História I See Fire - La Sourires

Lauren’s Pov.

Merda, merda, merda.

Bati forte com as mãos fechadas sob o volante, estava dirigindo de volta ao meu apartamento.

Eu sabia que não deveria ter feito aquilo, pelo amor de Deus estávamos em um beijo calmo, apenas sentindo e apreciando uma a outra, por que minha mão teve que “escorregar” naquela bunda maravilhosamente enorme? Não era pra ter sido desse jeito, não era pra ter saído assim. Mas eu não podia me ajudar, beijar Camila era intenso demais para mim, na mesma proporção que eu a queria, eu a queria de qualquer jeito, inteira e completa. Tudo com Camila era intenso demais, perigoso demais, complicado demais, perfeito demais.

Beija-la era tudo ou nada, ELA era tudo ou nada. Eu sei que agi de uma forma ridícula, parecia que eu era uma tarada, provavelmente o beijo que nem era pra ter acontecido na cabeça dela, ela deveria estar com nojo de mim. Ela deve achar que eu me aproveitei dela num momento indefeso dela, e o simples pensamento de Camila pensando isso de mim já me quebrava por inteira.

Eu beijei minha amiga, pelo menos era minha amiga, não sei como ela vai se portar depois desse beijo roubado, mas ela correspondeu, ela correspondeu ela me beijou de volta. Esse pensamento acendia uma pequena luz de esperança em mim, mesmo sabendo que eu não deveria, mesmo assim o lado otário do meu cérebro pensava numa possibilidade de “E se...”

E se... Ela tivesse gostado de me beijar.

E se... As coisas não fossem mudar entre nós.

E se... Ela tivesse percebido algo nesse beijo.

Bufei fortemente voltando à realidade, as coisas não eram tão simples assim, na vida real era tudo muito mais complicado e complexo do que a gente realmente gostaria que fosse e com Camila os mil era mil vezes mais.

Qual a parte do “Eu não quero problemas esse ano você não entendeu.” Eu disse gritando com a mão para o teto como estivesse falando com Deus mesmo embora, soubesse que não estava sendo percebida.

Estava tudo tão bem, pelo menos estava tudo se resolvendo com meus amigos, a empresa, meu avô, minha família. Estava tudo indo perfeitamente ajeitado como eu queria que ficasse aí apareceu Camila, e eu estou aqui, me sentindo embriagada com um simples beijo.

Existem três tipos de sorrisos (em minha opinião). Os sorrisos dados com a boca, sorrisos dados com o corpo inteiro e sorrisos dados com os olhos.

Mas qual a diferença entre eles? Simples, o mais comum é o sorriso dado com a boca. Tem aquele mais tímido de canto de boca, ou aqueles abertos que mostram todos os dentes, e tem também as gargalhadas. Eu nunca havia me apaixonado seriamente por ninguém que eu me lembre, mas eu já admirei principalmente sorrisos assim, sou admiradora fiel de belos sorrisos.

O outro é aquele sorriso que é dado com o corpo inteiro. Quando a pessoa está inquieta, tremula, parece que em estado de êxtase. Mas assim como o primeiro esse também nem sempre pode ser real e verdadeiro, a pessoa pode estar lá, toda agitada, toda eufórica e por dentro estar em pedaços e totalmente sem força.

E por ultimo tem aquele sorriso. O sorriso que é dado com os olhos, ah esse sim é o mais lindo, pois não tem como ele ser falso, ele será sempre um sorriso verdadeiro porque ele reflete o que esta dentro da gente, na alma, no fundo do coração, então se estivermos triste ou algo parecido, os olhos não irão sorrir… Não adianta os olhos sempre nos entregam. Os olhos não mentem, e por isso, esse se torna o mais belo sorriso.

E eu me apaixonei por um sorriso assim, que é dado com os olhos, que vem do fundo do coração. Sei que Camila nunca me demonstrou nada, nunca me disse uma palavra que desse a entender que ela estava apaixonada por mim, mas não precisamos de regras, os olhos delas nunca mentiram em relação ao com confortável minha presença era pra ela, quando ela me via, seus olhos brilhavam  e por mais que sua boca nunca havia se pronunciado a respeito, seus olhos sempre deixaram claro que eu era uma pessoa importante para ela, talvez não dá forma que eu quisesse, talvez não dá forma que deveria ser, mas eu era.

