eu.

-Ele quer que eu faça uma escolha. –Respirei fundo. –Eu não quero ter que escolher nada. 

-Não quero ser chato, mas olha aquilo. –Ele apontou para Rafa e Paula. –Eu acho que você não tem nenhuma escolha pra fazer. –Lukas segurou minhas mãos. –Olha, eu sei o quanto é difícil gostar de alguém e não poder ficar com ela, mas mesmo assim, a gente tem que seguir em frente e tentar ser feliz, independente de como for.

-Obrigada Lukas. –Ele sorriu.

-Vamos descer? –Ele estendeu a mão e eu automaticamente peguei.

Descemos e fomos pra sala, onde Rafael ficou nos encarando e Paula deu uma risadinha fraca.

-Você troca muito rápido. –Paula apontou para as nossas mãos.

-Cala a boca. –Eu disse e me sentei. –Nos somos amigos, só isso. –Vi Júlio descendo as escadas com sua mala, e eu me levantei e fui até ele.

-Tenho que ir pra casa. –Ele disse antes que eu perguntasse. –O Igao me ligou, parece que tentaram entrar lá.

-Quer que eu vá com você? –Júlio afagou meu rosto.

-Pode ficar. –Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. –Você vai ficar bem? –Concordei com a cabeça. –Depois eu te ligo. –Ele deu um beijo na minha testa e saiu com o Dani.

-Olha só o que eu achei. –Lukas apareceu com algumas bebidas na sala. –Alguém vai querer?

-Vem comigo. –Sai puxando Lukas pela porta da cozinha.

-Onde você ta me levando? –Ele parou e me encarou. –O que você quer fazer?

-Eu não quero ficar lá, com eles. –Me referi a Rafael e Paula. –Aquela garota é muito idiota, da vontade de socar a cara dela.

-A gente pode subir pro meu quarto, beber, comer alguma coisa e assistir alguma coisa na TV.

-Ou podemos nos isolar na cabana. -Sugeri

 –Então ta. –Ele me puxou de volta pela porta da cozinha. –Vou pegar umas coisas no quarto e já volto. –Concordei. –Distrai eles. –Lukas subiu as escadas correndo.

-O que o casalzinho vai aprontar?  –Paula disse entrando na cozinha.

 -Não que seja da sua conta, mas não somos um casal. –Ela me lançou um sorrisinho sem graça.

-Você deve ter ficado muito mal, pra ter trocado o Júlio por esse merdinha do Lukas. –Senti vontade de socar a cara dela, mas me controlei.

-Você só fala isso porque tem inveja de mim. –Ela abriu a boca, mas não a deixei falar nada. –Desde os tempos da escola você tem, eu sei, sabe por quê? Porque você não passa de uma cobrinha invejosa, que roubou meus amigos de escola, me humilhou na frente do garoto que eu gostava, só pra ele notar que você existia e, agora roubou o meu melhor amigo e ta aqui falando um monte de merda, porque viu que nunca vai conseguir nem chegar perto da mulher que eu sou, por isso ta querendo me humilhar de novo e tentar me igualar a você. –Respirei fundo. –Mas você não vai conseguir, porque eu sou muito mulher pra me rebaixar ao que você é. –Paula me olhou assustada. –Agora me da licença, que eu tenho coisas pra fazer.   

Sai e fiquei esperando Lukas perto da piscina. Assim que chegamos à cabana ele colocou em um canal qualquer da Tv e começamos a beber, em pouco tempo eu já não sabia nem onde eu estava (sou muito fraca pra bebidas destiladas), nos riamos de tudo, um do outro e falávamos coisas sem sentido, e é só até ai que eu me lembro.

Acordei com a forte luz do sol batendo na minha cara e com uma dor de cabeça terrível. Antes de me levantar, me virei de lado e notei uma coisa que não deveria estar jogada no chão: minhas roupas e as do Lukas. Olhei em baixo do cobertor e vi que eu realmente estava nua e me desesperei.

-Lukas acorda! –O balancei e nada. –LUKAS! –Gritei e ele acordou assustado.

-O que foi? –Ele se sentou.

-Eu acho que a gente transou. –Disse e tapei a cara com as mãos. –Isso é péssimo. –Olhei para Lukas, que estava me olhando com uma expressão vazia. –Eu não quis dizer que foi péssimo isso com você. –Tentei consertar. –Mas tem o Júlio e também a Rê.

