História I Saved You - Reencounter

POV Isabella 

O barulho do despertador soou perturbador perto dos meus ouvidos e a minha vontade foi jogá-lo na parede, mas sabendo dos problemas que teria, arrastei meu corpo para fora da cama e fui para o banheiro. Tomei um banho gelado para despertar e me arrumei devidamente para o ensaio. Peguei o celular no criado mudo e vi que tinham 3 mensagens de Rafael, suspirei, tentando controlar a raiva que senti durante a noite por causa do grande atraso. 

WhatsApp on 

Me perdoe, meu amor. Tive um grande atraso nos ensaios, podemos nos falar hoje? 01:30 AM 

Por favor, me desculpe mesmo. Estarei aqui sem falta amanhã, me diga um horário. 01:34

Eu te amo muito, raio de Sol. 01:36 
                       
                                                                                             Bom dia, meu amor. 09:30 
  
                                                                                             Podemos sim, às 15:00, pode ser? A hora que eu chego dos ensaios. 09:31 

WhatsApp Off

-Bom dia... - Ana disse assim que abri a porta do quarto. 

-Bom dia... - Dei um beijo na sua testa e me sentei ao seu lado. 

-O que aconteceu? Está tudo bem? - Ana perguntou e eu assenti, pondo um pedaço de pão na boca. - Isabella, eu te conheço. Me conta... 

-Ah, o Rafael... - Falei e ela se apoiou na mesa, fazendo sinal para que eu contasse com detalhes. - Ele se atrasou pra uma das nossas conversas ontem.

-Ah, norm...

-Ele se atrasou mais de duas horas. - a interrompi e ela me encarou, confusa. - Eu sei, eu sou paranoica. 

-Não, é extremamente normal. Ele se justificou? - Assenti. 

-Ele disse que se complicou nos ensaios mas que quer falar hoje. 

-Então, fale com ele hoje, pergunte detalhes, jogue verde. Homens são burros, eles falam e nem percebem, principalmente o Rafael... - Ri fraco. - Agora vai, vai senão vai se atrasar e você já conhece o José, não é? 

-Conheço sim... Até mais tarde. - Dei um beijo no rosto dela e saí rápido. 

O Sol estava mais fraco do que ontem, as nuvens já tomavam conta do lugar, deixando o céu um pouco mais nublado e o ar mais fresco. Andei até o sinal e parei para esperar que abrisse para os pedestres, já que era preciso apenas atravessar a rua para chegar na academia. Mexi um pouco nos cabelos, jogando-os para o lado, desejando que eu voltasse no tempo e não o deixasse crescer tanto. José me levou no salão,o cabeleleiro receitou um creme e um comprimido para que meu cabelo crescesse rápido, e assim está sendo. Meu cabelo cresce cada dia mais rápido, já está quase na altura dos ombros. 

-Isabella? - Ouvi uma voz conhecida e masculina e olhei para trás. Minha dúvida estava sendo confirmada, Paulo estava sim em São Paulo, eu não me confundi ontem. 

-Paulo? - Perguntei e ele sorriu. Involuntariamente, eu o abracei forte, sendo retribuída ainda mais forte. 

-O que faz aqui? Está tudo bem? - Ele perguntou e eu assenti. 

-Está sim, eu estou fazendo aula numa academia aqui na frente. - Paulo sorriu lindamente. A brisa fraca fazia os fios aparados do seu cabelo castanho claro se mexer levemente. Os olhos claros e profundos me hipnotizavam cada vez que se encontravam com os meus. - E você? O que faz? 

-Eu sou modelo. - Ele disse, tímido. - Ali na frente. - Ele apontou pro prédio ao lado do prédio da academia. 

-Minhas aulas são do lado. - Apontei também e ele riu. Sua risada era contagiante, me fazendo rir também e admirar cada parte do seu rosto enquanto ele sorria. 

-E deu tudo certo? Com o seu pai? - Ele perguntou e eu olhei para baixo, sentindo as lembranças voltarem como um tiro no peito. - Me desculpa, eu não quis que você ficasse mal. - Dei de ombros e senti meu corpo ser eletrizado quando Paulo abraçou meus ombros, empurrando-me para atravessar a rua. 

