História I See Fire - Compensation

Lauren’s Pov.
 

-Lauren Michelle, essa é a ultima vez que eu te chamo para levantar! –Bufei, me dando por vencida, já que a voz da minha mãe já soara a milésima vez dentro daquele quarto, inclusive me fazendo praguejar inúmeras gerações pela decisão de ter dormido na casa de meus pais ontem à noite.

Eu acho que meu cansaço na noite passada não fez meu cérebro funcionar corretamente, quando me vi já estava estacionando na casa de meus pais, eu não tinha disposição alguma para dirigir de volta ao meu apartamento e a casa de meus pais era mais próxima. Era isso ou eu tinha coragem de dormir num hotel mais próximo, a exaustão estava tomando conta de mim.

Tanto o cansaço físico, quanto mental me atingiram fortemente na noite passada. Camila praticamente me enxotou de sua casa me deixando parada sozinha com cara de idiota na varanda sem ao menos uma explicação plausível, plausível? Sim! Porque aquela coisa de “estou passando mal” de uma hora pra outra não colou muito bem não.

Eu fiquei procurando detalhes na minha mente, alguma atitude errada minha, que a levasse agir de tal forma, mas eu não via nada que eu houvesse feito ou dito de errado.

-Lauren olha... Ah, já levantou né. –Clara estava parada na porta do meu quarto, provavelmente pronta para me dar outro grito, quando me viu trocando de roupa já de pé.

-Engraçado, não me lembro de quando você ficou tão velha chata assim. –Eu disse com bom humor e minha mãe me fitou incrédula.

-Desde pra tomar café conosco tá? –Ela disse se retirando dali, agora com um sorriso no rosto e eu sorri de volta.

Dá próxima vez que eu passar a noite aqui tenho que se lembrar de deixar umas roupas, não tem nada que preste nesse armário, só coisa velha ou pequena demais, e não faz nem tanto tempo que me mudei.

Depois de conseguir algo para vestir milagrosamente, desci vendo toda minha família na mesa, tirando Chris que pude ver vindo logo atrás de mim.

-Minha mãe não deixa ninguém dormir, é impressionante. –Chris dizia para mim e eu murmurei um “agora sei com quem ela pegou pratica nessas chatisses.” Ele apenas sorriu e nos juntamos à mesa com Clara, Michael e Taylor.

O café da manhã havia sido incrivelmente tranquilo, meus pais não falaram absolutamente nada desconfortável comigo, até me elogiaram por eu estar indo bem na empresa e me dedicando, o que eu achei extremamente estranho, porém resolvi aceitar de bom grado, espero que agora eles estejam vendo que, sim, eu posso mudar.

A única pessoa que ficou me enchendo o café praticamente todo foi a Taylor, que cismava que eu estava apaixonada por alguém, que ela me “conhecia.” Eu tinha total certeza dos meus sentimentos com Camila, porem eu também tinha total certeza que nosso relacionamento não passava de amizade, então decidi que não teria porque compartilhar com ninguém sobre tais sentimentos, uma vez que nunca nem chegamos a ficar.

Me despedi dos meus pais e o caminho para faculdade parecia tranquilo, eu estava totalmente cansada pois tinha certeza que não havia me recuperado do dia exaustivo que eu tive ontem. Ainda queria encontrar Camila e entender sua atitude, mas eu não a procuraria, além de ser uma pessoa extremamente orgulhosa, que esse não era o caso, pois se eu estivesse errada eu com certeza a procuraria, mas ela que praticamente me enxotou ontem, eu queria entende-la, espero que ela tenha atitude de me procurar.

-Lauren! –Avistei Normani no corredor, eu já estava indo em direção a minha aula do dia, que por graças era Teoria financeira da administração, e eu me sentia super a vontade nessa aula. Fomos caminhando e jogando conversa fora, até nossas respectivas aulas.

O dia se passava lentamente e eu ainda não tinha visto Camila, nem no almoço nem em horário nenhum, o que era incomum, mesmo quando nos não parávamos para conversar eu via sempre Camila mesmo que de longe, mesmo que rápido, mas eu a via. Porem hoje, foi diferente e eu ainda não havia visto a menina mais nova uma vez, estava começando a achar que ela tinha faltado.

Estava caminhando para a ultima aula do dia, quando vi Dinah no corredor, decidi perguntar por Camila, sem problemas nenhum nos éramos amigas e eu ainda não havia visto ela, não teria algum problema certo?

-Dinah, oi! Você sabe da Camila? –Perguntei um pouco ofegante, tinha dado uma corrida rápida para alcança-la já que estava no final do corredor e eu na metade.

