História I Remember - Solitária

Narrador 

Era noite, as estrelas estavam brilhando como nunca na escuridão. Clara caminhava pela causada cambaleando como se o concreto fosse feito de gelatina, após Theo ter a deixado ali ela quase não teve condições de chegar em casa. A festa tinha sido muito para ela.

Quando chegou na frente de sua porta, tentou encaixar a chave várias vezes na maçaneta mas sem sucesso, a garota achou graça da situação e soltou uma risada curta, uma tontura atacou a mulher que encostou a testa na madeira da porta tentando amenizar o mal estar. Mais uma vez ela tentou abrir a porta e dessa vez conseguiu.

Clara entrou em sua casa no completo escuro, tateou pela parede pelo interruptor, assim que o achou a sala se iluminou. Seus olhos turvos pela bebida analisaram ao redor, tudo em completo silêncio, ela já estava farta de tanta solidão, desde que sua mãe morreu as coisas não foram mais as mesmas.

Andou para a cozinha se apoiando nas paredes, ali não se preocupou com a escuridão a pouca luz que entrava pela sala era o suficiente. Clara se sentou em uma das cadeiras de sua mesa de jantar e ficou olhando para o nada então se lembrou do Doutor que aparecia e depois não voltava por um bom tempo. Um sorriso escapou dos seus lábios ao lembrar daquele homem de gravata borboleta, mas tudo o que ela tinha agora era ela mesma e uma casa vazia.

A garota se levantou outra vez, com uma vontade enorme de tomar chá, isso a fazia lembrar do Doutor. Foi até uma gaveta e pegou um pacotinho de chá,  trouce até a mesa junto com uma xícara mas então se lembrou que para fazer isso ela precisava de água, seu olhar foi direto para a garrafa em cima da mesa, Clara derramou o liquido na xícara botando seu pacote de chá ali, quando tomou um gole arregalou os olhos no mesmo instante. Olhou para a garrafa que tinha achado que era água se dando conta que tinha posto vodka.

- Eu não acredito, que imbecil você é Clara Oswald.- E se pôs a rir, riu tanto que acabou caindo da cadeira, já que a bebida ainda está fazendo efeito em seu corpo.

Ela tentou se levantar mas parecia que o mundo estava rodando rápido de mais, então ficou ali olhando para o teto depois de alguns minutos escutando o silêncio, pensamentos melancólicos começam a surgir na mente da garota solitária.

Lágrimas escapam de seus olhos, Clara odiava a solidão e era exatamente assim que estava se sentindo. Caída ali no chão ouviu um ruido estranho, acompanhado com uma voz que chegava retorcida aos seus ouvidos, passos apresados começaram a se aproximar.

Clara apenas olhava direto para o teto sem se importar com nada.

- Clara! CLARA!- Uma voz masculina que ela conhecia muito bem preencheu seus ouvidos. A luz da cozinha foi acessa, fazendo suas pupilas doerem a forçando fechar os olhos, quando os abriu novamente viu na sua frente o Doutor todo embaçado. Sorriu tristemente quando ele se abaixou pondo seu braço de baixo do corpo da mulher para ajuda-la a se sentar.

- O que aconteceu com você?- O homem perguntou preocupado, mas a garota apenas afundou seu rosto no ombro do mesmo. Ele a envolveu em um abraço apertado, mesmo não entendendo nada do que estava acontecendo o Doutor não queria vê-la daquele jeito e se um abraço era o que a reconfortaria seria isso que ele daria.

Os dois ficaram alguns minutos assim, até Calara se acalmar.

- Eu sou tão sozinha nessa casa. Eu odeio esse silêncio.- O Doutor a ajuda a  ficar em pé, assim que os dois ficam de frente um para o outro os olhos da garota o olham com uma certa malicia. 

- Você está tão bonito hoje Theo. Como sempre alias...- Diz chegando perto tocando em seus ombros, ele tira as minhas mãos dela com cuidado percebendo a situação.

- Você bebeu, não foi? E Quem é Theo?!- Perguntou urgente.

A garota revira os olhos com um sorriso de lado.

- Claro que não. Damas não bebem, elas... elas apenas, ah! Sei lá.

- Quem é Theo Clara?!

- NINGUÉM!- Diz impaciente.

 Clara se senta na mesma cadeira onde tinha caído a pouco tempo, o Doutor faz o mesmo ficando ao seu lado, ele nota a xícara de chá e suas mãos a pegam com rapidez, ele toma todo o liquido de uma vez.

A garota ao perceber o que ele tinha feito arregala os olhos no mesmo instante que Doutor faz uma careta começando a tossir.

- O que tinha nessa coisa? Eu pensei que fosse chá!

- Eu acho que sem querer, confundi vodka com água.- Ela diz sem interesse nenhum apoiando a cabeça em suas mãos apoiadas na mesa.- Já te disse que você é bonito?

Os dois caem na gargalhada, a bebida que o Doutor tomou já estava fazendo efeito, Time Lordes sempre rejeitam bebidas por conta disto, não demora nem minutos o álcool já faz efeito deixando eles totalmente fora de si. 

O Doutor já estava achando graça de absolutamente tudo. Seus olhos ficaram parados observando Clara, que estava deslumbrante mesmo estando bêbada como ele, a garota usava um vestido preto com renda. A maquiagem que ela usava realçava a sua beleza e por um momento ele quis, ele desejou dizer três palavras para a garota a sua frente.

- Eu te amo.- As palavras saíram da sua boca como se estivessem fugindo, seus olhos ficaram cuidando a reação da garota que apenas ficou o olhando com lágrimas acumuladas. O Doutor não sabia o que estava acontecendo com ele, simplesmente tudo parecia mais leve e fácil.

- Eu te amo...- Ouviu o sussurro da garota que pegou suas mãos em forma de carinho.- Dois estranhos solitários, bêbados se declarando... essa foi a coisa mais estranha que já vi.

- Somos estranhos solitários Clara e solitários precisam de outros para compartilhar a dor.

Após essas palavras do Doutor, os dois aproximaram-se acabando com o espaço vazio que existia entre eles. Um beijo caloroso os conectava. Sem notarem já estavam no andar de cima aos amassos, uma das mãos do homem que estava na cintura da garota foi até a lateral do rosto da mulher passando para o seus cabelos desmanchando seu penteado.

As atitudes de ambos começaram a se tornar irresponsáveis. Entraram no quarto derrubando algumas coisas, o Doutor sentiu que aquele lugar estava ficando mais abafado e tirou seu paletó vinho e arrancou a gravata borboleta que estava o sufocando, a garota pegou sua mão completamente fora de si e girou como se estivesse em uma dança com ele, a risada do Doutor começou a querer a aparecer mas a garota o calou com um beijo.

A porta fechou-se com um empurrão do homem.