História I Remember - O reencontro

Doutor

A viajem a Amy Pond foi emocionante, nunca fiquei tão feliz e chorei tanto em minha vida. Sem o manipulador de vórtex da Madame Vastra seria impossvel ve-la novamente, ainda mais onde eles estão.

Durante os dias que passei com Amy e Rory, contei a eles sobre Clara. Eles me deram conselhos e todos chegavam ao mesmo consenso que eu deveria falar com ela e resolver isso de uma vez. Amy quase bateu em mim ao saber que eu tinha traído Clara. Fiquei surpreso quando disse a ela que eu não amei River, e Amy apenas concordou dizendo que sabia que eu não a amava porque River era impertinente de mais e que não havia problema nisso.

Depois de pensar e pensar a respeito decidi fazer isso, iria conversar com Clara, por mais que seja mais doloroso do que já é, preciso tirar essa situação a limpo.

A minha despedida com Amy foi difícil, muito difícil. Eu odeio despedidas e sempre odiarei. Teve lágrimas, abraços, sorrisos e um Adeus... e nunca mais nos veríamos.

Depois de voltar ao hotel em Berlim com a TARDIS tive uma surpresa desagradável, Clara não estava mais nele, fiquei desnorteado... onde eu iria procurar agora?

Perguntei ao recepcionista do hotel se ele sabia onde ela tinha ido, o homem me olhou estranhamente e depois me respondeu.

- Claro que eu sei! Ta nesta revista aqui.- Ele joga em cima do balcão uma revista de moda onde tinha a foto dela como capa... ela estava linda. Folhei as páginas apressado até a página onde tinha um texto, provavelmente um entrevista e algumas fotos dela. Meus olhos pararam a ultima frase de todo aquele texto, ela esta na Russia.

Passo as mãos nos cabelos aflito. Daria muito trabalho acha-la, mas estou disposto a tudo.

- Obrigado.- Digo me afastando levando a revista comigo.

- Ei, Moço! Devolva a revista, você não pode sair por ai levando as coisas.

- Mil desculpas, as vezes esqueço que aqui é a Terra.- Ponho a revista de volta, o homem me observa como se eu fosse louco. Ando o mais rápido possível em direção a TARDIS.

Agora aqui estou eu, parado em uma porta branca toda emoldurada. Depois de passar o maior trabalho consegui a localização dela.

O meu coração saltava de ansiedade. O medo me subia pelas veias e o amor e a saudade tomavam conta do meu espirito, a minha maior vontade era dizer o quanto a amo. Não me importa se ela não irá aceitar, pelo menos tenho que dizer o que sinto. Nem que essa seja a ultima vez que a vejo.

Bato na porta três vezes. Ouço passos vindo até a porta, tento ficar firme para passar confiança caso fosse ela que abrisse aquela porta.

Depois de alguns segundos que pareceram horas para mim a porta foi aberta, imediatamente senti toda minha esperança, amor e alegria sumirem de mim, deixando apenas angustia, medo, desilusão e tristeza.

A minha frente estava Clara que empalideceu ao me ver, como se tivesse visto um fantasma. Ambos ficamos em silêncio nos encarando. Ela estava completamente diferente da ultima vez que a vi naquele desfile idiota, ela estava grávida...

- Quem é Clara?!- Ouço a voz de um homem de dentro da casa. Sinto um aperto no peito, e naquele momento eu queria estar morto ao ver isso. Ela tinha seguido sua vida, tinha um marido, logo iria se tornar mãe e o idiota aqui pensando que teria alguma chance.

Sem a resposta dela o homem veio até a porta ver o que estava acontecendo, e como um soco em meu estomago eu vi o homem que andava com ela para cima e para baixo. O homem tatuado me encarou em silêncio, seus olhos eram frios que se pudessem me exterminariam ali.

- É... é me desculpe. Não devia ter vindo.- Minhas palavras saem quase que um sussurro. Me viro de pressa para ir embora, mas sinto uma mão delicada segurar meu pulso.

- Não vá, preciso falar com você.- Sua voz sai seca. Ela olha de relance para o homem que entende um recado silencioso e em pouco segundos depois ele sai com um casaco porta a fora.

- Volto mais tarde. Vou conhecer a cidade.- O homem se despede dela.

- Entre.- ela diz para mim, pondero se não seria melhor ir embora de um vez. Mas eu não podia fazer isso, tenho que resolver tudo. Mesmo já sabendo o que vai acontecer.

Sentamos um de frente pro outro em sofás diferentes. Ela me olhava fixamente enquanto eu olhava para o chão desolado.

- Você parece feliz. Vejo que seguiu sua vida a diante.- Ouço um suspiro vindo dela.

- Por que voltou?- Sua pergunta não tinha nenhuma emoção. E eu sabia que merecia isso.

