Os grandes olhos amendoados se encaravam de volta no espelho. O olhar tinha um brilho infantil e curioso, algo mais também preenchia o olhar. Felicidade? A felicidade quase era gritante. O sorriso nos lábios eram tão sinceros.
Rin jogava os cabelos longos sobre o outro ombro e apreciava a marca. Era uma marca poderosa. Eram três bolinhas escuras e os rabinhos se juntavam na do meio. Sorria. Evitava tocar no local por ainda estar dolorido e inchado. Havia lido que duraria três a quatro dias. Mas não continha a imensa felicidade. A dor não era praticamente nada. Olhava as madeixas que caíam e cobriam a marca, por isso acabava por trançar uma madeixa bem próxima a orelha.
Trajava um kimono azul escuro, com decorativos em branco. Olhava no redor do quarto e começava a pegar as vestes rasgadas no chão. Olhava o tecido da camisola. A roupa de Sesshoumaru também havia sido rasgada. Segurando os tecidos nos braços, abria a porta com o pé e dava de cara com uma serviçal. A youkai pegava os tecidos dos braços da humana e perguntava o que faria com aquilo.
— Jogue fora... Ou use como um pano para limpar algo. - Rin dava de ombros. Olhava para a youkai. — Estou bem?
A youkai a olhava. Não entendia muito bem a pergunta. E Rin sorria largamente quando olhar dele caía sobre a nova marca. A serviçal corava e assentia.
— Está muito linda... - Rin batia palmas e tocava no ombro dela.
— Muito obrigada!
Rin caminhava pelo corredor, parecendo desfilar e olhava em porta a porta. Nenhum sinal de seu Lorde. Parava em frente a escada e quando ia descer, Jaken gritava.
— Sesshoumaru marcou alguém ontem... Eu pude sentir... - O velho youkaia olhava. Ele parecia congelado. Os olhos, esbugalhados, encaravam a marca. — Criança tola! - Rin o encarava de volta. — Deve tê-lo o ameaçado!
Rin gargalhava.
— E ele teria cedido assim?! - Jaken negava com a cabeça, parecendo incrédulo.
— Me recuso a chama-la de minha senhora... - Jaken fazia cara feia. — Nem por... - Ele engasgava.
Rin se abaixava e tocava a testa do pequeno youkai com dois dedos.
— Eu jamais o obrigaria a isto. - Tirava os dígitos da testa do velho youkai e ignorava as queixas e provocações do mesmo.
Descia as escadas, acenando para um velho youkai resmungão. Sorria de orelha a orelha quando avistava o capitão. Corria até o jovem youkai e o puxava pelo braço. Ele parava e a encarava, a sobrancelha erguida e o olhar curioso.
— Onde está nosso Lorde? - Perguntava a ele, corando logo em seguida.
— Ele é meu Lorde e de todos que o servirem, não de vossa senhorita. - Ele fazia uma pequena reverência. — No escritório... - Ele olhava para Rin. — Não esperava lhe ver tão cedo...
— Capitão, não preciso disso... - Olhava para o corredor onde nunca havia ido. — Para lá?
Ele assentia.
— Você está bonita, para uma humana. - Rin voltava a olhar para o youkai voador.
— Não sabia que os desgostava também...
Ele negava.
Sorria. Tocava o braço do youkai e o deixava sozinho. Quando havia se olhado no espelho, era verdade que seu rosto estava mais corado. Sorria e entrava no corredor que nunca havia entrado.
A primeira porta que tentava, era de madeira e estava a trancada. Caminhava até a próxima e também estava trancada. Na terceira, batia na porta por ter ouvido vozes. Poderia estar atrapalhando algo...
A porta se abria e Sesshoumaru a encarava, de modo frio e curioso. O daiyoukai lhe dava um espaço para passar e assim o fazia. Olhava para a cadeira de visita, que estava ocupada por um youkai de cabelos negros... Olhava para Sesshoumaru e sentia sua espinha se arrepiar.