-Oi Jauregui, oh... Camila está em casa, ela não estava se sentindo muito bem hoje e decidiu não vir. –Ela disse com um sorriso pouco nervoso no rosto, e por mais que eu estivesse achando aquilo tudo estranho, decidi não prolongar a conversa com Dinah, afinal mesmo que ela soubesse algo de Camila ela não iria me falar. Sai de lá murmurando um “obrigada” e me despedi de Dinah, decidi que não assistiria a ultima aula do dia, eu iria até a casa de Camila, independente de ela querer ou não falar comigo ela vai ter que me ouvir, ela vai ter que me explicar o porquê de ela estar agindo, estranha.

Agora eu estava somente há um quarteirão da casa de Camila, uma sensação incomoda na boca do estomago tomou conta de mim, um certo nervoso. Camila estava me evitando? Se sim, por quê? Será que ela havia percebido meus sentimentos por ela e decidiu se afastar? Será que seus pais não gostaram da ideia de eu ver Camila e a proibiram de algo mesmo depois de saberem meu sobrenome? Inúmeras perguntas rondavam minha mente aquela tarde, agora eu já estava em frente à casa de Camila desligando o carro.

Camila Cabello e seus inúmeros porquês sem resposta na minha mente, porem hoje seria diferente, hoje era iria me responder.

Suspirei alto e caminhei até a entrada de sua casa, dei três batidas e nada, a casa estava um completo silencio. Com a sorte que eu tenho eu não duvido nada ter dado viagem perdida. Bati novamente só para conferir e, nada. Bufei e me coloquei a sair do quintal de Camila já com a certeza que não falaria com a menina hoje.

-Lolo! –Eu já estava abrindo a porta do meu carro, quando me virei e vi uma Sofia vindo em minha direção.

-Oi pequena.–Me abaixei pegando Sofia no colo, era impressionante como eu me sentia bem com a menina mais nova. Vi Camila se aproximar de nos duas e eu caminhei até a calçada e coloquei Sofia no chão, Camila agora me encarava num misto de surpresa e felicidade, eu não sabia definir.

-Oi Laur, o que você faz aqui? –Ela perguntou com certeza cautela, e eu podia jurar que ela estava tentando não parecer indelicada.

-Eu... Hm... Eu... –Eu o que mesmo?  Eu havia saído da faculdade com um propósito e decidida a confrontar os porquês que se formavam na minha mente em relação à Camila, mas eu cheguei aqui, aqui estou, e não lembro o meu sobrenome. Olhar pra essa menina me deixa fraca, sem forças, com o estomago parecendo que existem mil pessoas a pisotear. Uma simples menina, um acidente de carro, uma ocasião, uma amizade. Eu posso dizer com toda honestidade do mundo que eu nunca me senti dessa forma, eu pareço fraca e forte ao mesmo tempo perto dela.

-Camila, nós podemos conversar lá dentro? –Disse me esforçando o Maximo para não gaguejar, Camila me olhava com uma expressão preocupada, e ansiosa, mas apenas assentiu e fomos caminhando em direção adentro de sua casa, junto com Sofia.

-Sofi, você pode me dar licença um pouquinho? A Lauren quer conversar comigo. –Camila disse fitando sua irmã com seriedade, a pequena apenas assentiu se retirando da sala onde nos estávamos e me dando um aceno de tchau.

-Seus pais não estão em casa?

-Não, trabalhando, ambos. –Camila respondeu sentando-se ao sofá e indicando que eu fizesse o mesmo, eu prontamente atendi.

Maldita hora que eu sugeri que conversássemos aqui dentro, agora estávamos no sofá menor de sua sala nos encarando, nenhuma das duas dizia nada, e pairava um silencio totalmente desconfortável. Camila estava tão perto que eu podia sentir seu perfume adocicado, e eu aproveitei esse momento para guardar cada detalhe do seu rosto perfeitamente esculpido como se tivesse sido feito por deuses. Meu olhar não saia do seu, o chocolate no verde parecia uma combustão e eu quase podia ver o fogo. Até aí tudo bem, estava tudo mais estranho do que nunca, porém ainda sim era cômodo. Quando senti que não podia mais me controlar, meu olhar desceu para sua boca grande, bem desenhada e carnuda instantaneamente, eu não pude controlar. Mas para minha surpresa, antes que eu pudesse fazer qualquer tipo de movimento, senti o olhar de Camila descendo para minha boca também, e para minha surpresa maior ainda ela mordeu seu lábio inferior.

Foi nesse momento que eu soube que eu realmente estava encrencada.

Camila’s Pov.

Eu estava evitando Lauren, pelo menos tentando, até ela aparecer na minha porta toda linda, até ela me aparecer com minha irmã nos braços, até ela aparecer na minha vida.

