História I See Fire - Confiança

Lauren’s Pov.

Eu estava cega de raiva, aquele filho da puta daquele moleque pensa que é quem pra falar com um Jauregui assim? Ah mas eu iria colocar em pratica tudo que eu aprendi no Muay Thai bem no meio da cara dele e estava preparada para fazer isso até ouvi a voz de Camila que agora tinha lagrimas nos rosto fazendo eu automaticamente voltar a terra.

-Lauren a minha irmã, Sofia de 7 anos tem câncer.

Ela disse e tampou o rosto com as mãos como se estivesse se derramando em lagrimas. Tanto eu quando aquele Austin nos soltamos e encaramos ela, ele não parecia surpreso por essa noticia mas parecia surpreso por ela ter me confidenciado isso.

-Camila eu não acredito que você falou pra uma qualquer que você conhece a menos de um mês o segredo de uma vida inteira. Ele dizia arrogante como sempre, porem dessa vez com mais cuidado com a menina.

-Austin vai embora. Ela levantou o rosto que agora tinham varias lagrimas descendo por sua bochecha e ela fungava. –Eu preciso conversar com a Lauren, eu te ligo assim que chegar em casa.

Ele olhou em duvida entre mim e ela, bufou e saiu dali concedendo o desejo da menina mais nova. Eu estava ali parada cogelada na mesma posição sem conseguir dar um passo, eu não sabia o que falar o que fazer. Senti um no na minha garganta e as palavras engasgarem. Meu coração estava afundado em vê-la tão frágil e exposta chorando.

-Pronto Lauren você já pode ir embora, você sabe porque eu precisei sair do hospital e você agora descobriu o quão problemática minha vida é então acho que você já pode ir. Ela disse com uma ironia em meio as lagrimas.

Não acredito que ela cogitou a possibilidade de eu ir embora após saber que ela tem certos problemas familiares, eu jamais a deixaria e eu iria deixar claro isso pra ela. Fiz a única coisa que eu não poderia deixar de fazer, andei até ela e a puxei para um abraço tão forte e apertado e deixei-a chorar, ela soluçava em meus braços na tentativa falha de cessar o choro, ela estava com a cabeça no meu peito e eu acariciava seus cabelos e beijava o topo de sua cabeça enquanto eu sussurrava “eu não vou te abandonar” ela assentia com a cabeça rapidamente ainda no meu peito, no meu abraço cada vez que eu falava isso mas continuava a chorar. Não tenho certeza de quantos minutos ficamos ali em pé, pessoas entravam e saíram do estacionamento, e eu não poderia me importar menos, eu só queria estar ali pra ela, por ela e para ela.

-Camz, vamos pro meu apartamento, por favor, eu te preparo um chocolate quente e nos conversamos, eu preciso tomar um banho tirar essa roupa, você não precisa me falar nada se não quiser. Ela apenas assentiu com um sorriso triste e limpando as lagrimas na manga de seu suéter.
 

Já estava a noite, não tenho certeza que horas eram mas Camila já estava aqui há um tempo, estava caindo uma tempestade e ela ficou olhando cada canto do meu apartamento, meus quadros, meus livros e ainda não havíamos conversado sobre o assunto e eu decidi respeita-la e dar a ela seu tempo.
 

-100 anos de solidão? Ela disse com meu livro nas mãos, o mesmo que ela leu no primeiro dia de aula.

-Sim, agora eu entendo porque de você ler esse livro. Eu disse me praguejando por ter sido tão direta.

-Qual sua frase favorita desse livro? Ela perguntou genuinamente interessada.

“-Nada está tão ruim que não possa piorar, mas nada está tão ruim que também não possa melhorar.”

Ela abriu um sorriso tão grande ao me ver pronunciar a frase. –É minha favorita também.

Passou mais alguns minutos e ela havia tomado um banho e colocado um moletom meu, eu estava morta de cansada e pernoitada não dormia desde noite retrasada, mas eu estava feliz por estar na companhia dela, isso me dava forças e me deixava bem, sem sentir tanto os efeitos do cansaço, agora estávamos na bancada da cozinha americana tomando chocolate quente, a TV estava ligada em algum canal de reportagens e nos conversávamos sobre coisas banais.

-Laur eu acho que te devo uma explicação...
 