O youkai virava e a encarava de volta... Recuava um passo e segurava o braço de Sesshoumaru.
Ele fede a sangue e morte... Eu consigo ver!
— Minha dama. - O youkai se erguia e se curvava em uma reverência respeitosa. A pele de Rin se arrepiava e se escondia atrás de Sesshoumaru. — Já nos vimos antes? - Embora ele não sorrisse, tinha a plena consciência que estava a provocando.
Rin concordava. Olhava para Sesshoumaru que a encarava. O daiyoukai tinha uma sobrancelha erguida.
— Uma humana poderosa e - Ele lambia os lábios. — muito bonita.
Rin não corava. Sentia que queria pular no youkai e o fazer sentir a mesma dor que havia sentido... Se acalmava quando a mão de Sesshoumaru a empurrava para trás dele. Não via o youkai, mas sentia a energia raivosa.
— Como eu ia dizendo... - Ele olhava de Sesshoumaru para a humana escondida. — Não sabia, nem fazia a mínima ideia, de esta humana era sua protegida.
— O cheiro de Sesshoumaru estava impregnado em mim! - Rin saía de trás do daiyoukai e encarava o outro.
— Dragões não são dados como bons cheiradores.
Sentia o corpo tremer quando olhar dele caía sobre a marca de Sesshoumaru. Olhar para o youkai lhe dava agonia.
— Isso é men...
— Já vou indo.
Quando ele se erguia, Rin se escondia nas costas de Sesshoumaru e se encolhia. O poder direcionado a ela teria a deixado tonta... Se não fosse barrado pela marca. Não o olhava sair e se agarrava as vestes brancas do daiyoukai. Quando a porta se fechava, caía de joelhos e suspirava alto. Nunca havia sentido tanto medo de uma presença antes. Algo em seu peito se agitava. Aquela dor parecia voltar.
— Rin. - Olhava para Sesshoumaru que a segurava entre os braços. Não havia sentido o toque dele.
— Porque ele estava aqui? - Olhava para o local onde ele havia sentado...
— Veio se desculpar...
Rin o encarava.
— Porque não o matou?! - Tremia dos pés a cabeça. — Pelos Deuses... Viu como ele me olhou?
— Este Sesshoumaru não poderia o atacar dentro de nosso territórios. - Rin o encarava. — O matarei. - Ele sussurrava. O nariz se roçava contra a bochecha rosada de Rin.
Ela se agarrava nos braços do daiyoukai e respirava fundo. Sentia a carícia e sua mente logo apagava o medo... Sua intimidade se apertava. Pelos Deuses... Suspirava perto do ouvido do daiyoukai e recebia em resposta, uma leve mordida na bochecha. Fechava os olhos e colava o corpo no dele. Puxava seu daiyoukai para mais perto.
O nariz do dele mudava o rumo para o pescoço, onde passava a sentir o cheiro de Rin. A mudança... A pele de Rin parecia mais suave e mais brilhosa. Os cabelos tinham o mesmo aroma de natureza...
— Sesshoumaru... - Cada sílaba saía em um som diferente.
Ele se afastava e olhava para a humana. Os olhos castanhos estavam mais escuros e dilatados. Não havia aquele brilho infantil e curioso, apenas um brilho de luxúria. O aroma que emanava de Rin preenchia o ambiente.
Ela fazia um leve beicinho e se aproximava novamente. Os braços rodeavam o pescoço do daiyoukai. Os lábios tocavam no queixo pontiagudo e as presas humanas se tocavam a pele do local.
— Vamos para o quarto? - Sentia vontade de rir com a cara de seu Lorde, mas apenas o encarava de volta. — Acabei por dormir ontem... - Ronronava para ele.
Sesshoumaru a olhava.
Impaciente, Rin ficava na ponta dos pés e roçava os lábios nos dele.