Liguei para Dinah pela manhã avisando que não iria à faculdade hoje por motivos indefinidos, mas minha melhor amiga, claro, me conhece muito bem para acreditar em qualquer coisa banal dessa forma. Ela logo tratou de querer saber toda a verdade e eu não pude deixar de revelar, disse a ela minha frustração para com Lauren, alem dos meus sentimentos que ela já sabia. Expliquei minha situação, e expliquei que queria tentar desapegar um pouco, tentar transformar tudo o que eu sentia numa amizade, talvez fosse possível certo? Talvez se tudo com Lauren não fosse tão intenso eu conseguiria separar a atração fodidamente forte que eu sentia por ela. Mas como devemos agir quando o que sentimos por outra pessoa não é somente, atração?

Agora nos encarávamos, nos encarávamos no sofá da minha sala sem pudor. Vi quando o olhar da Lauren deixou meus olhos e se pôs a minha boca, eu quase que instantaneamente fiz o mesmo, não pude deixar de morder os lábios quando observei sua boca maravilhosa, eu tinha tanto desejo reprimido que não sabia da onde saia tudo aquilo, com ela era sempre tudo tão intenso. Lauren me olhava com certo desejo, e eu não estava surpresa por aquilo. Independente de qualquer forma de amizade eu ainda era uma mulher, e mesmo que eu fosse a ultima mulher que seria desejada por Lauren no mundo, eu ainda era uma! E se eu tivesse 1% de chance de que Lauren passasse a me ver como uma mulher e não como uma simples garota e amiga?

Fechei os olhos me lembrando das palavras de Austin no dia em que terminei com ele.

“Camila, você é tola e ingênua, mesmo que essa garota sinta algo por você um dia, qualquer dia que seja, será que você não percebe que não vai passar de um simples desejo sexual?! Ela pode até te ver como uma mulher, mas sempre será desse jeito.”

Abri meus olhos e dei de cara com as esmeraldas mais maravilhosas do mundo. Rapidamente tratei de me afastar de Lauren, me levantando e passando as mãos pelos cabelos nervosamente. Lauren agora me olhava com uma expressão confusa no rosto, e por mais que eu odiasse ter quebrado nosso momento, as palavras de Austin doíam e ecoava na minha cabeça, por mais que eu quisesse eu não conseguia simplesmente ignorar e aquilo me magoava, magoava mais ainda por saber que existe uma probabilidade imensa de ser verdade.

-Você não queria falar comigo?

-Falar com você?! Oh, sim, porque você não foi a aula hoje?

-Não estava me sentindo muito bem. –Eu dizia tentando parecer o mais indiferente possível.

-Você parece normal agora. – Lauren disse e seu rosto se contorceu em uma careta engraçada e irônica ao mesmo tempo. 

-Agora. –Apenas dei de ombros e me virei de costas para ela em busca do controle da televisão, queria fazer de tudo possível para distrair, e esse ar estranho desaparecer.

-Camila, não faz assim. –Eu poderia dar um ataque cardíaco, porque força nas pernas agora eu não dia mais. Lauren praticamente sussurrou essas palavras no meu ouvido, ela estava de pé atrás de mim que estava de costas para ela, ela não me tocava com os braços, mas estava tão próxima que eu pude sentir seu halito quente tocando meu pescoço.

-La-Lauren. –Me virei de frente para ela e a proximidade fez com que eu falhasse ao tentar assimilar alguma frase, e obviamente ela percebeu, pois agora tinha um sorriso lindo, e até um pouco malicioso em seu rosto.

-Camila, eu só quero entender o porquê de você estar me evitando quando eu faço de tudo para estar mais próxima de você. –Aquelas palavras me atingiram, eu abaixei o olhar e me desviei de seu corpo. Ela estava chateada comigo, ela estava confusa por eu estar agindo de uma forma que não teria porque agir com uma pessoa que lidava com nossa amizade tão bem.

Eu era uma completa idiota, ela girou os calcanhares e se pôs de frente para mim novamente, mas em uma distancia menos perigosa. Ela me encarava confusa, e distante como quem quer gritar ME EXPLICA O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO PORRA. Mas Lauren e sua educação eterna jamais permitiriam isso.

-Lauren, é impressão sua. –Tentei o meu melhor, mas falhei novamente e obviamente.

-Impressão Camila? Eu venho na sua casa para tentar fazer com que sua mãe aceite que eu sou uma boa companhia para você, você praticamente me enxota daqui com uma desculpinha, agora eu estou aqui tentando entender o que esta acontecendo e você me trata como uma criança. – Lauren dizia e eu podia sentir toda a irritação e chateação apenas em seu tom de voz.

