História I think I'm going crazy - Amizade como prioridade

Amber pov

Krys e suas manias. Não que eu seja masoquista é só que...

De certa maneira se tornava um alívio ver que ela ainda se portava da mesma maneira de sempre.

- Ok, ok... Você ganhou! – Disse e continuamos a sorrir, mas obviamente seu sorriso se tornou um pouco maior.

Eu ainda não estava acreditando no que estava acontecendo.

- Isso... – Comecei a falar chamando sua atenção. Dei uma longa pausa antes de continuar, seu sorriso então se desfez e sua expressão se tornou séria. – Isso está mesmo acontecendo? – Perguntei por fim.

- Sabe... Eu também tenho minhas dúvidas de que isso seja real. – Seu tom de voz era neutro diria até... Sério. - Mas... Ao que tudo indica... – Porém ao final seu tom estava mais leve.

 Nossos olhos nos tornavam testemunhas do que estava acontecendo. Respiro fundo antes de continuar.

- Tenho que confessar que estou morrendo de medo de alguma coisa dar errado e isso comprometer nossa amizade, nossa relação tanto dentro quanto fora do grupo e por consequência nossa carreira. – Decidi falar. Já que quanto mais cedo as coisas forem resolvidas mais tranquilas poderemos ficar.

- É... Acho que temos que esclarecer as coisas... – Krystal concordava comigo e eu sabia que no fundo isso tudo também a incomodava.

- Bom... Acho que podemos conversar enquanto comemos, ou sei lá... Depois de comer, o que acha? – Sugeri.

- Tudo bem... – Apenas concordou assentindo levemente. Me apressei então a abrir a pequena porta do microondas.

- Aiiii que alívio... Eu já estava agoniada com esse barulho irritantemente insistente. – Resmunguei. Eu odeio o fato dessas porcarias não pararem de apitar até que sejam abertas.

- Com tanto tempo de convivência eu já deveria ter me acostumado com essa sua “lerdeza” – Krystal disse fazendo meia volta com os olhos e dando ênfase à palavra lerdeza. – Você é muito... – Er... Bom... Vamos ignorar essa parte em que ela reclama.

Após arrumar as coisas e colocar tudo no balcão, sentamos nos bancos altos uma do lado da outra.

-Toma - Estendi o café que ainda estava fechado para ela.

Ela me olhou meio que sem entender e eu simplesmente peguei o que estava com ela e lhe entreguei o outro.

-Você abriu a tanto tempo que já nem deve estar quente...  – Disse me servindo enquanto ela me olhava sem graça. Ao final acabei trocando os pratos também.

- Por que será que agora isso me parece estranho!? – Murmurou.

- O que? – Perguntei terminando de me servir.

- Bom... Sei que continua me tratando da mesma forma, mas... Mesmo assim, parece diferente agora. – Ela estava sem graça e a situação estava meio constrangedora.

- Acho que provavelmente as coisas vão passar a ter outros significados agora, bom...  Pelo menos algumas coisas, eu acho... – Falei.

- Agora muita coisa faz sentido, não é!? – Não sei se ela afirmava ou perguntava, mas mesmo assim não conseguia deixar de me sentir constrangida.

Sempre gostei de cuidar dela e adorava a sensação que ela me passava de como se sentia protegida quando estava comigo.

Ao pensar em tantas coisas me sentia completamente vulnerável sabendo que provavelmente agora ela tenha uma vaga idéia do que me motivava a fazer tudo isso.

Desejava do fundo da minha alma que ela não enxergasse mal minhas ações. Que ela não pensasse que tudo tenha sido por interesse, pois independente de tudo o que sentia e de como me sentia eu só queria o seu bem.

Há tantas coisas que eu gostaria de dizer, de explicar...

“Ah... Como eu gostaria que você pudesse ler esses meus pensamentos.” Bom... Acho que ler pensamentos não seria nada mal.

- É... Acho que algumas coisas fazem muito sentido agora, posso aproveitar para tirar uma dúvida? – Perguntei.

- Uhum... – Assentiu.

- Então você realmente flertava comigo algumas vezes, digo... Não era coisa da minha cabeça?  - Agora eu prestava atenção nela.

- Então foi por isso que nunca correspondeu a nada!? Pensou que fosse coisa da sua cabeça? – Me respondeu com uma pergunta.

- Devo encarar isso como um sim? – Perguntei só para ter certeza, pois foi isso que entendi.

- Bom... Acho que sim, podemos dizer que eu estava tentando algo. – Terminou e sorriu de canto.

- Com “tentando algo...” você quer dizer... Me seduzir? – Admito que estava gostando do joguinho, mesmo sendo constrangedor estava ficando divertido.

- Funcionou? – Ela e essas brincadeirinhas... Agora realmente fazem sentido. Ela se divertia me vendo ficar sem jeito.

- Você fala como se realmente precisasse disso... – Falei com o tom um pouco mais baixo.

- E não precisava? – Perguntou.

-Ér... Acho que não... – Ela me olhava com a sobrancelha arqueada, uma expressão que mostrava como ela estava se divertindo com isso. - A qual é!? Não me olhe assim... – Eu estava me sentindo desconfortável.

- Assim como? – Perguntou.

- Assim! Ué... – Respondi.

-Sabe... Eu sempre gostei de te deixar sem graça desse jeito. – Olhei para ela de maneira séria tentando entender melhor o que isso significava. – Em alguns aspectos você realmente parece um OPPA. – Okay, isso está começando a ficar perigoso.