O daiyoukai a segurava pela cintura e a empurrava para a mesa. Rin se sentava no local e o encarava.
— Rin. - Era mais um rosnado.
O daiyoukai se afastava e olha para Rin de longe. Ela fazia cara feia, erguia a sobrancelha e o encarava de volta.
— Não me quer... - Dizia por fim.
Se erguia da mesa e passava pelo Lorde. Ignorava quando ele a chamava pelo nome. Não iria ficar demonstrando interesse quando ele claramente não queria! Batia porta e saia as pressas do corredor. Olhava o Capitão por umas das janelas e caminhava até ele.
Passava por ele e começava a subir em uma árvore para pegar alguns frutos. Se sentava em um galho e resmungava xingamentos para seu Lorde. Comia os frutos tão rápidos que o capitão a elogiava.
— Nunca vi uma nobre comer tão rápido... - Ouvia a risada dele. — Se Lorde Sesshoumaru fizer uma competição, ele sai no lucro!
Revoltada, pegava um fruto não muito maduro e atirava no capitão. Ele desviava e a encarava, incrédulo.
— Aqueles dias? - Ele comentava, se sentando em baixo da árvore e aceitando de bom grado alguns frutos. — Ou foi nosso...
— Foi. - O cortava. — Achei que seria diferente se...
— Já tentou usar a marca em seu favor?
Olhava para ele. Curiosidade lhe latejando o peito. Não conseguia compreender o que ele o Capitão lhe dizia. E tentar olhar nos olhos do youkai era complicado, ele parecia focado em seu fruto.
— O que quer dizer?
Ele não olhava para cima. Ele parecia ocupado em limpar uma maçã.
— A marca te dará acesso a sentimentos e algumas memórias dele. - A voz parecia abafada. — Não é apenas um modo de se mostrar a posse... E também você descobre o ponto fraco.
Olhava em volta. Alguns serviçais colhiam frutas. Outros passavam com coisas nos braços.
— Você já marcou alguém?
— Sim. - O Capitão demorava tanto tempo que Rin temia que ele não terminassem. — Mas meu parceiro sucumbiu a morte humana...
Rin abria a boca e voltava a fechar. A parceira era uma humana... Ele havia dito parceiro. Olhava para ele.
— Sim, ele era humano e um homem. Não fique tão surpresa. - Ele parecia sorrir, triste, mas ainda sim. — Ele era um espadachim muito bom. Muito orgulhoso também.
— Sinto muito...
A verdade era que se sentia abalada, pois só poderia dizer aquelas palavras vagas. Nunca soubera o que dizer sobre mortes.
— Espero que Sesshoumaru não tenha que lidar com isso... - Dizia por fim. — Ou eu.
Saitou a olhava de modo curioso. Ela era uma humana, afinal. E ela tinha uma poderosa marca... Mas a humildade que continha naquela presença era tamanha. A verdade era que nunca havia visto Rin ser grosseira ou julgar alguém. Sempre tentou fazer suas coisas sozinhas... Ela poderia ser humana, mas havia mais nela. Talvez ter voltado a vida tivesse feito algo por ela... Agradecida. Ela parecia tão agradecida a tudo ao seu redor.
— Nunca marcarei outra pessoa. - Dizia para ela.
Notava que os olhos castanhos se marejavam.
— Ele irá voltar para você... Tão logo.
Não acreditava em crenças humanas e sabia que Rin também não. Na verdade, tinha a plena certeza de que Rin havia falado aquilo para consolo. Olhava para a humana na árvore e entendia porque seu Lorde a escolherá. Rin era humilde. E ela era tão natural e tão bonita interiormente.
— Essa marca é poderosa, jovem dama. - Dizia ao se erguer. — Você não sucumbirá a morte humana, como a mãe de Inuyasha.
Surpresa, Rin olhava para o youkai voador. Morte humana, para eles, não eram somente a velhice. Quando ia se pronuncia, ele já havia se retirado.
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