Camila’s Pov.

-Você não precisa me explicar nada se não quiser. Lauren disse com um sussurro quase como se não quisesse me magoar de maneira nenhuma. 

-Mas eu quero, duas coisas; me desculpa por hoje pela confusão e pelo Austin.

-Camila me desculpe, mas ainda não sei por que você namora com esse imbecil.

É nem eu. Apenas pensei.

-Lauren, minha irmã Sofia foi diagnosticada com câncer aos 5 anos, ela sempre foi muito saudável e nos sempre fomos muito unidas apesar da diferença de idade. Depois que isso aconteceu tudo mudou e virou um caos, como se explica a uma criança de 5 anos que ela está tão doente que precisa praticamente morar no hospital? Eu disse com um pequeno no na garganta, esse assunto ainda é delicado pra mim. Lauren pareceu perceber e pegou minha mão sem tirar os olhos de mim, eu sorri com seu contato e com seu interesse em saber da historia.

-Osteossarcoma é o tipo do câncer, ele se desenvolve em áreas onde o osso tá em crescimento, como os ossos longos das pernas ou braços. Nós procuramos os melhores Oncologistas, meu pai e minha mãe trabalhavam noite e dia para pagar os melhores tratamentos e eu ficava responsável de acompanha-la na quimioterapia e ficar com ela em casa quando não estava em aula, Dinah sempre ia junto comigo. Graças a Deus o diagnostico dela foi precoce e isso aumentou as chances, mas ainda depois da quimioterapia pra reduzir o tumor ela precisava de uma cirurgia e acompanhamento necessário até a cura completa. Ela está indo muito bem faz 4 meses que ela fez a cirurgia e o medico dela Dr. Ferraz disse que ela tem 85% de chances da cura total, porém ela ainda tem umas recaídas e temos que ficar atentos a isso pois o tumor pode voltar e voltar a crescer. Eu nem iria entrar para a faculdade esse ano, mas meu pai insistiu disse que eu deveria cuidar de mim e não poderia cuidar só de Sofia. Ai Austin apareceu lá em casa com a minha inscrição e eu acabei entrando na Florida Barry University. No começo eu estava assustada, eu queria ser invisível, eu tinha medo de conhecer pessoas novas e querer fazer outras coisas, viver minha vida e começar a deixa-la de lado, eu tinha medo que ela não suportasse, pois somos muito apegadas, eu tinha medo de qualquer coisa acontecer porque no começo da doença ela era muito frágil, as vezes eu esqueço o quão forte ela está agora.

Eu explicava tudo a Lauren que me ouvia atentamente e fazia carinho na minha mão em forma de conforto. Ela ficava tão linda assim me olhando atentamente.

Então hoje minha mãe me ligou e disse que ela tinha tido uma recaída, eu corri pra casa e encontrei Austin que estava me levando até minha mãe me avisar que era alarme falso eu decidi voltar pra faculdade pra não perder as ultimas aulas, mas ele me convidou para almoçar e como eu estava com muita fome eu fui, eu não sabia que isso tudo ia acontecer.

-Camila, por favor, me perdoa. Me diz algo que eu possa fazer pra te compensar.

Lauren estava ali tão linda, me encarando com tanto carinho e não soltava minha mão de forma alguma, e quando ela me perguntou o que poderia fazer para me compensar eu quis beija-la e dizer que seu beijo poderia compensar. Eu estava com suas roupas e sorria involuntariamente ao sentir seu perfume forte em seu moletom, era tão bom tão apaixonante e tão embriagante. Agora eu encarava sua boca rosada perto de mim e eu só queria o calor do seu abraço me trazendo à segurança que eu precisava eu só queria suas mãos no meu cabelo fazendo carinho, eu queria beija-la, Deus eu queria beija-la muito.

“Noticia Urgente” A voz na TV chamou nossa atenção à repórter dizia que teve um acidente por conta da tempestade na rodovia principal que leva a minha casa era grave e eles tiveram que fechar, ou seja, ninguém entra e ninguém sai. Lauren olhou pra mim com surpresa e eu sorri sem graça.

- E agora como eu vou embora?

-Parece que você vai ter que passar a noite comigo, Srta. Cabello.

Eu não sei o que anda acontecendo comigo, mas eu só peço forças pra conseguir passar essa noite.