Doutor
Os meus filhos eram lindos e saudáveis, eu estava segurando Bella enquanto Clara amamentava Matthew, eu nunca pensei que ficaria tão feliz ao ser pai, jamais imaginei sentir tanta felicidade.
Eu contemplava cada pedacinho do rosto da minha filha enquanto ela olhava para tudo atenta em meus braços. Os gêmeos eram diferentes, desde que nasceram pude perceber, Bella nasceu com cabelos marrons como os de Clara e olhos verdes claros como os meus, além de ser atenta a tudo. Nisso é claro que Bella puxou a mim.
Já Matthew tem cabelos loiros e olhos marrons e é mais calmo que a irmã.
Percebi olhares em mim, me virei para Clara que me fitava com seu olhar tênue e iluminado, sua boca formava um fino e sincero sorriso, em seus braços ela balançava Matthew que começava a cair no sono.
Caminhei com cuidado para o seu lado me sentando no pequeno banquinho.
- Dois senhores do tempo...- Olhamos para os dois tranquilos, aquilo era surreal, jamais pensaria que eu veria outros senhores do tempo, ou que eu tivesse família. Finalmente o universo decidiu me dar uma felicidade depois de tantos anos de "servidão".
Ouvi passos apresados ecoando pelos corredores vazio e frios, entreguei Bella para Clara que a segurou cuidadosamente. Não sabíamos o que estava por vim, fiquei de pé esperando a pessoa aparecer na porta.
Senti todos os meus músculos se contraírem de surpresa ao ver a pessoa parada na porta, pensei que ele já havia morrido.
- Karl?- Perguntei ao velho com uma enorme barba branca, roupas esfarrapadas e óculos arredondado. Ao lado do velho segurando a mão de Karl estava o menino que tinha nos ajudado.
- GAROTO! Eu não posso acreditar que vivi para ver meu garoto voltar.- Era mesmo Karl o velho que já era velho quando eu era um adolescente, ele que me contou sobre a TARDIS, aliás era ele que as construía a muitos anos atrás mas depois a corte o achou invalido o deixando esquecido. Karl era como um tio para mim naqueles tempos, um velho louco. Vivia contando histórias mirabolantes sobre o universo, podemos dizer que ele me influenciou bastante.
Karl chegou até mim perto o suficiente para me abraçar, estendi meus braços para nos abraçarmos mas não foi o que ele fez, o que recebi foi uma bengalada do lado direito do meu corpo .
-AI! Porque fez isso?!- Questionei com uma careta.
- O que você tinha na cabeça quando acabou com Gallifrey?! Seu irresponsável, garoto idiota!- Esbravejou Karl que deu um tapa em meu braço esquerdo. Continua louco como sempre.- Eu devia era te mandar para um buraco negro, garoto burro!- Ele levantou a bengala outra vez mas ele não continuou o ato.
As risadas da Clara ecoaram na sala, os olhos do velho rabugento se esbugalharam de um jeito que pareciam que iriam saltar para fora.
- Vejam o que temos aqui!- Ele foi caminhando de vagar com ajuda de sua bengala, junto com o menino que sorria seguindo Karl.- Que coisinhas mais fofas! Faz muito tempo que não vejo bebês assim tão pequenos. Olá, qual o seu nome minha jovem?
Clara sorriu para Karl, ele sentou no banco em que eu estava, ao se sentar estendeu uma das mãos tocando a mãozinha de Bella que o encarava.- Oi bebê!- Admirou-se todo bobo.
- Meu nome é Clara. Esses são Matthew e Bella.- ele estendeu um pouco mais a mão tocou na mãozinha de Matthew que dormia.
- Garoto da onde você tirou essa mulher? Devolva a humana isso aqui não é ambiente para crianças.
- Essa mulher é minha esposa Karl, essas crianças são meus filhos. Dois legítimos senhores do tempo.
Ele se levantou com ajuda do menino e me encarou.
- Está falando a verdade? Porque eu me lembro muito bem de como você era antes, mais mentiroso que você não tinha.
- É verdade. São nossos filhos.- Clara se pronunciou calando o velho que virou-se em direção dela.
De repente tudo ficou em silêncio, Karl botou as mãos no rosto limpando a poeira do deserto que ficava ao redor de Gallifrey.
- Não posso acreditar! Micah, chama a Ravena para ajudar essa moça para irmos ao grande celeiro.- Micah assentiu e logo saiu correndo de volta aos corredores.
Uma coisa ainda pairava na minha mente, uma pergunta que eu não consegui resolver sozinho.