- Porque...- Me interrompo lembrando das palavras da Amy. Eu irei falar tudo para ela, mesmo que não adiante mais.- Eu voltei pelo simples fato que te amo! Eu não consigo ficar sem você, aos poucos estou morrendo, estou deixando a vida escapar pois não há vida para mim sem você. Durante anos eu te vi, você apareceu e morria em todas as minhas regenerações,  e fui nutrindo um sentimento que nunca pensei que sentiria. Clara, eu sei que ouviu tudo aquilo, sei que machuquei seu coração, mas você levou os meus dois corações quando foi embora naquela noite. Eu nunca me senti tão vazio quanto agora.- Paro para poder respirar, Clara estava calada apenas me ouvindo.- No inicio eu não sabia o que eu sentia por você, mas agora eu tenho certeza que é amor. A River e eu... nós não nos amamos, nunca tive nada com ela de verdade. River me forçou a casar para que eu pudesse ser salvo da morte, foi uma chantagem, eu só tinha duas opções casar-me ou morrer... eu preferi viver. Mas nunca amei River. Porque meu coração sempre foi seu! Eu sei que nenhuma dessas palavras vale mais. Você esta com um cara, tem uma vida nova e... - Um nó forma em minha garganta.- E está esperando um filho. Me desculpa, mas eu tinha que dizer isso a você.

Um silêncio permanece no lugar, ela  aprecia imersa em seus próprios pensamentos. 

- Mas você disse que não me amava, que eu tinha me iludido.- Quase não escuto o que ela tinha acabado de dizer.

- Eu sei. Eu disse aquilo pra você... Me arrependo profundamente. River é filha da Amy Pond, a menina da qual lhe contei. Eu não podia magoa-la.

- Mas a mim podia.- Ao me dar conta do que eu tinha dito tento concertar as coisas.

- Não, não! Eu fui um idiota fazendo aquilo com você, mas eu fiquei assustado eu não sabia o que fazer.- Paro de falar percebendo que eu não tinha mais chance alguma.- Mas não se preocupe. Eu entendi, você está feliz e estarei feliz mesmo não estando ao seu lado. Ver você com outro dói e dói muito, sempre irá doer... Mas prefiro te ver feliz com aquele homem do que infeliz ao meu lado. Eu apenas queria te ver uma ultima vez.

Sem perceber eu estava ajoelhado em sua frente aos prantos, Clara também chorava mas de uma forma desesperada que estava me assustando.

- Você entendeu tudo errado.- Ela diz entre soluços, Clara se abaixa  ficando de joelhos na minha frente.- O Theo não é meu namorado, não temos nada além de amizade. E meus filhos... são seus filhos. Nunca deixei de te amar, por mais que eu tentasse é maior que eu.

Fico surpreso, sinto o chão sobre meus pés sumir. Clara me abraçava forte chorando em meu ombro, sua barriga encostava em mim.

Eu terei um filho, serei pai.... terei uma família. Todo a minha vontade de viver volta me fazendo quase explodir.

- Eu serei pai? Pai?! Como assim nunca fomos para a cama.- Digo confuso.

- Aquele dia que acordamos sem lembrar de nada da noite anterior... Dias depois comecei a passar mal. Só tinha descoberto quando já estava de três meses, em Berlim.

- Isso... Isso é maravilhoso! Oh, Meu Deus Clara!- A euforia me consome por inteiro. Sinto Clara concordar me abraçando ainda mais forte. Um risinho escapa da minha boca.

- São gêmeos, teremos um casal.- Ela se afasta sorrindo pondo as mãos na barriga arredondada, uma de suas mãos puxam a minha para sentir os meus filhos, sinto um chute, sorrio.

Sem esperar nem mais um minuto a beijo. O beijo começou como se ambos de nós estivéssemos com sede disso. Sinto suas mãos em meus pescoço, deixando uma onde de calor em meu corpo, passo minhas mãos em sua cintura a apertando. 

Um gemido escapa pela sua boca quando beijo seu pescoço, já estávamos no sofá quando as coisas começaram a esquentar entre nós. Sinto suas mãos em minha nuca puxando alguns cabelos. Eu não podia estar me sentindo tão completo como agora.

Aprofundamos o beijo, nossas respirações começaram a ficar altas e sem sintonia. Quando estava começando a sentir aquela sala ficar pequena e abafada, Clara pôs suas mãos delicadamente em meus ombros nos afastando.

Ela respirava com dificuldade. Em seu rosto tinha um enorme sorriso que fazia seu rosto se iluminar, seus olhos tinham um brilho a qual eu já estava com saudades de ver.

- Vamos com calma, carregar gêmeos não é fácil... Não consigo ter o mesmo folego de antes.- Ela ri divertida, não me contenho e dou um selinho rápido nela, que ruboriza levemente.

Ela se levanta de repente, a sigo sem saber para onde iriamos, Clara tinha passado pelas portas dos fundos e pude ver que estava deitada na grama olhando as estrelas. Sorri me deitando ao seu lado.

- Estava com saudades.- Digo baixo olhando para a mesma direção dos seus olhos.

- Também estava com saudades.- Ela diz parecendo emocionada, sinto Clara me abraçando de lado afundando seu rosto em meu pescoço.

- Promete que nunca vai se afastar de mim.- A questiono esperançoso com a resposta.

- Não vou prometer isso.

Fico um pouco chateado, mas ela estando ao meu lado já vale a pena, o seu perdão irá vir com o tempo.
Agora eu teria uma família.

- Vem comigo para a TARDIS?

Seus olhos encontram os meus parecendo querer enxergar dentro da minha alma...