Ela só está se divertindo Amber... Calma... Calma!

- Esses seus joguinhos são perigosos, sabia!? – Eu estava tentando manter a calma.

- Nem são, você não seria capaz de fazer algo sem o meu consentimento... – Disse com um sorriso doce na boca.

- Como tem tanta certeza disso!? – Perguntei.

- Porque te conheço! – Afirmou como se fosse a única certeza que tivera na vida.

- ok, ok... Vamos prometer uma coisa. – Dizia enquanto me virava ficando de frente para ela e estendendo o dedinho. – Não importa o que aconteça, vamos sempre manter a amizade! – Terminei e agora esperava sua resposta.

- A nossa amizade vai ser sempre prioridade! E nenhum tipo de relação amorosa vai prejudicar isso. – Disse enlaçando o dedo no meu.

Dedos enlaçados, polegares se tocando... Acordo firmado.

- Deveríamos esconder essa nossa aproximação? – Perguntei.

- Acho prudente manter somente entre nós, pelo menos por enquanto! – Respondeu.

- Nem para as meninas? – continuei.

- Por enquanto acho melhor a gente agir normalmente, não vamos atropelar as coisas, okay!? Vamos devagar. – Ela estava agindo com sensatez.

- Então vai continuar tudo na mesma!? – Perguntei um pouco mais baixo.

- Não faz bico, bebêzão! – Disse de maneira divertida. – No que está pensando, para ficar desse jeito? – Perguntou. Chegando no ponto que eu desejava.

- Não vou poder te beijar... – Murmurei e ela ficou sem graça, mas mesmo assim sorriu.

- Você vai poder sim. Relaxa... – Disse sorrindo.

- Não quando eu quiser! – Esclareci.

- Babo! Apenas tome cuidado com o que vai fazer quando tiver gente a nossa volta... – Disse e fez uma pausa. – Se... Por acaso ao analisar as circunstâncias chegar a conclusão de que não tem problema, aí você pode fazer, araso!? – Krystal dizia isso, mas ela sabia que ia ser complicado.

- Vamos lá! Desfaz esse bico. – Krystal disse isso, mas acabou por desfaze-lo por conta própria me dando um selinho e me fazendo suspirar derrotada. - Eu sei que não é como a gente gostaria, mas nesse caso não temos muitas opções. – Ela estava certa e eu sabia disso, mas mesmo assim era difícil de aceitar isso. Todo mundo tem o direito de ser feliz, não!? Por que para nós tem que ser diferente, não somos máquinas.

- Eu queria que fossem apenas as dificuldades de uma pessoa comum... – Falei meio que sem querer, acho que pensei alto.

- Esse negócio de fama as vezes só atrapalha! – Krystal sabia muito bem sobre o que eu estava falando.

- Er... – Eu tentava elaborar uma pergunta.

- Hum! – Krystal me direcionou sua atenção.

- Como eu devo te cumprimentar? Digo... Er... Eu posso te cumprimentar com selinho? – Me enrolei, que droga!

- Pode me cumprimentar como quiser, eu também farei o mesmo, apenas vamos tomar cuidado com as pessoas e com os locais... – Krystal sorria de maneira sem graça.

- Tudo bem! Vou prestar atenção, ou melhor... Vou tentar. – Sorri sem graça, ela sabe que não sou a pessoa mais atenta do mundo.

Após terminar nossa conversa, limpamos a bagunça e me lembrei que tinha combinado de sair com alguns amigos e logo conferi o horário.

- Dudangi... Lembrei que marquei de encontrar alguns amigos hoje... Mais precisamente daqui a uma hora... – Como eu pude esquecer.

- Tudo bem... – Disse.

- Er... Será que eu posso tomar um banho e pegar algumas roupas? – Perguntei envergonhada.

- Achei que já tivesse tomado banho... – Disse.

- Não... Como sua irmã estava atrasada apenas me troquei e passei desodorante. – Falei passando a mão na nuca e sorrindo sem graça.

- Ah! Okay, você sabe onde estão as coisas... E...- Fez uma pausa. - Você sabe que é meio estranho diria até ridículo você me pedir permissão para pegar suas roupas, não é!?  - Terminou.

...

Depois de tomar um banho e colocar uma roupa limpa, fui até a sala. Krystal estava sentada no sofá a TV estava ligada, porém ela não estava assistindo e sim mexendo no celular. Pude perceber seu olhar sobre mim quando percebeu que eu havia entrado no local e enquanto pegava minha carteira e chaves seus olhos me acompanhavam.

- Como você pode estar tão tranquila!? – Falei parando quase de frente para ela.

- Han... – Ela não entendeu.

- Você tá aí tão de boa e eu tô aqui, morrendo de vontade de dar o bolo na galera para poder ficar contigo! Como o mundo é injusto... - Resmunguei fazendo drama e me sentando ao lado dela. Ela que agora sorria como uma criança travessa se aproximou se aconchegando em meu corpo, apoiando a cabeça entre meu ombro e meu pescoço rindo da minha cena.

- E ainda ri de mim! – Disse sentindo um ar quentinho batendo em meu pescoço.

- Boba! Eu bem que queria que você ficasse, mas estou te mantendo presa aqui desde ontem, então... – Disse.

- Mesmo assim! Poderia ter insistido um pouquinho, não!? – Fale apertando-a um pouco mais contra mim.

- Hmmm. – Um murmúrio em meu pescoço, legal... Agora é que não quero mais sair daqui!