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História I-Tec: Contos de Quatro Vidas - Gêmeas Rodríguez - Verdade e Consequência


Escrita por: IcaroBP

Capítulo 14 - Gêmeas Rodríguez - Verdade e Consequência


_Não quer brincar com a gente, Violet? – Aline perguntou, vendo que Violet se levantou para se afastar da nossa mesa.

_Já fazendo perguntas se eu nem escolhi “verdade ou consequência”? – minha irmã respondeu. Sempre sarcástica – Além disso, a flecha tá apontando da Elliane pra mim. Achei que você soubesse jogar, Loirinha.

Violet e sua habilidade de desarmar a Aline antes mesmo dela atacar. Acontece que os meninos fizeram no mês passado um ranking das garotas mais bonitas do oitavo ano. Naturalmente, fiquei em primeiro lugar. Não me importo de verdade com essas coisas, mas o que posso fazer? Mas, por algum motivo, a beleza exótica da Violet perdeu para a Aline Mariotti, a filha do dono da rede de supermercados Mariotti, que é uma loirinha normal de olhos azuis. A Violet não se importa de verdade com isso, afinal, ela é uma Rodríguez. Sabemos do nosso valor. O problema é que a Aline “Marionete” – como Violet a chamava – se importava. Depois daquilo, começou a encher o saco da minha irmã.

_Então você quer verdade ou consequência? – perguntei a Violet.

_Consequência – ela olhou nos meus olhos. Os comentários pejorativos sobre seus cabelos azuis que Aline havia feito nas últimas semanas foram a gota d’água. Aline aprenderia a não se meter com as Gêmeas Rodríguez.

_Fica fora da brincadeira – eu disse. Violet realmente odiava “Verdade e Consequência”, e era hora de eu mostrar quem é que manda. A Violet não precisa ficar.

_Estou saindo então – ela sorriu ironicamente para Aline – Conseguiu aprender, Loirinha? É assim que a brincadeira funciona.

E o tiro da Aline saiu pela culatra. Ela provavelmente queria ridicularizar Violet por não querer participar da brincadeira, como se ela fosse uma covarde ou algo assim. Ver a cara dela após ter protagonizado mais uma piada de loira burra foi impagável!

_Mas a gente nem tinha começado ainda – ela se desculpou.

_O que foi, Aline? Não sabe reconhecer uma piada? – provoquei.

AS garotas riram, e Aline resolveu começar a brincadeira logo. Girou a flecha, que apontava da Daniela para a Heloísa.

_Verdade ou consequência? – inquiriu Dani.

_Consequência.

_Eu tava esperando por essa! – Dani sorriu maldosamente enquanto tirava um pacote de balas do bolso – Chupa essa bala Halls preta e beba dois copos de água gelada ali no bebedor. Gelada. Tô de olho!

Por isso sempre gostei da Dani. Ela sabia se divertir sem criar situações constrangedoras. Bom, pelo menos não era para ser constrangedor, mas a Helô fez uma careta tão feia ao sentir tanto gelo na garganta que nem eu mesma segurei o riso.

_Verdade ou consequência? – Amanda para Lara.

_Verdade.

_Com quantos anos você perdeu o BV? – E infelizmente nem todo mundo é que nem a Dani.

_Com doze anos... Foi no ano passado, até tinha contado pra vocês – por sorte, a Amanda é sonsa e a Lara sempre foi um livro aberto.

A próxima rodada foi mais complicada. A flecha apontou da Aline para a Amanda. Ela escolheu consequência.

_Você vai dar um beijinho no Eryck Ferreira – Aline decretou.

Eu odiava aquilo. O Eryck é um aluno bolsista que entrou na escola naquele ano. Não tinha pais donos de empresas ou sei lá o quê, o pai era um borracheiro. Não consigo entender o porquê de todo mundo rir dele por isso. Para mim, ele deveria ser admirado. O Colégio Francisco de Assis é um dos melhores de Belo Horizonte, e o Eryck não tinha comprado uma vaga. Ele merecia a vaga. Fiz um trabalho de Ciências com ele e, nossa, o garoto é simplesmente brilhante! As garotas o tratam como se ele fosse muito feio, mas eu sempre o achei parecido com o Corbin Bleu em High School Musical. Os meninos costumam o sacanear muito, inclusive o Ricardo “Catarro” – o que será que a Violet vê nele? – mas eu esperava mais das meninas. Bom, é o que acontece quando se aceita a Aline Marionete no grupo. AAmanda deu um beijinho no rosto dele e voltou correndo para a nossa mesa.

_Por que tá tão séria, Elliane? – Aline perguntou. Vaca – Não tem senso de humor?

Dei o meu melhor sorriso falso e girei a flecha. Lara para Aline.