Sei que esse sorriso nunca será meu, não pelo menos da forma que eu desejo, mas mesmo assim, ele continuará sendo o sorriso mais lindo e doce que já conheci até hoje.

Agora eu estava sozinha em meu apartamento, depois de uma longa ducha e ter tentado ver um ou dois filmes para tentar me distrair sem sucesso, eu acabava no mesmo lugar, ou melhor, com os pensamentos no mesmo lugar, na mesma pessoa.

Meus pensamentos giravam, eu não aguentava lembrar-se do olhar arrependido de Camila sob mim, provavelmente se agora ela se arrependia por ter beijado sua amiga, e eu me arrependo por ter avançado em algo que provavelmente iria estragar nossa amizade.

-Não me olha assim, eu sei que deveria falar com ela. –Falei com meu cachorro que estava parado no pé da minha cama em tom de desabafo, mesmo sabendo que o animal não me responderia.

Na manhã seguinte, eu acordei com o que parecia uma tonelada de tijolos sob meu corpo, peguei meu celular e avistei que no visor havia 3 notificações, dei um pulo da cama na esperança de ser mensagens de Camila, mas era apenas Keana me avisando sobre os trabalhos. Ótimo Lauren, você parece uma garotinha idiota.

Consegui fazer tudo mais rápido que o normal e estava dirigindo já dentro do campus da Barry University e sentia o nervoso crescendo conforme eu me aproximava da faculdade. Ao descer e ir caminhando como de costume, logo avistei em meio a alguns alunos espalhados pelo local, Ally, Dinah e Camila, as três conversavam sentadas em um banco ali mesmo no campus, eu estava em uma guerra interna sobre ir ou não falar com elas. 

Decidi que seria melhor segui meu rumo, ainda não havia falado com Camila pessoalmente e sozinha desde nosso beijo, e eu definitivamente não saberia como reagir caso a mais nova me tratasse mal, ou até mesmo falasse algo em relação ao assunto na frente das amigas. Fechei os olhos, virei de costas e me pus a caminhar sentido contrario a elas.

-Lauren, ei Lauren. –Ah, mas é claro que se a Allyson me visse ela iria me gritar. Genial Lauren, só que você ainda não usa a capa invisível do Harry Potter. Praguejei-me via pensamentos, agora não tinha outra saída, meu plano de evitar tudo, simplesmente fora por água a baixo.

Apertei meus olhos, respirei fundo, pus o sorriso mais falso que podia no rosto e fui em direção ao banco.

-Bom dia meninas.

-Bom dia só se for pra você, eu tenho aula com o professor Josh logo agora no primeiro turno. –Dinah dizia porem sua voz exalava bom humor.

-Lauren, você nos viu aqui e ia simplesmente passar direto? –Questionou Allyson, eu sabia que ela sabia que eu havia as visto, e claro que minha amiga menor, não iria deixar passar essa sem questionar.  

-Ah sabe como é, eu ia passar na biblioteca pra tirar uma duvida que eu tava em gestão corporativa. –Sorri sem graça, porém satisfeita com a resposta rápida e convincente.

Ela apenas assentiu e continuou falando sobre assuntos aleatórios com Camila e Dinah. Em nenhum momento Camila me olhou, ou me dirigiu a palavra, ela falava com as meninas, gesticulava, sorria porem, nem ao menos me olhava, eu me sentia uma completa estranha assistindo uma cena de filme, de fora.

O aviso tocou alertando sobre o começo das primeiras aulas do dia, as meninas rapidamente recolheram suas bolsas e fomos todas andando, estudávamos em blocos diferentes. Porem, justo hoje não sei se por ironia ou sacanagem do destino, eu e Camila estudávamos em blocos mais distantes, assim aos poucos, tanto Ally, quanto Dinah foram em direção aos seus respectivos blocos deixando eu e Camila sozinhas caminhando lado a lado.

