Onde estava? Que dia era aquele? Não se lembrava de nada. Havia algo importante para se lembrar, mas o que era? Franzia a testa e tentava caminhar, mas não conseguia. Tentava pronunciar algo, mas nada saía. Abria os olhos e apenas avistava o vermelho. Aquele vermelho era diferente das cores das flores. Flores, coroa de flores amareladas. Ela dava para alguém? Para quem? Por mais que tentasse se lembrar algo, nada vinha a mente. Fechava os olhos e voltava a abrir. A cor agora era verde. Alguém era verde e sempre a xingava... Quem era? Garras. Era como se garras prendessem seu braço e um poder saia de sua mão. Queimava. Fechava os olhos e novamente os abria. Alguém estava em cima dela. Sentia o peso e a respiração gelada no rosto. Estava muito próximo. E embora só visse o preto, sentia que deveria correr, mas estava presa. Sua visão voltava. Não estava mais presa. Gritava ao ver que era aquele youkai que havia lhe atacado. O chutava na perna e lhe segurava o rosto, o empurrando para longe. Os dentes afiados queria cravar-se contra a palma de sua mão.
Alguém a havia puxado para longe dele. Alguém havia a jogado para longe, mas sem agressão. Asas negras nublavam sua visão.
— Você acha que tenho medo de você? - Ouvia a voz de quem a atacará, mas não o via.
— Isso, me divirta. - De quem era aquela voz?
O youkai de asas partia para cima do outro, que parecia querer pegar sua forma animalesca, mas era impedido. O youkai de asas se grudava na garganta do outro, rasgando-lhe a carne com unhas que a lembrava de garras de alguma ave. Corvo. Capitão.
Uma cauda negra se erguia de trás dos dois. Em sua ponta, havia veneno e a lembrava da ponta de uma flecha.
Corria para ele e gritava.
— Capitão!
E voava para longe do youkai, que rosnava alto e tocava no ferimento do pescoço.
Parava a poucos metros dele e o Capitão se metia entre os dois. As imensas asas negras se curvavam ao redor de Rin, como uma barreira.
Um idioma grosseiro era ecoado em sua mente. Seu peito ardia e parecia brilhar em tons vermelhos. Caía no chão e se agarrava as imensas asas. Os olhos se estreitavam em uma pequena fenda. A voz sumia, mas a dor permanecia. Ele vai se aproximar. Ele vai me machucar.
Soltava as asas do Capitão e se agarrava nas próprias vestes. Sua mão tocava na adaga em sua coxa e a puxava, onde cortava a própria mão e a dor sumia. O Capitão a segurava entre os braços e a olhava preocupado. Os olhos azuis eram frios, quase ameaçadores.
— Eu... Não sei...
Queria gritar. Chorar ou até mesmo esmurrar algo.
Saitou rasgava parte da manga das vestes azuladas e começava a enfaixar a mão da jovem. Ele não a olhava mais. Parecia perdido em pensamentos. Olhava as costas dele e as asas haviam sumido. Como ele conseguia ser meio youkai e meio humano? Sesshoumaru também conseguia?
Ele se erguia e a puxava pelo braço. Olhava-a no pescoço e relaxava quando a ferida do pescoço não havia sido tocada.
Ele a empurrava para caminhar a frente dele e nada dizia.
~~
— Eu estou falando sério. - O capitão gritava, esmurrando a imensa mesa do conselho. Os olhos vermelhos se voltava para cada um dos anciões. — Se fizeram algo contra aquela humana, Sesshoumaru vai caçar cada um...
— Não tememos o Lorde do Oeste. - Uma anciã dizia, olhava as unhas e depois para ele. — E se ele odeia tanto humanos quanto hanyous, apenas fizemos um favor...
— Não permitiremos que aquela raça manche nosso honrado nome de novo. - Um 'inu' qualquer dizia.
— A teríamos deixado em paz se ele não tivesse a buscado...
O Capitão olhava para os doze youkais. Principalmente para Miho, que havia falado primeiro. Madame das terras do Norte. Clã dos dragões. Soberana das trevas.
Miho o olhava. Os cabelos negros e a pele escurecida não a deixavam tão bonita como sua irmã gêmea... Porém Miha era branco. E aceitava youkais com humanos e hanyous.
— Se por acaso seu Lorde morrer... - Miho pausava. — Você poderia se tornar o novo Lorde...
Se aproximava o rosto da youkai e sorria, as presas saltando e olhar se tornando vermelho.
— Espero que sua cria, hanyou, esteja vivendo bem... - Ela arregalava os olhos. — Mas já que odeia hanyous, eu irei cortar-lhe a garganta.
Varias vozes gritavam xingamentos contra ele e contra Milho. Ela ainda o olhava apavorada quando virava as costas e saía.
Como Capitão e Espião Mestre, sabia sobre o ponto fraco de cada youkai.
~~
Sesshoumaru tinha as pernas cruzadas e uma expressão curiosa. Ele a olhava por mais de uma hora e nada havia dito.
Pelos Deuses, diga alguma coisa!
Olhava para os escritos na enorme mesa da biblioteca e novamente voltava a olhar para ele. A veste do dia era totalmente branca. Não usava a armadura, embora as duas espadas estivessem em sua cintura.
Apontava para uma imagem de uma youkai com vários tipos de marca no pescoço.
— Bem?
Ele a olhava.
— Apenas esta dizendo que não é possível marcar uma fêmea que já tenha sido marcada por outro. As marcas brigam e acabam por levar a vida da mesma.
Fazia um "oh" e voltava a olhar para as paginas. Se encostava na cadeira e fechava os olhos. Ouvia Sesshoumaru se aproximar, mas não abria os olhos.
— Rin, tem uma marca que a protegerá.
Olhava para ele.
— É mais delicado e complexo.
Cruzava os braços sobre o peito e olhava o Daiyoukai a sua frente.
— Ela te dará parte de minha vida...
— E se vier a falecer? - Erguia a sobrancelha para ele. — Não finja que não pode!
— Você continuaria viva.
Abria a boca. A fechava. Suspirava alto e se erguia. Caminhava até ele e lhe tocava o rosto. A altura entre dois era gritante, sua cabeça mal tocava-lhe o ombro.
— Não preciso de uma vida longa. - Sorria. — Estou feliz com o que tenho agora.
Ele a olhava.
— Sabe meu Lorde, estou feliz de poder fazer isto. - Segurava a mão do daiyoukai, que era muito maior que a sua e entrelaçava os dedos.
Ele olhava dela para as mãos juntas e nada dizia.
— Não preciso viver para sempre... Eu poderia voltar para você, em outra vida.
— Rin...
— E poderíamos ter tudo de novo.
— Rin.
E eu me apaixonaria por você novamente. Claro que nunca diria isso.
— Vai me marcar? - Deixava os dedos escapar da mão do daiyoukai, que voltava o olhar para a mão, agora solitária.
Ele assentia.
— Vai doer?
Ele negava.
Voltava a sentar e começava a olhar as marcas. Muitas coisas já conseguia traduzir sozinhas. Sesshoumaru passava o tempo todo a olha-la e lhe tirar as duvidas. Entendia que ele não era de dizer muitas coisas, mas sempre tentava ser o mais claro possível. Não era impaciente e explicava vinte vezes se fosse preciso.
— Rin.
Olhava para ele.
— Durma no meu aposento a partir se hoje.
Corava.
Ele a encarava, esperando por uma resposta.
Jogava os papeis longe e escondia o rosto entre os braços debruçados na mesa.
Não iria responder a isso.
Não iria...
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