- Como conseguiram sobreviver?- Perguntei a ele que sorriu e veio para perto de mim.
- Filho, aprenda que vaso ruim não quebra. Nós somos senhores do tempo, demos um jeito de sobreviver. Os que sobreviveram se juntaram e agora estamos tentando reerguer isso tudo.- Ele fez um gesto com a cabeça para o prédio onde estávamos.- Precisamos de um líder. MAS tira seu cavalinho da chuva que não vai ser você!- Gritou apontando para mim, logo as crianças começaram a chorar.
- Tinha que acordar eles?! Não consegue falar mais baixo?- O acusei indo para perto da Clara para ajuda-la mas o velho me impediu.
- Se esqueceu como senhores do tempo fazem garoto?- ele começou a rir e tocou na testa de cada um que imediatamente se calaram e dormiram como mágica.- Viu, posso ser velho mas tenho jeito com criança, diferente de garotos!- Zombou soltando risadas.
- Ei! Parem de brigar meus filhos acabaram de nascer eu estou esgotada e eu tenho que ficar ouvindo vocês discutir!.- ela falou autoritária.
- Está com raiva de mim?- Perguntei a ele do outro lado da sala de onde conversávamos para não incomodar Clara que estava tirando um cochilo.
- Ainda pergunta, mas é claro. Quantos anos tu tem nessa cara garoto?- Perguntou tirando os óculos e os limpando na blusa esfarrapada.
- Tenho dois mil anos, não sou mais um garoto Karl.
Ele voltou a rir e botou os óculos de novo.
- É sim, você é um garoto perto de mim. Duvido que chegue sete mil como eu, aposto que vou ver você morrer.- era incrível o humor mórbido que ele tinha.
Nos encaramos bravos, mas logo começamos a rir.
- Senti falta de você.- Karl confessou finalmente me abraçando.
- Eu também velho rabugento, eu também...
* * *
Depois que a tal Ravena chegou ajudando Clara, Karl me levou para o tal grande celeiro. o tal lugar nem de perto parecia ser um celeiro, estávamos a alguns metros abaixo do chão, a entrada do lugar era em um velho poço de água vazio, havia varias portas no enorme corredor onde segundo o velho cada porta era uma coisa.
Havia um hospital em uma porta, casas em outra, biblioteca, refeitório e la vai. Eles usaram a mesma técnica que tem na TARDIS, fizeram um pequeno espaço abaixo do solo se tornar infinito. O melhor de tudo com isso eles conseguiram se salvar.
Enquanto ele me contava tudo eu sentia um alivio, Gallifrey não tinha sido exterminada eu não tinha acabado com todo o meu povo mesmo que isso ainda pese. Esse desconforto eu não posso esquecer.
Alguns senhores do tempo passavam por mim mas com receio é claro que eles sabem quem eu sou e o que fiz.
- Então, agora você se chama Doutor?- Questionou ele enquanto andávamos rumo ao hospital onde Clara e os bebês estavam para ver se estava tudo bem.
- Sim, depois do que eu fiz com nesse planeta decidi não ter mais aquele nome, era um fardo muito pesado.
- É filho certas coisas não podemos mudar. Mas você não tinha escolha, iriamos ser exterminados por aqueles monte de metal enferrujado, e após exterminarem Gallifrey eles iriam para outros planetas, você fez o certo mesmo sendo da forma mais bruta. Fico feliz que construiu a sua família, a humana ela parece ser especial.
- Ela não é humana, Clara é metade Senhor do Tempo metade humana. Ela vem como uma sombra em todas as minhas regenerações, em cada uma delas ela estava lá.
Karl de repente parou no corredor.
- Agora a minha ficha caiu!- O velho saltitou começando a dançar de uma forma engraça.- Não entendeu ainda? A profecia garoto. A PROFECIA!
- Não me lembro mais disso ...
- A salvação de Gallifrey viria de uma meio sangue cujo varias vidas teve como ecos acompanhando seu amado deus solitário. Mulher essa que daria luz a um novo reino.- Karl começou a dançar mexendo os braços, era a dança da girafa bêbada, segurei o riso ao lembrar que eu também já havia feito essa dança.- Garoto eu preciso ir, uma reunião de emergência!
- Espera eu não entendi o que nós temos a ver com a profecia Gallifreyana?
A risada áspera e ruidosa de Karl me assustou enquanto ele tentava caminhar rápido.
- Continua sendo um garoto burro!- E sumiu pelos corredores, me deixando plantado no meio do corredor.
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