E ali agora estávamos, não sei ao certo descrever como estou sentindo nesse exato momento, um misto de nervoso e confusão, eu não sabia como agir, o que fazer ou até mesmo o que falar, Camila parecia estar ali sozinha, ignorando completamente minha existência, ela olhava para os lados cumprimentando alguns conhecidos que passava, sussurrava algo olhando para os livros em suas mãos como quem estivesse fazendo alguma nota mental, não sei ao certo que ela estava mesmo tentando se manter ocupada e distraídas para não falar comigo, ou se ela estava com tanta raiva de mim que tivesse decidido não falar mais nada. Embora essa ultima opção fosse a mais coerente, embora o pensamento de Camila com raiva de mim por culpa absolutamente e inteiramente minha estivesse me amedrontando, algo em meu interior me dizia que o motivo não era esse, Camila não seria tão infantil para após do que aconteceu, ficasse com raiva e decidisse por fim tomar essa atitude sem ao menos trocarmos uma conversa e/ou dialogo descente.

Já estávamos chegando ao prédio de Camila e o meu ficava mais atrás, percebi que a mais nova ainda me ignoraria e não trocaríamos uma palavra sequer se não fosse eu a primeira a agir. Então em um sopro de idiotice, ou coragem ainda não sei ao certo, decidi por fim aos meus pensamentos incertos por algumas certezas que Camila deveria me esclarecer, eu não iria passar a aula inteira tentando adivinhar a atitude da mais nova.

-Camila, nós precisamos conversar. –Chamei com a voz falha, estávamos paradas em frente ao seu prédio, sei que não tínhamos tempo e ela precisava entrar para sua aula, mas eu também precisava falar com ela e seria agora ou nunca.

Pude ouvir quando Camila suspirou, mas ao contrario do que eu pensava não obtive resposta alguma, ela apenas me olhou como quem dizia, “pode falar” mas em silencio, como se fosse cansativo demais para ela falar comigo.

-Então você vai agir assim...

-Lauren, está tudo bem. –Eu tentei começar porem fui cortada bruscamente, por uma Camila que agora me olhava nos olhos com toda segurança. -Está tudo bem, você não precisa falar nada. –Ela continuou me olhando fixamente.

-E-eu, as coisas não...

-Lauren, tudo bem, ok? –Arregalei os olhos, tentei novamente e fui cortada também novamente. 2x0 pra você Karla.

-Você me beijou, ou melhor, nós, nos beijamos, mas não importa vamos esquecer e continuarmos, sem estragar nossa amizade.

Eu abri a boca para tentar falar algo, mas nada saia, eu sabia que o que eu sentia por Camila não era recíproco da maneira que eu gostaria porem, não sabia que ela lidaria tão bem dessa forma, e agora ela havia me deixado sem palavras, como me desculpar com alguém que claramente não quer desculpas?!

Antes mesmo que eu pudesse pensar ou tentar falar algo, Camila foi puxada bruscamente pelo braço por um jovem rapaz que deveria ser, seu colega de classe?

-Camila, você precisa me ensinar àquelas coisas em espanhol... Oh, desculpe eu não vi que ela estava conversando com alguém. –O rapaz falou trocando seu entusiasmo por agora um sorriso sem graça, provavelmente pela intromissão e soltando o braço de Camila.

Intimo até demais pro meu gosto.

-Shawn, pode ir indo que em 2 minutos eu to subindo. – Ele apenas assentiu murmurou um tchau que eu não fiz a mínima questão de responder, apenas o acompanhei sair com os olhos, e voltando a Camila vi que ela me olhava com a expressão tranquila.

-Lauren, eu preciso ir mesmo, mas como eu disse antes, está tudo bem. –Ela sorriu sem dentes, mordendo o lábio inferior para se aproximar de mim me dando um beijo na bochecha e saindo logo em seguida, sem ao menos me dar a chance de lhe responder ou de me despedir.

Camila, a única pessoa no mundo que consegue me deixar confusa antes, durante e após uma conversa.

-Ei Lauren, deixa de moleza hoje temos teste. –Era a voz de Albert, um antigo amigo que estuda comigo desde o inicio do meu curso.

-Quem dera estar de moleza. – Respondi em um longo suspiro, constatando minha situação anterior, ainda embaraçosa com Camila.

