Depois do baque que recebi, pedi para minha com a maior delicadeza do mundo para que me deixasse sozinha, usei a desculpa que precisava de um tempo sozinha para absorver tudo que estava acontecendo.
O meu casamento será daqui a dois dias, contando com hoje são três. Levantei a manga da minha blusa e observei a queimadura em formato do número um, talvez seja isso, tenho três dias para decidir em qual vida quero viver.
A vida em que meu nome é renomado na moda, onde caso com um cara carinhoso e lindo, tenho mãe, amiga, uma vida normal ou a loucura do meu sonho, se é que aquilo foi realmente um sonho.
Desisto de tentar achar o caminho certo e me arrumo para dormir, é o melhor que posso fazer agora.
* * *
Acordo mais uma vez com o mesmo sonho, como se toda uma história se repetisse em alta velocidade.
Corro para o banheiro e lavo o rosto, desse jeito vou parar em um hospício. Meu celular apita mostrando que recebi uma mensagem, leio e é Theo me convidando para um passeio na praia.
Sorrio e respondo a ele, em vinte minutos ele iria me buscar.
Desso as escadas e encontro minha mãe olhando televisão com uma xícara de café nas mãos.
- Bom dia mãe.- Seus olhos saem ligeiramente da tela e focam em mim e logo voltam a televisão.
- Bom dia, você vai sair?- Perguntou por ter me visto toda arrumada.
- Sim, Theo irá me buscar para irmos a praia. Não sei porque ele quis isso agora.
- Isso é bom, pelo menos ele não está em uma despedida de solteiro cheia de mulheres e bebidas. E não se preocupe porque o casamento já ta todo pronto.
Ignoro um pouco a parte do casamento e vou para a cozinha preparar meu café. Depois de um tempo eu estava conversando com minha mãe quando a campainha toca. Minha Mãe correu para a porta e abriu.
- Bom dia senhora Oswald, eu combinei com a ....
- Já sei sobre isso. Oh, olha ela ali.- Dona Elllie me empurra para fora da casa com um sorriso enorme no rosto.- Se cuidem e aproveitem, mas não quero netos agora, deixa pra depois do casamento!
Rimos depois que ela fechou a porta, eu fico feliz por ver minha mãe desse jeito tão feliz e bem humorada.
Caminhamos lado a lado até o carro, estávamos chegando bem perto do veiculo quando sinto suas mãos me puxarem para perto até selarmos em um beijo apaixonado e pela primeira vez senti aquele calor quando estamos apaixonados.
Me separei dele, sua mão direita acariciava meu cabelo enquanto a outra estava em minha cintura. Tocamos nossas testas, sorrimos juntos, com ele eu me sentia bem.
Entramos no carro e partimos rumo a praia. O dia estava quente o suficiente para entrarmos na água mas nenhum de nós tinha menção de fazer isso, apenas estávamos sentados olhando o mar de baixo de um guarda sol na areia.
- Você sabe que eu te amo, não sabe?- Theo me pergunta pegando a minha mão.
- Sei.- Depois de uns segundos respondo. Então percebo que eu nunca disse a ele que o amava, era sempre ele que dizia.
Quando eu iria responder senti a dor lacerante novamente no braço, me encolho e foco os olhos no mar, tento não fazer barulho para não chamar a atenção dele. Assim que a dor passa olho meu braço, estava a marca do número dois, a minha teoria estava certa.
- O que é essas marcas em seu braço?- Theo me pergunta incrédulo.
- O tempo esta acabando! Essa seria a sua vida se não tivesse conhecido o alienígena. Pense bem, estamos movendo montanhas para isso acontecer. Pense, você só tem uma chance.
Não consegui responder era muita coisa para pensar.
- Clara...- Me incentivou a continuar.
- É... foi em um acidente, não é nada de mais.
Ficamos em silêncio outra vez, um silêncio constrangedor.
- Clara eu quero que você pense bem se quer fazer isso mesmo.- Ele quebra o silêncio de repente com uma certa urgência na voz.- Eu percebo que você não sente o mesmo que sinto por você. Por esses dias você ficou tão estranha, não quero que tome uma decisão que não queira.
- Eu te amo Theo.- Solto de uma vez só, todo a tenção do seu rosto se vai como em um sopro, dando lugar a um sorriso.
Ele se aproxima de mim e nos beijamos, mas era mentira eu não o amava, mas eu podia sentir o amor dele por mim.
O beijo foi ficando mais intenção, quando senti uma dor em minha barriga, como se algo mexesse lá dentro. Me separei do beijo imediatamente e botei as duas mãos ali, Theo me olhou sem entender nada.
- Ta, tudo bem?- Suas mãos foram para os meus ombros, como de costume, toda vez que ele fica preocupado comigo ele põe as mãos em meus ombros.
- Estou sim, acho que estou nervosa. Bem... Vamos? Eu tenho que organizar algumas coisas ainda.- Minto mais uma vez e me xingo mentalmente.
- Tudo bem, também preciso fazer algumas coisas.
Levantamos e vamos até o seu carro, pelo caminho até a minha casa pela primeira vez nesses dias eu não pensei em nada, apenas fiquei olhando as ruas e como isso era bom.
Depois de me despedir dele, entrei em casa e peguei minha mãe chorando vendo umas fotos minhas pequena.
- Oh mãe! Porque está chorando?
- Não era para você ter voltado mais tarde?! Que droga Clara!- Sorrio e vou até ela a abraçar.- Não quero ficar sozinha nessa casa.
Imediatamente lágrimas caem dos meus olhos, era exatamente isso que eu odiava na minha outra vida|sonho quando ela se foi, até eu conhecer ele...
Choramos juntas, se eu escolher a outra vida perderei minha mãe e isso eu não vou conseguir suportar.
- Mãe, eu quero que sempre saiba que eu te amo muito, muito, muito!
Ela ri e dou um beijo em sua bochecha, seco as suas lágrimas e a abraço mais. Eu estava vivendo uma verdadeira guerra dentro de mim.
- Eu quero que você tenha a sua vida, tenha seus filhos, seja feliz mas eu só tenho você, a minha garotinha. Eu te amo tanto minha filha.
Eu já não conseguia conter as minhas lágrimas, o nosso abraço estava cada vez mais apertado.
- Mas vamos parar com isso. É para estarmos felizes!- Dona Ellie se separou do abraço e se levantou do sofá onde estávamos e me puxou junto com ela.- Eu e seu pai só nos conhecemos por conta de uma folha, a folha do destino.
Ellie me girou como se estivesse dançando comigo, dei uma risada alto sendo acompanhada por ela.
- O que acha de fazermos uma despedida de solteira pra você?- Mamãe sugeriu indo até a cozinha e voltando com uma garrafa de vinho.
- Vai beber mãe?- Duvidei, já que não a via fazendo isso a muito tempo.
- Claro, vamos comemorar!
Peguei as taças e brindamos. Ao fazer o ato senti outra dor na região da minha barriga, fiz uma careta e voltei a olhar para mamãe, ela estava tão alegre que eu desejaria estender esse momento para sempre.
Outra vez senti a dor e não pude me conter e soltei um grunhido.
- Está bem filha?- Perguntou preocupada, deixando o vinho de lado.
- Estou, não é nada.- Levanto-me, pego a taça e tomo.- Vamos ser felizes mãe, esse momento é meu e seu!
E passamos toda a quela tarde nos divertindo, vendo filmes, fazendo fofocas, falando sobre o futuro e passado, relembrando bons momentos.
Passamos o meu penúltimo dia de solteira como mãe e filha, foram momentos inesquecíveis.
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