-Eu acho que agora não faz muita diferença. –Lukas me olhou nos olhos. –Me desculpe por isso.

-Não precisa se desculpar. –Ele concordou com a cabeça.

Me levantei, coloquei minha roupa e sai do quarto. Me dirigi à cozinha, peguei um copo d’água e quando me virei quase pulei de susto. Lukas apareceu do além atrás de mim.

-Acho que devemos subir. –Concordei.

Logo estávamos dentro da cozinha, eu corri pra preparar café, antes que alguém acordasse.

-Bom dia. –Rafael disse entrando na cozinha.

-Bom dia. –Peguei dois cafés, entreguei um a Rafa e me sentei à mesa.

-Bom dia! –Paula entrou na cozinha toda animadinha. –Quando eu acordei você não estava mais lá. –Ela deu um selinho em Rafa.

-Não queria te acordar. –Ele me olhou e depois olhou para ela.

-Bom dia Anelise. –Paula se sentou ao meu lado. –Como você esta hoje?

-Muito bem, obrigada. –Sorri falsamente. –E você?

-Ótima. –Ela olhou para Rafael que parecia me analisar. –Pelo jeito você e o Lukas estavam se divertindo muito ontem. –Olhei para o rosto feliz de Paula. –Vocês não voltaram ontem à noite, achei estranho.

-Olha, acho que você se enganou. –Sorri e olhei pra Rafael, que mantinha uma expressão seria. –Quando eu voltei todo mundo já estava dormindo.

-Claro. –Paula disse e olhou pra mim, depois pro Lukas. –Tenho certeza que tem mais coisa nessa historia. –Respirei fundo e Rafael me encarou por um tempo. -Não vai se sentar meu bem? –Rafael negou com a cabeça e saiu da cozinha.

-A gente tem que conversar. –Lukas apareceu na cozinha com uma cara nada boa. –Agora. –Me levantei e o segui ate o lado de fora da cozinha.

-O que foi? –Ele parecia preocupado e nervoso.

-Eu acho que a gente não usou camisinha. –Me sentei no chão. –Você ta bem? –Lukas me ajudou a levantar.

-Como assim você não colocou a merda da camisinha Lukas? –Meus olhos se encheram de lagrimas.

-Eu olhei na carteira... –Ele tirou uma cartela do bolso. –Estão todas bem aqui.

-A gente precisa ir à farmácia, agora. –Entrei de volta na casa e subi, mas voltei pouco tempo depois. –Pronto.

-A gente vai até a cidade. –Lukas disse para Daniel. –Vão querer alguma coisa?

-Traz leite e pó de café. –Daniel disse e Lukas concordou.

-Vamos? –Lukas disse e nos saímos.

Entramos no carro e fomos para a cidade que tinha ali perto, ambos calados o caminho todo. Eu só conseguia pensar no que eu poderia ter feito noite passada, mas só lembrava das risadas e de  alguns beijos, nada mais.

-Você ta bem? –Lukas me encarou.

-Só to preocupada, só isso. –Respirei fundo e sai do carro. –Você vai até o mercado, que eu vou na farmácia.

-Ta bom. –Lukas se aproximou e deu um beijo na minha testa. –A gente se encontra daqui a pouco.

Respirei fundo e fui ate a farmácia. Entrei, me dirigi ao balcão, pedi o remédio e peguei uma garrafa d’agua, paguei e sai. Andei ate o carro, me sentei em um banquinho que estava ali perto e fiquei esperando Lukas.

E se esse remédio não funcionar? Eu sei que tem uma taxa muito pequena de falha, mas e se acontecer essa falha justamente comigo? O Lukas não seria um mau pai, acho que seria ate bom demais, mais ele não quer isso agora, pelo menos não comigo. E eu quero isso? Não sei se estou preparada pra ser mãe, não agora.

-Tudo bem Ane? –A voz de Lukas me tirou daquele transe.

-Eu vou tomar agora. –Ele concordou. –Então vamos lá. –Respirei fundo, abri o remédio e a agua, e tomei. –Pronto, esta feito.

-Vamos pra casa. –Lukas e eu entramos no carro e voltamos  para o sitio.

-Ta tudo bem? –Daniel parou na minha frente.

-Sim. –Menti

-Certeza? –Concordei com a cabeça. –Você parece assustada.

-Deixa a menina quieta Daniel. –Lukas passou por nos com as sacolas das compras. –Vem me ajudar aqui.