Indo ao nosso bloco para a primeira aula que provavelmente estávamos um pouco atrasados. Acontece que Albert sempre foi um bom amigo, porem eu havia o afastado como fiz com Normani e Ally em épocas de que não me orgulho. Com um jeito reservado, era um rapaz doce e muitas vezes me ajudou a encobrir nas mentiras que eu inventava para meu pai quando queria ir pra festas. Eu olhava para o rapaz de óculos de grau e olhos azuis a minha frente e me lembrava o quanto eu confiava nele e quanto confiei um dia, porem não sei se confiava o suficiente para sair contando os problemas de minha vida, embora eu soubesse que, precisava urgentemente de uma opinião que não fosse de Verônica que era a única pessoa que sabia dos meus sentimentos por Camila.

-Problemas no paraíso? –Ele estalou os dedos a minha frente como quem quisesse me tirar de meus pensamentos.

-Como? –Perguntei, pois realmente não havia entendido a pergunta.

-Namorada nova? Eu vi você com aquela latina há poucos minutos quando eu saia do prédio.

-N-não, Camila e eu somos amigas.

-Lauren, quem não te conhece que te compre. Além do mais eu acho ótimo você namorar alguém de psicologia, agora podemos visitar nossas namoradas juntos. –Ele dizia segurando as alças da mochila que carregava com as duas mãos e um sorriso orgulhoso no rosto.

-Você tá namorando? Alb mas que maravilha. –Sorri abraçando meu amigo que abraçava forte de volta.

Acontece que Albert era um rapaz bonito, porém muito reservado, e até um pouco nerd, totalmente diferente de mim, tanto é que ninguém acreditava na nossa amizade, Keana e Alexa até diziam que com toda certeza ele era apaixonado por mim, e eu até acho que ele tinha sentimentos no começo de nossa a amizade, porém ele foi vendo que as coisas eram meio que improváveis acontecerem principalmente por nossa total diferença. Eu me tornei uma “guarda” dele, quando implicavam com ele, quando pegavam no pé dele eu sempre o defendia e ele meio que ficou grato a mim, um dia eu peguei ele chorando no laboratório de química dizendo que um rapaz havia dito que ele era incapaz de arranjar alguém, que a única mulher que se aproximaria dele era eu, porque tinha pena. Por que faziam isso com Albert? Eu não sei, pessoas desse tipo não precisam de motivos para fazer mal aos outros, mas se eu tivesse um palpite eu diria que tinham inveja pois Albert era muito inteligente.Todos nos sabemos que por mais que tentamos evitar certas pessoas e não ligar para palavras negativas e opiniões alheias há certas coisas que mexem conosco, que machucam. Ver que Albert encontrou alguém não poderia me deixar mais feliz, pois ele era merecedor de amor como qualquer outra pessoa.

-Ela é tão legal Laur, você precisa conhecê-la.

-E eu quero, com certeza eu quero. –Soltei de seu abraço e entramos no prédio conversando e rindo, fiz uma nota mental de não afastar Albert da minha vida novamente.

Chegamos à porta da sala de aula, porem antes de entrarmos, Albert parou em minha frente e me fitou através da lente de seus óculos:

-Você não vai fugir Lauren Jauregui, eu ainda quero saber tudo sobre a latina. –Ele piscou e entrou porta adentro, porta que se fechou automaticamente me deixando do lado de fora do corredor, eu apenas sorri para mim mesma lembrando-se dos velhos costumes que tínhamos de deixar o outro para entrar por ultimo e receber toda bronca do professor que estivesse em sala.

Coloquei a mão sob a porta pronta para empurra-la, respirei fundo sabendo que iria receber uma ótima bronca do professor, porem fui impedida por uma voz que se aproximava em passos largos.

-Lauren!

Não, não, não.

-Lauren, olha pra mim! –A voz de aproximava, minha garganta secou.

Não, por favor, não agora.

-Lauren, sou eu.

Eu sei que é você, eu só não quero ter que lidar com isso, não agora.

-Lauren olha pra mim. –Agora ela me puxou pelo ombro me obrigando a encara-la. Estávamos frente a frente.

-Eu voltei, e nós temos que conversar.

Eu não tinha mais saída, a bomba já havia caído sob mim e eu teria de enfrenta-la mesmo não sendo o momento mais oportuno.

-Eu sei Alexa, e nos vamos conversar.

Era agora ou nunca.