-Tudo bem, está tudo bem... -Falei, confusa e nervosa. 

-Vamos fazer assim... - Olhei para ele, que ainda sorria, radiante. - Que horas você sai do ensaio? 

-15:00... - Respondi e ele sorriu ainda mais abertamente. 

-Então, eu te espero ali embaixo e nós saímos para almoçar, o que acha? Assim você pode me contar tudo e principalmente, como você veio parar aqui. 

-Pode ser, então. Irei te esperar. - Concordei e parei em frente ao prédio. 

-Até mais tarde, então. - Paulo se abaixou e deu um beijo fraco no meu rosto, me fazendo arfar. O garoto riu fraco com a minha reação e saiu dali, entrando no prédio ao lado. 

-Meu Deus... - Sussurrei e tomei coragem para entrar no prédio. 

-Bom dia, atrasada. - Clara disse assim que entrei. - Que carinha é essa? Parece que viu um anjo pelo caminho... 

-É, eu acho que sim... - Sussurrei e entrei no elevador. 

POV Rafael 

Depois de ler a mensagem de Isabella, me levantei para mais um dia de ensaio. Mesmo no quarto, o clima da cidade deixava tudo frio e ao pisar no chão, senti meus ossos congelarem por alguns minutos. Tomei um banho rápido e me troquei, colocando o casaco mais quente que eu tinha. Desci rapidamente e peguei o primeiro táxi para o estúdio. Aproveitei o tempo para dar uma olhada nas redes sociais para matar a saudade dos meus amigos. A barriga da Bruna já tinha crescido um pouco, dava pra perceber nas duzentas fotos que ela postava por dia, Jenny tinha feito tranças nos cabelos e Guilherme e Anaju finalmente tinham ficado pela primeira vez, meu melhor amigo não parava de falar nisso. 

Paguei o táxi e sai do carro, assim que entrei no elevador, me arrepiei da cabeça aos pés ao ver Summer se aproximando. Segurei a porta e a loira entrou, me dando um beijo no rosto logo em seguida. 

-Bom dia. - Sorri de volta e abracei seus ombros. - Está tudo bem? Você saiu correndo ontem. 

-Eu tinha esquecido que tinha marcado uma hora pra contar pra Isabella sobre a turnê. 

-Conseguiu falar com ela? - Neguei e ela encostou a cabeça no meu braço. - Vamos almoçar hoje? 

-Hoje não dá... Hoje eu marquei um horário, se eu me atrasar hoje, ela me mata lá de São Paulo. - Falei e Summer deu um risada gostosa, que fez com que meu coração saltasse. 

*

-Podem ir, meninos. - Pedro disse e eu larguei a guitarra o mais rápido que pude. Faltavam meia hora por horário combinado, não quero me atrasar dessa vez. 

-Tchau! Tchau gente! - Me despedi dos meninos que acenaram e saí rápido dali. 

-Está tudo bem? - Summer disse quando saí rápido do elevador. 

-Tudo sim, só não quero me atrasar. Amanhã almoçamos, prometo. - Falei, com pressa e lhe dei um beijo na testa. 

-Tudo bem, vai com cuidado. - Summer gritou assim que eu passei pela porta do prédio, correndo atrás de um táxi. 

Desci do táxi e subi correndo para o meu apartamento, já deixando o Skype ligado. Eu quero ter uma conversa descontraída com Isabella, como se ainda estivéssemos juntos. Para esperar, me sentei na cama e observei o criado mudo, onde estava a foto que Bruna tirou quando estávamos dormindo na praia. Uma das melhores lembranças da minha vida. 

Quando Isabella dormia encostada no meu peito, era um dos momentos mais preciosos que tinha no dia, quando eu me sentia poderoso o suficiente para protegê-la de qualquer maldade, de qualquer tristeza... Quando eu me sentia suficiente para fazê-la se sentir segura. Sentir seu coração batendo contra a minha pele, ouvir sua respiração calma ou até mesmo o jeito que ela mexe o nariz enquanto dorme, tudo nela é incrivelmente lindo, tudo nela faz com que eu me apaixone cada dia mais. 