_Verdade – a loira do banheiro escolheu.

_O nome dos meninos que você já ficou – Lara estava do meu lado, mas esse tipo de pergunta não é constrangedora para uma vadia.

_Já fiquei com o Victor, com o Leonardo do nono ano, o Pedro, que vocês não conhecem, mas é um gato, e também o Emanuel, e... O Samuel pediu pra ficar comigo na festa da Sabrina no sábado que vem.

_Ela pegou os mais gatos da escola – Amanda sussurrou.

_Daqui a pouco ela pega o Otávio também – Helô respondeu.

“O Otávio não”, pensei. Uma onda de raiva percorreu meu corpo só de imaginar a Alice contaminando aquele garoto lindo com sua boca suja.

A flecha girou novamente. Aline para mim.

_Verdade – eu realmente queria dizer umas verdades.

_Com quantos garotos você já ficou? – sabia que ela tentaria jogar sujo.

_Nenhum – respondi.

As meninas começaram a rir, mas pararam ao perceber que eu não estava brincando. Fiquei calada. Só daria certo se a Aline desse o próximo golpe.

_Como assim ninguém quis ficar com a garota mais  bonita do oitavo ano? – eu sabia que ela tentaria isso. É uma vaca previsível.

_Eu não disse que ninguém quis ficar comigo – “toma essa” – Na verdade, já recebi essas propostas do Victor, do Leonardo e também do Emanuel. O Pedro provavelmente só não tentou porque não me conhece. Ah, e... O Samuel também pediu pra ficar comigo na festa, mas quando eu dei o fora, ele deve ter apelado para o segundo lugar.

Aline estava furiosa. Dava para ver em seus olhos. A brincadeira tinha definitivamente acabado.

_Você deve estar se guardando pro Eryck ali... Já fizeram até trabalho juntos... – ela queria usar o Eryck como uma arma. Loiras burras...

_Você deveria fazer os trabalhos com ele... Quem sabe assim ele te ajuda a não tomar bomba no oitavo ano pela segunda vez?

_Elliane com dois “L” e Violet, um nome importado. Por isso que você se sente bem com os pobres.

E com essa, Aline escreveu sua sentença de morte. Nem todo mundo ali era tão rico assim, mas discutir dinheiro com a herdeira da Rodríguez Consolidated...

_Quer dizer que só porque o seu pai tem um mercadinho de esquina você se acha melhor que todo mundo? Que mancada, hein, Loirinha?!

Lancei um olhar para Dani e me levantei. Ela me entendeu, assim que comecei a andar, me seguiu junto com as outras, deixando Aline sozinha. Fui até a mesa onde o Eryck estava. O recreio estava acabando. Ele ainda estava claramente envergonhado pelo o que havia acontecido antes. Seu foco estava no desenho quase finalizado à sua frente. Era o Naruto, personagem principal de um anime muito popular. Praticamente todos os meninos assistem, e... A Violet também. O desenho estava perfeito. Uma mente brilhante e talentosa. Quando eu assumir a Rodríguez Consolidated, vou me lembrar desse garoto. Quem sabe não o apresento ao mundo da I-Tec também?

_Você desenha muito bem – disse a ele.

_Valeu... – ele ainda estava um pouco sem graça.

_Olha... – me abaixei para que o meu rosto ficasse na altura do dele e puxei meu cabelo para trás – A Amanda estragou a surpresa vindo antes da hora, mas... Tô aqui pra dizer que você foi eleito o menino mais inteligente do oitavo ano.

_Você também é muito inteligente – Eryck riu, interrompendo o desenho.

_Muito! – concordei – Mas você ganhou até de mim. E a gente veio te dar o prêmio.

Dei um beijinho na bochecha dele. Se não fosse a pele morena, ele provavelmente estaria vermelho agora.

_Além do mais... Também quero um desenho. Vou ficar esperando.

Quando me afastei, as outras garotas também deram beijos no rosto do Eryck.

_Me passa cola, ok? – Lara falou depois do beijinho. Tinha que ser a Lara.

_O que foi? – ela perguntou quando percebeu que todos a olhavam – A Elliane e a Violet nunca passam cola.

Revirei os olhos.

_Melhor a gente ir logo – Dani começou a nos empurrar, e a empurrar o Eryck junto – Matéria nova de Geografia.

Não pude segurar o sorriso. Gente como a Aline Marionete Loira do Banheiro não consegue entender uma coisa simples como essa. Eu não preciso menosprezar ninguém para que as pessoas gostem de mim ou me admirem, e se alguém precisa disso para se sentir bem, é melhor não se meter com uma Rodríguez. Esta é a verdade, e acredito que seja óbvia a consequência.



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