Por que as coisas tinham que ser incrivelmente complicadas para mim? Eu só queria entrar naquela faculdade e sair da mesma forma que entrei, será que a vida não podia deixar de armar merdas pra mim, eu já passei por tanta coisa com minha irmã, meus pais, e outras que não vale nem a pena mencionar. Eu não queria nada disso, não queria problemas e complicações e muito menos me apaixonar, mas aqui estou eu,

Nessa esperança boba de um dia Lauren Jauregui perceber o quanto a gente junto faz sentido, como se estivéssemos num filme onde o tempo passa e o casal central da história nunca esquecem um do outro e no fim sempre há uma chance pra que tudo seja diferente, será que teremos essa chance? Não sei, e provavelmente não! Mas mesmo sem saber algo dentro de mim espera, espera por um nós, espera por um começo para um fim que dentro de mim ainda não existiu.

-Lauren eu...

-O que Camila, me diz qual a desculpa dessa vez?! –Lauren dizia irritada e estava se aproximando de mim, eu senti minha respiração prender nos pulmões.

-Eu... –Tentei.

-Foi o que eu pensei, não tem desculpa, você está me evitando porque simplesmente acha que deve fazer isso.

-Lauren você não entende! –Eu disse frustrada, estávamos ofegante e perigosamente perto, Lauren me encarava e eu podia ver fúria e chateação naquele mar verde a minha frente. Meu peito subia e descia e eu não sabia se era por conta da nossa discussão ou por estar tão próxima dela.

-Eu estou tentando entender Camila. –Silencio parou sob nos, eu não sabia o que responder, Lauren estava tão próxima a mim que eu tinha certeza que meu cérebro estava falhando tanto quanto meu coração, eu abri a boca para tentar dizer algo, mas nada saia, eu estava totalmente perdida no mar verde que eram seus olhos.

-Me deixa te entender, Camila. –Ela praticamente sussurrou.

 Quando eu menos esperava, quando eu menos poderia esperar ela selou a distancia entre nós, e eu senti o ar se esvair do meu pulmão de uma forma tão intensa. Lauren estava me beijando, não era um beijo afobado, era um beijo sem pressa e intenso, intenso, mas diferente de qualquer outra coisa que eu poderia imaginar na vida, beijar Lauren era como um carnaval brasileiro e ao menos tempo uma noite em paris. Seus lábios se moviam quando senti seus braços me envolverem, ela puxou meu corpo para si e eu deixei me levar, colocando minhas mãos em sua nuca, eu estava no paraíso, era o céu e o inferno ao mesmo tempo, todo desejo reprimido, tudo que eu vinha guardando todo esse tempo parecia ter explodido comigo e com aquele beijo. Nem nas minhas mais perfeitas fantasias, nem nos melhores sonhos que eu poderia imaginar eu imaginaria que o beijo de Lauren fosse ser tão incrível.

Lauren deslizou suas mãos pelas laterais do meu corpo, até chegar a minha cintura, e logo após minha bunda, foi quando toda corrente elétrica percorreu pelo meu corpo. Todo o choque do porque ela ter me beijado e as palavras de Austin e sua reputação, e onde estávamos me atingiram de uma forma arrebatadora. No mesmo segundo eu coloquei minhas duas mãos sob seu ombro e a empurrei sentido ao contrario.

-Camila... Camila eu... Camila... –Lauren tentava com a voz rouca e falha, ela estava com os olhos arregalados e totalmente arrependidos.

-Lauren vai embora! –Pedi num fio de voz, meus olhos teimavam em marejar contra minha própria vontade, eu tremia ainda em êxtase pelo beijo, pelo momento e por toda a sensação.

-Camila me desculpa, por favor.

-Só... Só vai embora. –Aquilo era demais pra mim, eu estava tremula quando alcancei seu olhar que também estava marejado, logo me virei de costas para sair dali em direção à porta.

Eu só queria que ela fosse embora, não aguentaria seu olhar, eu estava doida para voltar para seus braços e deixar que ela fizesse o que quisesse comigo mesmo que fosse só por uma noite, mas eu não me permitiria a isso, eu não faria tal coisa sabendo que no final só quem sairia magoada da historia seria eu, pois eu tinha sentimentos reais por ela que iriam muito alem de prazer.

Meu corpo enrijeceu todo quando ela passou por mim batendo a porta, eu continuei na mesma posição fitando o nada ainda incrédula de tudo que aconteceu, eu sei que não deveria tê-la mandando ir embora novamente, mas não era assim, não era assim que as coisas eram para supostamente acontecer. Agora eu estava sozinha ali sozinha, e totalmente confusa.

Eu havia brigado e beijado Lauren, era muita coisa em um dia para mim.