História I want you - "Vai ser sempre assim?"

 Esparta andava de um lado para o outro da quase vazia sala de estar, seu coração pulava descompassado em seu peito, não sabia o que sentir, não sabia o que falar, não sabia o que pensar, seu noivo nunca falara assim com ela, Esparta nunca o viu com tanto ódio e isso fez com que uma sensação indesejada de medo e angústia acumulasse em cada lugar do seu corpo a deixando enjoada, se ao menos pudesse ouvir um pouco do que diziam, se ao menos houvesse gritos, mas encontrava-se na plena quietude noturna deixando que tudo o que pudesse ouvir fosse apenas os sons que seu corpo produzia.
Aquela altura Maya já havia adormecido em algum tapete no quarto do casal, Esparta ordenou as pernas para que a levasse até lá em cima e visse sua irmã dormir, quem sabe assim ela também não pegasse no sono? Mas foi em vão, suas pernas se recusavam a deixar aquele poucos metros que a separavam do noivo, não tinha jeito, teria que ficar ali, esperar ele sair e despejar suas frustações sobre ela, porém, se Nathaniel Wilhelm pensava que ela ouviria tudo calada… Oh! Não… Ela não iria.
Quando preparava seus argumentos e tentava ao máximo parecer convincente e dura como sabia que ele seria, mas tudo o que pensava para ela ainda parecia infantil e insegura, terminou escolhendo falar o que lhe viesse a cabeça, assim pareceria segura diante do seu deus Apolo, mas toda sua convicção foi extraída do seu corpo quando Ambre abriu a porta em um movimento suave, sua expressão abatida e cabisbaixa disse mais do que as palavras que surgiram depois.
- Ele está bravo…. Não está?
Ela sabia a resposta, mas não pode evitar, tinha que ouvir alguém falar.
- Um pouquinho só.- Falou sem olha-la nos olhos mostrando que nem ela acreditava no que dizia.
Elas ficaram ali, uma olhando para outra sem dizer nada, não era preciso, ambas sabiam o que era aguardado para logo depois que Ambre saísse.
- Bom… Acho melhor eu ir… Foi um prazer passar essa tarde com você. - Ambre ofereceu um sorriso genuíno antes de ela própria abrir a porta.,
- Foi de longe a parte mais tranquila do meu dia e olhe que eu nem preciso saber como vai terminar.
Ambre sorriu novamente, claramente estava sem jeito.
- Olha… Não deixe ele te tratar mal, ele pode ser bem medonho com raiva e…
Ambre se interrompeu rapidamente olhando para algo atrás de Esparta, ela não precisou virar para saber do que se tratava, sentiu a energia que os prendia sendo ativada como se houvesse uma alavanca invisível "Wilhelm".
- Pensei que já tivesse ido. - Disse secamente, pela voz devia estar na porta do escritório.
- Eu estava me despedindo da minha cunh…
- Ah! !São amigas agora? - Esparta não ousou olhar para ele, só pelo tom que usou sabia que o humor havia piorado.
- Até mais.- Falou Ambre saindo da soleira da porta.
Bastou fechar a porta para todo o ódio vim a tona, Nath podia está mais lindo? Aquilo a irritou Esparta ainda mais, queria arranhar todo o rosto perfeito dele.
- Precisava falar com ela naquele tom?
- Que tom? - Disse irritantemente calmo.
- Saco! Saco! Você é um tremendo idiota!
- São amigas agora? Antes não se importava.- Falou cruzando os braços sobre o lindo e esculpido peitoral.
"Está tentado me distrair só pode!"
- Não! Não somos amigas, mas pensei podia tentar ter uma tarde agradável com minha futura cunhada.
- Tarde! Não o dia todo! Consegue entender?
- Como é?
Esparta odiava quando ele a tratava como uma garota retardada!
- Ele rastreiou o celular dela, sabe como funciona? E como nos filmes que…
- Não sou retardada, Wilhelm! - Gritou, mas logo se arrependeu, Maya estava dormindo, porém não conseguia parar - Não sou, seu idiota, idiota!
Nath sentiu o sangue ferver de uma forma incontrolável, pegou a primeira coisa que viu em sua frente e atirou na parede. Os dois se olhavam, Esparta escolhida com medo, Nath cansado.
- Ele veio para observa-la, só Deus sabe o que podia fazer… - Falou se aproximando. Eu não passo e nem vou perde-la…
Quando fez menção de toca-la, Esparta recuou, estava com medo, era mais que visível, o coração de Nath se despedaçou ao vê-la assim.
- Vai ser sempre assim? - Disse com um fio de voz.,
Nathaniel passou as mãos nervoso pelo cabelo ao ouvir aquilo.
- Eu nunca! Nunca iria machuca-la.
Esperta abaixou os olhos para o vaso estilhaçado no chão ao lado deles, ele não demorou a levar o olhar mesmo lugar.
- E quando não houver vasos para serem quebrados? Seria eu a vítima ou nossos filhos?
- Irei embora de sua vida antes que isso aconteça, não suportaria, esquece o que sofri com meu pai?
Eles ficaram se olhando na penumbra da noite que envolvia a sala, não houve palavras, não houve toques, não era necessário, eles sabiam exatamente o conflito que viviam ali.
- Esparta? - Perguntou uma voz rouca e feminina na escada.- Ouvi um barulho.
- Nath tropeçou no tapete e derrubou o vaso. - Disse sem desviar o olhar do noivo.
- Ah! Que droga eu escolhi ele…
- Maya, pode subir lá pra cima? Eu tenho que conversar o Nathaniel.
Sua irmã se manteve sem silêncio por uma tempo até responder:
- Claro… Eu já entendi.
Eles esperam que Maya sumisse corredor a dentro pra quebrar o silêncio, Nath foi o primeiro. ,
- Meu amor…
- Ele seguiu Ambre - Disse fria, não sabia de onde estava tirando forças para falar.
Ele assentiu com a cabeça quebrando o contato visual.
- O que ele quer?
- Me quebrar como o quebrei - Disse sério. - Tirar o.que eu mais amo e me destruir.
Esparta sentiu-se novamente enjoada, odiava sentisse assim e ultimamente era só assim que vinha se sentido.
- Esparta o que anda comendo? - Sua expressão séria foi substituída por preocupação.
- Nada saudável.- Falou com um breve sorriso que logo se desfez pelo enjoo.
Não deu para segurar, correu para o banheiro deixando o noivo estático na sala como uma planta ornamental.
- Deus! - Ele disse baixinho.- Esparta…
Nath correu como se sua vida dependesse disso, nada importava ao não ser abraçar e beijar sua noiva.