WhatsApp On 

Já estou aqui, raio de Sol. 17:30 

Cadê você, hein? 17:31 

WhatsApp Off

É vingança? Ou ela realmente se atrasou? Já se passaram três horas desde o horário que marcamos e nada, nem sinal da Isabella, nem visualizar a mensagem, ela visualizou. O que me faz sentir raiva de mim, ou raiva dela, ou raiva de nós dois porque somos dois babacas tentando fazer isso dar certo, sabendo que só estamos nos machucando. 

Me levantei e tomei um banho rápido, me jogando na cama logo em seguida. 

POV Isabella 

-Oi, princesa. - Paulo disse, pegando na minha mão assim que saí do prédio. Seus lábios tocaram levemente minha mão, fazendo com que eu me arrepiasse da cabeça aos pés. 

-Oi... - Ri tímida. - Vamos. - Paulo assentiu e nós caminhamos tranquilamente até o restaurante.

-Então, me conta, como está? Como veio parar aqui? - Paulo se apoiou na mesa, fixando o olhar no meu rosto, que eu senti queimar.

-Não precisa ficar vermelha. 

-Então, para de me olhar assim... - Pedi e Paulo riu. - Mas, enfim... Eu sou bailarina... E recebi a proposta de fazer aulas experimentais por 3 meses, se eu gostar, eu fico. 

-E você gosta? 

-É... Acho que sim. - Dei de ombros. 

-Então, pretende ficar? 

-Talvez... São muitas coisas pra pensar... Eu tenho uma vida no Rio, minha irmã pra nascer, minha amiga grávida... Amigos... - Suspirei. 

-E o seu namorado? - Ele perguntou, mais sério. 

-Ah, o meu namorado... - Suspirei novamente. - Ele foi pra Nova York, numa turnê com a nova banda dele.

-E vocês sobrevivem? - Ele perguntou, brincalhão e eu ri fraco. 

-A gente tenta. - Dei de ombros. - Mas você tem certeza que quer falar sobre o Rafael? 

-Não, não mesmo. - Paulo riu. - Eu quero saber se tudo foi resolvido lá naquele dia no aeroporto. 

-Foi sim... O Marcelo foi preso, meus pais ficaram bem... Mas o Rafael tomou um tiro. - Paulo arregalou os olhos, me fazendo rir fraco. - Foi grave mas ele superou. 

-Ah sim... Mas chega de falar dele... Vamos falar das suas danças. Qual tipo de dança você faz? 

-Stiletto. 

-Nossa, stiletto é difícil! Como você se equilibra naqueles saltos enormes? - Paulo perguntou, me fazendo rir. 

-É fácil, é questão de prática. - Respondi. 

-Um dia eu quero te ver dançando. - Assenti. 

-Você é meu primeiro convidado pra estréia. 

-Me sinto honrado. - Paulo segurou a minha mão e eu ri, ainda mais tímida com a sua atitude. 
                                                                                                                             ... 

-Eu gosto daqui... - Falei, olhando para o ambiente enquanto caminhávamos no Parque Ibirapuera. 

-Eu também... É tranquilo. - Paulo disse, abraçando meus ombros. Levantei a cabeça para encará-lo e sorri, notando a nossa diferença de tamanhos. - Você é bem baixinha. - Dei de ombros e ri fraco. 

-Ai, meu Deus. - Me soltei dos braços de Paulo e peguei o celular. - Seis horas, meu Deus, o Rafael vai me matar. - Falei desesperada. - Paulo, eu tenho que ir. - Dei um beijo rápido em seu rosto. - Amanhã almoçamos de novo, pode ser? Mesmo horário. 

-Claro! - Ele gritou enquanto eu me afastava ainda mais. Aproveitando que o parque é perto, corri até meu prédio e subi correndo. Liguei o computador, fazendo chamadas de vídeo sem respostas. 

-Eu sou uma babaca! - Dei um soco forte na mesa, sentindo minha mão latejar. Eu sou realmente uma babaca.